sexta-feira, dezembro 31, 2010

As palavras têm uma importância central na religião cristã, porque, além de, no início, fundir-se a Deus, como diz o apóstolo João em seu evangelho, é através dela-Deus que todas as coisas foram feitas. Além disso, é através delas que a religião se propaga. A palavra é como um sêmen divino que fertiliza a mente dos novos fiéis com a boa nova, como diz a parábola do semeador, no Evangelho segundo São Mateus:

18 Escutai vós, pois, a parábola do semeador.
19 Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado ao pé do caminho
20 Porém o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria.
21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende.
22 E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas, sufocam a palavra, e fica infrutífera.
23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Eis duas visões distintas, uma divina, outra humana, mas que no fundo, dizem a mesma coisa, silencioso leit@r:


No Santo Evangelho segundo São João:

O verbo se fez Carne

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens.


N’A História do Diabo, de Vilém Flusser:

Pg 160

1.7. Língua

A vontade tende. Pressiona. Quer explodir. É sedenta. Quer espalhar-se. Está em tensão. Procura sair de si mesma. Quer projetar-se. Procura poder. Quer realizar-se. Exprime-se e expressa-se. Articula-se. A vontade torna-se língua. A vontade tornada língua cria mundo e mente.


segunda-feira, dezembro 27, 2010

De todo jeito, mesmo que não possamos ir na direção do passado, a não ser no sentido arqueológico, de mão única, a escrita arejou o tecido da conversação humana, tornou-o menos espesso. Tornou possível um primeiro diálogo à distância. Com ela, os cruzamentos de comunicação, sobre a face do planeta, soltaram-se mais, alargaram-se os seus entrelaces e à onda sonora do vozerio humano, curta, instável, efêmera, superficial, veio juntar-se a estabilidade da língua escrita.
Autores teóricos há que se perguntam ser diálogo o que se estabelece entre o leitor e o texto. Se eu leio, num exemplo, os livros do falecido José de Alencar, dialogo?
“ Será a leitura esse ato solitário, que afasta o mundo e do mundo? Só o leitor e o texto? O isolamento, o mundo ausente, espaço/tempo de incontaminada intersubjetividade?
Não. Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros; entre os dois: enunciação; diálogo?”
Magda Soares

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Quanto às peculiaridades da língua escrita, com sua invenção, houve na história das tecnologias, a primeira vez em que o homem dilatou o tempo de recepção das mensagens.
Podia-se escrever e descansar.
Podia-se escrever “vai” e somente quanto tempo depois um receptor vir a sofrer sua influência.
Antes das tecnologias de gravação de áudio, no século XX, apenas através da escrita era possível a troca de mensagens fora do tempo real.
Mas, quando, acaso, houver tecnologia para trocar mensagens não somente daqui para um tempo simultâneo ou daqui para o tempo futuro, se, acaso, acontecesse a loucura ou o sonho de as mensagens, indo na direção inversa, puderem chegar também ao passado, para aqueles que naquele tempo estiverem ainda vivos e que, antes que morressem, pudessem recebê-las, sei lá, e as idéias pudessem se cruzar indistintamente e a teia de palavras, de idéias, a comunicação com mais fios, mais espessa, com mais cobertura, então, não haveria mais determinação.
Seríamos, assim, mais completos. Teríamos escolhas, seríamos livres.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Com a invenção da escrita, estabeleceu-se para os homens um modo paralelo de trocar informações, um modo paralelo de uso da linguagem, como um espelho da oralidade, mas com características muito próprias.
Com relação a ela e posicionados no mesmo ponto em que ontem estivemos, nada ouviríamos do vozerio humano, não nos chegaria nenhum Ommmmm donde pudéssemos recortar o “vai”. A palavra escrita para que seja decifrada precisa luz. Ela não soa. Tem vibração luminosa.
Entretanto, para Wittgenstein, ouviríamos, internamente, algo como a sonoridade de um “vai” dito por boca humana:
“Não chegarei a dizer, por exemplo: a palavra impressa ‘nada’ lembra-me sempre o som de ‘nada’ – Mas as palavras, quando lidas, como que deslizam para dentro de nós. Sim, não posso olhar uma palavra impressa da língua portuguesa, sem um processo peculiar de audição interna do som dessa palavra”.
E isso lembra a minha idéia de que as palavras são instrumentos de penetração. As palavras, como queria Willian Burroughs através de Laurie Anderson são vírus. São parasitas hospedeiros e se baixamos nossa guarda, nossa resistência, somos determinados por elas, exatamente, como, ontem, ao recortar de dentro da onda do vozerio, num segundo da língua portuguesa, a superfície da palavra “vai”. Fui.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Filosofia

Imagine que você estivesse num ponto de observação, por exemplo, no sol e que pudesse assistir numa abertura de 360 graus ao orbitar da terra pelo espaço sideral e que no tempo completo do percurso dela no vazio celeste pudesse ouvir ininterruptamente todos os sons produzidos aqui e, por isso, sua visão fosse acompanhada de um zumbido, um sopro de som, um Ommmmmmmm...
E imagine que desse Ommmmmmm você pudesse recortar apenas os sons humanos e depois recortar apenas os sons de comunicação oral e, mesmo assim, do burburinho de palavras ditas em alemão, em japonês, em inglês, português, enfim, todas as línguas existentes no mundo, sobre a face da terra, você continuasse a ouvir, das vozes humanas, o Ommmmmmmm, como uma imensa onda sonora que se propagasse até você, fundindo-se a sua cabeça.
Imagine que ouvindo apenas esse recorte de sons humanos de comunicação oral, houvesse um minuto de silêncio sobre a terra e, consequentemente, um minuto sem que a onda se propagasse para a direção do cosmos e sem que chegasse até você.
E imagine que esse burburinho em uníssono de vozes, essa onda incompreensível de vozes que chegavam até você e que fizeram silêncio de um minuto, era apenas de palavras ditas em língua portuguesa. Você ouvia apenas Angola, Moçambique, Portugal, Brasil...
Faça, recordando, um recorte de um segundo da onda.
É ainda um zumbido incompreensível de falantes de língua portuguesa, um Ommmmmm.

Adentrando o segundo de recorte de onda, o vozerio é incompreensível, mas afundando-se nele e chegando muito, muito perto, quer dizer, recortando mais ainda o recorte em que você entrou dentro, você pôde distinguir um:
- Vai.
Afinal, isso que você identificou como a palavra “vai” dentro do recorte de vozerio tem uma superfície que pode ser traduzida nas letras “vai” que escrevo aqui no Blog Azul e, possivelmente, não tenha profundidade alguma, porque é apenas um comando, com um determinado senso de direção, qualquer um. É como aquela frase do Pedro, em festa:
- Pega o drink e vai!
Fui.


terça-feira, dezembro 21, 2010

Estou curtindo Wittgenstein.
É uma forma de conduzir o pensamento como quem estivesse trabalhando numa construção, tijolo por tijolo e somente no fim, deve-se ter a satisfação de ver a casa inteira. Por vezes, nos satisfazemos com a feitura de uma janela completa. Noutras, nos abstraímos do trabalho e nem nos damos conta de nada.
Estou fazendo uma primeira leitura, porque sou um cara que, nas leituras, precisa dar demãos, fazer acabamentos, não formo na primeira vez, ta se ligando, bom leit@r?
Bem, tem autores que nem formo nenhuma vez, abandono o trabalho he he he!
Wittgenstein me faz sentir, por vezes, como Alice.
Um exemplo:
“Alguém me diz: ‘Mostre um jogo às crianças!’ Ensino-as a jogar dados a dinheiro, e o outro me diz: ‘Não tive em mente um jogo como esse’. Deveria ele ter tido uma vaga idéia da exclusão do jogo de dados, no momento em que me dera a ordem?”

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Sempre, antes de sair de minha cama, que a partir desses últimos dias mais quentes, tenho armada na sala, fico sabendo do que está rolando na vizinhança, pelos barulhos que atravessam a casa fechada. Fico um tempo, ainda na cama, curtindo o entender o que se passa em volta até que meus pensamentos espreguiçando-se feito uma porrada de filhotinhos no ninho de minha cabeça, tomem o rumo do dia. Então, envolvido nas minhas questões, no fazer o café, no ir ao banheiro, no tomar os remédios, já não sei o que se passa. Fico envolvido com os filhotinhos...
E, aí, preciso reunir todos eles que se assanham no ninho, para que o dia tenha uma direção. Se não os conseguir reunir, bate uma paralisia, porque cada um quer ir pra um lugar e não consigo me decidir.
Vou ler a revista que Ruth guardou pra mim e fazer minha comida...
Fui.

sábado, dezembro 18, 2010

Acordei com um grito de socorro na vizinhança, no portão, talvez.
Ainda sonolento e sem confiar muito no que ouvi, afinei meus ouvidos e o grito se repetiu. Agora, pareceu um animal, ou alguém que chamasse por um animal e, nisso, abriu-se um imenso quintal cheio de bichos, galinhas, porcos, cachorros, por fora de minha casa ainda fechada na manhã.
E comecei a me mexer, pensando que teria de sair para atender quem pedia socorro.
Aí, o grito foi se aproximando de casa, adentrou o portão, pelo corredor afora. E sob minha janela, era alguém chamando por meu vizinho de baixo, o que prende os passarinhos nas gaiolas.
E tirei mais uma madornazinha...
Ehhhhhhhhhhhhhhhh!

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Silêncio em meu condomínio.
Mesmo que os dias se tenham tornado mais frescos, continuo dormindo na sala. Sou ótimo de dormir, quando vejo, já acordei...
Aí, dobro as coisas, enfio a cama embaixo do sofá e parto pro dia.
Agora, os menininhos vieram para o corredor e fazem alguma combinação, mas não ouço bem, porque não abri a casa.
O de sempre: café, incenso, lavar louça, fazer comida...
Estou na mira do pensamento de Wittgeinstein. Ontem, encontrei o Michael no facebook e mandei:
- Oi, Michael, tudo bom aí? Consegue entender meu português?
- Espero que sim – ele mandou de volta.
- Pensei em Viena hoje, porque fui indicado para um escritor que nasceu aí. Chama-se Wihgenstein...
- Não é o Wittgenstein? – ele mandou.
- É isso mesmo. É que esses nomes...- e, aí, o Michael caiu e minha mensagem não chegou lá. Fiquei com uma sensação estranha. Achei que eu devia ter acertado o nome de primeira, porque aí, ele não teria caído.
Não tem problema: Simone vai me emprestar o livro.
Fui.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Dia fresco, sem sol!
Final de ano, no que Pedro tem chamado de meu condomínio, às vezes, de minha comunidade, minha vizinha de baixo fica felicíssima por receber os netos, que entraram de férias. A cada final de ano, eles ficam um dedinho maiores, mas o quicar de bola no corredor é o mesmo.
E a gritaria.
Logo que vim morar aqui, há muitos anos, as crianças da vizinhança eram, em sua maioria, meninas. E não eram tão barulhentas.
Mas, agora, as poucas meninas brincam do que sugere a maioria de meninos: bola!
Que merda!

terça-feira, dezembro 14, 2010

Tinha pensado nessa manhã em não fazer nada do que é meu costume fazer, mas, depois, pensando melhor, decidi tomar o rumo de sempre. É mais seguro e construtivo, porque, afinal, as coisas que tenho por rotina resultaram de um fluxo de pensamentos ou necessidades que tenho tido através dos anos e que acabou por se sedimentar, por exemplo, em, assim que saio da cama, fazer o meu delicioso pote de café.
Depois, venho aqui no blog e escrevo alguma coisa.
É esse o rumo...
Hein?

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Eu já tinha falado aqui no blog do bafão do Rio, mas o bom leit@r imagine que aquilo era só o prenúncio, porque o bafão mesmo começou nessa noite e tive que dormir na sala com a janela aberta e, no fundo dos pensamentos, sempre o receio de algum invasor que escalasse a parede de fora e, depois que eu pegasse no sono, me interrompesse a tranqüilidade.
Na madrugada, quando acordei para beber água, estava mais fresco e fechei a janela.
Acho que nessa hora é que, no vão entre os pequenos prédios que se podem ver esticando o pescoço para fora da casa, tinha uma lua cor de laranja, uma meia lua nunca vista. O céu em seu torno tinha um pálido, não era escuro, era como um entardecer.

Um pouco acima, tinha uma estrela enorme...
Quer dizer, bom leit@r, por causa desses deslumbres de verão é que gosto tanto dele.

Que bichice!

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Estou atrasado com o dia. Levantei tarde.
Coloquei um pouco de arroz no fogo.
Fomos assistir ao “É com esse que eu vou”, musical de que o Sacramento faz parte, no Teatro João Caetano. E é lindo!
De um tempo em que a música feita no Rio de Janeiro era a música que o brasileiro ouvia. É a história contada pela música.
Particularmente, fez um grande sentido para mim e me emocionei.
Pedro também deu seus próprios sentidos ao musical.
O meu generoso leit@r sabe, cada um vê com seu olho e coração.
E nós nem somos genuinamente cariocas!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Fico feliz que a Maluca te toca, Mercia.
Deixe seu e-mail pra eu te avisar sobre show.
Na segunda-feira estive na entrega do 9º Prêmio Arco-Íris dos Direitos Humanos e foi bastante emocionante. Ganhei esse prêmio em 2005, embora não tenha tido nenhuma intenção de fazer política com o meu livro, o “Cinema Orly”, e o prêmio tenha uma conotação política e tudo. Tinha até políticos que nesse ano foram premiados e reparei no modo como se diferenciam, são articulados, falam bem para caramba e convencem a gente e tudo. Mas o emocionante foi a presença das famílias de homossexuais mortos por homofóbicos. Tinha uma família de São Gonçalo e a mãe falou emocionada sobre o filho assassinado e o pessoal não se conteve e se levantou e aplaudiu...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Meu pensamento não consegue agarrar um fio de meada que o conduza ou que, ao menos, o inicie na condução de um roteiro organizado por entre o caos de idéias, o caldo de idéias que chegam até minha cabeça.
Preciso fazer um percurso delas, mais ou menos, como é o roteiro do 30.
Um percurso seguro, conhecido, consciente, objetivado e tudo.
Mas, por enquanto, estou borboleteando pelo jardim da minha cabeça sem caminho certo, uma coisa assim.
Paro aqui, paro ali, volto sem direção, ainda cego, vislumbrando uma luz ali, outra aqui, sem me prender ou sem costurar qualquer idéia num raciocínio mais longo, que é do que preciso para um trabalho escolar.
Outro dia, vi na televisão, um escultor que andava por uma pequena cidade italiana, à beira do mediterrâneo, procurando idéias.
Vou ver se acho um fio delas em que queira me agarrar no percurso do 30.
Fui.

terça-feira, dezembro 07, 2010

O meu “Cinema Íris” ficou pronto, está masterizado, mas, estranho, não consigo ouvir...
Outro dia, achei que ouviria, mas, aí, não ouvi.
Também não ouço o “Lua Singela” e nem leio meus livros, o “Cinema Orly” e o “Rato”. O “Mamãe Me Adora”, porque não foi ainda publicado, leio alguma vez para fazer ajustes, e, depois, porque ele é muito mais ficção que os outros, então, faz mais sentido os ajustes, porque é um outro tipo de elaboração, se liga...
Já o “Cinema Orly”, visceral por excelência, se eu ficasse ajustando muito, quando da publicação, perderia a emoção do registro, ta se ligando, generoso leit@r?
Voltando à música, depois que masterizou, já era, já foi, já é.
Agora, é botar no mundo e foda-se!
Mas, aí, o disco veio se agarrando pelo caminho e tenho que conseguir desagarrar o bichano pra ele se fuder sozinho, quer dizer, filho é pra botar no mundo, não é?

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Bem, não me sentei ao lado da mulher grande, nem Pedro.
Fiquei olhando pro jeitão absolutamente inocente dela, enquanto me lembrava de ter contado pra uma colega de ginásio, justamente, sobre quando eu, no ônibus, ocasionalmente, me sentava ao lado de um daqueles homens que se sentam de pernas abertas e que cagam e andam pra quem esteja ao lado. No verão, então, é horrível, porque fica aquele corpo te esquentando mais ainda e te espremendo no que sobra da poltrona.
Aí, minha colega disse:
- Eu não gosto que tirem isso, assim, do meu espaço – e mostrou uma pontinha do dedo indicador com o polegar marcando a quantidade de dedo que ela não deixaria tirar. E, olhei para ela desconfiadíssimo, porque não podia imaginar como é que ela iria conseguir que não roubassem espaço dela, no ônibus.
Falei:
- Mas como você faz?
Aí, quando passou por Charitas, vagou uma poltrona inteira, onde nos sentamos os dois, eu e Pedro.
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

domingo, dezembro 05, 2010

Então, ontem, quando fomos passear em Jurujuba, o ônibus cheio, ao passar por São Francisco, vagou um lugar ao lado de uma mulher, dessa vez, de verdade, grande. Pedro me apontou o lugar. Eu disse:
- Quer sentar?
- É pra você – ele disse.
Mas o meu bom leit@r poderá imaginar, depois dos meus dois últimos posts, o que aconteceu...

sábado, dezembro 04, 2010

A impressão que eu tinha da moça de ontem, sentado a seu lado, me fazia ficar lembrando de quando eu era um garotinho, dos bairros onde morei, me fez pequeno, e o jeito como ela falava, enturmada, com o trocador e com o outro passageiro que chegou de surpresa no ônibus, o seu vocabulário e timbre de voz (o meu bom leit@r imagine que o vocabulário de uma pessoa está para o seu timbre de voz, assim como o rio está para a sua correnteza), a sua proximidade a meu lado na poltrona, meio inclinada pra trás, a falar com o trocador, tudo isso, fez com que sua presença fosse um troço agressivo, forte e enorme. Some-se a isso o fato de sua inclinação na poltrona ajudar, um pouco mais, para minha diminuição, doido pra saltar e pegar o meu familiar 30.
Mas a moça a meu lado saltou três pontos antes do meu, na entrada da Ponta da Areia, e quando a vi pela janela, dobrando a esquina, era tão frágil e miúda, e o vento chamou a atenção para o vestido que pareceu esfrangalhado e mostrou o shortinho e tudo.
Foi horrível...

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Quando me sentei no 49, ontem, senti que meu corpo tinha ficado desajeitado na poltrona, como se ela tivesse sido feita pra alguém bem maior que eu. Tenho essa mesma sensação, quando é época de comprar roupa nova, então, não compro. E o mesmo nos aparelhos de fazer ginástica.
E não tive alternativa se não ficar ali tentando um encaixe possível e louco pra que o ônibus chegasse logo no lugar de saltar e eu pudesse pegar o 30. E tinha uma mulher a meu lado que reencontrara, depois de tempos sem ver, o trocador.
Ela disse:
- Os filhos dela estão presos, viraram bandidos, você não soube?
- Então o Neguinho ta preso?! – o trocador disse e ficaram conversando.
E, aí, por uma coincidência daquelas, entrou outro cara que os dois não viam há muito tempo. E ficaram falando da coincidência do encontro e das mudanças e, por fim, da burocracia de ter que provar a residência, uma coisa complicada e eu desencaixado na poltrona e o ônibus não chegava.
Que merda!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Estou de férias de minhas aulas de especialização.
E, depois, não precisarei mais ir à aula, porque só preciso entregar uma monografia de final de curso, o que farei em casa, com apoio nos livros. Eu curti para caramba freqüentar as aulas e ser um aluno bem diferente do aluno que fui à época da graduação, quando era tímido demais e não abria a boca.
Ir às aulas, já esse senhor que sou, me deixou mais seguro e participativo.
Bem, não sou, exatamente um cara eloqüente, mas comparado ao rapaz que fui...
E entendi que participar dá um ganho muito grande pro entendimento, a gente processa melhor a informação que recebeu, fica mais por dentro dela e se torna seu objeto. Não ficamos apenas como expectador...
É isso.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Dentro do bafão, quando acordei, tomei um banho, fiz meu café e todas as outras coisas que tenho pra fazer, hoje, fiz. Há coisas que tenho pra fazer há anos e, camadas de outras coisas vão se sobrepondo a elas. Mas, numa hora, descasco a cebola e faço.
É como um frescor no bafão.
Tenho anotado as coisas pra fazer.
Vou almoçar.

terça-feira, novembro 30, 2010

O bafão dos meses de verão, finalmente, se instalou sobre a cidade.
Preciso decidir sobre o Natal.
Estou só!
O que fazer
eu não sei que rumo tomar
há tanta coisa
demais pra mim...lá lá lá...

segunda-feira, novembro 29, 2010

Estive olhando, para amostra de um trabalho escolar, a qualidade com que foi transcrito para a Web, um trecho do poema Martim Cererê, publicado em São Paulo por Cassiano Ricardo, em 1928.
Eu adoro café, certo?
Selecionei alguns blogs que haviam postado, nesse ano de 2010, o trecho intitulado Café-Expresso e comparei com a edição crítica. O meu bom leit@r acredite, nenhum dos blogs comparados havia transcrito o poema com fidelidade. Pude observar a verdade daquela máxima do telefone sem fio, ou seja, quem conta um conto, aumenta um ponto e diminui outro...rs.
E, ainda, se as modificações tivessem a intenção de aperfeiçoar o texto, isso seria de grande valia, mas a luta para chegar à perfeição esgota-se no trabalho do autor.
Claro, eu sei, que ninguém tem a intenção de avacalhar o trabalho do Cassiano Ricardo, muito pelo contrário. As modificações se dão pela natureza das cópias, que é a imperfeição, acho.
Fui.

sábado, novembro 27, 2010

A primeira vez em que ouvi falar em Vilém Flusser foi quando estive em Sampa com Ruth e conheci o Rodrigo, que me deu um livro dele chamado Bondelos. Ao comentar com Ciro, ele me disse que, realmente, o pessoal de São Paulo gosta muito desse autor. E, ontem, pedi ao Pedro que me comprasse a “História do Diabo”, porque acho que vou gostar muito.
Estive pensando que vou me identificar bastante, porque pelo que comecei a entender, uma questão importante para Flusser, é não ter conseguido viver naturalmente onde nasceu e ter que ter sido estrangeiro nos lugares para onde foi. Em Sampa, por exemplo.
E embora eu nunca tenha deixado meu país, de um modo particular, existencial, durante grande parte da vida, tive essa mesma questão comigo, a de que não estava contextualizado e a de que deveria estar sempre em fuga (como o diabo foge da cruz he he he!).
Quer dizer, bom leit@r, um estado meio que de paranóia, do que, aos poucos, vou me safando, escapando, escamando, desfiando, desfazendo, me livrando, abandonando, deixando pra lá, pra trás etc...
Que coisa!

sexta-feira, novembro 26, 2010

Tinha pensado em colocar para meus leit@res, hoje, Lupiscínio Rodrigues cantando “Nervos de Aço”, que vi no Youtube, uma gravação que achei tão perfeita e bela, mas aí, quando voltei para pegar, era só um pedaço. Entretanto, é tão belo que vale a pena:

Lupicínio Rodrigues - Nervos de Aço

quarta-feira, novembro 24, 2010

Valeu, Nina, pela alegria do comentário!
Que consiga uma árvore linda pra você. Eu ainda tenho que ir no mato, ver se acho uma legal pra mim!...rs.
E pegando de volta o fio da meada que vinha pensando aqui comigo mesmo, consequentemente, para meus leit@res também, tinha pensado antes nas palavras, com que levamos adiante a vida, como uma espécie de ovo primordial de onde saímos, um sopro divino que nos deu vida e manipulado como um bem e tudo, mas aí achei um pensamento muito interessante, na internet, do Vilém Flusser, pegando a coisa por um outro ângulo:


."A língua é o inimigo visceral da fé, e tudo o que por ela for tocado ficará imune à intervenção do divino. Toda palavra é uma espada flamejante do diabo, e a língua como um todo é um único protesto contra as limitações do intelecto, um grito de articulação contra o inefável, um brado de guerra contra a divindade, uma expressão da inveja do intelecto humano dirigida contra Deus.

E, comentando com minha professora, ontem, ela jogou mais luz pra mim. Ela disse:
- Entendo... como o fogo que Prometeu roubou dos deuses.


E mais Flusser:

”Somos indivíduos, somos intelectos individuais, porque consistimos de palavras (expressões da inveja diabólica contra Deus) consolidadas pela gramática (expressão da avareza diabólica que tenta preservar a realidade por ele criada). A mente humana, essa suprema ilusão de realidade, é a obra mais perfeita do diabo, e é neste sentido que a nossa insistência avarenta na manutenção da nossa individualidade é o triunfo supremo do diabo. O nosso empenho em prol da língua (que é o empenho em prol do nosso intelecto), e nosso empenho em prol da propagação do enriquecimento da língua (que é o empenho em prol da imortalidade do nosso intelecto), é o ponto culminante da carreira gloriosa do diabo. A superação da língua, que seria o abandono do intelecto, implica a perda da nossa individualidade, e, do ponto de vista oposto ao diabo, a salvação da nossa alma"- Vilém Flusser, A História do Diabo, São Paulo, Annablume, 2006, pp.149-150.

Daí, que se pensarmos que a língua seja um oceano profundo em que estejamos mergulhados e que nada fazemos senão participar de seu fluxo ou que sejamos apenas onde se fundamente o seu fluxo, assim, como numa corrida coletiva em que passamos o bastão adiante, deste modo, sem pensar em nossa individualidade, mas no coletivo, estaríamos devolvendo a posse do fogo aos deuses. Né, não?...rs.

segunda-feira, novembro 22, 2010

A cidade já ta enfeitando-se pro Natal.
Acho que vou pensar numa árvore para mim...

domingo, novembro 21, 2010

Achei o Chico César falando do Festival de São Luis do Paraitinga (3ª semana da Canção), em que fui selecionado para a final. Fiquei com saudade e feliz, porque ele falou especialmente de mim, de Nikity...rs.
Ouça, bom leit@r:
http://www.semanadacancao.com.br/blog/?tag=novos-compositores

sábado, novembro 20, 2010

Desconfio que Niquites seja o capeta que caga em meu monte. Olha o que vi num livro que folheei:
“Porque o diabo que não existe e que se manifesta poderosamente na realidade atual brasileira, está sempre à espreita (Niquites) para devorá-lo.”
Que coisa!

sexta-feira, novembro 19, 2010

Ainda dentro de meus cobertores, dessa vez sem delírio, e ainda não eram seis da manhã, ouvindo a sabiá do outro lado da rua, no sopé do morro, e ouvindo os motores dos ônibus 30 que esquentavam antes de dar suas voltas de ida e vinda para o centro de Nikity, porque tudo tem um ritmo e o dia estava a começar o seu, pensei que a vida é boa, que o ritmo é bom, que o frio já se vai e que, amanhã, deverá ser um sábado de praia.
Vou fazer comida...

quarta-feira, novembro 17, 2010

Quando me deitei e me embrulhei no cobertor, sentindo meus dentes de baixo enganchados nos meus dentes de cima, deitado como um morto feliz, e, lá embaixo de mim, os meus pés enganchados no pano da coberta, sobre a minha cama macia, no meu quarto quentinho, as mãos enfiadas dentro da cueca com os dedos enganchados entre minhas pernas, sentia esses ganchos todos, no delírio de estar com muito sono, como ganchos iguais, quer dizer, bom leit@r, sentia que tinha meu caralho dentro de minha boca, deliciosamente, guardado pelos ganchos de meus dentes e tinha minha língua, deliciosamente, enganchada pelo calor dos dentes de meus dedos dentro da cueca e, lá embaixo de mim, o dente de meus pés enganchados na minha coberta, que me tinha dentro de seu casulo, fazendo com que eu me sentisse como uma língua dentro de uma boca, um caralho dentro de uma boca, eu, uma língua dentro da coberta da boca , dentro da cueca, dentro dos dentes dos dedos e tudo isso dito de pernas pro ar, outra vez, também é uma possibilidade de verdade.
Quer dizer, bom leit@r, é isso aí.

domingo, novembro 14, 2010

Antigamente...
Depois do que disse, ontem, sobre minha memória, nem sei se ainda posso me referir ao tempo de antes, sem que pareça que estou inventando. Por isso, e porque devo ser um cara em acordo comigo mesmo, devo dizer que o dito ontem é verdade, sim, não desdigo o que falei, mas não sou desmemoriado, assim, absolutamente.
Sem esforço, posso garantir, garantir mesmo, a meu generoso leit@r, que meu almoço, ontem, foi um macarrão delicioso, que eu mesmo fiz, e que não devo me esquecer de Nina Simone.
E, outra vez, garantido, ao menos por mim, o crédito para tudo o que digo, voltemos ao antigamente...
Antigamente, eu não tinha muitas coisas começadas e por acabar. Começava a fazer um troço e ia até o final, sem que nenhuma outra coisa me dispersasse. Eu não me sentia descolado das coisas, bom leit@r, e não era possível que eu pensasse em abandonar um troço começado pra fazer outro, ta se ligando?
Mas, agora...
Fui.

sábado, novembro 13, 2010

Está frio.
Quando me deitei, ontem, para dormir, achei muito esquisito que estivesse frio em pleno novembro, mas como minha memória é ruim, e não consigo nem mesmo saber, sem esforço, o que andei almoçando por esses dias, não me esforcei.
Deixei pra lá.
Seria muito legal se a minha memória não fosse como ela é, porque se eu soubesse o que andei almoçando por esses dias, decerto me lembraria de outros novembros e poderia pensar melhor a respeito desse frio que perdura desde ontem. E ver que o frio pode ser um troço normal, em novembro, sei lá...
Que coisa!

sexta-feira, novembro 12, 2010

Sacramento fez uma música lindíssima para mamãe:

SEREIA NA AVENIDA - MARCOS SACRAMENTO.

Sereia na avenida
(Marcos Sacramento)


A sereia no meio da avenida
pronta pro desfile
Toda maquiada, toda empetecada,
toda “vaudeville”
Cheia de esplendor, cheia de esplendor!
Como antigamente cheia de confete,
plena de glamour
Sem saber se o dia de amanhã viria ela se acabou
E no fim da folia
Ela brilhava tanto que se desmanchou

O canto da sereia prateada
invadindo a passarela
No meio da rua, toda preparada,
Toda cinderela
Cheia de vapor, cheia de vapor
Como antigamente, mar de serpentina,
plena de torpor
Sem saber se o dia de amanhã viria
ela escancarou
E no fim da avenida
O fim da própria vida,
ela desencantou.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Ruth me ligou:
- Já sabe da novidade?
- Que novidade? - e, aí me disse sobre a notinha d’O Globo de ontem.
Eu já devia ter uns 30 anos, quando no sopé do morro que dava na casa da Regina, no Fonseca, eu ia para atravessar a rua e me chamou a atenção o burburinho de gente pra ver o passageiro no banco de trás de um carro. Ligando as minhas antenas pro em volta, me inteirei rapidamente do assunto, era o Ney Matogrosso que tinha acabado de fazer um show no que antigamente tinha sido o cinema da Alameda São Boaventura.

Fiz sinal pro carro, porque eu queria falar-lhe e, claro, o motorista ia passando batido, mas vi quando o Ney pediu para que parasse e ele parou e desceram a janela de trás.
Eu disse pro Ney que tava lá do outro lado, na outra janela:
- Oi, tudo bem? Sou compositor e queria que você ouvisse minhas músicas...- e não me lembro da resposta nem da continuação da conversa muito rápida e logo o motorista partiu e tal.
Quase 20 anos depois, ele me ouviu, bom leit@r, veja:
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

terça-feira, novembro 09, 2010

Estive, ontem, no show do Sacramento, uma temporada que ele começou a fazer no Centro Cultural Carioca, sempre com um convidado e às segundas-feiras. O convidado de ontem foi Soraia Ravenle e fui com Pedro.
Fiquei em frente ao prédio, olhando, esperando Pedro chegar e as luzes, os prédios, a fresca da noite, aquele cantinho ali da cidade ficou me fazendo lembrar de Salvador e fiquei pensando nos prédios europeus e, aí, Pedro veio e subimos para o show.
Maria tinha reservado um lugar bem legal pra gente ficar, mas ficou tão frio, tão frio, bom leit@r ( eu não entendo esse troço de que faça que tempo fizer, tudo, ônibus, bares, lojas, fica com esse frio infernal) que eu tive de sair do meu lugar e fui lá pra trás, pro balcão.
É um show num formato e repertório bem diferente do que vimos na Sala Funarte e, quando Sacramento cantou a segunda música, cochichei pro Pedro:
- Acho que Sacramento fez essa música pra mamãe – e Pedro ficou na dele. E no final, Valfredo perguntou:
- Curtiu a música de Dona Luzia, Luís? – quer dizer, bom elit@r: acertei!

segunda-feira, novembro 08, 2010

Tenho acordado, habitualmente, com a conversa de passarinho de meu vizinho de baixo. Ele recebe visita que não entra em sua casa. Fica embaixo de minha janela a falar de passarinhos, olhando pras suas gaiolas e ele vai vendendo produtos que vêm da Paraíba: queijo, rapadura, mel e tudo.
De repente, fica tudo quieto outra vez...

sábado, novembro 06, 2010

Ainda sobre os eixos, para os quais devo voltar com discernimento cada feixe de coisa de minha composição, criando, assim, muitos pequenos núcleos de onde deva brotar os braços, as pernas, boca, olhos e tudo de meu equilibrado Frankstein, este ser provindo desse meu bolo enorme de merda do capeta e bla bla bla bla bla bla, devo dizer que tinha pensado em formar uma banda e que, ontem, conversando com Pedro, ele deu muito sentido a esse meu propósito.
É que estou na beira de conseguir que o “Cinema Íris” seja, independentemente, lançado e não vai ter sentido ter o disco e não ter como divulgar o bichano para que, então, o seu bolo independente também possa crescer ou, como imagino que mamãe diria:
- O capeta precisa desejar fazer suas necessidades sobre seu monte, Luís.
Tinha pensado em ensaiar as suas músicas, além de com meu violão, com um baixo e uma guitarra, mas, aí, Pedro disse:
- Não, tem que ter percussão também! - e isso, bom leit@r, é a insinuação de merda no ânus do capeta, certo?
Cruz credo!
- Alguém?

sexta-feira, novembro 05, 2010

Depois do assalto sofrido na Profº Otacílio, andei meio atordoado, mas, de novo, tudo entrou nos eixos, pois que há muitos eixos a que as coisas devem estar encaixadas pra que a gente tenha a sensação de vida fluindo naturalmente, sem nada agarrando.
O mesmo vale para o monte do capeta cheio de eixos a dar-lhe o seu peculiar equilíbrio e a dar-lhe a ilusão de um único centro na direção do qual se voltam morte, língua, duplo, sexo, livro, música, filme, e tudo isso que, especialmente, faço assemelhar-se a seu redemoinho de merda e a seu monte profundo.
Andei pensando que os assaltantes, que nos arrastaram os pertences no bar, é que fossem e estivessem no olho do furacão, mas Teresa veio com uma outra idéia que achei cheia de sentido.
Ela disse:
- Isso é um lance orquestrado, Luís. Faz parte de um interesse em desestabilizar o bairro, interesse este forjado pela especulação imobiliária, que começou a explorar esse pedaço da cidade! - diante dessa sacada, o que vou dizer, bom leit@r?
Diga você...rs.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Faz um dia lindíssimo de sol, hoje, na manhã de Nikity, mas na segunda-feira passada, fez um dia chocho por aqui e estive numa copiadora para xerocar um dos livros que me levaram no arrastão que sofremos num bar aqui perto de casa.
O cara disse, quando deixei-lhe o livro para a cópia:
- Volte às 16 horas, que já estará pronto! – então, como tinha estiado, andei até a praia e sentei-me na areia.
Fiquei olhando os pombos ciscando em meio ao lixo que as últimas ondas tinham deixado na beirinha do mar e lembrava de um verso do Renato Russo que diz que o tempo ou o vento vai levando tudo embora e tal. Do meio das nuvens descia uma luz muito branca e ofuscante, de modo que não consegui mais manter meus olhos abertos a ver os pombos.
E mesmo no dia chocho tinha um calor bom na praia, então, recostei meu queixo no cabo do guarda-chuva fincado na areia e amodorrei dentro da luz e do calor bom que estava ali.
Sentia o movimento dos pombos a meu redor e num lance rápido em que abri meus olhos tinha um pássaro diferente correndo na areia para alçar vôo e achei que fosse um Atobá e não conseguia lembrar desse nome.
E, aí, bom leit@r, começou a acontecer uma coisa que achei bonita: outras pessoas, como eu, começaram a vir para a areia e veio um grupo de garotos com um cachorro, o que não me deixou mais fechar os olhos.
O cachorro corria numa alegria contagiante e os garotos atrás dele e começou a passar um e outro atleta correndo e eu distraído com isso, mas vigiando o relógio para voltar à copiadora e pegar meu livro.
Muitas outras coisas aconteceram e já ia dar 16 horas, quando, de repente, o tempo fechou e acabou a luz ofuscante, começaram a cair pingos muito gordos na praia, que ficou deserta outra vez.
Abri meu guarda-chuva e saí da praia também. Peguei meu livro na Álvares de Azevedo e vim pra casa de 30.
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Que coisa!

terça-feira, novembro 02, 2010

Ainda catando o meu feijão e guiado pela lembrança da cozinha de mamãe, para compor mais um dedo de prosa do meu Frankstein, nascido do grande bolo de merda do capeta, de sexo, morte e duplos (quiçá de drogas e rock and roll), advindos do tema “leitura”, devo dizer que desse emaranhado de onde nascem os textos, de onde nascem dedos de prosa, num contínuo, onde costuro e teço meu Frankstein, fonte de vida ressuscitada, colhida de corpos mortos, esses retalhos de onde nascem ainda outros dedos e se constrói uma das mãos, braço, ombro, pescoço, cabeça e boca, no intuito de devorar leitores, triturar, moer, processar na grande engrenagem do sistema, no oceano do sistema da língua portuguesa, onde meu barco é o Blog Azul, se avisto terra, como Angélica, vou de táxi ou como os portugueses que avistaram o monte Pascal, na Bahia, se eu me aventuro a esmiuçar e explorar o monte do capeta, sobre o qual mamãe disse ser um monte grande, vou levando a cruz.
Cruz credo! Mangalô três vezes...

Yahhhhhhhhhhhhaaaahaaaaaaaaaaaaaaaaa!

segunda-feira, novembro 01, 2010

Sobre o monte do capeta, a que tenho a pretensão de fazer a destrinça, devo estripar por partes, como convém a um homem cuidadoso, que não deseja se enrolar e se perder atolado em tripas de fezes fedorentas.
Sem Virgílio que me guie por esse bolo mortal, por essas estações infernais, serei lento e atento como, antigamente, gostava de ser lento e atento na cata do feijão para o almoço, a ajudar mamãe à mesa da cozinha.
E começado a catar o feijão, grão a grão, semente a semente, palavra a palavra, vou refazendo o bolo, compondo ou recompondo o meu Frankstein, dessa vez meu e que se foda o capeta!
Então, esse duplo humano que são as obras de arte, os livros( a língua) ou as músicas, e que nos penetra o espírito, esse meu Frankstein terrível, também me enche de prazer.
Feito esse primeiro dedo de minha prosa, vou almoçar que está na hora.
Fui.

domingo, outubro 31, 2010

Enquanto estive escrevendo um texto aqui comigo mesmo, mandei uns comandos pro meu word e quando vi o bichano se desconfigurou todo. Depois disso, custo um tempão para abrir uma página em branco para digitar.
Sei lá o que aconteceu.
Embora demore, ao menos ta abrindo.
O frio ficou para trás e minha vizinha, a que mora embaixo de minha Vizinha de Janela, já colocou as luzezinhas de Natal decorando sua varanda, onde dorme o Scooby.
Não consigo me seduzir por assuntos de samba, ainda menos sobre assuntos de futebol e menos ainda sobre assuntos de política. De modo que não sabia em quem votar para presidente. E ouvindo um amigo aqui e ali, meu voto foi indo do Serra pra Dilma, da Dilma pro Serra, do Serra pra Dilma e de volta pro Serra e pra Dilma e pro Serra e foi indo assim, no ping-pong, até o último instante e não queria anular meu voto.
Que coisa!

sábado, outubro 30, 2010

E a língua que falamos também funciona, assim, como um duplo, que representa as coisas do mundo.
Quando eu digo ou quando escrevo:
- As ondas batendo na praia, elas vêm com força, parecem que empurram a cidade pro alto, parecem que querem isso- duplico essa imagem da realidade na cabeça do meu interlocutor.

E para que essa duplicação funcione, o meu bom leit@r ou o meu bom ouvinte precisa deixar que essas imagens que dupliquei do mundo, tenham penetração em seu espírito.
Será preciso acreditar nelas, dar-lhes poder de passagem por dentro de nós, para que funcionem. Se não nos subjugarmos aos seus sentidos, nada acontece.
Esse é um momento de puro amor, como na letra de Jóia, de Caetano Veloso:

Jóia
(Caetano Veloso)
Beira de mar

Beira de mar
Beira de mar na América do Sul
Um selvagem levanta o braço
Abre a mão e tira um caju
Um momento de grande amor
De grande amor

Copacabana
Copacabana
Louca total e completamente louca
A menina muito contente
Toca a coca-cola na boca
Um momento de puro amor
De puro amor

sexta-feira, outubro 29, 2010

Continuando a pensar nos duplos de que falei, aqui, ontem, concluí, agora, que os livros, as músicas, os filmes, as novelas, as esculturas, enfim, as criações artísticas, todas elas, são espécies de duplos humanos, que tentam produzir, através do que o filósofo Platão chamou de mimesis, o espelho da vida da gente.
E, pensei ainda, que para que a gente consiga usufruir de suas existências, a gente deva morrer no momento de estarmos junto a elas, para que elas nos penetrem e nos completem os espaços interiores com as suas presenças artísticas. Ao nos depararmos com uma obra de arte, só tem graça se dermos a ela o poder, esse poder de nos invadir e tomar o corpo. Se não fizermos isso, ela não funcionará. As obras artísticas funcionam como num matar e morrer de amor, bom leit@r. E é tudo de brincadeirinha, se liga.
Daí, que pode, realmente, ter sentido a lenda germânica de nossa morte ao ter-nos encontrado um duplo.
Isso me lembra o que já se pensou a respeito de Sherazade, personagem d’As Mil e Uma Noites, que para não morrer, mata, tomando as rédeas da narrativa dos contos eróticos que compõem a estória.
Fui.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Em Salvador, em nosso encontro com o Lima, ele nos falou sobre uma lenda germânica que diz da existência de um duplo para todos nós e com o qual não devíamos nos encontrar, pois esse encontro significaria nossa morte.
Coincidentemente, Pedro estava a ler um romance do Saramago que conta a história de um cara que encontra seu duplo. E, ontem, o professor de literatura comentou que Freud desenvolveu em sua teoria psicanalítica algo a esse respeito.
Eu, de minha parte, vou juntando tudo isso a meu bolo, fazendo com que ele se assemelhe ao monte do diabo, porque como eu já disse, mamãe me avisou que o diabo caga apenas em monte grande. E é esse monte diabólico de fezes, duplos, morte, sexo e leitura, onde pretendo dar minhas ingênuas facadas de desenredo...he he he!
E como não gosto de posts grandes, termino aqui com o pedido a meu bom leit@r que faça figa por mim...rs.
É isso.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Finalmente, estou de volta.
As palavras das leituras e das conversas entram por meus olhos e ouvidos e iluminam-se dentro de minha cabeça na formação dos seus sentidos, como se fossem uma espécie de sêmen.
Daí que ler ou falar têm um sentido erótico, espiritual.
Um pau duro é como uma palavra em estado de iluminação.
Preciso retomar essas minhas questões e entrar de vez na minha vida em Nikity.
Fora isso, na minha vida real, já preparei o arroz para almoçar e me fundamentar bastante em carne.
Se não, volatilizo.
Fui.

domingo, outubro 24, 2010

Lima mandou e-mail:

"Meus Amigos,

Acabei de ler e assinar este abaixo-assinado online:

«Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.»

Eu concordo com este abaixo-assinado e acho que também concordaras.

Assina o abaixo-assinado aqui
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2009N5 e divulga-o por teus contatos.

Obrigado.
--
Lima Trindade
http://www.verbo21.com.br"

sábado, outubro 23, 2010

Estivemos, ontem, no Show de Marcos Sacramento com o violão de Luiz Flavio Alcofra. É um show em que ele canta apenas músicas de seresta, dor de cotovelo. Ele entrou apertado num terno de listrinhas cinzas e negras que o deixou com um outro corpo e, aí, bom leit@r, o Sacramento não era mais o Sacramento, era um personagem da canção brasileira, um personagem do Rio de Janeiro, assim, os cabelos arrumados em desalinho e a platéia lotada no frio do ar-condicionado.
Uma mulher sentada na fileira atrás de mim soltava Huuuuuuuuuuu, huuuuuuuuuu, a cada final de música e eu não estava gostando daquilo no pé do meu ouvido, porque o Sacramento e o Luiz Flavio levavam às músicas à perfeição, as músicas ficavam cristalinas, frágeis no meu ouvido, umas belezas muito delicadas, de tão puras, quase a se quebrar nos meus ouvidos, e a mulher atrás de mim, sem noção.
E, quando o Sacramento começava n’outra música, ela incontrolada dizia, quase gritando:
- O que que é isso!? – quer dizer, ela ficou maluca...rs.
Ao fim, Pedro disse:
- Que lindo!

sexta-feira, outubro 22, 2010

Tenho muitas alegrias com as músicas que fiz, com meus livros, com as letras e melodias, que são, assim, como objetos espirituais, quero dizer, bom leitor, são corpos espirituais, livros e músicas, que podem ir fluindo no meio de todo mundo feito o ar que a gente respira, feito as coisas que a gente pensa, as coisas que sentimos, os fluidos que vão passando de pessoa pra pessoa e tal.
E eu fico muito alegre, quando chego ao final de uma música, de um texto, e, então, eles podem começar fazer esse circuito no mundo entre a gente. Em especial, falo de “Homens”, que postei aqui ontem, compartilhada do Youtube, fazendo o circuito cósmico do éter da web, muito dominada e muito melhorada pela voz do Sacramento e violão à moda de viola do Luiz Flavio Alcofra, que Pedro filmou nas Casas Casadas, em Laranjeiras, no mês de agosto de 2008.
Quando compus o “Homens”, eu morava em Papucaia numa casinha de janelas de madeira pintadas de azul e a janela de meu quarto dava pra um grande terreiro cheio de galinhas e de árvores frutíferas.
Minha mãezinha vivia ali comigo administrando nossa casa e eu no quarto sonhando, como ainda hoje sonho aqui em Nikity, na casa onde hoje moro, sem quintal, sem árvore frutífera, sem galinha, sem meus gatos e com a janela azul do blog, se liga.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Já fiz as marcações na parede para fazer as minhas carinhas.
E, novamente, estou às voltas com a organização de minha casa, porque, como todos sabem, isso não tem fim.
O que me paralisa é que devo abandonar todas as coisas e me envolver apenas com uma delas, ta se ligando, bom leit@r?
Bem, e tem coisas com o que não quero me envolver e, aí, ela fica sempre como uma pedra no caminho a ser retirada. E chega um momento em que, como quem não quer nada, tiro o lance de minha vista e, quando perco o troço de vista, ele vira um entulho dentro de algum móvel, esquecido num canto e tal.
Moral de estória: Vamo nessa!

terça-feira, outubro 19, 2010

Depois de Salvador, ainda não consegui engrenar outra vez na minha vidinha de Niterói, mas, hoje, fiz meu delicioso café e, ontem, fui à aula.
Embora Pedro tivesse se aventurado a incursões solitárias de estrangeiro desbravador pela cidade alta e baixa, Tarcísio, o Buenas, foi nosso cicerone das terras soteropolitanas. Levou-nos a um botequim classe média que se tornou de interesse por ter sido freqüentado por Glauber Rocha.
O dono do boteco, um espanhol rabugento emocionou Claudia, quando ela puxou conversa.
Eu, melindrado pela rabugice, fiquei no meu lugar a conversar com Tarcísio e a beber meu conhaque de férias, enquanto Pedro tirava fotos e o espanhol zangou-se. Ele se escondeu atrás da porta e disse cheio de sotaque:
- Você pediu pra tirar fotos?
Achei o boteco perfeito, porque, quando íamos embora, tocados pelo dono, que batendo uma vara de ferro nos ladrilhos, fez como que um toque de sino a avisar o final do expediente, vi tridente na prateleira e comprei, para amenizar o sabor do meu conhaque.
Vou continuar me organizando aqui.
Fui.

sexta-feira, outubro 08, 2010

Recebi e-mail do Barata:
"Ai,galera! Chegou ao final... Quem quiser saber qual é a melhor música do 1º. Festival de Música Independente A Barata e Rádio WULP, escute domingo, as 8 (OITO) da noite, na Radio WULP (http://www.radiowulp.com.br) nosso programa Rádio Barata, que estarei contando quem foi e tocando algumas das músicas.
Quer saber, escuta.... Abrazzzzzzzzzzzzzzzzzzzz .

    
Luiz Carlos "Barata" Giraçol Cichetto
Barata-Giraçol Web Design
Ontem, estive sem internet e hoje vieram aqui e trocaram o modem.
Disseram que em Niterói, houve uma modificação na freqüência dos sinais e com isso os usuários terão a possibilidade de uma velocidade maior.
Eu, por minha vez, continuarei na mesma, porque só venho na internet, pra ver e-mail e escrever no blog. Sou um incluído limitado.
E trocaram meu modem, porque ele não comportaria uma velocidade maior, mas que não terei...se liga.
Estou às voltas com a arrumação de tudo pra irmos pra Salvador. Deixei tudo pra última hora e me enrolei.
Ciro mandou um link muito interessante:
O rosto da mulher através de 500 anos de arte... Este vídeo é uma verdadeira obra de arte digital. Foi visto por mais de 5,3 milhões de visitantes no YouTube e deu origem a mais de 10.000 comentários em 2 meses. Preste atenção como o foco do olhar não se perde...incrível!!
http://www.artgallery.lu/digitalart/women_in_art.html

quarta-feira, outubro 06, 2010

Coloquei feijão pra cozinhar e comprei um molho de couve.
Está frio, hoje, e essa vai ser uma boa comida.
Também comprei quiabo.
E ovo.
E vou lavar louça...

terça-feira, outubro 05, 2010


Sábado iremos conhecer Salvador!
Estava dizendo isso pro Tarcísio, meu amigo virtual de Salvador, roqueiro desse outro blog AQUI e ele falou que eu poderia fazer um show e tudo, aí, vou tocar com o guitarrista Cândido Soto, dividir com a Banda de Rock, o show no Boteco Ali do Lado.
Mandei uns mp3 pra ele tirar as músicas e estou passando elas aqui, comigo mesmo.
Roteiro:
1- Lua Singela
2- Vale
3- Algo Assim
4- Ponto Máximo
5- Maluca
6- Eu Quero Ser Sua mãe
7- Vai Querer?
8- O Amor É Sacanagem
9- Céu
10- Pessoas São Seres do Mal
11- Máquina de Escrever
12- A Vida é livre
13- Parado Aqui
14- Cinema Íris
15- Auréola

domingo, outubro 03, 2010

As 12 mais votadas serão divulgadas APENAS E SOMENTE no próximo domingo, das 20:00 as 22:00 no programa Rádio Barata da Rádio WULP, onde serão tocadas e apresentadas as musicas e bandas.

Então, se quer saber se sua música ficou entre as 12, escute o Rádio Barata, no
www.radiowulp.com.br. Aliás, estarei no chat conversando com todos que aparecerem por lá.

sábado, outubro 02, 2010

Curti muito o enviesado sentido que o poema da Adélia Prado faz com os meus últimos posts sobre o fálico tema da leitura:

O Vestido

No armário do meu quarto escondo de tempo e traça
meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.


(Adélia Prado)


Quer, dizer, bom leit@r, o tempo da leitura e, por conseqüência, o tempo das palavras, é o tempo mágico da criação.
É fora daqui, onde as coisas podem morrer, ta se ligando?

sexta-feira, outubro 01, 2010

É, sim, acho que sim.
Ao menos na mitologia cristã de criação do mundo a palavra veio primeiro, e estava escrito: no início era o verbo.
Parece que ela é o nosso ovo, de onde a gente saiu.
E vão, assim, se reproduzindo independente de nós, a si mesmas, infinitamente, num continuado movimento de re-criação na linha do tempo, e embora estejam submetidas à nossa existência que somos seu entorno, aparentam auto-suficiência, como a reprodução celular que nos conforma o corpo ou como numa cultura de bactérias, daí, que o falo, cultuado pelas comunidades primitivas de homens como símbolo da fertilidade da terra que, então, gera os alimentos necessários para a nossa manutenção física, pode ser visto metaforicamente nas palavras, dessa vez, como aquilo que fertiliza e gera, em nós, o nosso espírito.
Quer dizer, viajei...rs.
E tem aquilo que mamãe dizia sobre o destino:
- O que tem de ser é, Luís. Está tudo escrito - e mamãe também achava que as palavras estavam primeiro que a gente. Agora, tudo isso é uma viagem improvável, embora, subjetivamente, faça o maior sentido.
E até teve uma palestra de um renomado lingüista na escola, que eu cheguei a comentar aqui no blog pra meus leitores o absurdo do que ele dizia, enquanto todo mundo ficava quieto.
Ele dizia que a linguagem cria realidade e, aí, eu saí da escola pisando no chão e me perguntando, quer dizer que esse chão não existe, ele é resultado de um nome?
Mas agora vejo que minhas próprias elucubrações estão a me levar para o absurdo.
Que coisa!

O Barata mandou e-mail:


"Está encerrada a votação aberta para a escolha das 12 melhores músicas do 1º. Festival de Música Independente A Barata e Rádio WULP (Rádio Web Underground Lágrima Psicodélica).

As 12 mais votadas serão divulgadas APENAS E SOMENTE no próximo domingo, das 20:00 as 22:00 no programa Rádio Barata da Rádio WULP, onde serão tocadas e apresentadas as musicas e bandas.

Então, se quer saber se sua música ficou entre as 12, escute o Rádio Barata, no
www.radiowulp.com.br. Aliás, estarei no chat conversando com todos que aparecerem por lá.

Lembrando que o cronograma ainda prevê: 03/10/2010 - Divulgação dos 12 Finalistas (RB)04/10/2010 - Inicio da Votação Juri LP10/10/2010 - Final da Votação Juri LP17/10/2010 - Divulgação da Música Vencedora (Rádio e Revist'A Barata)31/10/2010 - Programação Especial RB com a banda vencedora.

Gostaria de agradecer a participação de todas as bandas e artistas que participaram e convocarem a que entrem em contato para o envio de material para o novo programa que estrearemos na Radio WULP, com estréia marcada para o dia 31 de Outubro, domingo, as 22:00. O Programa será o Garagem Psicodélica dedicado integralmente a bandas e artistas independentes.

Abrazzzzzzzzzzzzz

Luiz Carlos "Barata" Giraçol Cichetto
Barata-Giraçol Web Design"

quinta-feira, setembro 30, 2010

Eu havia me surpreendido primeiro, porque imaginando os instrumentos penetrantes e invisíveis que são as palavras em nosso ouvido a fertilizar nossa imaginação de formas, cores e dos sentidos nos quais elas estão envolvidas, fiquei a pensar que elas são, assim, como instrumentos de qualidade masculina, fálica e, imediatamente me remeti a uma passagem do mito judaico-cristão da criação do mundo em que Deus ao dizer algo como façam-se os céus, nesse seu ato seminal, os céus, então, são feitos no interior da grande cabeça cósmica que é o universo, os céus que envolvem a terra.
Quer dizer, generoso leit@r, a palavra, aí, nesse episódio, é como uma primeira flor andrógina que reunisse a qualidade masculina de fertilizar e a qualidade feminina de gerar os céus sobre a terra, tudo, ao mesmo tempo.
E, depois, Simone me lembrou haver, ainda na Bíblia, uma passagem chamada “parábola da semeadura” em que as palavras são tidas como sementes que fertilizam as mentes dos fiéis e tal. Ainda assim, nesse lance, como semente fertilizante, de caráter masculino, elas não perdem o aspecto de androginia, porque fiéis são gerados da boa nova e tudo. Quer dizer, generoso eleit@r, hoje é o último dia pra votar.
Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris?
Vote e ouça:

http://abarata.com.br/adm/enquete/Default.asp

quarta-feira, setembro 29, 2010

Ontem, fiz o que deveria ter sido um nhoque, para jantarmos hoje, dia 29, e ficarmos ricos. O meu nhoque ficou igual àqueles bolinhos do café da tarde, que já ouvi chamarem de bolinhos de chuva. Quer dizer, ficou tudo disforme, bom leit@r.
Vou tentar acertar no molho, então.
E meu generoso eleit@r:
Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris? Vote e ouça:
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terça-feira, setembro 28, 2010

Acordei tarde hoje e não iria fazer café, mas, aí, fui e fiz.
Ficou gostoso.
E não sei se devo ir nadar, porque acabei de curar uma gripe e ta muito frio, então, não vou.
Sou fã da voz do Jota Quest e das bandas que ouço no rádio do ônibus é o que prefiro. Acho que ele desenvolveu o som tradicional da Jovem Guarda e, ontem, quando iria saindo do ônibus, perguntei ao motorista qual era o número daquela rádio, porque eu queria continuar ouvindo em casa.
Não ouço rádio em casa e, ontem, quis ouvir.
Assim que entrei, tive que ir na Dorinha, perguntar a ela onde estava o rádio e ela veio e achou pra mim. Mas não encontrei aquela estação que ouvia no ônibus, porque o motorista resmungou um número que não entendi qual era e, aí, fiquei ouvindo a Nativa FM, que é a rádio que a Dorinha ouve, quando vem me ajudar a arrumar a casa.
Eu gosto muito de música americana, não gosto de samba, nem de Tom Jobim.
Vote, hoje, em mim, generoso leit@r:
Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris? Vote lá, pls:
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segunda-feira, setembro 27, 2010

Quando vira o tempo e faz frio aqui, lembro da vez em que estive fazendo shows em Linz, na Áustria, patrocinado pela MAIZ, uma Ong voltada para direitos de mulheres imigrantes que lá vivem.E, aí, bom leit@r, olhando vídeos daquela cidade, descobri que fiz show no mesmo palco que Kurt Kobain, um centro cultural independente chamado Kapu, o Stadtwerkstatt, veja eu tocando Maluca com a letra em alemão projetada atrás e no post embaixo o kurt kobain:

O Kapu é aí dentro:

Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris? Vote lá, pls:

http://abarata.com.br/adm/enquete/Default.asp

BREED - Nirvana live@kapu,Linz [part11] 11/20/89

domingo, setembro 26, 2010

Minhas elucubrações sobre leitura perduram na minha cabeça, como a trepadeira sobre as telhas da casinha dos fundos, e vai tomando sua forma. Não são elas, assim, o tapete verdejante e cheio de viço que cobre as telhas velhas da casinha dos fundos, mas ainda chegarão lá, minhas elucubrações, erva daninha, por onde periga esconderem-se os ratos?
O meu bom leit@r há de ser tolerante e ter paciência com minhas selvagens elucubrações. Não me alongarei muito com elas sobre as telhas velhas, porque mesmo eu, não tenho paciência para muito tecido, para muita enrolação e, como todos aqui sabem, o click para fechar a página de meu Blog Azul ou, como dizem, o click de ser levado pra porta da rua dessas páginas de letras verdes é serventia da casa.
Ontem, pelo telefone, quando eu falava para Simone sobre a menina a ler, que para mim é um abajur, Simone, então, semeou sobre o telhado de minhas elucubrações a Parábola da Semeadura, bom leit@r.
Quer dizer, assim como a menina a ler acende-se num abajur, minhas velhas telhas começam a germinar a semente da ramagem da viçosa trepadeira.
Pode?

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sábado, setembro 25, 2010

Às vezes, tenho essa mesma impressão que a Lu Caruso deixou no comentário de ontem, de “que todo livro é uma espécie de buraco negro, só que do tipo de buracos negros que a gente pode sair. Porém, nunca voltamos como éramos antes”, e de que o livro é assim como um ralo de pia do qual preciso resistir para não ser sugado, mas aí, depois saio ileso, quer dizer, fisicamente, ileso.
E tenho pensado também, ultimamente, no movimento inverso.
O de que nós leit@res sejamos o buraco negro para onde o livro vai ser sugado, como se a gente fosse, assim, uma vagina.
Ou, pra ser um pouco punk e unissexual, cloaca.
E, aí, esses dois movimentos invertidos: o da penetração do livro em nós e o da penetração do leit@r no livro, se equivalem. Somos ao mesmo tempo vagina e pênis, falo e cloaca, andróginos hermafroditas na hora de ler.
É isso!


E minha campanha continua: Vote em mim, generoso leit@r!
E não deixe de ouvir minha imperfeita "Cinema Íris", generoso leit@r. Pode-se votar uma única vez no dia.Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris? http://abarata.com.br/adm/enquete/Default.asp

sexta-feira, setembro 24, 2010

Continuo pensando a respeito de leitura, então, a imagem é a seguinte:
A menina está na rede a ler o livro que sua amiguinha não quis lhe emprestar.
Para Clarice Lispector não é mais uma menina com um livro, é uma mulher com seu amante.
Para mim a menina é um abajur.
Se ligou à corrente que veio do livro e se iluminou, se acendeu, se cristalinizou, se intumesceu, se assoberbou.
A menina pulsa luz, ela estela. Se liga, presente do verbo estelar...
É isso aí!


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quinta-feira, setembro 23, 2010

Sobre o telhado da casa abandonada ao lado da minha há uma trepadeira que cresce sua ramagem sobre os telhados vizinhos e a casinha dos fundos precisa sempre podar o mato, com medo dos bichos, e de novo a trepadeira se instala sobre ela. É muito bonito.
A trepadeira costura-se num tapete sobre as telhas e a única alternativa para a casinha dos fundos, com medo dos ratos, seria ir até à casa abandonada e tirar o mato pela raiz. Mas, não. Então, precisam viver a podar.
Moral da história: as coisas são o que têm de ser.


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quarta-feira, setembro 22, 2010

Ontem, vi uma xerox do manuscrito de Amor de Perdição, livro que o escritor português Camilo Castelo Branco escreveu durante o seu tempo de prisão por adultério. Já comentei com meu silencioso leit@r sobre minha curiosidade por um livro escrito na prisão e tudo. Entretanto, fiquei surpreso com a segurança da grafia do escritor. Sua caligrafia é tão direita e bem desenhada que se tem a impressão de que foi escrita no conforto de um escritório, em casa, de janela aberta para o jardim. Não há nenhum sinal de emoção nela, nada que denotasse alguém privado de liberdade.
Que coisa!


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terça-feira, setembro 21, 2010

Não sabia se queria levantar de minha cama essa manhã, mas senti que o dia seria bonito e levantei. Ao fazer meu café delicioso, quebrei minha melhor taça de beber vinho: é pequena e bojuda. Quer dizer, era...
Não entendo porque a temperatura pode machucar as mucosas no fundo de meu nariz. Me enrolei todo no edredon pra dormir, ontem, porque estava muito frio. Mas para poder respirar bem, mantive minha cara sem cobrir. Minha cara dormiu no frio do quarto, enquanto meu corpo estava bem agasalhado.
Resultado: acordei com o fundo de meu nariz machucado, dolorido.
Que coisa!
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segunda-feira, setembro 20, 2010

Ontem, eu e Pedro fizemos uma gravação bem legal para registro de “Formigueiro”, aquela música que eu havia perdido e que restaurei, porque a encontrei toda deformada numa fita que gravei na casa do Cabeto, da vez em que fui tocar em Campinas, com Luciana Pestano.
Pedro, que é mais perfeccionista, quer gravar outra vez e, aí, eu também quero.
E preciso entender como faço pra mostrar pros meus bons leit@res.
E não deixe de ouvir minha imperfeita "Cinema Íris".
Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris?
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domingo, setembro 19, 2010

Enfim, minha parede

verde!
Ainda sem carinhas...















E não deixe de votar em mim, hoje. Pode-se votar uma vez no dia...rs:Já votou hoje no Luís Capucho+Cinema Íris?Vote e ouça lá, pls:http://abarata.com.br/adm/enquete/default.asp

sábado, setembro 18, 2010

Eu estava de há um tempo, pensando, a partir de umas leituras em sala de aula, na semelhança entre ler um livro e trepar.
Aí, neguinho vai dizer:
- Mas o Luís transforma tudo em sexo!- e não é isso, silencioso leit@r, não é...é que realmente é semelhante. E não sou o único que faz essa viagem. Clarice Lispector tem um conto sobre uma menina deitada na rede lendo um livro, que termina desse jeito:
“ Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.”
E, ontem, achei um texto que diz o seguinte:
"O falo lacaniano é assim um conceito lingüístico. O discurso é falocêntrico. Portanto, ter um falo significaria estar no centro do discurso, gerar significado, ter o domínio da linguagem, controlar e não conformar-se a aquilo que provém de fora, do Outro. A distinção entre falo e pênis é importante para a questão..."
Esse texto ta nesse endereço:
http://www.scielo.br/pdf/cpa/n16/n16a12.pdf
Ta se ligando, bom leit@r?
E não deixe de votar em mim, hoje. Pode-se votar uma vez no dia...rs:
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Vote e ouça lá, pls:
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sexta-feira, setembro 17, 2010

Agora, a parede verde ficou a esperar que eu tome a iniciativa de colocar minhas carinhas nela.
Aí, como essa parede, quando ficou esculhambada pela umidade e pelo conserto da umidade, esculhambou toda a ordem de minha casa, fico achando, que devo esperar, antes de começar outra vez a esculhambá-la com minhas carinhas, a ordem se estabelecer, afinal, em todos os pontos de seu entorno, quer dizer, de meu lar.
Tenho a impressão de que sempre há o que organizar, sempre há mais o que fazer e que deixei para trás coisas pra serem feitas e, novamente, que deixei em ordem para o trânsito, apenas o caminho do padre passar.
E, enquanto o padre vai passando, fico parado olhando, curtindo seu desfile de batina preta, com as coisas todas por fazer, porque é preciso respeitar esse processo, esse tempo que as coisas têm pra ficarem prontas e a contento, para só, então, eu tomar, de novo, a minha iniciativa de alteração.
Daí, a impressão de não fazer nada, silencioso leit@r, embora o moinho esteja rodando e eu esteja sendo triturado pelo movimento do padre passando serelepe, às vezes, contrito, pelo estreito caminho que reservei pra ele.
Que coisa!

Além disso, quem não votou hoje, ouça e vote lá:
Já votou hoje no Luís Capucho+Cinema Íris?Vote e ouça lá, pls:
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quarta-feira, setembro 15, 2010

Finalmente, Seu Valmir veio e deu a segunda demão de tinta na minha parede. A idéia de mamãe de colocar verde nessa parede foi magnífica!
A parede mesmo ficou imperfeita, porque ficaram vestígios da infiltração, buraquinhos e o fato de a umidade ter fortalecido a cor em pequenos pontos, mas a cor ficou demais.
E sobre a imperfeição, já me acomodei mesmo a uma teoria de que a estética é imperfeita. Desde quando reparei na frase pronta - nada é perfeito.
Por que, então, a estética seria?
E, aquele meu leit@r que ainda hoje não tenha votado na minha imperfeita “Cinema Íris”, ouça-a e vote nela!
Vote no Cinema Íris:

http://abarata.com.br/radio_barata_festival_bandas.asp

É isso!

terça-feira, setembro 14, 2010

Ontem, a caminho de casa, depois de ter apresentado o meu trabalho sobre leitura, vinha terminando de fazê-lo. Tarde, porque a apresentação já tinha acabado e não se poderia voltar atrás.
Mas eu teria de ter dito o que eu achava: que a linguagem é uma prisão. Não tem como fugir, não se pode querer ficar mudo. A gente tem de se sujeitar a ela. E, aí, eu pensei que deve ter sido sob essa consciência que aquela atriz famosa disse aquela frase que ficou famosa também:
- I want to be alone – e, aí, ela iria ficar em casa lendo um livro.

E quem ainda não votou hoje, vote e ouça:
Vote no Cinema Íris:
http://abarata.com.br/radio_barata_festival_bandas.asp

segunda-feira, setembro 13, 2010

sábado, setembro 11, 2010

Quando eu nasci e invadi o mundo com o meu primeiro choro, pelo buraco de minha boquinha sem dentes, foi quando o mundo, então, começou a me invadir também. Eu o invadia com o meu choro inicial e ele me invadia, antes de tudo, de ar, de atmosfera.
Naquela hora, me pluguei a ele, que já vinha existindo pelos séculos afora e que, simultaneamente, se plugou a mim, através de meus buraquinhos do corpo, quando eu olhava para a mancha do vulto que era mamãe, quando eu sentia o seu calor e cheiro, por meus buracos, o mundo entrava em mim, ao mesmo tempo em que meus humores, meus dejetos, meus barulhinhos e as minhas coisas todas possíveis de serem geradas no corpinho que eu era, saíam de mim, pelos meus buraquinhos e ocupavam, junto comigo, o pequeno espaço do mundo que eu tinha à margem de mamãe, que tinha as mãos mais veludosas e azuis de todo o universo e que ela gostava de passar ao leo em mim, às vezes, sobre os meus buraquinhos tenros e suaves, rosas, de bebezinho. Pode-se dizer que esse meu início tenha sido de puro sexo e, isso, foi do que mais gostei.

Vote em mim, generoso, leit@r!
Vote no Cinema Íris:
http://abarata.com.br/radio_barata_festival_bandas.asp

sexta-feira, setembro 10, 2010

Recebi outro e-mail do Barata:

"O link estava errado, amigo! Veja o certo...
http://abarata.com.br/radio_barata_festival.asp

Eu me inscrevi com a música "Cinema Íris, generoso leit@r. Vote em mim!
Genorosos leit@res,
Como outro dia disse aqui, me inscrevi no 1º Festival de Música Independente da web. E, hoje, recebi um e-mail do Barata:

“Está aberta a partir de hoje a votação popular para a escolha das 12 melhores músicas do 1º. Festival de Música Independente A Barata e Rádio WULP. Até o dia 30, os visitantes podem escolher suas preferidas.
Para votar, acesse:

http://abarata.com.br/adm/enquete/voteshow.asp?id=1
A melhor será escolhida, dentre as 12, pelos programadores e produtores da Rádio WULP.
Abrazzzzzzzzz”

quinta-feira, setembro 09, 2010

Minha casa ficou um brinco, depois que Dorinha veio.
Minha vizinha de janela me deu umas cadeiras que ela achou no lixo e reformou.
Ficaram na sala.
Tenho umas coisas pra fazer na casa.
Fui.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Dorinha veio fazer faxina, mas Seu Valmir não veio dar a segunda demão de tinta na parede, onde quero fazer carinhas.
Aproveitei que Dorinha estava na faxina para mexer n’alguns guardados.
As caixas de coisas guardadas tão ficando pequenas pra tanta coisa de que não quero esquecer. Quando éramos nômades, tínhamos muita coisa que levávamos de lá pra cá, de cá pra lá e que foram se perdendo no caminho. Aquelas bugingangas eram responsáveis por eu ter uma história, que sem elas, não tenho mais, ta se ligando, bom leit@r?
Os cantos da casa estão pequenos pros guardados. Tenho que jogar fora. Ai, ai, ai...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Os meninos do sul mandaram bem no “Amor é Sacanagem”.
Eu me lembro de estar cantando essa música na varanda dos fundos de uma casa em que morávamos em Papucaia. A casa tinha um quintal enorme, cheio de galinhas e frutas e eu estava com a idéia de fazer uma música, uma melodia, ao estilo de Terezinha de Jesus, que sempre adorei e que tinha desaparecido das rádios.
Mamãe estava na cozinha, enquanto eu cantava trezentas mil vezes a música, compondo a letra palavra a palavra, bloco a bloco de melodia, mamãe não ligava, estava acostumada a quando eu fazia música e repetia não sei quantas trezentas mil vezes um mesmo trecho, acrescentando, excluindo, modificando, corrigindo e tudo e depois que ficava pronta, cantava mais não sei quantas trezentas mil vezes pra ver se tinha ficado realmente boa, mas, aí, bom leit@r, naquela hora, chegou uma visita e me pegou naquele estado em que eu só admitia pra mamãe.
Morri de vergonha. Parei na hora!
Mas já estava pronta...
Que susto!

"O amor é sacanagem" (Luís Capucho) Cado Selbach e Luís Valério

domingo, setembro 05, 2010

- Não faço cortesia com o chapeu dos outros – mamãe dizia.
Isso devia ser um ditado cunhado no século XIX, quando era moda o uso dos chapeus. Mamãe tinha um dito pra cada situação e uma vez anotei alguns. Outros eram tão legais que nem anotei, gostei tanto que coloquei para o meu uso.
Eu adoro esse:
- O diabo só caga em monte grande!- e, aí, fico na expectativa de que meu monte fique enorme, que é para o diabo fazer muito, muito cocô nele.
Quer dizer, seja que santo for, ora pro nóbis.

sábado, setembro 04, 2010

A cada dia, curto mais a minha parede verde, onde colocarei minhas carinhas.
E, olha, Seu Walmir nem ainda deu a segunda demão de tinta nela.
Ontem, de noite, olhando através de minha janela a parede de minha Vizinha, que pinta flores gigantes, achei que ela tinha em sua sala uma parede igual a minha e telefonei-lhe pra falar sobre isso.
Ela foi definitiva:
- Não, Luís. O meu verde é mais seco e escuro que o seu! – então, olhei melhor através de nossa janela, e concordei.
Agora, que consegui achar uma das minhas apostilas de uso escolar, que se perdeu com a pintura da parede, na bagunça que se criou na sala, voltei a dominar, absolutamente, minha situação.
Sentia uma aflição grande com a apostila perdida e a parede por fazer.
Achei a bichana embaixo da poltrona e, imediatamente, tornei-me senhor da casa, outra vez.
Controlo a bagunça do caldeirão em que ela se tornou, mexendo feito uma cozinheira a panela de angu e atento ao momento de ele ficar no ponto de servir.
Depois, bom apetite!

sexta-feira, setembro 03, 2010

Finalmente, Seu Walmir veio e deu a primeira demão de tinta na minha parede. Eu estava grilado se essa tinta iria ficar boa nela, porque não encontrei a cor que mamãe queria, mas ficou.
Depois, quando ele fizer o arremate, começarei a fazer minhas carinhas ali.
Minha casa, inexplicavelmente, ficou, e acho que tudo em função dessa parede inacabada, como era o mundo em desordem, antes que deus criasse toda a beleza, dizendo:
- Façam-se os céus!- e os céus se fizeram.
- Façam-se as plantas!- e elas se fizeram.
- Façam-se os peixes!- e tudo.
Então, o caos de minha casa tem a expectativa de se ordenar, assim que eu fizer as carinhas na parede. Enquanto isso, eu vivo nas trevas, como um morto na geléia dos infernos.
Cruz credo!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Quando eu era menino, na roça, o saci-pererê era um espírito assombrado que aparecia nos pastos, na beira do rio, passava pelo terreiro, atrás das moitas, das paredes, das janelas, corria no brejo, no cume dos morros ventosos e tinha o mesmo horror pra mim que o horror que me causavam as almas penadas e os demônios.
Eu sabia que eles eram os redemoinhos de vento, mas, contrariamente, os redemoinhos não me assombravam. Achava-os lindos e curtia.
Mas, aí, nessa semana vi, no jornal do meio dia, um que me deixou assombrado.
Cruz credo!
Veja, bom leit@r:

Fire tornado hits Brazil

quarta-feira, setembro 01, 2010

Fiquei filosofando metalinguísticamente sobre o jacarandá de Lu Caruso.
Faz muitos anos, eu estava voltando do Ceará, de ônibus, e sentou-se uma menina de Curitiba, a meu lado. Não me lembro do percurso, exatamente, não sei se a menina viajou a meu lado por toda a viagem, mas lembro dessa menina de Curitiba falar-me das palavras absolutas. E que isso me impressionou muito. Achei, por isso, que as meninas de Curitiba eram muito mais inteligentes que as meninas de Niterói.
Sei que a menina de Curitiba me explicou que deus era uma palavra absoluta, pelo fato de nunca ninguém tê-lo visto e, por isso, não se saber quem ele seja, daí a palavra deus não ter ao que se referir e, por isso, valia por ela própria, ta se ligando, bom leit@r?
E fiquei pensando se a Lu não teria transformado jacarandá numa palavra absoluta, sem referente a que ela possa se encaixar e, aí, quando ela ouve jacarandá, já é a coisa.
Fui.