quinta-feira, janeiro 27, 2011

Manhã fresquinha de verão cheio de lembranças.
Ontem, à noite, assisti a um documentário sobre as conquistas da cultura humana.
Que o homem se distinguiu dos chimpanzés pela habilidade do polegar, pela diferenciação do aparelho fonador, que permitiu o ar pela boca, pelo tamanho do cérebro que permitiu o circuito da fala e tal.
Por isso, aperfeiçoei meu post de um tempo atrás e repito ele com as modificações:

Pensar a linguagem verbal humana (oral e escrita), essa forma que o ser humano encontrou de abstração e que, ao mesmo tempo, costura-o à natureza (de que se afastou) e a seus semelhantes e pensar esse modo que encontrou de, através dela, criar e descobrir interpretações diversas de realidade ou o modo que encontrou de apenas se comunicar, quer dizer, pensar este tecido verbal, forjado através das gerações, com suas camadas de dor, sonho, objetividade ou prazer, que, em última instância, lhe dão sentido, é pensar o próprio homem, a humanidade, com seus mistérios ou suas caras já reveladas, suas faces aparentes.
Sendo assim, eis duas visões distintas, uma divina, outra humana, mas que no fundo, dizem a mesma coisa sobre nós, a saber, palavras criam realidades:


No Santo Evangelho segundo São João:

O verbo se fez Carne

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens.


N’A História do Diabo, de Vilém Flusser:

Pg 160

1.7. Língua

A vontade tende. Pressiona. Quer explodir. É sedenta. Quer espalhar-se. Está em tensão. Procura sair de si mesma. Quer projetar-se. Procura poder. Quer realizar-se. Exprime-se e expressa-se. Articula-se. A vontade torna-se língua. A vontade tornada língua cria mundo e mente.

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