segunda-feira, novembro 27, 2023

AULA (luis capucho/Cazuza)

Fiz uma parceria póstuma com Cazuza, chama-se Aula. Foi o Rafael Julião, estudioso de letras de música, quem me mandou ela. Disse que estava sem melodia e que se parecia comigo. Não se parece, não sou poeta, mas fiz. E estamos colocando-a no nosso disco juntos, “A questão é”, eu e Bruno Cosentino.

Eu passei um tempo com a letra, fazendo de coração a música, e meu coração não viu mal nenhum nela. É um menino contando como um homem mais velho, supostamente, seu pai, lhe ensinava sobre a natureza e de como era a natureza da mulher para aquele homem que lhe dava a lição.

É o modo como todos sabemos – desde quando? –

 era a visão dos homens sobre as mulheres. As estrofes começam sempre com um eloquente “Era assim...”, quase como um “Era uma vez...”, quer dizer, não é mais, era.

As pessoas podem modificar a visão que elas têm das mulheres, mas elas não podem modificar o modo como essa visão era, então, porque estão criando questão com o poema, com se contar uma lembrança?

Pelo amor!

Era assim

O homem que me ensinava a natureza

Eu ia em suas costas menino

Sentia o suor quente em suas costas

E uma alegria sem sentido

Depois veia a mata grossa

Onde a morte brincava de perigo

Éramos nós dois e uma trilha no mato

E a tal floresta que não era Me ensinou o nome dos pássaros

E o impossível do vôo

Depois veio a praia sem segredos

E um poema que veio na hora

Era assim: O homem me ensinava a natureza

Da mulher e do que ela espera:

Um homem que a proteja E pague seu amor

Um homem que a maltrate

E viva do seu amor

Um homem simplesmente Que lhe inche a barriga

E que a mulher é o demônio Disfarçado de anjo

E que é preciso tomar muito cuidado

Porque são belas dissimuladas

Falou dos homens com são ingênuos

Com suas brincadeiras de guerra

De como são a massa crua

E a mulher a folheada

 Era assim: O homem me ensinava a natureza

E eu ia em suas costas menino

domingo, novembro 26, 2023

 

Tinha esse caruru no vaso de planta que comprei para minha sala. Não está mais aqui. Minha memória não me deixa saber o que aconteceu. Fui olhar, agora, pra onde ele estava e não está mesmo mais no vaso, na sala. Se me lembrar, volto e escrevo: aconteceu isso.




quinta-feira, novembro 02, 2023

 

Eu e Bruno Cosentino estamos fazendo um disco juntos chamado “A questão é”. É um disco com oito músicas feitas pra ele. Não tinha feito assim antes, projetar e fazer. Normalmente, faço e vejo depois, mais ou menos, o que é, colocando as canções juntas. Por exemplo, agora, por ocasião da peça Cinema Orly, fiz uma playlist com as músicas entrecolocadas na sua narrativa pós-pornô.

Para ela, além de músicas que já têm registro público, recuperei as que estão em meus registros caseiros dos anos 80, feito Boquete(Beijo) e Rapazes. O que quero dizer é que diferente do “A questão é”, em que intencionamos as canções para o disco, essas músicas do Cinema Orly, embora funcionem juntas, porque são “eu” e, claro, vocês sabem, eu funciono em conjunto comigo mesmo e sou um cara inteiro, elas não foram pensadas pra isso.

Daí, que me surpreendo ouvindo elas juntas – não tinha feito isso ainda -  que ficaram, assim, como uma aura do livro. E estou muito contente de fazer o A Questão É, de formar um conjunto com um outro artista, o Bruno, e sentir a aura disso, como quem entrasse no oráculo de Trofônio para ouvir minha felicidade.

O “A Questão É” não tem ainda disponível, mas para os que têm curiosidade, as músicas do Cinema Orly já estão aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=kf0cvgs3MvA&list=PLgKrU4qrSULoLTliw68Aouq20shdritk2&index=1