sábado, julho 31, 2010



Claudia me mandou:


estou com Cristina Braga e Ricardo Medeiros no Globo Zona Sul de quinta-feira.
Acabei não dando um exemplo do que julguei ser parecido com minha literatura adolescente, de Jorge Mautner:
“Os pensamentos e ponderações são viagens astrais de quilômetros-luz por cima dos tetos de Bagdás, do cosmo e do caos infinito que habitam os universos que são trilhões.
O leviatã ergueu-se orgulhoso como um vampiro sensualizado pela nudez e bocejou mergulhado nos sonhos das trevas. Ao longe borbulhava como a espuma de um oceano que, iluminado pela luz da aurora(o dedo de Deus), era de uma fosforescência sem par.
Quantas pessoas ousam mergulhar no seu passado como quem cai em cima de suas próprias sombras, se afunda no lago da memória que está no meio do cérebro e se aprofunda mais até a embriaguez do coração, pulsando, arfando, colocando em contato íntimo como peles de um tambor o sistema nervoso e a necessidade de oxigênio cada vez mais puro, num ritmo, numa batida de paixão?”

Jorge Mautner em Fragmentos de Sabonete e Outros fragmentos.

sexta-feira, julho 30, 2010

Ficou um buraco na parede da sala de onde se pode ver minha cozinha. O rapaz encontrou o vazamento e consertou, mas será preciso esperar um pouco para fechar o buraco.
A casa, que estava uma zona, ficou pior.
Os remédios, que comecei a tomar pra baixar o colesterol, aumentaram meu torpor e preguiça.
O livro do Jorge Mautner lembra meus escritos de adolescente, mas o tema é de alguém situado no futuro ou que deseja muito acertar o futuro, quer dizer, mirado no futuro. Acho que estamos no que ele mirou e é uma coisa nacionalista, de valorização da cultura nacional e tudo...
Raramente, antes de terminar um livro, começo a ler outro, mas Ruth me emprestou o do Jorge Mautner, “Fragmentos de Sabonete e Outros Fragmentos”, e comecei a ler. Tenho me sentido um péssimo leit@r, porque Simone lê os livros que empresto a ela de um modo que acho bem mais interessante do que o modo como eu leio os mesmos livros, porque Simone entra em detalhes que eu não entro, e nos detalhes que entro, me esqueço. Então, os livros pra mim, têm a duração apenas do momento da leitura...
Chegou o cara que vai consertar minha parede, depois volto...

quinta-feira, julho 29, 2010

Fui para aquela parte em que Camilo Castelo Branco coloca-se à frente de sua narrativa para, heroicamente, dizer de Simão:

“E ficou pensando na sua espinhosa situação. Deviam de ocorrer-lhe idéias aflitivas, que os romancistas raras vezes atribuem a seus herói. Nos romances todas as crises se explicam, menos a crise ignóbil da falta de dinheiro. Entendem os novelistas que a matéria é baixa e plebéia. O estilo vai de má vontade para coisas rasas. Balzac fala muito em dinheiro; mas dinheiro a milhões. Não conheço, nos cinqüenta livros que tenho dele, um galã num entreato de sua tragédia a cismar no modo de arranjar uma quantia com que pague ao alfaiate, ou se desembarace das rédes que um usurário lhe lança, desde a casa do juiz de paz a todas as esquinas, de onde o assaltam o capital e juro de oitenta por cento. Disto é que os mestres em romances se escapam sempre. Bem sabem eles que o interesse do leitor se gela a passo igual que o herói se encolhe nas proporções destes heroizinhos de botequim, de quem o leitor dinheiroso foge por instinto, e o outro foge também, porque não tem que fazer com ele. A coisa é vilmente prosaica, de todo o meu coração o confesso. Não é bonito deixar a gente vulgarizar-se o seu herói a ponto de pensar na falta de dinheiro, um momento depois que escreveu à mulher estremecida uma carta como aquela de Simão Botelho.”

E, antes, já havia se colocado outra vez adiante da história para dizer de sua heroína, Teresa, algo parecido:

“Para finos entendedores, o diálogo do anterior capítulo definiu a filha de Tadeu Albuquerque. É mulher varonil, tem força de caráter, orgulho fortalecido pelo amor, despego das vulgares apreensões, se são apreensões a renúncia que uma filha faz de seu alvedrio às imprevidentes e caprichosas vontades de seu pai. Diz boa gente que não, e eu abundo sempre no voto da gente boa. Não será aleive atribuir-lhe uma pouca de astúcia, ou hipocrisia, se quiserem; perspicácia seria mais correto dizer. Teresa adivinha que a lealdade tropeça a cada passo na estrada real da vida, e que os melhores fins se atingem por atalhos onde não cabem a franqueza e a sinceridade. Estes ardis são raros na idade inexperta de Teresa; mas a mulher do romance quase nunca é trivial, e esta de que rezam os meus apontamentos era distintíssima.”

Isto quer dizer que a curiosidade que me atraiu no romance de Camilo Castelo Branco, a de encontrar um autor atormentado, envolvido dos sofrimentos de se estar numa cela de cadeia, ao contrário, se depara com um narrador cheio de lucidez e, afastado de sua narrativa, consciente de que está a conduzir um folhetim, afastamento que me fez pensar no estilo de Machado de Assis, que, aqui no Brasil, veio depois.
Eis o exemplo do que me fez, outra vez, lembrar Capitu:

"Era máxima sua que o amor, aos quinze anos, carece de consciência para sobreviver a uma ausência de três meses. Não pensava errado o fidalgo, mas o erro existia. As exceções têm sido o ludibrio dos mais assisados pensadores, tanto no especulativo como no experimental. Não era muito que Tadeu Albuquerque fosse enganado em coisas de amor e coração de mulher, cujas variantes são tantas e tão caprichosas, que eu não sei se alguma máxima pode ser-nos guia, a não ser esta: “Em cada mulher, quatro mulheres incompreensíveis, pensando alternadamente como se hão de desmentir umas às outras”. Isto é o mais seguro, mas não é infalível. Aí está Teresa que parece ser única em si. Dir-se-á que as três da conta, que diz a sentença, não podem coexistir com a quarta, aos quinze anos? Também o penso assim, posto que a fixidez, a constância daquele amor, funda em causa independente do coração: é porque Teresa não vai à sociedade, não tem um altar em cada noite na sala, não provou o incenso de outros galãs, nem teve ainda uma hora de comparar a imagem amada, desluzida pela ausência, com a imagem amante, amor nos olhos que a fitam, e amor nas palavras que a convencem de que há um coração para cada homem, e uma só mocidade para cada mulher. Quem me diz a mim que Teresa teria em si as quatro mulheres da máxima, se o vapor de quatro incensórios lhe estonteasse o espírito? Não é fácil nem preciso decidir. E vamos ao conto."

terça-feira, julho 27, 2010

Ontem, mexendo nos meus discos com arquivos guardados, encontrei umas músicas de que não me lembrava mais. É uma gravação muito, muito ruim, quase não se ouve o que digo, mas a partir dela vai dar pra eu restaurar as músicas e se não forem legais, ao menos, terei o prazer de não as ter perdido, de tê-las de volta pra mim.
Também encontrei os meus primeiros posts, que eram postados aqui no blog, que na época, chamava-se Bolsa Nova, depois virou Blog Rosa e, por fim, chamou-se Blog Azul. E o leit@r mais antigo, há de se lembrar, que naquela época, eu achava que blog fosse uma palavra feminina e me referia a minha Blog Rosa. Eis meus primeiro posts no que era minha Blog Rosa:


29 de maio de 2002



Manhã de blog.
Vai ser um dia lindo!
Se tivesse um carro, cachorro, empregada, chamaria todos e iria pa ra a praia com mamãe. Iria só olhar, né? porque ta frio.
Fui ver o show da Kali C. No início foi apresentado o clip Parada cardíaca.
Eu, que sou um cara que pensa só em mim, vi que meu coma de 96 tinha sido romântico. Os músicos arrebentaram, Kali C. arrebentou! Dancei através de Suzie, porque eu mesmo, estava colado na cadeira com meus remédios. Fui...


Comentário efetuado: oi Luís, que bom que você gostou. Senti sua falta no camarim e no bochicho pós show. bj kalic

Comentário efetuado: POIS É, LUIS.EU DANÇO MESMO POR MIM E POR VC, PQ NÃO?????? ALIÁS, ESSE SHOW DELA NÃO FOI FEITO PRA SEGURAR NINGUEM NINGUEM NA CADEIRA, NÉ? EU, BOM..EU FUI LÁ E .............dancei muito! MARAVILHA DE SHOW! SUZIE


30 de maio de 2002


até que enfim, entrei.
mamãe está melhor.
pensei em colocar um texto aqui intitulado buceta.
Era um texto sobre homens de peito. No tipo de gente seria atraída por homens de peito. Acho que as mesmas que se interessariam por ver mulheres barbadas, mulheres gorilas, galinha de três pernas, cabritos de duas cabeças, mulheres de caralho. Homens de peito que fazem música é um espetáculo!!
Atrás de minha casa. Tinha uma rua atrás de minha casa onde escrevíamos palavrões a carvão.
Katia disse que gosta dessas coisas, vai.


Comentário efetuado: CADE A BUCETA DO LUIS? CADE? CADE? CADE ABUCETA , LUIS? CADE?







3 de junho de 2003



Manhã de blog. Está fazendo frio. Deixamos entrar o homem que fala de Jeová na sala.
Estou namorando o Drácula. Está me ensinando o sexo sado, cordas na cama, tapas, sangue... Calma! Depois ensino!

Comentário efetuado: o drácula luis??????// uauuuuu UUUUUAAAAAAAUUUUUUUU COISA BOA........ LOVESUZIE OBS: DEPOIS ENSINA...





16 de junho de 2002



Domingo de blog.
Mamãe frita peixe. Dona glorinha brigou com o namorado. Disse que ele não é de sua praia Hoje, não entra pela janela.
Meu vampiro chegou. Fui.


Comentário efetuado: quem será esse vampiro? esse felizardo? hein??????





( 7 julho de 2002)



Quando voltei do show do Sesc encontrei meu conde arriado na minha cama.
Foi logo perguntando onde eu t ava:
- Esqueceu que eu tinha show hoje!
Ele tava machucado de novo dessa vez. Disse que seduzira uns caras para um beco, mas quando os caras sacaram qual era, reagiram a golpes de jiu jitsu. Deixaram meu conde borgado na sargeta, tadinho. Veio para que eu o consolasse. Fiz isso. Amarrou-me em minha cama e fizemos como ele quis.
Como todo mundo sabe, Condes não aparecem nos espelhos, portanto não saem em fotografias:
- E se eu te maquiasse, será que sai?- perguntei.
Bom, estou tentando agradar meus leitores, o resto é com ele...


Comentário efetuado: Oi meu anjo, ainda bem que não escreveu tuuuudo o que a gente faz, cuidado com os detalhes... :: by Luís - luiscapucho


15 de julhode 2002
.sábado de blog.Essa noite meu vampiro entrou esvoaçado pela janela e caiu trôpego em minha cama. Estava com uma de suas asas quebrada. Depois, quando, por fim, se recompôs em meu conde, cheio de hematomas, disse que seu último amante é quem tinha feito aquilo com ele:- Que vida você leva, hein?- eu disse chateado. Ele estava quieto. Eu quis mudar de assunto e como meus leitores têm me escrito, loucos para conhecer meu conde, perguntei-lhe se tinha uma foto para que eu pudesse mostrar a vocês. Ele irritado, gritou comigo:- Ah, não quero que me vejam! Diga a seus leitores que vampiros não existem!- Você acha que meus leitores têm maturidade suficiente para entender uma coisa dessas? Não senhor! não direi isso!- gritei de volta.Portanto, meus queridos, não será dessa vez que verão o meu conde.Mas aguardem!!!

Comentário efetuado:nossa, qto misterio luis!vem com ele no meu aniversário, ok?beijos

segunda-feira, julho 26, 2010

Vínhamos do show de Leila Maria, na Lapa, na madrugada do sábado e quando atravessávamos a rua de esquina da Tavares Macedo com Lopes Trovão, uma moça veio em nossa direção e nem deu tempo da gente se situar, quando Pedro foi abraçado e a moça disse:
- Tenho um presentinho pra vocês! – e nos abraçou sorrindo e ficamos todos parados na esquina, eu e Pedro, Perlla, Patrícia e Fernando, nos abraçando e sorrindo. Foi tudo muito rápido...
Nos despedimos e, de repente, tudo começou a ficar diferente.
Comecei a compreender as coisas que eu falava pro Pedro, e as coisas que o Pedro me dizia de volta, de um modo mais fundo, como se tivéssemos saído das camadas mais superficiais do pensamento e tivéssemos nos envolvido das coisas que estão mais pra dentro, quer dizer, bom leit@r, as coisas todas, as palavras começaram a ter mais perspectiva, e aí, era como se tudo tivesse muitas camadas que iam se despetalando à medida que íamos falando nelas e tal, ta se ligando?
E, aí, a gente andou o mais que pudemos pra poder pegar um táxi mais perto de casa, porque o dinheiro era curto...
E, quando cheguei na minha casa e, deitado na cama, curtia as músicas que vinham do morro, comecei a pensar com grande prazer no corpo das formigas e tudo.
Entre outras coisas, comecei a querer achar sentido na textura dos corpos delas e parecia haver sentido realmente...

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

sexta-feira, julho 23, 2010

Estou naquela parte em que Teresa, por conta de se negar ao pedido de casamento de Baltasar Coutinho, seu primo, e por gostar de Simão, o cavaleiro másculo, fora internada por seu pai num convento de Viseu, a cidade Portuguesa.
Teresa se admira de que as freiras vivam num clima de tensão, assim, umas contra as outras, fuxiqueiras e viciadas em vinho. Fiquei pensando se, como acontece entre os homens enclausurados, havia um clima de sensualidade entre as internas, mas Camilo Castelo Branco não deu nenhuma pista.
Depois do almoço irei na Fiocruz buscar mais remédios...

quarta-feira, julho 21, 2010

Comecei a ler Amor de Perdição.
Fiquei interessado, porque uma de minhas professoras disse que o escritor português Camilo Castelo Branco escreveu o livro na prisão, onde tinha sido internado por crime de adultério. E acrescentou:
- Ele disse que foi o tempo de prisão, o mais angustiado de toda sua vida - pronto, sou romântico, fiquei curioso.
De início, não conseguia visualizar o que lia, acho que estranhei um português de verdade narrando. E ainda um português narrando lá do meio do século XIX, o que ainda é mais carregado.
Eu sei que língua escrita não tem sotaque, lê-se igual o escrito em língua portuguesa seja em qual tempo ou canto for, no Brasil, Africa ou Portugal. Mas eu tava achando difícil.
Então, no terceiro capítulo comecei a enxergar Simão sobre o cavalo, excelentemente masculino (não o cavalo, mas ele) e comecei a ver Teresa, que achei muito parecida com Capitu, assim, uma prima lusitana, mais séria, concentrada, mas mulher igual e sem cavalo. E comecei a ver a complicação da história e tudo.
E achei o máximo as argolas chumbadas nas paredes que davam pra rua, onde eram estacionados e presos os cavalos pelas rédeas. E a rua estreita, que separava as casas de Simão e Teresa. E Rita, a simpática irmã caçula de Simão, que me lembrou Phoebe, a irmãzinha de Holden, o cara d’O Apanhador no Campo de Centeio, com quem eu, certamente, não me entenderia. Nem com Holden, nem Phoebe, nem Simão, nem Rita, nem Teresa, que são pessoas apenas para serem lidas, felizmente.
Fui...

terça-feira, julho 20, 2010

O dia lindíssimo me fez acordar mais cedo.
Fiz meu café.
Tive o cuidado de preparar o café um dedo mais abaixo do grande pote.
Preciso pensar melhor e amadurecer essa idéia do café.
Ou será isso perder tempo, como alguém que quisesse pensar melhor e amadurecer a idéia de possuir dentes?
Sei lá...

segunda-feira, julho 19, 2010

Tinha pensado em ficar um pouco mais na cama e, na moleza do melhor cochilo matutino, pensei: “não vou fazer nada do que tenho pra fazer hoje, farei tudo amanhã”. E me enrolei mais no edredon procurando a escuridão deliciosa do sono, outra vez.
Mas, aí, aquela réstia de sol que, nessa época do ano, entra por minha janela, apareceu atravessando o pano ralo da cortina que me separa lá de fora e senti ela me esquentar a perna. Aí, pensei: “mas o dia ta bom, melhor levantar”.
Abri os meus olhos e, olhando a manhã no quarto, novinha, esverdeada pelo filtro do pano verde e ralo da cortina, saí da onda de torpor que tava me cobrindo.
Levantei da cama. Fiz meu pote de café. Liguei meu computer novo. E achei mais um vídeo da Patrícia Noronha.
Dessa vez com “A Vida é Livre”, também do “Lua Singela”. Eis a descrição:
“parte do espetáculo deste meu todo teu ser (2002), direção de patricia noronha, espaço cênico e luz de hideki matsuka, designer de luz de abel kopanski, trilha sonora de ná ozzetti. este trabalho foi possível graças à bolsa vitae e ao encena brasil, da funarte e foi apresentado no teatro são pedro, em sp.Produção de Roberta de Carvalho e Mário Bonini. Canções de luís capucho, rebecca mata, dulce pontes, lhasa de sela.intérpretes/criadores: mariá portugal, patricia noronha, marco xavier, natália burgueño, francisco bonini, hugo salgado e mônica galvão.

deste meu todo teu ser parte 8de9

domingo, julho 18, 2010

Estou de computer novo.
Quando eu ainda estava fazendo o “Lua Singela”, o Baiano disse:
- Venha amanhã pra gente gravar a “Maluca”- eu fui, mas estava meio grilado, porque a Cássia Eller tinha gravado a música de uma forma tão linda, que fiquei preocupado de estragar a “Maluca” com minha voz.
E, nessa mesma época, o Baiano recebeu a visita de uma bailarina paulistana, a Patrícia Noronha que tava montando um espetáculo Chamado “Desse Meu Todo Ser”. Naqueles dias, que coloquei a voz na “Maluca,” ela ouviu e combinou comigo de colocar no espetáculo, que tinha a direção musical da Na Ozetti. Aí, bom leit@r, eu vi que tinha ficado bom, ta se ligando?
Achei no Youtube. Veja que legal, bom leit@r, o vídeo que é descrito assim:
“parte do espetáculo deste meu todo teu ser (2002), direção de patricia noronha, espaço cênico e luz de hideki matsuka, designer de luz de abel kopanski, trilha sonora de ná ozzetti. este trabalho foi possível graças à bolsa vitae e ao encena brasil, da funarte e foi apresentado no teatro são pedro, em sp.produção de Roberta de Carvalho e Mário Bonini. canções de luís capucho, rebecca mata, dulce pontes, lhasa de sela.intérpretes/criadores: mariá portugal, patricia noronha, marco xavier, natália burgueño, francisco bonini, hugo salgado e mônica galvão.”

deste meu todo teu ser parte 9de9

sexta-feira, julho 16, 2010

No Sem Censura, canal 2:

Sexta-feira, 16 de julho de 2010, 16 horas
Clinete Lacativa - Neurologista
Assunto: Caminho de Santiago de Compostela.
Lilian Soares da Costa - Cardiologista
Assunto: Campanha do combate ao excesso de sal.
Marcos Magalhães - Animador Diretor do Anima Mundi
Assunto: 18º Festival Internacional de Animação do Brasil.
Marcos Caruso - Ator
Assunto: Peça "As pontes de Madison"
Cristina Braga - Harpista e cantora
Assunto: "CD Feito um Peixe"


O travesti que mora na rua atrás da minha tem uma figura de sonho. Ou de pesadelo. Isso depende do ponto de vista. Não que eu tenha sonhado com ela, mas essa noite, acordei na madrugada pensando nele, porque estava vindo de um sonho com muitos homens negros com lindos seios. Ou lindas mulheres negras com grandes caralhos. Isso também depende do ponto de vista.
O travesti da minha rua é uma mulher enorme e faz programa no centro da cidade. É linda! Outro dia, eu estava olhando para a quitanda em frente a minha casa e vi, dentro de sua penumbra, uma estátua. Era ela. Fiquei imaginando depois, o motivo porque ele me pareceu uma estátua e vi que foi porque ela é perfeita: peitos perfeitos, cabelos perfeitos, boca perfeita, típicos de quem se construiu, bom leit@r.
Só a bunda e os culotes não são perfeitos. A pessoa que bombou ela fez barberagem e ele ficou um culote comum, de mulher normal, ta se ligando?
Nesse final de semana, na madrugada, quando eu e Pedro voltávamos da Lapa, ele veio no ônibus com a gente. Eu pensei se não seria mais justo ela ter vindo de taxi, mas não sei bem como funciona...
É isso.

quinta-feira, julho 15, 2010

Eu vinha no ônibus a caminho de casa e passava pela ponte, vindo do exame de sangue e de fezes e de urina e havia sentado na minha frente uma moça enorme, que eu reparei, quando se sentou, porque era uma mulher muito gostosa e grande, linda, os cabelos presos no alto da cabeça, me lembrava a Regina e tudo.
Do meu outro lado tinha um cara vestido de terno, desses caras muito limpos, grandes, que parecem ter sempre acabado de se barbear, mas eu não tinha reparado nele, só me dei conta, quando a menina grande e gostosa ficou incomodada com o rádio que ele tava ouvindo. Eu gosto de escrever e de contar histórias, assim, em silêncio, pro leit@r, porque me organizo melhor, se liga, se fosse ao vivo era tudo desorganizado, como foi na hora em que a moça gostosa desorganizou aquela viagem de volta pra casa, e a gente não sabia o que iria acontecer, porque ela chamou o cara que tinha acabado de se barbear e disse:
- Dá pra desligar o rádio?
- Vou baixar...
- Eu quero que você desligue. Ta me incomodando. Lá na frente ta escrito que é proibido rádio no ônibus – e, aí, bom leit@r, ficou uma discussão e outro cara, que estava enturmado, sentado lá atrás, também ligou o rádio. A moça grande se levantou, foi lá atrás e pediu que desligasse o rádio e ela teve a maior sorte, porque acabou a bateria do rádio do cara enturmado. E o cara que tinha acabado se barbear, saiu do lugar dele e se enturmou com o cara enturmado lá de trás e eles ficaram falando da mulher gostosa que não queria ouvir rádio, quer dizer, ficou muito tenso e era melhor ficar ouvindo rádio, talvez...
Mas acontece que a moça de cabelos presos no alto tinha razão!

quarta-feira, julho 14, 2010

Olhei ressabiado para algumas pessoas, quando acabou o show, pra ver se te reconhecia, mas não deu certo...rs.
O Pedro me mostrou:
- Aquele ali é o Pedro Bial! – mas eu também não reconheci, porque era um cara que demonstrava grande intimidade com a obra do Jorge Mautner, fazendo comentários de reconhecimento das músicas, rindo das coisas que eu achava sem graça, daquelas coisas que só os entendidos entendem e ficava, junto com os seus camaradas, rindo somente pra eles e ninguém mais ria no teatro. E eu ficava reparando, porque esse cara, que o Pedro disse ser o Pedro Bial, estava na cadeira imediatamente a nossa frente e se mexia pra caramba de um lado pro outro fazendo burburinho pra falar com os camaradas da esquerda e da direita, quer dizer, o cara que o Pedro disse ser o Pedro Bial estava numa euforia danada, uma euforia de fanzoca de auditório, quer dizer, não deveria ser o Pedro Bial, aquele repórter, eu acho....rs.
E uma outra fã, a meu lado gritava fraquinha, mas aos gritos:
- Gênioooooooooooooooo! Gênioooooooooooooooo!
E, depois, no saguão, o Pedro me apresentou a uma atriz de tevê que eu também não reconheci.
Quer dizer, o show foi um sucesso, tava bombado!
Fora as pessoas com quem me encontrei de perto, só reconheci mesmo, de longe, o Manel Gomes, poeta, meu amigo de rua, na adolescência, que também estava feliz como quê, e de longe eu o via esticar o braço para o palco, como fosse íntimo do Jorge Mautner e como fosse falar familiarmente:
- Ô Jorge, vem cá! – mas acho que era só o gesto, em silêncio, porque eu não ouvia nada.
Depois, vim embora batido, pra acordar hoje de madrugada pra fazer exames...

terça-feira, julho 13, 2010

Hoje, iremos assistir ao Jorge Mautner, no Teatro Ginástico, no centro da cidade...

segunda-feira, julho 12, 2010












O Walter postou no meu Orkut essa foto.
Quando perguntei como apareceu ele disse:
- Achei on line, no UOL, num artigo sobre tatuagens inusitadas e lembrei de você e do seu livro Cinema Orly.
Será, bom leit@r, que o rapazinho, aí, era um adicto do cinema?

sábado, julho 10, 2010

Dia chocho, em Nikity, sem sol...
Tínhamos combinado assistir à briga de Espanha e Holanda no Pedro, mas descobrimos que será amanhã...

sexta-feira, julho 09, 2010

O americano Bob Gaulke lançou um livro sobre o processo de composição de Suely Mesquita, acompanhado de um CD com 16 de suas músicas.
De nossas parcerias foram incluídas “Romena”, numa gravação de Suely pro meu anunciadíssimo “Cinema Íris” e uma gravação caseira comigo cantando “Batata”. Sobre “Batata", já faz muitos anos, Suely me avisou que tinha feito uma letra pra eu musicar e me entregou “Batata”.
- Ué, você sabia que meu apelido de pequeno era Batata?
- Não, Luís.
- Era Batata!
Todos os outros parceiros de Suely – Kali, Baiano, Glauco, Mathilda Kóvak, Moska, Zélia Duncan, Fernanda Abreu etc - estão no disco, além de músicas que ela fez com ela mesmo, ela e seus botões.
Achei no youtube esse vídeo, veja, bom leit@r:

Braziliansong.mov

quinta-feira, julho 08, 2010

Comecei a pensar, se a língua em que falamos e que é o instrumento onde se manifesta a literatura, não seria, assim, como todas as técnicas que o ser humano adquire, aperfeiçoada através dos séculos de uso. Ou se a língua é como o ser humano, que nasceu pronto, nasceu sem saber de onde, como e porque veio e tal. E, aí, língua e ser humano, seriam sempre a mesma coisa e tanto faz o tempo em que estejam.
E fiquei pensando, se eu aqui na minha casa, numa conversa cotidiana com minha vizinha de janela, teria com ela diálogos rotineiros mais intensos, mais cheios de significado, mais aperfeiçoados em minha técnica de falar do que teria um romano em sua técnica de falar numa conversa cotidiana, tipo, século III, antes de Cristo, com sua rotineira e relativa vizinha de janela.
E fiquei pensando que o aperfeiçoamento que se daria na língua com que se faz literatura, seria apenas um aperfeiçoamento formal, porque a substância não mudaria em nada. Daí, que eu possa achar, para falar de um escritor de minha região, que Machado de Assis tenha escrito aqueles livros dele, ainda ontem...
E, ainda, que as línguas portuguesa ou espanhola ou italiana sejam aperfeiçoamentos que tenham se dado em lugares diferentes da mesma língua latina. E fosse esse o caso, teria se aperfeiçoado, apenas, a casca da língua, mas dentro, em seu miolo, estas línguas não seriam em nada diferentes do latim, porque tudo o que se falava em latim, poderia ser falado em português, francês, italiano, espanhol e cada uma dessas línguas seria, apenas, um aperfeiçoamento daquelas formas latinas, em direções diferentes, como se do carro original, tivéssemos chegado às kombis, aos fuscas, aos passats, mas todos automóveis, quer dizer, a substância locomotiva continuaria a mesma, porque se mudariam apenas as formas.
Por isso é que acho, possivelmente, ser, fonologicamente, mais fácil falar qualquer língua atual, do que seria falar hebraico, grego ou latim.
E, aí, aquele romano do século III antes de cristo teria palavras (e um pescoço, para sustentá-las), bem mais fortes que o meu pescoço. E o pescoço de sua rotineira vizinha de janela também seria mais belo e as palavras mais fortes que as palavras da minha vizinha.
E, desse jeito, a língua com que se faz literatura, vai ficando a cada dia que passa mais mole...
É isso.

quarta-feira, julho 07, 2010

Mamãe me disse que no inverno as noites são mais longas e sempre que acordo na madrugada para ir ao banheiro, fico torcendo para que os passarinhos não comecem a cantar em torno da casa e o sol não desponte no vértice de meu vale pra o entrar do dia, porque eu gostaria que a noite fosse mais longa ainda do que mamãe me disse, se liga, não há nada melhor que dormir.
Pensando sob esse ponto de vista, não deve haver nada melhor do que morrer e algum silencioso leit@r haverá de pensar que eu esteja deprimido, que isso seja uma queixa que faço aqui no Blog Azul, mas não. Acho que seja apenas um elogio ao sono.
Que maravilha!

terça-feira, julho 06, 2010

Outra coisa: o Holden tinha predileção por sua irmãzinha Phoebe e, não sei, se seria amigo, assim, de uma menina de dez anos. Ele a preferia entre todas as outras pessoas de sua mesma idade ou mais velhas que ele, preferia ela às outras garotas, o que é estranho para um cara de 18 anos.
Bom, silencioso leit@r, dizem que os rapazes são mesmo, sempre, mais idiotas que as meninas e Phoebe, então, devia equiparar-se a ele em imbecilidade...
Ou o meu bom leit@r poderá também pensar que eu tenha ficado apaixonado por Holden e que tenha tido ciúmes de Phoebe.
Ou que, por conta da imbecilidade masculina, o mundo não seja um lugar melhor pra se viver.
Etc...

segunda-feira, julho 05, 2010

Então, o cara que queria ser um pastor de ovelhas negras acho que tinha o nome de Holden. Não consigo fixar o nome das pessoas que conheço de pouco, ainda mais que este tinha um nome irlandês, porque a família dele era de imigrantes irlandeses, em Nova York, se bem me lembro.
E quando eu era um pré-adolescente, eu ficava louco ao ler o nome daqueles garotos da Rua Paulo, então, eu comia um monte de letras até chegar ao fim dos nomes e faço isso, ainda hoje em dia, com aqueles nomes do leste europeu, com nomes que não tenham o padrão dos nomes portugueses, silencioso leit@r.
E, voltando ao rapaz que, talvez, se chamasse Holden, li o seu livro, em que ele conta de como abandonou a escola e voltou pra casa, mas se a gente tivesse se encontrado pessoalmente, possivelmente a gente não se entendesse, a gente não iria se dar bem, e eu ficaria sem saber de sua história e o que eu quero dizer é que, não que eu seja um cara difícil, mas, na verdade, eu não saberia de muitas outras histórias, se eu não lesse os romances, porque, pessoalmente, não me entenderia com as pessoas sobre as quais li os livros, ta se ligando, generoso leit@r?
Bom dia!

domingo, julho 04, 2010

Tem feito dias muito limpos, de céu azul, em Nikity City e não tenho saído, não sinto vontade.
O personagem narrador d”O Apanhador no Campo de Centeio” gostaria de ter sido, pelo que entendi, como um pastor que vivesse em busca das ovelhas negras, embora ele próprio estivesse de saco cheio de tudo e quisesse cair fora, mas aí, não foi embora, porque quis assistir a uma encenação que sua irmã caçula iria fazer na escola. E, porque ela queria ir embora com ele, então, para apanhá-la, ele teve de apanhar a si próprio, bom leit@r.
Ainda outro dia, o Xarlô convidou-me e ao Pedro para que assistíssemos a uma peça que ele estava dirigindo e, na peça, tinha um pequeno trecho do Fauzi Arap que, mais ou menos, falava de uma hipotética porta de saída, cuja abertura era estreita e para a qual teríamos de ir em grupo.
E também, noutro dia, quando terminei de fazer a prova de lingüística e vinha caminhando para o ponto de ônibus, vinha pensando que a liberdade era um atributo individual e logo eu fiquei me lembrando daquela parte em que o cara que queria ser um pastor de ovelhas negras, disse que quando ele morresse, certamente, haveria alguém, um moleque qualquer, que escrevesse, clandestinamente, em seu túmulo: Foda-se!
Vou lavar roupa...

sexta-feira, julho 02, 2010

Não estava muito interessado na consulta, embora dessa vez, a médica estivesse de bom humor, porque estava cercada de dois assistentes. Então, eu puxei papo com um dos assistentes, que se amarrou.
Perguntei a ele se ele era do Senegal:
- Não sou da Guiné Bissau.
- Eu pensei que seu sotaque era de quem falasse francês...
- Sei francês também, porque o Senegal é colado na Guiné, mas minha língua materna é o português- e, aí, ela desatou a falar, parecia estar apenas esperando a minha pergunta para falar muito e a consulta rolou com ele falando do português africano e da língua crioula da Guiné Bissau.
Eu tinha achado que ele era do Senegal, porque dois dias antes tínhamos comprado uns óculos de um camelô na Amaral Peixoto que era do Senegal, aí, fiz a ligação.
O Faustino disse que, na Guiné, agora, trinta anops depois da independência, se oficializou o crioulo para a série inicial do ensino escolar e que aos poucos, ele vai se estabelecendo como língua oficial daquele país, que ainda tem o português como língua.
Ele também falou dos Caboverdianos, dos dialetos que se falam na Guiné, do espanhol de Cuba, do crioulo haitiano e a médica entrou no assunto e a outra assistente também e perguntei sobre a gramática e a consulta rolou assim...