segunda-feira, maio 30, 2022

Ainda sobre a lembrança das despensas, havia também uma delas em Jerônimo Monteiro, quando eu e mamãe moramos no seminário. Depois disso, mamãe entrou num carrossel diferente, de pouca comida.


 

Lucas Fidelis em Mamãe me adora


 

domingo, maio 29, 2022

 

Voltando à sola dos meus pés, para onde tenho deslocado o meu centro, e para onde redistribuo um pouco de força e, isso, faz com que eu pense que centro é força, minha força-centro a partir da sola dos meus pés e por meu corpo inteiro, sou centro-força de que?

O dia inteiro eu vou vendo as coisas que chegam aqui e daí a pouco tanta coisa que chegou que não me lembro mais. Mas vi algo sobre uma descoberta de massa numa parte do átomo de que não se suspeitava antes. Essa descoberta, que não alcanço em meu centro-força, torna meu centro-força menos coisa? Ou essa é uma descoberta de coisa?

O que lembra a foto recente de um buraco negro e lembra a despensa da casa de Dona Odaléia sempre na penumbra. A despensa era um depósito de coisas, um centro-força que me puxava para si, por ser o lugar onde ficavam os biscoitos e doces, as rosquinhas amanteigadas e o que eu chamava de negócios, por isso, aos seis anos, que era a minha idade em 1968, eu estava sempre a dizer para mamãe:

- Eu quero um negócio!

Mas, agora, sentado aqui em minha cadeira, ante a mesa do computador, meu centro-força também está no meu cu.



Walter Bello em Para Pegar


 

quarta-feira, maio 25, 2022

Camuflagem -cifra

Eu e Tive Martinez, meu parceiro em Poema Maldito, temos uma parceria inédita, Camuflagem, que está para ter outros registros além do que fiz no festival Florão da América, em que chamei aos amigos para me cantarem e me cantaram como deuses ou como loucos. Hoje coloquei a cifra dela no meu canal, para quem queira cantar em casa:

https://www.youtube.com/watch?v=xDXr1rnM6gE


Luís Valério em O amor é sacanagem


 

Deslocando o meu centro para a pele da sola de meus pés. Descolando esse momento de meu centro, para trás e para a frente. 


 

terça-feira, maio 24, 2022

Regina Bainy em Quando é noite


 

Lá fora, os passarinhos miam feito a gatinha do Pedro, Linda Evangelista. A vespa-oleira deixou seu centro sendo chocado no corredorzinho no meio do apartamento e foi morrer lá fora. Como eu, a vespa-oleira também se desloca de seu centro para um outro que é seu também.

Ainda no centro do cu.


 

segunda-feira, maio 23, 2022

quinta-feira, maio 19, 2022

    Em outras palavras, já disse que faz um tempo, comecei a reparar que de quando em quando acontece um clarão pra mim, na minha vida. O último deles foi o que aconteceu exatamente no centro do apartamento em que moro e onde a vespa-oleira escolheu para fazer casulos de barro para gerar seus ovos, dois casulozinhos de barro, rebocados um no outro, dois ovos, portanto.

    Esses clarões, representados por último no chocador de ovos da vespa-oleira no centro do apezinho, tiveram, lá no início, outras vezes, sem que eu, contudo, pudesse ter me dado conta, por exemplo, a vez em que falei um mínimo poema, talvez, religioso, na escada de entrada do Colégio Estadual Professor Lellis, em Alegre, ES.

    Isso foi em 1969 e não me lembro mais do poeminha que falei, mas falei mostrando um ovo de galinha, na mão.

 

Victor Valentim em Sua Mãe


 

domingo, maio 15, 2022


Ainda no remanso do que por fim é a sedimentação de meu centro, eu, que estou em outro lugar, onde se forma a minha pessoa, o que parece me fazer louco e, que pensando bem, não há alternativa mesmo para mim, considerando todos os deslocamentos dele falados em outros postes, o centro, no último, em sua forma para onde constante estou a ir.




 

João Santos e Teuda Bara em Velha


 

sexta-feira, maio 13, 2022

 

Meu centro é meu prumo. Quando eu tirava a chapa de minha clavícula, por onde está meu centro, o rapaz disse que não havia nada ali, que estava tudo certo, nenhuma sedimentação anormal, tudo liso e fluido. Vou contar para mim mesmo essa estória, posto contra a parede, pra não ser esquecido.



Rafael Saar e Danny Perilla em Destruição


 

quinta-feira, maio 12, 2022

Naldo Miranda em Sua Mãe


 

 

Meu centro tem se deslocado para a minha clavícula direita, onde seu osso se encontra com a caixa de ossos que desce para o peito e que se abre nas costelas, formando meu tronco, onde estão braços, pernas e cabeça. Hoje fui ao médico, para que ele me explique cuidar disso, pois meu centro não deve ser onde não é. E não é para doer.



segunda-feira, maio 09, 2022

Lucas Brenelli em Antigamente


 

Volto ao centro cósmico onde estou, deslocado para o que chamam de minha mão. Quando criança, antes que dormisse, gostava de ficar reparando nela e não sentia que fosse monstruosa, ao contrário, me deixava mais calmo para o sono.


 

domingo, maio 08, 2022

sábado, maio 07, 2022

Marcos Sacramento em Poema a mil


 

Cada vez mais indo para o centro. É onde o corpo aflora. Tudo é explosivo, violento e cheio de prazer, beleza, beleza, beleza, tentáculos dela no meu fundo fétido. Glória, perfeição!


 

quinta-feira, maio 05, 2022

Leda Lessa em Bruta


 

Me ponho no centro e dessa posição é que, sentado na minha cadeira, estou a ouvir o dia de minha janela. Não consigo estar fixo em mim. Outro centro me desloca constantemente para si e paro de respirar tentando me manter imóvel no primeiro lugar, no primeiro momento. Eu acho que o certo é me manter no mesmo tempo, sem me deixar atrair para essa segunda direção. No ponto em que estou, meu centro está no cu.




quarta-feira, maio 04, 2022

 



Voltando ao meu centro e ao fato de que há um outro que me puxa para si, ao fato de que há um outro em mim, e de que sou outro e sou eu, portanto, mais de um centro, quantos centros posso ter, quantos posso ter como direção, devo me centrar em qual deles, no que envelhece, devo me centrar no que envelheço, devo partir desse, em acordo com ele, de manhã, fazer meu café.



Ruth Castro em Algo assim


 

terça-feira, maio 03, 2022

 

Quero passar dos 79, onde a advinha marcou pra eu chegar. Me lembro bem e dentro da lembrança estamos num lugar descampado, num pasto, era longe da cidade, um sítio. Foi num encontro de comunidades, uma coisa de bichos-grilos, onde o esoterismo, a nudez, a comida natural, a política, a música, dança, corpo, alma, eram centros onde todos gostariam de chegar. Quero ultrapassar meu centro, os 79.

Davi Vianna em Eu quero ser sua mãe


 

domingo, maio 01, 2022

De novo e sempre tentando o meu centro. Sim, estou velho, estou feliz, tenho ondas. Os graves ao sair, modulam outras curvas, se juntam reverberando pra dentro das sombras, somem, ficam quietos. Outro dia tinha uma aranha negra, pequena, caída no chão do quarto. Achei que era de plástico perfeito, assim como pensei na perfeição, enquanto via a vespa-oleira no filme do celular de Pedro. Era uma aranha morta. Talvez, que Linda Evangelista a tivesse matado. Isso faz dois dias. Não sei se pisei. Está assim, agora:


 

Tiago Abs em A Masculinidade