sexta-feira, maio 31, 2013

Pedro veio, ontem, aqui e fotografou minhas carinhas novas.
Aproveitou e me ajudou com os parafusos na parede.
Como disse a meu silencioso leit@r, dispus de modo diferente as mocinhas na tela.
Veja:





quinta-feira, maio 30, 2013

O último Luis Capucho não decepciona e é mesmo um passo à frente – Por João Carlos Rodrigues


Mamãe me adora

Luis Capucho

Edições da Madrugada/Vermelho Marinho

RJ, 2012



Já na capa, um retrato da genitora. E ainda Nossa Senhora de Aparecida e São Sebastião. Na contracapa, um poema. Que depois verificamos ter o mesmo nome do livro, e ser também o de uma canção homônima do autor, postada no youtube ( http://www.youtube.com/watch?v=mM0qygBfoss). Boas pistas para começar.



mamãe me adora / profundamente ela me quer / mais do que quis outros homens / que ela também amava / que ela também devorava / ciganos pedreiros patrões / com seus outonos e chuvas e furacões / mamãe me adora / e eu sou seu bebê / eu sou sua flor / sua pedra preciosa no fundo do peito

eu também sou feliz com homens / como os que amou mamãe / homens que são cheios de tesão / como diabos / homens que são como aparição / como Nossa Senhora / homens que são belos e bons / sentados homens em pé

fortes feios gordos galantes / machos motoristas rudes ruins / delicados generosos gentis / bravos brutos crespos lisos / presos soltos suaves sofisticados / simples soldados ciganos pedreiros patrões


Como epígrafe, o samba-enredo do Império Serrano de 1976 (reprisado em 2009), A lenda das sereias e os mistérios do mar, aquele que todos conhecem e admiram (O mar, misterioso mar / Que vem do horizonte / É o berço das sereias / Lendário e fascinante / (...)
Leia mais AQUI
 

quarta-feira, maio 29, 2013

Problema: os pregos que tento colocar pra pendurar as carinhas, na parede da sala, entortam.
- Vamos colocar parafusos!
Fui.




terça-feira, maio 28, 2013



Uma borboleta enorme, azul por dentro, me faz companhia desde ontem, na sala. Deixei, por um tempo, as janelas abertas pra que ela fosse embora, mas pousou sobre uma das carinhas, uma que está sem roupa, com os peitos de fora, e ficou.

Minha tela estaria completa, se a borboleta ficasse ali para sempre.

Mas a borboleta é livre, é mortal e não posso querer fazer com que ela adira à minha tela, bom leit@r.

Fora isso, ontem, no ônibus, quando passava à frente de um prédio no Rio, vi uma estátua que me deixou pensativo, quer dizer, bom leit@r, senti um troço estranho, uma angústia, como se a borboleta ficasse pra sempre sobre minha carinha nua.

Da calçada, as pessoas caminhavam para a porta de entrada do prédio.

A estátua, ao lado, fazia o mesmo, imitava o mesmo movimento de entrada no prédio, ali na calçada, estátua de pedra, parada, imitando a entrada das pessoas fluindo a seu lado pra dentro do edifício e ela lá, estão se ligando?

Aquilo me angustiou e me lembrei da estátua do Carlos Drummond sentada naquele banco de Copacabana, com as pessoas roubando-lhe os óculos pra sempre.

Eu gosto das estátuas de antigamente.

As estátuas-monumento fora do nosso fluxo, no meio da praça, sem a pretensão de entrada no mundo dos vivos, tão se ligando?

Fui.

segunda-feira, maio 27, 2013



Pedro vem fotografar minha pintura nova no feriado.

Minhas dúvidas sobre as cores, penso resolver na próxima tela.

É um continuado, bom leit@r.

Hoje, a terei por terminada.

Se não deixasse pra resolver minhas questões no próximo trabalho, estaria sempre refazendo minha primeira tela, de 2008, aquela que ficou no trabalho do Pedro.

Já ouvi uma conversa assim, a de que toda música de um mesmo autor é a mesma música, todo livro o mesmo livro e tal. E que estamos falando sobre as mesmas coisas sempre.

Quer dizer, estamos remoendo sempre o mesmo nó.

É um mesmo continuado, uma mesma linha, mas o ponto é outro, ta se ligando?

Então, minhas carinhas, cada uma das telas, penso agora, é, declaradamente, uma edição da anterior. Seguindo esse raciocínio, sou um pintor de uma mesma tela, noutras telas. E aquela em que eu mais acertaria, aquele em que eu teria as formas e cores melhores resolvidas, seria a última.

Fui.


sábado, maio 25, 2013


Sol lindo de inverno no sábado de Nikity.

Com os gatinhos de Pedro.

Pequeno dormiu comigo.

Tininha gosta de aninhar-se no meu colo e fazer cara de prazer.

Agora que aprenderam a entrar e sair de casa por um dos caixilhos sem vidro da janela da sala, ficam com a gente só quando querem.

Êta sô, vida gostosa!

Depois do almoço, tentarei terminar minha tela nova. Nela, ao invés de quadros de carinhas justapostas uma a uma ao longo da tela, quadros de três a três.

O efeito é bonito.

Fui.

sexta-feira, maio 24, 2013



Dia frio.
No ônibus, ontem, entrou um cara de dedos longos, dreads louros, que segurava uma guitarra encapada num plástico preto. Sentou-se sozinho, um pouco mais à frente de mim.
Pensei em puxar assunto e ver se não queria armar um show comigo.
Como sou fominha de música e, já disse a meu silencioso leit@r, quero tentar armar um show “vozes e violão” com Marcos Sacramento, isso não saíu de minha mira. Também penso no teclado luminoso do Paulo Baiano. Estou armando com o Raul Corrêa, mostrar as músicas em BH.
Penso isso também para Vitória.
As coisas têm um tempo de maturação, como as frutas, as flores.
Enquanto isso, tenho tocado em minha sala, ouvido por minhas carinhas e pensando em quem serão essas pessoas que coloco nas tintas.
Vão-se os anéis, ficam os dedos.
Depois do verão, o outono e o inverno e a primavera.
E tudo, outra vez.
Pedro foi pra Sampa.
Quando voltar, pedirei que fotografe as bichanas.

quinta-feira, maio 23, 2013



Chamei minha Vizinha de Janela e minha Vizinha de Baixo pra ver minha tela inacabada. 
Então, sugeriram cores para os lugares ainda em branco e deram idéias de roupas e adereços pras carinhas. Não sei se conseguirei fazer na tela de agora, mas ficou como sugestão para uma próxima.
O dia está embruscando e começa a fazer frio em Nikyti City.
Fui.

quarta-feira, maio 22, 2013



Não consegui terminar a tela que estou fazendo. Daí que achamos melhor que Pedro fotografe, quando estiver pronta.

Tentando tomar posição, onde se abram perspectivas do que dizer. Quando encontrar, saltarei e as frases fluirão. 
É assim começar um post. 
Este está com indícios de ser um meta-post, mas no meio do caminho a direção pode mudar.

No Blog Azul e nas telas de carinhas, tudo é repetidamente igual.

Quando acordei de meu coma, não pensei nada, nem senti. 
Meus amigos, que sabiam como sou, supuseram que eu sofria. Mas eu estava raso, como qualquer pessoa que acaba de acordar de um sono sem sonhos. 
Depois, é que comecei minha brotação. 
E muito tempo depois, é que vim a precisar deles. Mas estavam todos à minha volta, porque eu estava precisando deles sem saber.

Não sei de nada, silencioso leit@r.

Esse post tem fôlego de um grande texto, mas tenho de fazer uma comidinha pra almoçar e terminar minha tela de carinhas.

Quer dizer, coisas mais importantes?

Não posso saber.

Fui.

terça-feira, maio 21, 2013

Minhas novas carinhas estão bem diferentes das que costumo fazer.
Às vezes, acho que estão surpreendentemente melhores que as outras. Às vezes, acho que não estão.
Pedi Pedro que fotografasse. Ele vem à noite.
Amanhã postarei.
Agora, um pedacinho da primeira das telas que fiz, em 2008, acho:


domingo, maio 19, 2013



Minha Vizinha de Janela chegou com uma tela em que cabem oito carinhas. Nunca antes havia recebido uma tela dessas. Depois de imaginar as oito, decidi tentar colocar entre elas, mais ao fundo, outras. Daí, que farei essa tela com 15 carinhas, silencioso leit@r. Verei se ficará bom. Depois mostrarei.

Fui.

sábado, maio 18, 2013

Uma vez, uma professora ao avaliar uma prova que eu tinha feito em sua matéria, me chamou atenção pra o que eu tinha feito. Eu gostava de fazer provas por isso, porque era o momento em que eu me dava conta do que eu fazia, quer dizer, silencioso leit@r, eu fazia as coisas no fluxo e as provas eram onde o fluxo de apertava tenso e eu podia olhar pra ele como quem olha pra um redemoinho de rio, ta ligado?
Então, quando a professora me avaliava era um momento em que eu podia exercer meu egoísmo e eu gostava daquilo.
Também gostei de receber um e-mail do facebook, em que a Alek me marcou com um trechinho do “Cinema orly”.
Veja:
"" ....... Meu amor, embora fosse profundo, aureolando-me no momento do sexo, não precisava de intimidade alguma, era apenas para uma imagem de homem sentado, mais ou menos, como ser devoto de uma santa de cuja identidade nunca conseguiremos nos aproximar.
Estou no Orly, fumo o meu cigarro na sua poltrona suja, tenho trinta anos, tive tempo e chance suficientes para ter um amor e fatalmente estava lá, sujeito a apenas sexo". Luís Capucho
Que coisa!


sexta-feira, maio 17, 2013

A manhã inteira preso no trânsito rumo ao médico.
Não gostei da trocadora. O ônibus inteiro quieto e ela no maior papo com a motorista para que todos ouvíssemos. No ínício estava divertido, falavam de ter bichos em casa. E a motorista contou da vez em que teve galinhas e que elas destruíam o trabalho de limpeza do quintal que fazia. Ela limpava e as galinhas ciscando, minutos depois, deixavam tudo revirado com “aquelas patinhas delas”. Então, ela disse que não quer mais ter galinhas. E disse que agora proibiram criar porcos com em casa.
Eu pensei: deve ser por isso que aqui na rua, estão criando porcos soltos...he he he!
Mas, depois, a trocadora pulou a roleta e postou-se nos degraus da porta da frente e ficou com um papo tão caô, bom leit@r, que foi foda ficar ouvindo aquela conversa interminável sobre nada...
Depois que almocei, outra vez trânsito rumo ao Grupo de Estudos que tou fazendo...
Um “Mamãe me adora” pro Fonseca!


quinta-feira, maio 16, 2013

Pensando no Cinema Íris!
Planejando uma viagem com Pedro.
Pegar o trem de BH até Vitória.
Depois ir até Cachoeiro, Marapé, Jerônimo Monteiro, Alegre.
Ter tempo pra tudo isso.
Mostrar minhas músicas em BH, com Raul...
Mostrar minhas músicas em Vitória...
Podia tentar também em Cachoeiro.
Será?
Fui.


quarta-feira, maio 15, 2013

Pedro fotografou minhas duas últimas telas, ontem, à noite.
A do cavalete não acabada ainda.
Terminarei, hoje.
Veja, bom leit@r:



terça-feira, maio 14, 2013

A vida é livre



A vida é livre.

Essa foi uma das primeiras músicas que fiz nessa segunda versão de mim mesmo, com acordes poucos e simples e voz mais grave e rouca. A idéia de fazê-la veio de quando vi um show muito antigamente do Lula Queiroga com Tadeu Matias, em que este último cantou uma música de que nunca me esqueci um verso que dizia: “voa livre ave”. Então, silencioso leit@r, “A vida é livre” veio desse verso.

Depois ela foi tomando um rumo meio delirante, sem controle, porque a vida também não tem controle, quer dizer, não se pode ter controle dela, e é um paradoxo, porque estamos aprisionados ao fato de que a vida é livre e sem controle.

"A vida é livre" está no “Lua Singela”, de 2003.

E Pedro e eu fizemos um vídeo pra ela:

segunda-feira, maio 13, 2013

Mais uma tela de carinhas ficando pronta e uma outra parceria com Alexandre.
Um Cinema Orly e um Rato para Vitória, ES.
Fico feliz de chegar no meu estado.



sábado, maio 11, 2013



Achei no Mix Brasil minha entrevista pra H Magazine de abril. Veja, silencioso leit@r:

Luís Capucho fala de novo CD e nega rótulos para a Literatura
Postado por: Hélio Filho

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Luís Capucho conta como superou um coma e critica rótulos para a Literatura



Luís superou um coma escrevendo
Luís Capucho é um capixaba de 50 anos, “com corpinho de 30”, que viu na arte de escrever a chance de superar as sequelas de um coma causado pela baixa imunidade provocada pelo vírus HIV. Lançando um novo disco, com o nome de “Antigo”, ele se diz feliz, com a vida totalmente reestabelecida e com o coração pleno de amor ao lado do namorado com quem divide suas horas há seis anos.

Atualmente ele mora na cidade fluminense de Niterói, mesmo não sendo muito praiano, e encontra nas límpidas águas de uma piscina o oxigênio necessário para continuar criando livros e discos que não gosta de classificar como gays. “Eu prefiro dizer que não existe Literatura Gay, existe Literatura, ela é uma só.”

Natural da mesma cidade de Roberto Carlos, seu mais novo disco tem nome inspirado em uma das fases do rei da música brasileira e traz um Luís mais ameno, menos rude e punk, como ele mesmo diz, do que o atual – um homem que após um mês em coma pegou o papel e a caneta para colocar em linhas as emoções sentidas por ele, ou criadas a partir de sua observação do mundo.

De onde vem o nome “Antigo”?Eu sou de Cachoeiro do Itapemirim, que é a terra do Roberto Carlos. Ele tem duas fases que as pessoas quando vão se referir a ele usam. O Roberto Carlos de antigamente é o Roberto antigo, então tem gente que prefere o Roberto Carlos antigo, da década de 70, e não gosta do Roberto Carlos atual. Como sou de Cachoeiro também, eu quis fazer uma brincadeira com esse Roberto Carlos antigo. Queria dar o nome ao disco de “Luís Capucho Antigo”, porque é um Luís Capucho que canta antes da voz estar com a sequela e antes de eu descobrir que eu poderia fazer livros. Mas aí acabou virando só antigo mesmo.

Mas você gosta mais do Roberto Carlos antigo ou o atual?Na verdade eu gosto de todos, mas o antigo é muito legal. Mas eu adorei essa música nova dele, “Esse Cara Sou Eu”.

E você se considera um homem antigo?Não, acho que eu não sou antigo não. Acho que eu também não sou moderninho. Se me olhar na rua ninguém me percebe, eu sou um cara que ninguém me saca no meio de todo mundo. Eu sou normal. Porque a pessoa moderna, quando você vê ela no meio de um monte de gente, você saca, entende? Eu não tenho essa visibilidade, mas eu acho que eu sou moderno sim.

O CD sai com 15 músicas que foram feitas pensadas em quê? Quando elas foram produzidas?Eu aprendi a tocar violão com 23 anos, então quando eu fiz eu deveria ter uns 29, 30 anos, por aí. Das músicas que eu comecei a fazer com 23 anos até chegar aos 30 eu escolhi as melhores que eu achava e resolvi mostrar no show. Algumas são em parceria e outras sozinho, não tem parceiro. O CD é só virtual por enquanto, já está disponível para download gratuito no site www.luiscapucho.com.

Por que você decidiu fazer de graça?Eu não ganho dinheiro com música. Então eu pensei: se eu não ganho dinheiro com música, por que eu vou fazer um disco para vender?

Como surgiram essas sequelas na sua voz que você citou antes?Eu tive neurotoxoplasmose por conta da baixa imunidade por causa do HIV. Isso foi em 93. Então eu fiquei um mês em coma e quando eu acordei não consegui falar nem andar, e fui reaprendendo a andar. Eu tive uma sequela chamada incoordenação motora, que eu fiquei todo descoordenado. Como a voz também é um lance motor, pra você falar você tem que controlar os músculos da língua e da boca, eu não tinha esse controle, não tinha coordenação. Eu não conseguia mais falar direito nem tocar violão, e aí aos poucos eu reaprendi a falar, cantar e tocar, só que não da mesma forma. Eu comecei a cantar de um jeito mais rude, mais punk, mais batido por conta da incoordenação. Esse registro que eu estou disponibilizando agora é dessa fase antes do coma, da sequela, onde eu era um compositor mais normal, com uma voz mais branda, embora os meus temas já denunciassem essas composições mais cavernosas.

Quais são esses temas pelos quais você passeia nessas composições?
São temas subjetivos, pessoais. Eu falo de amor, de sexo, de poltrona de mãe, as coisas que eu vivenciava e que eu vivencio. Coisas bem próximas a mim, quase autobiográficas.

E nessa nova fase, mais punk, mais rude, tem alguma coisa que vai ser lançada?
Eu já lancei o “Lua Singela” (Astronauta Discos – 2003), que foi o primeiro disco, e no ano passado eu lancei o “Cinema Íris” (Multifoco), que é um disco que faz uma dobradinha com o livro “Cinema Orly” (Editora Interlúdio – 1999). Porque quando eu tive as sequelas eu achei que não conseguisse mais fazer música, aí eu comecei a escrever. E aí eu escrevi “Cinema Orly”, escrevi “O Rato” e agora escrevi o “Mamãe me adora” (Editora Vermelho Marinho – 2012). Com as sequelas eu acabei distribuindo as minhas possibilidades de expressão, tanto musical quanto literária. Comecei a escrever depois do coma porque eu não podia mais fazer música. Como a minha incoordenação me deixava escrevendo muito esquisito, eu comecei a escrever a mão para treinar a minha caligrafia, aí eu escrevi o “Cinema Orly” em uma agenda que eu tinha para ir treinando escrever novamente. Eu precisava assinar as coisas, precisava usar a minha letra.

E hoje em dia como você se sente? Você superou essas limitações que vieram com o coma?Olha, eu estou quase normal, eu só não consigo sair correndo, se for pegar um ônibus e ele estiver fora do ponto e eu tiver que correr até lá eu não consigo, mas é a única coisa. Porque eu estou falando normal, eu acho, só de vez em quando que eu dou uma rateada, mas está normal. No violão estou cada dia melhor, a voz também cada vez melhor para cantar. Eu acabei ganhando porque agora eu juntei livro e disco, o disco antigo agora está aparecendo no meio dos discos novos. O “Antigo” é um disco onde eu estava mais novo, eu achava que eu nunca fosse conseguir me aproximar dessa voz, desse violão, mas hoje estou começando a chegar próximo do que era antes. Eu me sinto quase que fechando um ciclo. Porque para eu assumir esse disco antigo demorou muito, e para eu assumir esse Luís Capucho novo também foi difícil, porque tinha a referência do antigo. É uma coisa complicada, você está conseguindo me entender?

Sim, você estava perdido entre o antigo Luís e o novo.Sim, e agora eu estou começando a juntar os dois. O antigo e o novo são diferentes. O antigo é mais fácil de ouvir, é mais melodioso, mais suave, mais limpo.

Quantos anos tem o novo Luís Capucho?Eu tenho 50, mas com corpinho de 30 (risos).

E novos livros? Já tem algum vindo por aí?Estou pensando em um novo, chamado “Diário da Piscina”, mas eu ainda não quero falar porque a gente nunca sabe se vai conseguir chegar ao final, entende? Tanto o livro quanto o disco. Porque o processo de fazer é tranquilo porque é caseiro, mas você conseguir colocar no mercado é um lance mais complicado, tem que se agenciar, investir em você mesmo. É um negócio meio complicado. Não dá pra viver de escrever, eu vivo da minha aposentadoria porque eu sou professor aposentado. Me aposentei por causa do coma.

O novo Luís Capucho, que lança “Antigo”, está solteiro?Não, eu tenho namorado. É meu primeiro namorado, faz seis anos que namoramos. É o primeiro porque antigamente eu era o maior galinha, é a primeira vez que eu namoro sério. Eu acho meu namorado muito, muito legal, é muito bom. E eu acho que eu também sou legal (risos).

Morando em Niterói, você é daqueles que estão sempre na praia ou prefere mais ficar em casa com o namorado?Eu sou muito caseiro, mas o Pedro, meu namorado, é todo diferente de mim. Ele adora sair, adora conversar, adora festar, dormir tarde. É o contrário de mim, então eu acabo indo com ele à praia, saindo com ele. Se eu ficasse sozinho, sem ele, eu ficaria muito em casa eu acho.

O que a idade te trouxe de melhor?Eu acho que o melhor no meu caso foi ficar menos tímido. Eu era muito travado, na medida em que eu fui ficando mais velho eu fui elaborando melhor a minha expressão. Facilitou a minha comunicação. Antes eu era muito confuso e muito tímido. Quer dizer, eu ainda acho que sou muito confuso, mas menos tímido. Me acho confuso, contraditório, falo uma coisa, penso uma coisa que se contradiz no próximo pensamento, entende? Aí você vive sem saber o que é que você está achando, se é uma coisa ou se é outra, porque as duas coisas são verdade para você.

E o que de pior ela te trouxe?De pior... Olha, por enquanto não me trouxe nada de ruim. Pode ser que quando eu ficar mais velho eu vá sentir que eu estou decadente fisicamente. Mas por enquanto eu acho que eu estou fisicamente legal.

Mas você pratica esportes, algum tipo de exercício?Eu pratico, eu nado desde o coma. A minha fisioterapia é a natação. Então desde que eu cheguei em casa depois que saí do coma e me senti um pouquinho melhor para sair eu comecei a nadar e nado até hoje. Ajuda a arejar a cabeça, oxigena o cérebro você nadar. Você dá uma limpada na cabeça por conta da oxigenação, então você pensa melhor, imagina melhor. Acho muito legal, eu adoro nadar.

Dá para dizer que os livros e discos passam ali pela piscina, a criação deles?Passa sim, meu próximo livro vai se chamar “Diário da Piscina”. Os meus livros parecem autobiográficos, mas quanto mais livros eu faço, mais eu vou ficando escritor, mais eu vou deixando a minha imaginação funcionar ali naquela história. Então, por exemplo, no “Cinema Orly” tem mais confissão do que imaginação. “O Rato” já é um pouquinho ficção, o “Mamãe me adora” mais ficção ainda. Na prática de fazer Literatura os meus livros vão se tornando mais de ficção, vão me deixando mais livre. Eu vou melhorando o escrever, eu vou sabendo melhor, dominando melhor, sem pretensão.

Existe uma Literatura Gay? Ou tudo é somente Literatura e ponto final?Eu acho que não se pode rotular como Literatura Gay. Porque você vê que nós gays estamos conquistando cada dia mais espaço, cada dia estamos ficando mais oficiais, digamos assim, saindo da clandestinidade. Cada vez mais incluídos, mas a gente ainda não é incluso, a gente ainda não é legalizado. A gente ainda tem um pé na clandestinidade. Então é um cidadão de segunda categoria, não é um cidadão pleno. Então se você rotula uma literatura de Literatura Gay, você traz para ela essa subcoisa, não é Literatura, é uma subliteratura. Eu não gosto de ver que existe uma Literatura Gay porque acaba seccionando a Literatura nessa classe subalterna, que ainda não é uma classe que tem cidadania. Então a Literatura também não teria legitimidade. Eu prefiro dizer que não existe Literatura Gay, existe Literatura, ela é uma só. Tem pessoas que escrevem sobre homossexuais, tem pessoas que não escrevem sobre homossexuais e isso independe da opção sexual delas e independe se é Literatura Gay ou Literatura ou Literatura maior ou menor. Eu acho que é tudo Literatura, prefiro não seccionar. Você acaba limitando inclusive o leitor.

Discografia
(2012) Cinema Íris (Luís Capucho) – Multifoco – CD
(2003) Lua singela (Luís Capucho) – Astronauta Discos – CD
(1997) Ovo (vários artistas) – participação – Rob Digital – CD

Bibliografia
“Cinema Orly”, Editora Interlúdio, 1999.
“Rato”, Editora Rocco, 2007.
“Mamãe me adora”, Editora Vermelho Marinho, 2012

quinta-feira, maio 09, 2013



Manhã de sol frio.
Mamãe diria que é um sol branco.
Vou começar mais uma tela.
As crianças brincam na beira da casa, fazendo os barulhinhos delas.

                                                 ****
Como meus silenciosos leit@res sabem, o Atelier de Indumentária, onde Pedro trabalha, inaugurou, sexta-feira passada, uma nova fase de funcionamento. Numa hora, ele pegou a Claudia dançando no Showroom e ficou bem legal, vejam:

quarta-feira, maio 08, 2013

Terminando mais uma tela de carinhas.

Chamei minha Vizinha de Janela - que pinta flores gigantes e que está numa fase de pintar quadros abstratos – para ver minhas telas.

Ela me deu umas dicas legais, importantes, de cores.

Como já disse, quero expor as pinturas com um pocket show.


Um Cinema Orly para o Flamengo!

Fui.


segunda-feira, maio 06, 2013

Eu e Ney Matogrosso na estréia do show "Atento aos Sinais", no Rio. Foto de Cristina Granato.

peixe - teaser

Já faz um tempo, a idéia de fazer um documentário sobre minha música tem sido aventada, bom leit@r. Dessa vez, quem pegou ela pela rédea foi o cineasta Rafael Saar.
Nossos planos são muito bons, vejam:

sexta-feira, maio 03, 2013

Chateação.

Computador dando sinais de que vai estragar.

Mas funcionou, depois das tentativas.

                                  ****

Preparando-me para a próxima tela de carinhas.

                                  ****

O atelier onde Pedro trabalha inaugura hoje uma nova fase de funcionamento. 
Os interessados estão convidados, veja:




quinta-feira, maio 02, 2013



Reunião no morro, ontem, pra tocar violão e conversar.

Toquei, experimentando, “Mais uma canção do sábado” pras meninas.

Luz Marina e Adriana curtiram minhas novas canções e toquei as velhas também.

                                             *****


Quando Lucinha Turnbull foi comigo numa loja em Ipanema, comprar esse meu violão atual, depois, passei anos sem curtir o som dele.

Então, levei num Lutier, e fiquei mais apaziguado.

Hoje, gosto muito do seu som.

Acho que foi uma boa escolha.

Fui.

quarta-feira, maio 01, 2013

Pequeno que chegou do hospital, ontem, arriado de anestesia, já está no quintal, e já cheirou com saudade o cuzinho da Pretinha, jà recebeu os mordiscados da Tininha, as lambidas, e está com ela, agora, refestelado no esplanadinho abaixo da escada, pegando o arejado meio azul da tarde.  Ô vida!
Pedro fotografou o bichano, quando chegou, veja: