segunda-feira, novembro 27, 2023

AULA (luis capucho/Cazuza)

Fiz uma parceria póstuma com Cazuza, chama-se Aula. Foi o Rafael Julião, estudioso de letras de música, quem me mandou ela. Disse que estava sem melodia e que se parecia comigo. Não se parece, não sou poeta, mas fiz. E estamos colocando-a no nosso disco juntos, “A questão é”, eu e Bruno Cosentino.

Eu passei um tempo com a letra, fazendo de coração a música, e meu coração não viu mal nenhum nela. É um menino contando como um homem mais velho, supostamente, seu pai, lhe ensinava sobre a natureza e de como era a natureza da mulher para aquele homem que lhe dava a lição.

É o modo como todos sabemos – desde quando? –

 era a visão dos homens sobre as mulheres. As estrofes começam sempre com um eloquente “Era assim...”, quase como um “Era uma vez...”, quer dizer, não é mais, era.

As pessoas podem modificar a visão que elas têm das mulheres, mas elas não podem modificar o modo como essa visão era, então, porque estão criando questão com o poema, com se contar uma lembrança?

Pelo amor!

Era assim

O homem que me ensinava a natureza

Eu ia em suas costas menino

Sentia o suor quente em suas costas

E uma alegria sem sentido

Depois veia a mata grossa

Onde a morte brincava de perigo

Éramos nós dois e uma trilha no mato

E a tal floresta que não era Me ensinou o nome dos pássaros

E o impossível do vôo

Depois veio a praia sem segredos

E um poema que veio na hora

Era assim: O homem me ensinava a natureza

Da mulher e do que ela espera:

Um homem que a proteja E pague seu amor

Um homem que a maltrate

E viva do seu amor

Um homem simplesmente Que lhe inche a barriga

E que a mulher é o demônio Disfarçado de anjo

E que é preciso tomar muito cuidado

Porque são belas dissimuladas

Falou dos homens com são ingênuos

Com suas brincadeiras de guerra

De como são a massa crua

E a mulher a folheada

 Era assim: O homem me ensinava a natureza

E eu ia em suas costas menino

domingo, novembro 26, 2023

 

Tinha esse caruru no vaso de planta que comprei para minha sala. Não está mais aqui. Minha memória não me deixa saber o que aconteceu. Fui olhar, agora, pra onde ele estava e não está mesmo mais no vaso, na sala. Se me lembrar, volto e escrevo: aconteceu isso.




quinta-feira, novembro 02, 2023

 

Eu e Bruno Cosentino estamos fazendo um disco juntos chamado “A questão é”. É um disco com oito músicas feitas pra ele. Não tinha feito assim antes, projetar e fazer. Normalmente, faço e vejo depois, mais ou menos, o que é, colocando as canções juntas. Por exemplo, agora, por ocasião da peça Cinema Orly, fiz uma playlist com as músicas entrecolocadas na sua narrativa pós-pornô.

Para ela, além de músicas que já têm registro público, recuperei as que estão em meus registros caseiros dos anos 80, feito Boquete(Beijo) e Rapazes. O que quero dizer é que diferente do “A questão é”, em que intencionamos as canções para o disco, essas músicas do Cinema Orly, embora funcionem juntas, porque são “eu” e, claro, vocês sabem, eu funciono em conjunto comigo mesmo e sou um cara inteiro, elas não foram pensadas pra isso.

Daí, que me surpreendo ouvindo elas juntas – não tinha feito isso ainda -  que ficaram, assim, como uma aura do livro. E estou muito contente de fazer o A Questão É, de formar um conjunto com um outro artista, o Bruno, e sentir a aura disso, como quem entrasse no oráculo de Trofônio para ouvir minha felicidade.

O “A Questão É” não tem ainda disponível, mas para os que têm curiosidade, as músicas do Cinema Orly já estão aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=kf0cvgs3MvA&list=PLgKrU4qrSULoLTliw68Aouq20shdritk2&index=1



quarta-feira, setembro 06, 2023

O Cartas para o Edil é meu segundo livro pela É selo de Língua. Em 2017, publicamos o Diário da Piscina, livro de que gosto muito e também gosto bastante do Cartas para o Edil, embora ele esteja apenas começando.

Também fico feliz e gosto de meus outros livros, e depois do Cinema Orly espanhol, com tradução do Tive Martinez, está para sair uma segunda edição dele pela editora Carambaia, numa coleção de livros eróticos de nome Sete Chaves, com curadoria da Eliane Robert Moraes.

Mas o assunto aqui é Cartas para o Edil!


 

segunda-feira, setembro 04, 2023

O show no aAlastraa foi a primeira vez em que mostramos o A questão é – disco que estamos preparando eu e Bruno, com Vitor Wutzki (escondido atrás do Bruno) e Felipe Abou. Tava vendo o “ao vivo” que Pedro fez no Instagram e reparando que combinamos muito com o dentro da flor que foi o show. E termos nos juntado ao Bruno foi uma maravilha eu achei, porque levantou mais o circo... ou a flor. Isso me fez pensar que numa época, numa conversa, acho que o Rafael Julião tinha dito que éramos homens flores e justo o primeiro show foi dentro da flor:


 

sábado, setembro 02, 2023

Passagem de som dentro da flor, no @publicapublicapublica

foto do @pedro_pazzzzz


 

Gravidade (luis capucho/Bruno Cosentino)

Eu e Bruno, filmados pelo Pedro, para divulgar o show que fizemos, anteontem, no Pública, SP. A Gravidade é uma parceria nossa para um disco A Questão É. Disco que estamos construindo juntos.

segunda-feira, agosto 28, 2023

O Felipe Abou tocará bateria conosco, dia 31, em SP!

Como eu, ele é de Cachoeiro de Itapemirim.

E sempre me lembra uma estória de mamãe, de que ela estava num banco de rodoviária sem direção e, aí, aparece uma pessoa desconhecida, assim, na magia da vida e salva a situação.

Eis que surge sua bateria:


 

Bruno filmou um trecho d’eu tocando “Serpente” uma das que tocaremos no Pública, dia 31, agora. Vou tocar essa com Vitor Wutzki, no Baixo. Conheço Vitor desde a vez em que fui tocar na calourada da Unicamp, e de lá pra cá, já nos apresentamos muitas vezes, o que me é sempre uma honra, por que nos afinamos. Vai ficar bonito:

 

sexta-feira, agosto 25, 2023

 Livro novo saindo, Cartas para o Edil.... pela é selo de língua...




 Conheci Bruno em 2016, talvez. E foi por conta desse acaso que comecei a bordar minha Camisa de Apresentação, porque eu precisei de uma roupa de mostrar as músicas, como quem tem uma roupa de usar, aos domingos. Bruno já cantou umas músicas minhas, que ficaram bem mais bonitas. E fizemos outras músicas em parceria que vamos mostrar pela primeira vez. Depois, mostraremos, no Rio. O Pública/aalastraa fez um flyer para os amigos de SP:



sábado, agosto 19, 2023

Chevaux

Em 93, tive nota pública, de jornal, como o Jean Genet da MPB. No La Vida es Libre, disco idealizado por Tive Martinez, Mathieu canta em francês e falou dessa referência comigo. Também, fiquei atento, quando disse que canta sem dor

domingo, agosto 06, 2023

Faz meses, andei separando papéis das minhas caixas de guardados e coloquei aqui na minha frente, na frente do teclado, sem saber que fim dar. Eu separei mas nem olhei mais e só agora vi esse embrião da Cinema Íris:


 

quarta-feira, agosto 02, 2023

Punto Máximo

Outra do La Vida es Libre é Punto Máximo, com M.Sacramento. Normalizamos que o artista cantor mantivesse a melodia original da canção. Reverendo T, quando nos mandou, declamava sobre os instrumentos. Disse: não sei cantar! - e nos driblou.

segunda-feira, julho 31, 2023

Eu quero ser sua mãe - Bruno Cosentino [Clipe Oficial]

Vi no youtube, nos comentários, que houve quem não entende o vídeo com os rapazes, um ativo, um passivo, no vídeo do Bruno Cosentino, em Eu quero ser sua mãe. Para mim é a coisa maias linda essa versão dele pra essa música que tem o registro original no meu Cinema Íris, que também me leva ao Cinema Orly, os rapazes à mamãe, ai meu jesus, somente amor.

segunda-feira, julho 24, 2023

Minha samambaia é tão rica e tem uma estória rocambolesca que começa no Bruno Cosentino, onde vocês sabem, começa também o rocambole de minha rica Camisa de Apresentação. É que Bruno me pediu que lhe trouxesse umas sementes de Costa Rica e eu trouxe sementes de pimenta do diabo, que encontrei no meio do mato. Pedro fez uma confusão na hora de plantar e nasceu maracujá. Levei o maracujá para a Vizinha do Térreo e tinha essa minha samambaia embaixo do tanque dela, nasceu ali junto de uma avenca, no cimento molhado. Trouxe pra casa as três folhinhas mirradas de samambaia, com um plusinho de nada, uma plumazinha de avenca.

Aqui está:


 

sábado, julho 22, 2023

AULA (Luis capucho/Cazuza)

Rafael Julião, autor do “Cazuza, segredos de liquidificador” foi quem me mostrou “Aula”, letra ainda sem melodia do Cazuza, e fiz a canção, tornando-me um parceiro póstumo. Pedi a Pedro que me filmasse cantando e tocando.

(subscrevam-se no canal para receber as novidades, faz-me popular):

sexta-feira, julho 21, 2023

Vieja

Luiza Brina foi quem, no La Vida es Libre, interpretou Vieja. Na verdade, fez tudo, todos os instrumentos, arranjo, registro, tudo.

Tenho uma gravação antiga, original de Velha, que coloquei no youtube, quando mamãe ainda morava comigo. Coloquei o áudio sobre muitas fotos dela sentada na sala. A gente se reunia ante o computador pra assistir ao vídeo e mamãe ficava chorando, as lágrimas enchendo seus olhos e escorrendo abaixo, no rosto. Como a interpretação do Arthur Nogueira para Malthus se refocila em el púlpito da Catedral, Vieja, da Luiza Brina também me faz chorar.

Vejam:

terça-feira, julho 18, 2023

Malthus Se Refocila Em El Púlpito de La Catedral

... seguindo no La Vida es Libre, com minhas canções vertidas para o espanhol pelo Tive Martinez, depois de “Para Perrear” cantada tão na beleza por Gustavo Galo e Rocha Julia, vem também só na beleza o Arthur Nogueira em “Malthus se refocila em el púlpito de la catedral”, parceria minha com Bruno Cosentino e que no veludo do violão e voz do Arthur, me fez chorar:

sábado, julho 15, 2023

Não ouço música no spotify, mas faz um tempo ouço que é onde se ouve música, agora. É onde ficam os artistas da música com as informações, as logos, os selos, os artistas, as músicas, as fotos, os números, as letras. A Porangareté, por onde lançamos o La Vida es Libre, a meu pedido, me mandou um print pra que eu visse como está meu perfil com a inclusão do novo disco. Dá pra ver que a música mais ouvida é Saparada, do Vovô Bebê, que cantei no disco dele:


 

terça-feira, julho 11, 2023

 Ver Peixe Abissal do Rafael Saar no Rio foi muito demais. No Festival de Cinema de Tiradentes em Minas e no In-Edit em SP , foi muito demais também, mas neles a impressão era de que ninguém que pudesse ter vivido minha situação iria encontrar o filme. E, aí aqui no Rio, foi bem familiar. Foi só atravessar a ponte.

É pra mim, parece ser sempre outro filme. O Ney Matogrosso já tá me cantando de outro modo, uma loucura!
Obrigado aos amigos que estiveram comigo lotando a salinha de cinema.
Bom demais!

domingo, julho 09, 2023

Para Perrear

Gustavo Galo e a Julia Rocha cantaram Para pegar, no disco Sol do Gustavol. Agora, cantam Para Perrear, que o Tive Martinez fez para o La Vida es Libre. O arranjo é do Vitor Wutzki e entrou na trilha do Peixe Abissal, do Rafael Saar. Conheci Gustavo e Julia num show do Bruno Cosentino, talvez, em 2016. E em 2017, Julia publicou comigo o Diário da Piscina (editora É/2017), pelo É selo de língua.
É muita coisa, muito sentimento, muita ideia:

sábado, julho 08, 2023

Rafael Saar, diretor de PEIXE ABISSAL | Papo com Zé Antônio Algodoal

Achei Rafael falando do nosso filme. Tá muito bonita a forma dele falar. Aproveito pra dizer que segunda-feira vai ter no Net Botafogo, dentro do Festival Lgbt de cinema:

Camuflaje

Outro dia estava vendo na internet que o motivo de a gente sentir que entende melhor o espanhol, enquanto o falante de espanhol sente que nos entende menos, é por conta de termos mais sons vocálicos no português do que tem a língua espanhola. Aí, o português diferencia-se mais olhando-se do espanhol para ele do que o espanhol diferencia-se para o ouvido de um falante de português. No disco “La Vida es Libre”, em que minhas músicas estão cantadas no espanhol, a quarta música “Camuflage (luís capucho/Tive Martinez)” está cantada pelo Gabriel Edé num espanhol sul-americanos, ele é brasileiro do Chile.

Então, se parece que estamos entendendo o espanhol e não estamos, imagine para um espanhol nos ouvindo! Daí, que é o caso de parecer que estamos também falando o espanhol e com a nossa quantidade de vogais, também não estamos... he he!

A Lucia Santalices canta a “Luna Tan Tierna (luís capucho)” com acento argentino, porque ela é de mãe argentina. E a Nehedar canta a “La Vida es Libre (luís capucho)” com acento portorriquenho, porque ela é americana de avós na ilha. Daí, os outros artistas cantantes no disco tiveram a atenção do Tive Martinez, poeta espanhol idealizador do La Vida es Libre, embora todos já tenham tido à sua maneira ou de algum modo seu contato no espanhol.

Isso é para falar de Camuflage, originalmente, um poema espanhol que verti no português e coloquei música - minha segunda parceria com Tive, a primeira foi Poema Maldito.

Me lembro - quando é que oficializarão esse uso do oblíquo no início, já é oficial? - das notícias que me vinham à época da gravação do Gabriel, gravação encabeçada por ele próprio e Vitor Wutzki, e com outros meninos de SP e da alegria que eu ficava os vendo, quer dizer, tava todo mundo curtindo. Então, o disco ficou com, além desses acentos espanhóis, também com acentos brasileiros de São Paulo, do Rio, de Minas, do Pará, da Bahia... ô sorte, vou falando deles.

Sintam o acento:

sexta-feira, julho 07, 2023

Maluca - Marina Sena

Quando nós estávamos fazendo o Festival Íntimo, na pandemia, os amigos me marcaram numa  postagem de Instagram, em comemoração à Cassia Eller, onde a Marina Sena cantava minha Maluca. Na época não tive o espírito de colocar no festival, mas agora, coloquei. Peitos murchos, cara sapeca, coisa pop:

quarta-feira, julho 05, 2023

 

No ano de 2006, quando conheci o Pedro, estivemos no Sesc Pompeia e ele me deu esse cartão, de uma exposição sobre o estado de Pernambuco, na cidade dele. Tirei essa foto agora, junto a outros papéis guardados e tudo faz sentido, que eu não vi naquelas horas de 2006, mas que sempre esteve naqueles dias em que nos conhecemos. Então, essa foto d’agora é uma cifra, de onde vai surgindo esse texto e de onde posso tirar outros deles, combinados a outras cifras e tal e tal.

É isso.



segunda-feira, julho 03, 2023

Triste

O Luis Augusto é quem canta a Triste, terceira música na sequência do La Vida es Libre. Alguém disse ser coragem que eu quisesse ter outros artistas me cantando. Disseram o mesmo sobre eu escrever o Cinema Orly. Mas de meu ponto de vista é muito prazer o que acontece, não é coragem. Também orgulho que estes artistas se envolvam tão verdadeiros no meu som. E que o melhorem. Também alegria.

Vejam que lindo o luís augusto na versão do Tive Martinez:

          Luís Augusto: voz e guitarra

Vovô Bebê: baixo, guitarra, órgão, efeitos

Daniel Fernandes: bateria

 Produzido por Vovô Bebê

Mixagem: Rafaela Prestes

Arranjo: Luís Augusto Trio

 

sábado, julho 01, 2023

Depois de selecionado para o Festival de Cinema de Tiradentes, do Prêmio Espacial do Júri no In-Edit ( festival de docs sobre música), agora, é a vez do Festival Internacional de Cinema LGBT, no Rio.

O Peixe Abissal, filme do Rafael Saar comigo, é um mar tremendo. Visto de perto avistamos, com ele, uma onda que começa e depois vem outra onda e mais outra e outra e vai assim, muitas ondas que olhamos, que são olhadas uma de cada vez e que deixam de ser olhadas, uma de cada vez, e elas não terminam, não terminam, e o filme vai sempre recomeçando a contar a estória, uma onda de cada vez, bonita.

Então, o Rafael deixa de olhar para uma e começa a olhar para outra à vista e outra que segue, e depois segue outra e depois outra. Elas terminam rápidas, na medida em que Rafael deixa de olhar e recomeça olhando pra outra. Então, estão sempre começando outra vez, a estória está sempre começando de novo, bonita.

Esse conjunto de ondas que começam e deixam de ser olhadas para logo ver outra e outra e outra onda, é que forma a narrativa do filme. No fundo disso está o peixe abissal. No fundo estão O Cinema Orly, o Rato, o Mamãe de adora e o Diário da Piscina, minhas músicas tremendo, o mar tremendo, com todos os sentidos dele, incluindo onde os rios vão dar.  Esse conjunto tremendo é que forma a estória, bonita.

E tem um áudio no filme que é uma chave pra isso que eu disse acima:

“A água doce é linear, ela vai ganhando direção, tá sempre ganhando um caminho, serpenteando acima e abaixo, atrás e na frente, como quem conta um caso. A água salgada, não. Ela está em eterna suspensão e ela se move dentro dela mesma, como que não tivesse liberdade, como não fossem caminhos. Os casos da água salgada são casos com ela mesma, assim, casos íntimos, casos de eternidade.”




sexta-feira, junho 30, 2023

Peixe Abissal, con Luís Capucho

Que legal esse apanhado para dizer do La Vida es Libre, Cinema Orly e Peixe Abissal, do rafael Saar, Tive!

quinta-feira, junho 29, 2023

O filme do Rafael comigo ganhou essa resenha do perfil filmesdochico, no Instagram:

“Homens machucados eram mais bonitos pra mim”. O verso de uma das músicas de Luis Capucho traduz, de certa forma, o que Rafael Saar faz no documentário sobre o compositor e escritor, que ganhou um prêmio especial do júri do @ineditbr. Para contar a história de um homem que se define como um autor de ficção biográfica, Saar buscou um caminho que combina uma interpretação de três de seus livros, cenas encenadas com atores junto ao próprio Capucho e momentos confessionais em que ele mesmo narra recortes de sua trajetória.

É uma costura bastante sofisticada que não apenas nos documenta a vida e a obra deste artista como nos lança em seu próprio universo particular, onde o devaneio e o sexo têm papéis fundamentais. Saar e Capucho nós convidam para os bastidores dos cinemas pornôs frequentados por ele e que viraram matéria-prima para muitos de seus trabalhos. Trazer seu objeto para o papel de intérprete de sua própria narrativa muda a textura do filme, que parte do pragmático realista para o lúdico por causa da encenação.

No meio de uma estrutura fragmentada e cheia de ideias visuais e sonoras, Capucho fala de seu processo de criação e Saar compõe uma série de imagens que podem virar clipes para as músicas do artista ou apenas intervalos criativos que ajudam a compor esta atmosfera de suspensão do estado comum. A parceria funciona na maior parte do tempo, inclusive para compor sua complexa relação de devoção à figura da mãe que ele parece procurar sempre, mas o filme se alonga talvez um pouco demais e a fórmula fica mais à mostra no quarto final.

Mesmo assim, o filme é um achado. A colaboração entre diretor e retratado tem uma química rara que deixa “Peixe Abissal” num lugar muito particular do cinema documental brasileiro. Uma parceria rica e imprevisível que ajuda a traduzir mais que um artista, um homem que se alimenta de sua visão única e multifacetada do mundo.

#inedit #rafaelsaar #luiscapucho

 

terça-feira, junho 27, 2023

 Do disco La Vida es Libre, depois do vídeo muito maravilhoso da Nehedar (https://www.youtube.com/watch?v=LNY5ISazRRE&list=PLgKrU4qrSULosNTo-RmpgxPHzDxcmY_BI) a Triste, com o Luís Augusto, é uma música que também saltou, saiu, soltou também, maravilhosa, no programa do Jorge LZ, na ponta da agulha. Na ponta da agulha, vale, recorta, a produção brasileira de música, agora:

Triste por Luís Augusto Trio

Luís Augusto: voz e guitarra

Vovô Bebê: baixo, guitarra, órgão, efeitos

Daniel Fernandes: bateria

 

Produzido por Vovô Bebê

Mixagem: Rafaela Prestes

Arranjo: Luís Augusto Trio

https://napontadaagulha10polegadas.bandcamp.com/album/na-ponta-da-agulha-10-polegadas-170-bons-sons



 

 

sábado, junho 24, 2023

 O Júri concedeu ainda uma Menção Especial  para Peixe Abissal, de Rafael Saar, pela coragem de mergulhar na vida e obra de um personagem pouco conhecido, controverso e passível de preconceito. Utilizando linguagem cinematográfica rica e diferenciada, o filme entra no submundo da cultura gay para retratar os diferentes perfis do protagonista.

https://br.in-edit.org/terrua-para-e-o-vencedor-do-15%e2%81%b0-in-edit-brasil/

 

“Peixe Abissal”, de Rafael Saar –que mostra o submundo gay e pornográfico para compor um perfil do compositor Luís Capucho–, ficou com a menção especial do júri.

https://www.conexaojornalismo.com.br/2023/06/filme-sobre-musica-amazonica-com-dona-onete-e-manoel-cordeiro-vence-festival-in-edit/

Você conhece luís capucho?

"Voce conhece Luís Capucho? Ele é o autor desses versos sacralizados por Cássia Eller e eu precisei de dois dias para organizar meus pensamentos e vir aqui descrever a emoção que me causou “Peixe Abissal”, filme do diretor Rafael Saar sobre sua existência. Atropelado inúmeras vezes pelo trem da morte, Capucho tem corpo e alma imantados por Iemanjá e Nossa Senhora Aparecida, senhoras de seu destino eternamente atraído pelo wild side da vida. Ao misturar ficção e realidade, Rafael Saar traduz com exatidão a pluralidade criativa desse artista que não quis optar entre canções, literatura, e artes plásticas. De tudo faz seu ofício. Surpreendido pelo vírus HIV em 1996, Luís Capucho sofreu uma neurotoxoplasmose que alterou sua voz e o rumo de uma obra permanentemente em mutação. Discípulo direto do cinema delirante de Derek Jarman, o diretor Rafael Saar com sua poética de imagens, faz justiça em vida ao legado de Luís Capucho, um retropicalista que o Brasil ainda há de se curvar de forma ampla, direta e aberta. A exibição de “Peixe Abissal” acontece em mais duas sessões no Festival @ineditbrasil e você não pode perder. P.S.: A aparição surpresa de Ney Matogrosso é um assombro de beleza." (DJ ZE PEDRO)

quinta-feira, junho 22, 2023

Ontem, à noite, Dona Linda Evangelista estava aqui comigo e estava querendo alguma coisa que eu não sabia o que era. Ela vinha e voltava, em torno de mim, aí, eu agarrei ela, mas vi que ela não queria e soltei. Ficou por perto e nessa situação fotografei ela com a samambaia:

 

quarta-feira, junho 21, 2023

 

As resenhas para o Filme do Rafael Saar comigo, desde o Festival de Cinema de Tiradentes até agora no In-Edit, Festival de docs sobre música, têm sido muito elogiosas. Fico feliz por nós. E eu adorei essa do Renan Guerra, que nos dá muita bola:

http://screamyell.com.br/site/2023/06/21/15o-in-edit-brasil-peixe-abissal-e-um-mergulho-profundo-e-poetico-na-vida-do-artista-underground-luis-capucho/



terça-feira, junho 20, 2023

 Marina Sena, em elogio a Cassia Eller, cantou Maluca. Não tive ideia de salvar seu erótico cantar. Agora, salvei o vídeo do DJ Ze Pedro, após Peixe Abissal, do Rafael Saar, no In-edit. Ele comparou Rafael a Derek Jarman e disse para início de papo:

- Você conhece luís capucho?


quinta-feira, junho 15, 2023

Bruno escreveu essa letra, em prosa, e musiquei. É uma prosa em que os momentos se sucedem numa ordem de sonho. Acho que é a descrição de um suicídio com um final feliz:


 

sábado, junho 10, 2023

 

No ano da morte de mamãe, eu e Pedro fizemos um vídeo com a música “A Vida é Livre”, do meu disco Lua Singela, de 2003. Isso fez parte do nosso luto e faz mais ou menos quatorze anos, mamãe morreu em 2009. Agora, junho de 2023, La Vida es Libre é a música-título desse disco em pre-save no spotify, youtube, deezer, apple music... funciona assim: você segue o link, escolhe a plataforma onde quer ouvir o disco e no dia 23 desse mês, será notificado de que o disco está no ar.

Todas as músicas têm versão espanhola do parceiro Tive Martinez:

https://bfan.link/la-vida-es-libre-canciones-de-luis-capucho-vol-1





 

quinta-feira, junho 08, 2023

Esse assunto é imenso de detalhes, mas eu não tenho fôlego, aqui, para textão, então, o resumo...  (terei ainda muito tempo para falar das canções, de como eu recebo amor):

Cada faixa de meu último disco, Crocodilo (2019), foi produzida por um artista diferente, broto de ideia do Felipe Castro, que tinha produzido o disco anterior, Poema Maldito (2014).

O Crocodilo, mais ou menos concentrado no estúdio do Vovô Bebê, ficou com as músicas muito mais bonitas com as ideias de arranjo de, para cada faixa respectiva, Gustavo Galo, Lucas de Paiva, Vovô Bebê, Claudia Castelo Branco, Bruno Cosentino, Evaldo Luna.

Outra vez, agora broto de ideia do poeta espanhol, Tive Martinez, que verteu o Cinema Orly e algumas de minhas canções para sua língua, vamos lançar pelo selo Porangareté, do Rodrigo Garcia, um disco em que cada faixa é produzida e também cantada por artistas diversos.

Já ta na boca de sair. Terei ainda muito tempo para falar das canções, de como eu recebo amor:


 

segunda-feira, junho 05, 2023

Dona Odaleia, que me alfabetizou, tinha um vaso de pena de pavão, na sala, que era como planta, mas não exigia cuidados. Quando moramos com ela, eu e mamãe, eu aguava as plantas que beiravam os lados da casa. Me lembro até hoje das gotas bem gordas que rolavam nas folhas impermeáveis de uma planta que eu chamava de chuveirinho. Eu aguava com uma mangueira.  Agora, estou bem feliz com minha moita de samambaia e avenca, na sala. O caruru não deu certo, morreu por falta de sol:


 

O filme do Rafael Saar comigo foi selecionado para o In-edit, em SP:

 

quinta-feira, junho 01, 2023

Meu caruru na sala, acho que porque sem o sol, morreu. A avenca escondida na samambaia, as duas, avenca e samambaia,  continuam fortes. Nessa manhã do primeiro dia de junho de 23, Dona Linda Evangelista veio cheirar, inspecionando:


 

quarta-feira, maio 17, 2023

Diário da Piscina:
Meu professor filmou, pra eu ver o defeito. Já sei como melhorar, só preciso força he he!




 

segunda-feira, maio 15, 2023

Quando criança eu jogava boleba, que hoje mais conheço como bola de gude. Não gostava muito, porque acima da unha de meu polegar, onde a boleba se apertava contra o gancho que eu fazia com o indicador para lançá-la contra as outras, ficava ferido. Acho que chamávamos Triângulo, o jogo que jogávamos desenhando na terra um triângulo, onde colocávamos as bolebas dentro, para acertá-las de fora. Quem conseguisse tirar a boleba de dentro do triângulo, pegava-a pra si.

- Vamos jogar triângulo?

- Não!


 

terça-feira, maio 09, 2023

Eu devia ter por volta de onze anos, quando ouvi pela primeira vez uma música linda, que era Ovelha Negra. Mamãe trabalhava na casa de Seu Eulâmpio e Dona Dinalva, em Magalhães Bastos. Eu não era ovelha negra e nem me importava com o que dizia a letra da música, nem nunca tinha visto a Rita Lee, mas quando a música tocava no rádio minha antena se imantava do som e, aí, comecei a me ligar nas outras músicas dela que vieram depois, no rádio, e que eu tocava no meu violão também. Eu sabia que os artistas de que eu gostava, eram sempre de uma classe social diferente da minha, mas eu me identificava com aquele mundo de músicas bonitas. Sei lá, a vida é muito louca! E tem que ser.


 

quinta-feira, maio 04, 2023

Bateria - Luís Capucho (cifra)

Hoje, 04 de maio de 2023, coloquei dois vídeos com músicas minhas, no meu canal de youtube. Que é para vocês se inscreverem no meu canal, me dar visibilidade e tornar-me popular. Pra vocês compartilharem nas redes de vocês esse vídeo que acabei de fazer para uma bateria de panelas e também se preferirem, também roubei do Festival Dobradinhas, um registro da Ana Frango Elétrico cantando comigo mais a Joana Queiroz, a minha O Amor é Sacanagem. Subscrevam-se em meu canal, compartilhem os vídeos, comentem carurus, ararutas, pimentas do diabo, tudo:

quarta-feira, maio 03, 2023

segunda-feira, maio 01, 2023

Cliquei Dona Linda Evangelista uma noite atrás. Passou comigo e curtia ela. Sumia na cozinha ou quarto e voltava, se arrodeava de mim, disfarçada na sala, pra que não a pegasse junto do corpo, não quer, é perigoso tá à vontade, de corpo aberto, a mercê de um humano, tem medo!

 

domingo, abril 30, 2023

sábado, abril 29, 2023

Tinha me frustrado da Pimenta do Diabo costarriquenha ser maracujá, como vocês sabem. Transferi ela pra o canteiro da Vizinha de Baixo. No dia em que a levei para baixo, trouxe uma samambaia que tava nascendo no seu chão da área e uma avenca. Ante-ontem, vi um mato nascido no vão do muro do prédio com a calçada da rua. Vou cuidar dele na sala. Quando criança, na roça, chamava esse mato, quando o encontrava nos pastos, de araruta. Mas não é.


 

quinta-feira, abril 27, 2023

Dois anos depois dos rabiscos de assinatura que mostrei a vocês, ontem, minha letra já estava assim:
(trecho do Cinema Orly - Ficções de interludio/1999)