Gostei muito
de como essa “As Vizinhas de Trás – Paus” ficou com o tempo. Completou onze
anos! E como desde então venho pintando sempre elas, as de agora ganharam mais
alguma definição, mas são a mesma, sim?
E eu, ainda,
estive pensando:
E se eu com
meus cabelos de bicho do mato, à escovinha, me levantasse no meio da palestra e
fosse em direção ao palestrante, sem dizer nada e contornando todo o meu ser
tacasse um beliscão na pele macia de seu braço. A dor interior do palestrante e
minha contorção interior, não seriam reais, sem falar?
E se o
palestrante também sem falar, se levantasse a minha frente, com seus cabelos
escovados, de madame, e me acertasse um soco na boca do estômago me fazendo
dobrar frente à plateia, sem falar, isso não seria realidade?
Sem falar na
moça linda sentada à minha direita que recebe um beijo em silêncio na boca do
namorado. Não iria ser real?
E se alguém
chegasse em silêncio atirando?
Não era
real? Fala aí, bom leitor!
Realiza!
Tou feliz
demais.
Ainda serei
um homem que faça a barba todos os dias, mas ainda não cheguei nele e faço
somente quando começa a incomodar, às vezes, cinco dias, às vezes, um pouco
mais. E toda vez que faço ela no tanque da área, fica uma poça de água no chão,
perto dos meus pés.
Achava que era
a água que pingava de meu cotovelo, quando eu lavava a lâmina dos pelos, e com
o braço dobrado para levar o barbeador no rosto, a cada lambida dele na minha
cara, aí, eu pensava que nessa hora, a água da gilete lavada, rolava pela mão e
braço e do cotovelo pingava no chão fazendo a poça.
Mas achava
estranho que pingasse tanta água.
Aí o Pedro
me avisou:
- Tem um
buraco no cano do tanque, luís!
Pronto! Matou
a charada.
Essa casa
azul, que era amarela e tinha uma varanda de fora a fora, com um terraço, no
seu alto, fica em Cachoeiro de Itapemirim, no bairro do Coronel Borges, e nela,
como ela era, estão minhas lembranças mais antigas, as primeiras de quando
estou vivo, quando eu estava com três anos, em 1965.
Ali atrás do
murinho branco, passava um córrego, que está seco, hoje. Tenho muita lembrança
dela, do entorno, com o córrego, e o bairro. E vou dizer uma coisa que nunca
digo: naquela época, ali, era muito melhor mesmo, melhor demais, muito para
caramba, a cidade não sabe passar o tempo... he he!
Era a casa
da Tia Nhanhá, com quem morávamos, eu e mamãe.