quinta-feira, novembro 30, 2017

Só pra me gabar: depois da peça Cabeça de Porco, depois da medalha José Cândido de Carvalho, depois do Diário da Piscina, depois dos shows com Vítor e Tulio, depois de nossa última praia em Itaipu, Depois de SP, BH e Vitória, o Sandro Aragão fechou 2017 com chave de ouro. Ele fez um projeto de mestrado para falar do valor literário de meu trabalho de escritor e ofereceu pras universidades. Até agora só saiu o resultado da UFF. E como ele mora por aqui, aceitou.

Caralho! Ele vai desmascarar total a minha literatura, deixar a minha bichana no osso. E, aí, achar a ginga dela. Eu quero ver!

terça-feira, novembro 28, 2017

Quando eu era pequeno e ia na biblioteca do polivalente, em Cachoeiro, pegar livro, eu os pegava pelo título. E por isso, tinha vezes em que me dava mal, porque pegava livros secos. Foi assim, quando achei que iria ter muita fantasia no Menino de Engenho, do José Lins do Rego.  De verdade, tinha fantasia, mas era seco, diferente dos outros livros do Monteiro Lobato, que eu tava acostumado.
Se naquela época, eu tivesse me deparado na biblioteca da escola com O Coronel e o Lobisomem, do José Cândido de Carvalho, eu teria levado pra casa pra ler e teria me dado mal. Porque quando minha obra literária ganhou a Medalha José Cândido de Carvalho, ganhei também O Coronel e o Lobisomem, do Pedro.
E, aí, não é um livro seco, os parágrafos têm uma melodia de pura fantasia, mas sou capaz de ler um deles inteiro sem entender absolutamente nada do dialeto de um coronel. Isso me lembrou uma vez em que o Baiano – que produziu maravilhoso os meus disco Lua Singela e Cinema Íris - disse muito sem importância, no meio de um assunto, que a gente pegava dos livros só o que a gente conseguia entender, e que muita coisa era apenas para passar os olhos, não para pegar.
E nunca me esqueci.


segunda-feira, novembro 27, 2017

Moda praia 2018


Níver do Pedro ontem e fomos a Itaipu. Vieram dua senhorinhas barrigudas e se colocaram nas suas cadeiras bem perto da gente. Uma delas antes de se sentar foi falando:
- A gente que é pobre... – e, aí foi desenvolvendo um assunto sobre um problema jurídico e, aí, a gente na nossa praia, não se ligou mais.
Mas, então, numa vaga do mar, entre uma onda e outra, quando fez um silêncio, ouvi de novo a segunda senhora falando, a de biquini preto:
- Veja como ficou bom. Coloquei a parte de trás do biquini para frente, ó.

- Não te falei? Fica ótimo, sim – a outra senhora disse.

sexta-feira, novembro 24, 2017



Duas felicidades
(luis capucho)

Ontem, comprei escova de dentes nova para mim
estou muito feliz com isso
É a coisa mais querida nas últimas semanas
Desde pequeno brinquedos coloridos de plástico, me deixam feliz
É assim como as canecas verdes que ganhei
E que pareciam louça
Elas pareciam louça
Mas quando eu pegava, era plástico
Ainda estou mais feliz, porque comprei duas
E a segunda delas reservada na gaveta do armário
Garante minha felicidade por um tempo maior
que o tempo de felicidade da primeira escova
Ah, eu tenho duas felicidades, uma que eu uso
E a outra no armário
Quando a felicidade da escova verde acabar
Vem a vermelha
A felicidade da escova vermelha
A felicidade da escova vermelha
A felicidade da escova vermelha.

sábado, novembro 18, 2017

Aproveitando o ensejo do final de ano, fiz uma foto com todos os meus discos e livros pra atualizar o site. Eu nem tinha reparado que na seção “contato” tem uma foto minha com o Cinema Orly, que é um livro que desejam sempre. De repente, se eu coloco uma foto com todos, irão se interessar por outros. E, aí, eu tou mostrando aqui, porque caso algum amigo queira dar de presente a si ou a outro amigo, eu poderia combinar de mandar pelo correio. É só falar comigo.
Vejam:

sexta-feira, novembro 17, 2017

Eu gosto demais do verão, porque pra mim, o verão não dói e o inverno, sim. E não era assim com mamãe, porque ela ficava claustrofóbica no calor e queria fugir de qualquer jeito, se afobava e, aí, eu tinha que ficar abanando ela. Quando as ondas do calor vinham na madrugada, a gente tinha de sair de casa e ficava andando na rua, aqui, no vale. Os cachorros latindo nos portões e minha mãe louca de calor, acho que doía, sei lá. Mamãe nunca soube explicar.

quarta-feira, novembro 15, 2017

Camilo Frade | Por Que Nós? (Álbum Completo 2013) [Full Album]

Ontem, depois que viemos do dossiê
de música contemporânea do letras da UFRJ, ficamos aqui no apezinho ouvindo as
músicas do Camilo Frade na sua voz e violão. Ele ía me explicando sobre São
Luiz do Paraitinga, a sua cidade, e de como aquelas músicas que ele mostrava
tinham a ver com a cidade e com a sua família.
Eu tava achando tudo muito
tradicional as músicas que ele me tocava, por conta de pensar no astral todo de
São Luis do Paraitinga, mas nas coisas que ele me dizia, no contexto todo em
que estávamos aqui, embaixo de As Vizinhas de Trás, no vale da Martins Torres,
e acabados de sair das discussões sobre canção, aqui, sobre a esteira do
apezinho, eu disse:
- Ta muito underground você
tocando aqui pra mim, eu tou adorando mesmo!
- Que bom que eu tou conseguindo
ser underground! – o Camilo disse.


Vejam:

segunda-feira, novembro 13, 2017

Um Cinema Orly para Itanhanhém, no estado de São Paulo.
Eu fico muito contente que o meu livro de estréia seja do interesse, ainda hoje, pra os que gostam de literatura e que ele converse muito afirmativamente com essa cambada cafona que quer jogar as coisas sem razão pra fora do barco.
Fora isso, quero dizer que o Natal ta aí e tenho uns últimos comigo, além de ter alguns Lua Singela, Mamãe me adora e Diário da Piscina e Poema Maldito. Pra quem quiser dar de presente.
Não tenho Rato nem Cinema Íris.
O mundo é dos comerciantes, falem comigo, plis.
Também tenho As Vizinhas de Trás encalhadas, se quiserem.

domingo, novembro 12, 2017

Tenho feito algumas das transcrições do programa Escuta, que são audições de discos produzidos agora e com a presença dos autores, respondendo às perguntas maliciosas do Rafael Julião. E, aí, que deu pra sentir nos Escuta, que os artistas de um modo geral ficam felizes de estar na Universidade, no prédio da Letras, ouvindo e falando dos seus discos e tudo. Porque a Universidade ta interessada numa produção que parece não ser do interesse do público e tal.
E, aí, na terça-feira, pra comemorar essa iniciativa dos Escuta, será um dia inteiro de falação e também de escuta dessa música que tem sido pouco escoada, mas que vai aumentar seu volume no que os meni@s tão chamando de dossiê da canção brasileira contemporânea. Pela programação a gente vê que vai ser muito lindo e logo de manhã vai ter o Yorimatã, sobre as pioneiras da música autoral-independente, Lulhi e Lucina, com uma conversa com o Rafael Saar.
E no dia seguinte, a gente vai se reunir no Escritório pra ouvir, tocar e cantar.
É de grátis, sem incrição, é só chegar.
Vamos todos:

sábado, novembro 11, 2017

Elis Regina - As curvas da estrada de Santos

Porque as curvas se acabam, se acabam, se acabam, na estrada
de Santos, eu não vou mais passar. Também gostei demais dessa bateria que é um
solo, sem sair e sem estar sozinha na música.
Então, é isso, sem as curvas não dá.
Ou como têm dito, agora, na minha idade: gratidão.

sexta-feira, novembro 10, 2017

Eu tou muito contente de ter me aproximado dess@s menin@s que tão fazendo música agora no Rio de Janeiro, assim, uma música específica, e que também se liga a quem tem feito esse tipo de música em SP, em BH e no Ceará e em Alagoas ou em qualquer cidade outra em que se faça música de ouvir, diferente de ouvir Marília Mendonça, Caetano Veloso ou, sei lá, o Roberto.
Vai ser no feriado de 15 de novembro, no centro do rio, no Escritório, que é um quitinete de música, com uma foto da Laerte na porta do banheiro. Das outras vezes em que toquei lá, tinha um chiado incomodando no início, mas depois da primeira música todo mundo assimila.
Venham todos!

quinta-feira, novembro 09, 2017

Nós sabíamos como queríamos a foto, embora não  tivémos em mente o seu formato, porque tudo iria depender do que encontrássemos na praia. A ideia foi porque descobrimos no Escuta - https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg – que o CD Poema Maldito, misteriosamente, fazia relação com o cortejo fúnebre do luxuoso navio Gloria N. que aparece filmado no doc-ficção La Nave Va, do Federico Fellini.
Sozinho, comigo mesmo, e olhando a foto, eu vejo que ela é ponto de partida para outras viagens. E mesmo que viagens apenas minhas, elas passam também por terrenos que não são meus, por exemplo, nas letras daquelas músicas que não foram feitas por mim, na forma bonita como o Felipe saiu costurando todas as músicas, na foto da capa do CD, tudo, enfim, um disco não é feito apenas por um.
E, ontem, eu pedi ao Pedro que trabalhasse ela e a colocamos no site, sobre um texto lindo, eu acho, que transcrevi de um programa de música marginal que o poeta Eucanaã Ferraz fez e que falou na parte em que tocou a Poema Maldito (luis capucho/Tive Martinez).



quarta-feira, novembro 08, 2017

Ouvi o Diêgo dizer que a peça Cabeça de Porco é sobre desencontros, sobre frustrações, sobre desejos que não se atende, ele disse que a peça é uma camada de várias e várias e várias portas fechadas.
E eu fiquei parado nisso.
O Pedro, depois que o Fabrício me fez umas perguntas na Biblioteca do Sesc Gloria, me chamou a atenção para o fato de que todas as perguntas que o Fabrício me fez, eu respondi, sim, a todas.
Mas nada do que eu disse foi resposta para as perguntas que me foram feitas por ele.
Acho que tem a ver com as camadas de portas fechadas.
E, aí, daquela vez, não quis ficar parado.
Fiquei dando voltas e voltas e voltas, mas sem fugir à porta, sem fugir às perguntas.
Eu quero ter acesso à porta, mas se não ta aberta, não vou ficar parado ali, esperando a morte. Tem de abrir outros espaços, tem lugar pra todo mundo. O mundo é grande. Porque, tanto eu quanto Fabrício, falamos um com o outro e a porta não estava fechada por nós.
Ta tudo muito vago esse papo.


terça-feira, novembro 07, 2017

Teatro no Campus- Cabeça de porco

Vejam o que encontrei e que me faz sentir abraçado demais por esses meninos e meninas que viram identidade nos meus livros e músicas, e puderam se colocar dentro deles, nessa peça que me faz pensar tanta coisa e que me faz chorar:

segunda-feira, novembro 06, 2017

Ontem a gente ficou vendo filmes, à tarde. E eu sempre nunca entendo os filmes, isso é uma coisa clara pra mim. E também que não é um problema, porque é assim mesmo. É por isso que se pode ver um filme muitas outras vezes, e entender ele de novo muitas outras vezes, ir entendendo mais uma coisa, mais uma vez.
Porque também, uma coisa que a gente vê, faz uma volta com a gente, dentro, e quando chegamos no filme de volta, ele já está em outro lugar. Então, a gente não entendeu o filme, mas continua ligado, porque com a gente mesmo está tudo certo, tem uma linha, se liga.

Daí, que o filme que vimos ontem que mais tinha mistério e que mais fez linha comigo foi O Abraço da Serpente. É a história de uma planta sagrada da Amazônia de interesse de cientistas brancos. Eu achava que fosse sentir sono, mas aí o filme foi me levando, me levando... e assim fizemos com mais outros filmes. Também teve os filmes que desistimos de ficar olhando, porque deram voltas que não eram nossas e a gente desistiu.

sexta-feira, novembro 03, 2017

Dia 14, agora, vai ser um dia de encontro na UFRJ em torno da música feita pelos artistas que têm produzido fora do circuito industrial da canção e, aí, todo mundo está convidado, vai ser o dia inteiro. E fiquei feliz de saber que o filme Yorimatã, do Rafael Saar, será ilustração de tudo.
Além do Rafael, que ta fazendo um filme comigo, também tou dentro do Núcleo Canção, que faz uma vez ao mês o programa Escuta -https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg – e que inaugurei com Rafael Julião e Isabela Bosi. Também tou dentro, porque pedi para fazer a transcrição dos programas, porque eu vi que curto fazer isso.
Eu e Pedro vamos.
Vejam a programação aqui:


quarta-feira, novembro 01, 2017

Deve fazer um ano, talvez, que tenho jogado os meus vidros de remédios vazios - o biovir, o atazanavir, o ritonavir - no chão da sala, num canto, ao lado da mesa. Comecei a colecioná-los ali e, essa noite, meio entre sonhar e pensar, na madrugada, estive supondo que, se minha casa é uma representação da caixa de meu cérebro, e vice-versa, qual seria o efeito de eu jogar todos esses vidros fora, no lixo, e não deixá-los mais ali, pra que eu os veja empilhados, crescendo o monte. E, aí, se minha casa fosse uma lagoa, um rio, se meu cérebro fosse uma floresta, um deserto, então, esse monte crescendo de vidros de atazanavir, biovir e ritonavir, seria esconderijo de bichos e peixes.
No bojo de pensar assim, me veio também a lembrança de que uma amiga de mamãe, disse uma vez, que não fazia determinadas coisas para que não dissessem que era louca. Com a força dos meus 20 anos, lhe disse para que fizesse as coisas e lhe diria, outra vez, na força dos 50.

É isso.