quarta-feira, agosto 31, 2011

Estou recuperando outra de minhas velhas músicas:

Lavadeira

(luís capucho)

Hoje eu sou

Como um engraxate

Limpo seus pés

Faço-os brilhar

Meu movimento também faz

Sua cara brilhar

Porque hoje eu sou

Como seus sapatos

Brilho a seus pés

Como quem

Lavasse sua louça

Lavo seus pés

Imito o gesto de Jesus

Ou da empregada

Ario minhas panelas

Ensabôo as dobras

Abro os braços

Seco o enxarco

Enxugo os cabelos

Sou seu cantor

Sou sua lavadeira

Sua lavadeira

Seu cantor.

terça-feira, agosto 30, 2011

Talvez, não consiga cumprir meu desejo de não entrar mais no mercadinho da frente. Acordei pensando em comprar umas coisas...

Parece ter acabado aquele frio incômodo, que bom.

Eu adorei esse registro do “Peixe” da Cristina Braga e do Ricardo Medeiros que postei no dia 23 de agosto aqui no Blog Azul, porque ficou singelo, essencial, e, no final, a harpa parece fazer um coro que a gente não sabe de onde vem, um coro que fica independente dali, então, eu já ouvi algumas vezes.

Fui.

segunda-feira, agosto 29, 2011

No sábado, Pedro baixou, pra gente assistir, “The Pilgrim’s Progress”, um filme de 1998, baseado na obra de mesmo nome do escritor inglês John Bunyan, lançada em 1678. Vi na internet que tem muitas versões de filmes pra esse livro e que embora eu nunca tivesse ouvido falar, sua história é bem conhecida. E o filme bem engraçado, porque conta a história de um cara que recebe um convite pra chegar ao céu e, na sua viagem até que consiga chegar até lá, vai se deparando com pessoas que o ajudam e outras que o atrapalham no percurso. Então, silencioso leit@r, Cristão – esse é o nome do peregrino – é como um príncipe que tivesse de enfrentar os obstáculos até que consiga chegar à princesa.

Quando eu tive notícia dessa história do John Bunyan, tive grande interesse em conhecer, mas me frustrei um pouco, porque eu esperava mais mistério e mais revelação na história de sua peregrinação. Quem sabe numa outra hora eu me empolgue mais...fui.

domingo, agosto 28, 2011

Domingo lindo e dei uma maquiada na casa pra receber visitas.

Limpeza do teclado, agora, com pincel é igual: **71213

Y n 30920.

Sol lindo e abri as janelas.

Quando acordei fui no mercadinho da frente, que é ótimo ter em frente, mas silencioso leit@r, são evangélicos e tinha música religiosa de péssima qualidade tocando e um grupo de homens, papo de homem, voz esganiçada de homem de manhã ao acordar é igual:

- Puta que pariu – andei pelos corredores do mercadinho procurando meus produtos, falando puta que pariu comigo mesmo, é foda! Não vou mais comprar nada lá...

sábado, agosto 27, 2011

Tomei um shop escuro, ontem, no jantar. Aí, o Sacramento estava ao meu lado e pediu uma feijoada. Fiquei de olho grande e, depois de jantar, comi da feijoada dele. Não sei se foi o chop ou a feijoada que me deixou de ressaca!

Vi, Sacramento cantar músicas do Pedro Caetano, um compositor brasileiro importante que faz centenário de nascimento este ano. Foi no Rival, ontem.

Cada dia, Sacramento ta mais arrasador nos shows!

Fizemos pose pras fotos:

sexta-feira, agosto 26, 2011

Silêncio na comunidade que, às vezes, pode ser o meu condomínio.

Está um dia entre luminoso e cinza. Minha vizinha de janela desceu o prédio pra dar uma volta com Bob. Ele ta latindo feliz!

Minha televisão estragou e tenho me virado com internet e rádio. É muito bom ouvir programas de rádio. Tem uns ótimos! Ontem, ouvi um que era apenas homens falando sobre música e tinha uma mulher rouca! Vi outros e não lembro bem se era esse da mulher rouca, mas teve uma hora que ficou um clima libidinoso no ar entre os caras, quer dizer, silencioso leit@r, entre os caras, sempre sinto esse clima sendo ridicularizado. Isso é uma coisa que deve ser evitada e tudo e, aí, eu curti muito ficar ouvindo aquele não me toque e tal, porque tenho um pouco de talento pro voyer.

Fui.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Generosidade - Luís Capucho

Pedro me fez uma homenagem, ontem: colocou no youtube um vídeo de minha música “Generosidade”. É uma versão voz e violão gravada no apartamento do Maven, da vez em que estive em Curitiba. Sozinho, eu tinha a idéia de tê-la no repertório do disco “Cinema Íris”, mas quando nos reunimos eu, Sacramento, Baiano e Pedro, aqui no Rio, para pensar o repertório do disco, dessa vez, juntos, decidimos por não gravá-la, porque as outras músicas puseram-se na frente.

Fiz pra minha mãezinha, que era divina, como disse Kali Ce:


quarta-feira, agosto 24, 2011

Depois que descemos o Morro sem conseguir almoçar e me lembrando da funqueira que gostava de ir passear no outro Morro, brinquei com Pedro perguntando se ele queria ir no outro. O tempo tava se fechando feio e Pedro, apesar de ter ouvido o que disse a meteorologia, não levou fé, e estava vestido de turista, silencioso leit@r. É que ele ainda é muito paulista e sabe como é, o pessoal de Sampa parece ter menos frio...rs. Eu, além de estar de calça comprida, tinha levado uma blusa na bolsa e, aí, sem me gabar, coloquei minha blusa e fiquei bem.

Fui.

terça-feira, agosto 23, 2011

Metrópolis 15/08/2011 - bloco 03

Quando entramos no elevador do Morro Dona Marta até à Estação Três, o pessoal que enchia a cabine, vindo das compras de final de semana, cheio de sacolas e crianças e tudo, estava tentando armar uma manifestação em torno às contas de luz, que depois de oficializada pela empresa fornecedora, fez com que estivessem pagando energia mais cara que o pessoal cá de baixo.

Eu vinha apreciando o visual e prestando atenção na organização que se ía formando, mas tinha uma mulher, na frente do Pedro, que queria chamar a atenção, porque ela sacou que havia turistas na cabine, quer dizer, os turistas éramos nós. Ela usava uma dessas calças de malha colada no corpo, era grande e gorda e começou a dançar funk na frente do Pedro, requebrando-se toda e dizendo pras amigas sentadas no único banco da cabine:

- O meu marido quer que eu fique presa em casa, mas eu vou pro baile no outro morro. Cê boba, ficar presa em casa nada! Ele me diz: vai fazer o quê no outro morro? – e , aí, silencioso leit@r, requebrava assim meio agressiva, desancando o marido. Uma coisa...e imitava viado. Eu comecei a achar o ó, aquela mulher gorda na cabine cheia imitando viado.

Uma coisa!

A Ruth e a Cristina Braga me mandaram um registro lindo do Peixe, feito com Ricardo Medeiros num programa de televisão em São Paulo:


segunda-feira, agosto 22, 2011

Estava uma manhã agradável de sábado, mas quando conseguimos chegar ao Morro Dona Marta o tempo estava se fechando e ventava muito. Ficamos na fila para o elevador, mas aí, ele estava com defeito e não parou na Estação Quatro, onde queríamos conhecer a estátua do Michel Jackson. Pedro queria almoçar lá em cima e fomos informados de que na Estação Três tinha quem vendesse comida. Então, quando descemos na Estação Três um rapaz indicou onde ficava a pensão, mas era um beco tão estreito ladeira abaixo que fiquei meio amuado, bom leit@r, eu tive uma sensação de claustrofobia, ai, eu fiquei, assim, meio menino corta-onda, meio garota cautelosa e, silencioso leit@r, vou usar uma palavra que já conhecia de olhar, mas que só há pouco fui ver no dicionário. Eu achava que era ácida, mas é empacada...é recalcitrante.

Pedro já estava lá embaixo e ía rápido pelo quenion de barracos, mas eu gritei ele, recalcitrante!

- Peeeeeeeeeeedro! Eu não vou, não! – e ele imediatamente começou a subir de volta. Pegamos o elevador e fomos almoçar lá embaixo. E começou a chuva...

domingo, agosto 21, 2011

Já vai dar uma hora da tarde e não abri a casa.

Com o frio de hoje, ta tudo quieto em minha comunidade. Ainda com o frio, acordei um pouco mais tarde. Minha vizinha de trás tem diminuído as festinhas dos finais de semana, e é muito gostoso dormir no silêncio. Eu adorei esse filme aí embaixo que o Senhor Maven legendou em português e colocou no youtube:

sexta-feira, agosto 19, 2011

Estou em vias de conseguir recuperar mais duas músicas das que fazia antigamente.

Quando Rubia e Carmen estiveram aqui e, então, Pedro fez aquela comidinha pra gente, fiquei muito feliz de poder mostrar-lhes, como uma criança entusiasmada, a “Velha” e “Ella”, esta última com letra do Mário Newman.

Algum leit@r deverá se lembrar do Ella, um cigarro fino, longo, de filtro branco, que era fumado pelas mulheres. Então, a música é dessa época!

De verdade, fico absolutamente feliz em poder tocar outra vez minhas músicas velhas mais próximas ao que elas foram no original, porque, toco “Maluca” e “Máquina de escrever”, mas essas músicas, têm uma versão diferente do que elas foram, bom leit@r. “Velha” e “Ella”, não. São as mesmas músicas e apenas ganharam uma espécie de capa de envelhecimento, por conta mesmo de eu estar mais velho e no século XXI, como ganhou envelhecimento a bicicleta que tenho desde adolescente e que agora está pendurada na área lá atrás.

Pois, então.

Com um pouco mais de treino, estou muito próximo de recuperar “Destruição” e com muito mais treino ainda, conseguirei tocar “Humilhante”. Todas encapadas de velhice, galvanizadas de velhice, como um verniz.

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

quarta-feira, agosto 17, 2011

Fiquei triste com a morte de Norma.

Mamãe diria incrédula:

- Mas ela não era a artista principal!?

E, aí, bom leit@r, me vêm as lembranças de novelas com os artistas principais que todos sabiam que não iriam morrer.

Que coisa!

segunda-feira, agosto 15, 2011

Townes Van Zandt - Pancho & Lefty 1993 TV Performance

Carmen e Rubia vieram comer conosco, ontem. Ficamos bem felizes.

Pedro fez a comida.

O pessoal de trás comemorava o dia dos pais, então, o som de nosso jantar foi o som do pessoal de trás. A comemoração deles constituiu-se basicamente de mulheres, todas meio que falando ao mesmo tempo. Então, Pedro, curvando-se sobre a mureta, gritou pra lá:

- Ué, é dia das mães aí?

- É dia das mães que são pais! – e, aí, teve uma salva de palmas.

Carmen me apresentou Townes Van Zandt, veja, silencioso leit@r:


sexta-feira, agosto 12, 2011

O dia inteiro programado para continuar a faxinar.

Quando Dorinha passou no corredor e me viu faxinando, acho que ficou triste. Desci e chamei em sua porta, para dar-lhe umas revistas de que quis me desfazer, mas ela não abriu a porta. Aí, dei pra vizinha da frente.

Estou moroso na faxina como a médica que me fez esperar por oito horas. Hoje, vou limpar o chão.

Fui.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Devo ter ainda mais dias pra arrumar a casa. Achei entre os papéis na bagunça da arrumação:

“23 de oputubro de 2002

Hoje acordei sem que me sentisse uma cara real. Sentindo que eu fosse apenas uma possibilidade, apenas uma hipótese de homem vivo.

Numa suposição:

Se estivesse numa festa, numa reunião de pessoas animadas e quisesse me distrair, não haveria nada que outra pessoa pudesse fazer. Não que eu ficasse triste sentado num canto, com a possibilidade de alguém puxar assunto comigo. Não é que isso fosse acontecer.

Talvez, eu pudesse ir embora.

Sei lá, alguma coisa poderia ser feita. A festa, a reunião de pessoas animadas poderia explodir. A Virgem Maria poderia aparecer ou, sem ir embora, eu poderia ir até você e te dizer umas coisas, ser casual até, ou ser um homem profundo vindo das profundezas de meu ser, assim, como um mito emergido na superfície do aceano em plena festa. Te falar dos meus problemas, que, ultimamente, tenho andado meio louco, tenho estado inseguro e que não saberia dizer quem se interessaria por me ouvir dizer essas coisas nessa melodia estranha, mal ajambrada, essa possibilidade de melodia apenas. E continuaria dizendo pra você que, quando eu era pequeno, queria ver a Virgem Maria, quer dizer, não sei me explicar bem, eu não conseguia, mas não custava tentar um movimento no meio da festa, uma dança, e ser um homem vivo, de verdade.”

Fui.

quarta-feira, agosto 10, 2011

Desde ontem, dias tirados para faxinar. Dorinha não tem vindo.

Ouvindo rádio e curtindo organizar a bagunça...

Mais alguns dias e termino...

terça-feira, agosto 09, 2011

Médico outra vez.

Ao examinar minha barriga, disse que tenho uma barriga inocente, mas me encaminhou para uma endoscopia. Fui ao hospital dia para marcar o exame. Farei dia 31, pela manhã. Vim embora.

No ônibus, um velhinho baixo, perguntou se eu estava lendo a Bíblia.

Fiz que não com a cabeça e ele me disse que eu tinha de ler a Bíblia. Aí, começou a cantar numa imitação de idioma africano e dançou ao redor de si mesmo, no corredor do ônibus. O trocador disse-lhe:

- È melhor o senhor se sentar, para não cair com os arrancos do ônibus – o senhorzinho, então, se sentou.

Quando saltei em Niterói, deixei-o na boca do terminal rodoviário gritando, na língua que inventou, pra multidão que passava:

- Nanani pevá axilimingui nagô!

Cruz credo!

segunda-feira, agosto 08, 2011

Ultimamente, tenho curtido muito ver filmes em 3D, o que tenho achado uma das maravilhas do mundo. Fomos assistir ao Capitão América. Curti muito a apresentação do filme, silencioso leit@r, os personagens, a cidade, os objetos, as roupas, era de verdade um tudo muito legal. E quando a história começou a rolar, estive muito interessado, mas, aí, quando ela deu onde tinha de dar e veio o clímax e tudo, e que ela começou a se resolver, achei que o filme não tinha ido, assim, longe demais. E perdi o interesse. Isso porque as histórias, o meu silencioso leit@r sabe, devem levar a gente longe demais pra poder ser boa. Pedro e Simone devem não ter curtido muito também, porque quando voltamos pra casa era como se ninguém tivesse visto o filme.

Que coisa!

domingo, agosto 07, 2011

Depois de ter recuperado “Velha”, estou a recuperar outra de minhas velhas músicas, com letra de um amigo dos tempos de escola: Mario Newman. Como já disse a respeito de re-tocar “Velha”, minha sensação de fazer essas músicas recuperadas é melhor que ouvir o original, cujas gravações guardo comigo até hoje. Deve ser por matar a saudade. Chama-se Ella.

Ella

(luís capucho/ mário newman)

Te chamarei de Ella quando pessar pela rua

E mesmo assim não te fumarei feito um cigarro

Te direi não é mais bela e não te saberei mais nua

Farei pra ti apenas rimas bobas da memória que baba

E me desconcerta num pigarro

Pra cortar qualquer possibilidade de seu nome

Te amarei calado e sem ciúmes

Rabiscando nos banheiros

E submerso no azul dos dias

E subverso o negror das letras

E sub isso

E aquilo outro

Mas pra ti banana

Não submisso prati

Banana banana banana.

sábado, agosto 06, 2011

A médica fez com que eu esperasse pelo seu atendimento por oito horas.

Da outra vez em que ela fez isso eu já tinha argumentado muito nervoso sobre sua falta de organização com o tempo, de modo que a gente tivesse que passar o dia à mercê de sua consulta. Isso é uma falta de respeito com os pacientes, eu disse. Aí, ela se defendeu dizendo que ela era uma médica de verdade e que não estava brincando e tal. Acontece que eu não tava nervoso, porque ela não fosse uma médica verdadeira. O problema era a falta de noção, silencioso leit@r, porque os velhos pacientes, não precisávamos de, a cada consulta, uma nova anamnese ou algo assim, somente para pegar uma receita de remédios, motivo pelo qual a maioria de nós estávamos lá.

Dessa vez, não fiquei nervoso. Fiquei lendo o meu “O último suspiro do mouro” e, depois das oito horas de leitura, interrompida pelo almoço e por algum grupo de pacientes conversando alto – reclamando da espera - a meu lado nos outros bancos, quando ela me chamou, outra paciente estressada entrou na minha frente e começou a discutir com ela a portas fechadas. Eu ouvia a lenga lenga e quando surgiu um gancho, abri a porta e disse:

- Oi, Doutora. Eu também não quero mais ser seu paciente, tudo bem?

Então, fomos mandados, eu e a paciente estressada, para a assistente social e, agora, teremos outro médico.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Ontem, depois da novela, quando começou a passar o jogo de futebol, estava começando a ter sono, mas como quando há jogo, a novela acaba mais cedo, ainda fiquei um tempo na sala, e mudei de canal.

Não gosto de usar controle remoto, então, fui até à tevê para ver o que passava nos outros canais. Mas nada me interessou e fui dormir.

O friozinho que estava fazendo e o barulhinho da chuva fraca me fizeram dormir logo e quase não acordei durante a noite. Acho que me levantei na madrugada apenas uma vez para fazer xixi. Estava cambaleante de sono, aí, fiz xixi sentado na privada, feito fazem as mulheres.

Enquanto fazia xixi me lembrava dos eguns com que tinha acabado de sonhar e que estavam provocando vazamento na caixa de descarga. Eu tentava consertar o vazamento, enquanto ele me olhava arisco, da copa, em frente à geladeira.

Então, silencioso leit@r, não sei ao certo se sonhei que fui ao banheiro ou se fui mesmo, porque os eguns estavam fazendo traquinagem era lá.

Pela manhã, num outro sonho, eu estava trepando com a Regina. Aí, quando ela subiu no meu peito com a buceta aberta na minha cara e me perguntou se a buceta dela não era linda, eu disse que estava com sede e saí da cama para beber água. Acho que fiquei nervoso he he he!

quinta-feira, agosto 04, 2011

Quando chega a segunda-feira e passam os dias do meio da semana, sinto um grande alívio, porque, no que Pedro diz ser o meu condomínio, entra um silêncio delicioso e, então, os barulhos que vêm de mais longe, amortecidos pela distância, ficam agradáveis, sem aquela zoeira de final de semana com toda a vizinhança ouvindo músicas diferentes e gritando ao mesmo tempo.

Quer dizer, silencioso leit@r, neguinho não tem noção da privacidade alheia e o pessoal de baixo é foda, fica uma barulheira que não consigo fazer nada mais, nem mesmo ver televisão em casa, que é onde a gente vê televisão.

E ainda noutro final de semana, ouvi a vizinha de trás gritar:

- Quem não mora bem, que vá embora!

Eu sei que tem a alegria da convivência e tudo que os meus vizinhos sabem aproveitar e que eu tenho preferência pelos meus próprios barulhos, quer dizer, que, às vezes, estão tão dentro de mim que ninguém mais ouve. Mas, aí, nos finais de semana, sei que estou no lugar errado, e, pow, minha casa não é meu lugar?

quarta-feira, agosto 03, 2011

Havia um mendigo baixinho e sempre bêbado que passava as noites na esquina, dentro de um carro abandonado. Numa manhã, deram com ele morto dentro do carro velho e isso foi o assunto do dia na rua. Depois disso, veio outro senhor morar aqui. Vejo que ele sobe uma das ruas do morro e some lá pra cima. Ele está sempre acompanhado de uma cachorrinha vira-lata, a que ele chama de Piranha. Às vezes, quando estou no ponto do 30, ele aparece, descido do morro, e puxa assunto. Um assunto débil de bêbado para o qual não tenho dado importância, embora tenha paciência em ouvi-lo.

Como o outro mendigo, esse cheira a cachaça e tem os olhos remelentos. Está sempre muito bêbado e sujo. É nojento, quando se aproxima fedido.

terça-feira, agosto 02, 2011

Já passei tempo demais a dormir cedo – como disse, desde 1998 - e por conta disso, essa parece ser minha natureza. Uma natureza artificial, é verdade, que consegui pelo efeito dos remédios. Mas estive pensando que, se acaso um dia, eu parasse com os inibidores de protease, mesmo assim, escolheria dormir cedo, logo que acabasse a novela.

Acordo todos os dias muito descansado e ainda me lembrando dos sonhos mais fortes que me acometeram nos minutos anteriores ao abrir de meus olhos.

A intensidade com que eu vivo as minhas manhãs, faz com que eu tenha amnésia das coisas que vivi nos dias anteriores e caso eu queira me lembrar do que tenha me acontecido nos dias passados, tenho de fazer grande esforço para recordar. Raramente desejo ter as lembranças, daí, que minhas manhãs são, assim, zens, silencioso leit@r.

Fui.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Parei de dormir tarde em 1998, quando os inibidores de protease da época, produziam tal exaustão, que não me aguentava de pé e emborcava sonolento no sofá com a televisão acesa. Daí, para minha cama era um pulinho à toa. Esses inibidores de protease já caíram de uso e a rede pública de saúde nem distribue mais.

Depois, quando surgiu um outro remédio desses que sou obrigado a tomar, moderno e menos cansativo, achei que fosse retomar minha natureza insone, sei lá, e fosse querer caminhar pelas ruas da cidade vazias e escurecidas com o buraco do céu cheio de estrelas em cima, com a brisa da noite batendo na cara e tudo, ou ver televisão até mais tarde ou ler, mas aí, silencioso leit@r, esse outro remédio, moderno e menos nocivo, me embebeda de tal maneira, que meus pensamentos ficam estranhamente viscosos e pesados, encrostados de uma pele, assim, encouraçados, que, então, me recosto para apreciá-los e pimba. Durmo cedo.