sábado, dezembro 28, 2019


Ontem, a gente viu o programa da última polêmica, agora, do jesus gay. Achei que a rapazeada zona sul do Rio, que faz o programa, homofóbica como a outra rapazeada zona sul que jogou bomba no prédio deles. Por muito tempo, a buceta da mulher era, para o cristianismo, a metáfora do demônio, o sexo criador, que se confronta com o ato divino da criação, era o pecado do homem. Agora, o sexo viado, silenciado por séculos, entrou na roda e, com a buceta da mulher naturalizada, virou o sexo pecador, o demônio no deserto de Cristo. Me poupem.

Crocodilo

A Crocodilo foi que ganhou o nome do disco. E que no fim,
definiu sua capa. A gente fica fazendo um monte de elucubração pra montar algo e,
no final, os pedaços todos que contribuíram para a coisa inteira são apenas
vestígios, talvez, desimportantes. O caso é que por conta de o disco ter cada
uma de suas faixas espalhadas por artistas-compositores diferentes e por conta
de haver essa música “Crocodilo”, eu tinha pensado no corpo de Osiris espalhado
pelo Nilo. Também poderia ter pensado num Frankstein ou ter pensado numa outra
coisa, outra música para nomeá-lo, e, a verdade é, que o caso é este, a ideia
do disco e de seu nome é do Felipe Castro, produtor de meu anterior “Poema
Maldito”.
Eu também de um tempo pra cá tenho pensado nisso, nas coisas
que a gente pensa e faz e sente e vê, sei lá, todas as coisas que têm como fim
a produção de uma música, de uma capa, de um disco, que como disse no início,
pode ser mesmo desimportante, mas que pode como satisfação, dar valor pra o
lance da gente, o que me lembra aquele ditado de mamãe: o que engorda o gado é
o olho do dono. Também me lembra o que ouvi de um distribuidor de música uma
vez: ultimamente, uma música pra ter escoamento, precisa de um texto. Também,
um diálogo de um filme que vimos esta semana, em que o jornalista chama uma
artista de impublicável por ela não saber explicar a sua performance. Também me
lembra Jesus, quando pede perdão pra os que não sabem o que fazem. Mas sobre a
Crocodilo, essa minha música, eu não sei o que dizer, gente. É uma música que fiz,
ué.


Ouçam:



A jornalista e curadora de música Mônica Ramalho tem um perfil no Instagram #laranjaéacordovestidodela onde expõe capas de discos do ano. Fiquei orgulhoso de o Crocodilo ter aparecido lá. Para os que, acaso, queiram se inteirar de quem tem feito música por aqui, vale conferir:
https://www.instagram.com/laranjaeacordovestidodela/



terça-feira, dezembro 24, 2019

Antigamente

Ainda sobre a Antigamente, me lembro de tê-la feito, quando
mamãe ainda estava viva e morava comigo na Casa de Trás, que posso ver da
janela, aqui, do apezinho onde moro agora. Comecei a fazê-la como quem fosse
contar uma lembrança, mas enquanto lembrava, foi ganhando autonomia e se
transformou numa construção independente da lembrança, uma novidade pra mim,
uma coisa que foi brotando a partir dela mesma, uma música, um texto, enfim.
E fico feliz de ter pessoas que vêm me dizer que gostam
dela, porque isso vai se tornando parte do seu corpo, como se fosse uma cola,
um troço que servisse para torná-la mais firme, mais forte, mais definida, viva,
menos fantasmagórica, assim, pronta para sumir numa gaveta. O corpo dela também
ganhou essa substância que formam as coisas que têm vida, por conta dos
artistas que vieram contribuir nela, acho a brasa na ponta do cigarro, tudo.

Antigamente​ (luís capucho) 

ISRC: BR - ZHZ – 19- 00001   
Voz e violão - Luís Capucho 
Baixo e viola – Vovô Bebê 
Guitarra – Victor Wutzki 
Bateria – Vitor Wutzki 
Sintetizador – Rafael Montorfano 
Baixo fim – Ivan Gomes 
Voz – Julia Rocha 
Gravação e mixagem RJ – vovô bebê no estúdio do vovô 
Gravação SP - Rafael Montorfano e Ivan Gomes no
Lamparina   

Produzido por Gustavo Galo 


segunda-feira, dezembro 23, 2019

Hoje o Victor Lambert mandou no in box essa tirinha que fez para Antigamente, a música com que começa o Crocodilo. Eu não o conheço ainda, mas ele é amigo do Leonardo Marona. Vocês podem imaginar a minha alegria de ver a Antigamente na sua tirinha, desse jeito, ne.

Sobre a Antigamente, o Bruno escreveu:

O disco começa e termina, por acaso, com muita fumaça e cigarros. A primeira, “Antigamente”, produzida por Gustavo Galo e com guitarras de Vitor Wutzki, é uma destas canções narrativas em que Luís conta uma história e insere reflexões que são antes impressões intelectuais não conclusivas a partir da experiência vivida. Cantada na primeira pessoa, o personagem se lembra que “antigamente/ quando não tinha mais nada/ na noite fria e quente/ saía para pedir cigarro”. Tendo conseguido o cigarro com alguém na rua, observa que “tem gente que gosta de ver símbolo nisso”, e concorda: “o fogo realmente tem muito significado/ e a fumaça que completa a gente com seu corpo meio transcendente/ assim fluido, aquece meu espírito frio”. A partir de então, a sensação da fumaça toma o corpo todo e se estende à própria sensação subjetiva da fruição do tempo, que “passa mais lubrificado, agarra menos, é mais livre, mais solto, mais gostoso, mais completo”. Adiante, Luís canta: “dizem que a vida não é só sexo, acha brasa na ponta do cigarro”, deixando entrever que se a vida não é só sexo, a premissa é sempre de uma presença intencionalmente sexuada. Emenda, para terminar, no refrão: “vou fumando noite adentro o cigarro que você me deu”; dividido com Júlia Rocha, que coloca sua voz de timbre a um só tempo sóbrio e sexual como numa cópula vocal uma nuance do “grão” da voz que é pra mim um dos pontos altos do disco.

Para ouvir é aqui:  https://www.youtube.com/watch?v=lHkkpQBCiYg


domingo, dezembro 22, 2019


Num filme, ontem, A Grande Beleza, o diálogo era assim:
- Gostou da performance?
- Partes dela. Aquela caabeçada violenta me fez entender muitas coisas. Vamos começar do início...
- Por que não do fim? Sabe Talita Concept gosta de provocar.
 Não gaste energia, há coisas mais importantes do que me provocar. E este hábito de falar na terceira pessoa é insuportável. O que você está lendo?
- Eu não preciso ler, vivo de vibrações, frequentemente extra-sensoriais.
- Abandonando por um instante a extra-sensorialidade, o que você entende com vibrações?
- A poesia das vibrações não pode ser escrita com a vulgaridadae das palavras.
- Tente, pelo menos.
- Sou uma artista, não preciso explicar nada.
- Então, vou escrever: vive de vibrações, mas não sabe o que são.
- Estou começando a não gostar desta entrevista, percebo um conflito.
- Como uma vibração?
- Como um chute no saco. Vamos falar de como o noivo de minha mãe abusou de mim.
- Não. Eu quero saber o que é uma vibração.
- É o meu radar para interceptar o mundo.
- Seu radar... o que significa?
- Você é um pé no saco. Talita Concept quer ser entrevistada por seu jornal, tem tantos leitores, mas você é preconceituoso. Escreva como ela faz sexo com seu noivo, 11 vezes por dia, ele é um artista conceitual talentoso, ele cobre bolas de basquete com confetes! É sensacional!
- Talita Concept fala de coisas que não têm o menos significado. Tudo o que ouvi é porcaria impublicável. Acha que me encanta com coisas como “sou uma artista e não preciso me explicar”. Nosso jornal tem um núcleo de leitores cultos. Não queremos ser provocados. Eu trabalho para o núcleo.
- Então, deixe-me falar sobre o meu sofrimento, mas como um caminho indispensável do artista.
- Indispensável pra quem? Pelo amor de Deus, minha senhora, o que é uma vibração?
- Eu não sei.
- Você não sabe.
- Você é um idiota obssessivo. Vou dizer à sua editora para me enviar um jornalista de estatura mais elevada.
- Um conselho: quando falar com a minha editora, use muito tato no conceito de estatura. Ela é anã.


sexta-feira, dezembro 20, 2019

Triste

Eu me lembro de há muitos anos alguém ter falado que minhas
músicas eram esboços de música. Eu nunca me esqueci disso. Eu posso até dizer
modestamente que são esboços, mas na verdade, não são. São músicas inteiras e
completadas na minha voz e violão. Como dizia mamãe, a pessoa que me disse isso
já foi pro inferno, não está mais entre nós. Mas me lembrei dessa estória, de
uma pessoa que se achava e que se foi pro inferno, por conta dessa
guitarra  reagae que o Marcos Campello
colocou na Triste.


Vejam:

quinta-feira, dezembro 19, 2019


Vovô Bebê é onde o meu disco ficou decantando, no seu estúdio no Jardim Botânico, perto da Lagoa, o Crocodilo. Foi, na verdade, quem concentrou o disco e que fez a produção das músicas Crocodilo, Edson do Rock, Quando é noite, Virgínia e eu, e junto com o Bruno Cosentino, da Acalanto do Amor. E foi um lance engraçado, eu tinha respondido a alguém com quem falava aqui no facebook: pow, você ta me tirando? E, aí, numa de minhas idas até lá pra resolver o disco, Vovô me perguntou se eu topava participar com ele de uma das faixas do seu Briga de Família, a Saparada. Claro, ué!
Mas o modo de falar na música, estou mais descolado, quando escrevo. Porque posso falar desse jeito, quando estou muito comigo, profundamente comigo. É um lance mais íntimo, que não sei socializar e tal. Lance só em família, que nem tenho he he he!
Então, gostei muito, porque pude levar pra superfície, destravei, desenrusti. Além do que, o Vovô é pra mim, na minha singela compreensão, um compositor de verdade, que tem inspiração na música, que tem fluxo e fluência nela, no amor.
Vejam:


quarta-feira, dezembro 18, 2019

A Cérebro Independente, fiz pra o Marcos Sacramento cantar, meu amigo e parceiro de muitos, muitos anos. Ele chegou a cantá-la em dois ou três shows, mas depois ela caiu. Com ele, ficou um samba pauleiríssimo e uma vez ele veio tirar uma dúvida comigo sobre a letra e conversamos dela. Hoje acordei me lembrando disso: a libertação do corpo no samba e a liberdade de pensamento, que são as coisas que se truncaram na letra e tal. Eu sempre acho que as coisas não têm mesmo explicação e acho também que estou bem com isso. O Lucas de Paiva foi quem produziu essa faixa pra mim e ficou uma maravilha, vocês podem ver:
https://www.youtube.com/watch?v=qzUSemNuCXc&list=PLgKrU4qrSULrtC2_oRAhkpErAyMRB1xOu&index=2

sábado, dezembro 14, 2019

O narrador do Diário da Piscina é hiper-fã do Gilberto Gil.
Eu andei pensando sobre esse meu livro mais do que andei pensando sobre os outros que fiz. Isso porque o escolhi como tema de meus encontros nas escolas de cidades de alguns estados, promovido pelo SESC, no projeto Circuito de Autores, nesse 2019.
O que encontrei na internet de mais inspirador para falar dele, foi um trabalho da artista carioca Marília Garcia, chamado Tem País na Paisagem -  https://www.youtube.com/watch?v=qEQfXg4b9Ko. Porque além do tema da repetição, o diário também brinca com essa palavra “país”, que é uma palavra que fica boiando na água da piscina, como brincasse um barquinho de papel.
Mas essa postagem é pra falar mesmo de Gilberto Gil - de minha surpresa e alegria - cujo show é profetizado no meu Diário:
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/reveillon-2020-gilberto-gil-fara-show-principal-da-praia-de-icarai-em-niteroi-24109505?fbclid=IwAR1i-opdXsqTEhIDJ9_LrY_hfh0ibaCp_H7zYomaFi1V9SUfJGcegrUA1Gc

quinta-feira, dezembro 12, 2019

Quando É Noite

Esse lance de lançar disco é uma coisa louca.
O último lançamento que fiz não foi de música, foi do livro
Diário da Piscina(editora É/2017). E, aí, foi legal, que conseguimos lançar nas
capitais do Sudeste. Saímos, eu e Vitor e Pedro e fomos. Em Sp, tivemos mais o
Tulio, a Julia e o Gustavo Galo. Aqui no Rio, o Prática de Montação, na Gamboa.
Em Vitória, no Sesc Gloria, com o Fabrício e David. Em BH, com João Santos, no
171. O livro é solitário, mas é um monte de gente. Então, foi um livro que
saímos lançando. Depois, ainda fizemos mais lançamentos dele no Circuito de
Autores, no projeto Arte da Palavra, do SESC, onde circulamos por várias
cidades dos estados da Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Foi um
lance muito feliz!
O Crocodilo, esse início de lançamento, tem sido apenas e,
por enquanto, virtual.
Hoje acordei pensando nisso. Qual matéria física é essa do
meu disco, que nuvem é essa que começa e termina nele, com fumaça de cigarro?
Enquanto o livro é solitário, mas um monte de gente, o disco
Crocodilo é um monte de gente e solitário, no sentido de inteiro, integral,
único e tal. E também tive a sorte de os amigos estarem mostrando pros amigos,
tem umas pessoas incríveis que vieram falar comigo e tudo.
Também, teve um menino de Pernambuco que apareceu do nada no
meu in box, com muita insistência e repetidamente, ele disse, pelo amor de
Deus, se inscreva no meu canal. Free Frire. Por conta da insistência, quis
saber com ele o que era isso. Ele disse que é um jogo. Pediu que eu pedisse a
todos os meus amigos que se inscrevessem no canal dele. Eu disse que não vou
fazer isso com meus amigos, mas eu próprio me inscrevi no canal dele.
Voltando ao Crocodilo, eu queria que os amigos ouvissem e
mostrassem pra quem acharem que vai gostar. O Vovô Bebê foi quem produziu,
incrível, a Quando é noite, que vou mostrar, hoje, junto de Acalanto do Amor as
de que mais gosto. O Bruno Cosentino disse:


“Outro tema que salta na audição de Crocodilo é a tristeza.
Como disse, a meu ver, o canto de Luís é um canto da saúde; então, a tristeza —
doença da alma — é seu avesso; tratada, no entanto, de modo investigativo, pois
sempre acompanhada de uma reflexão mansa e inquieta, que, por sua vez, a
ultrapassa. Esse é o motivo principal de duas canções do disco: “Quando é noite”
e “Triste”. Na primeira, um blues, ele canta: “Quando é noite e tenho de compor
os meus pedaços/ como se eu fosse depois da explosão da vida, do mundo, da
existência louca” ou “e a gente vê que vai perdendo tudo/ e a gente vê que não
entende mais nada/ a gente vai se envergando, se envergonhando, a gente vai se
retesando, a gente vai ficando muito triste”. Mas a noite, metáfora da
tristeza, é, de repente, atravessada pelo som de uma “guitarra alheia”, que
chega, portanto, acidentalmente. O som, que poderia ser apenas ruído,
reiterando o caos interno que vive o personagem, contém, no entanto, um
princípio organizador: “mas muito dentro dos mínimos requebros”. O ritmo, ainda
que um resquício mínimo dele, convoca o corpo à dança, ao ritual, e o harmoniza
com o cosmos e a vida coletiva, isto é, o retira de dentro de si e o devolve ao
mundo: “Ai, a alegria do voo dos pássaros lá fora/ e o brilho frio das
estrelas”; trecho da letra acompanhada de melodia que emula o livre movimento e
a dinâmica dos pássaros no céu.” 
vejam:

quarta-feira, dezembro 11, 2019


A primeira coisa que coloquei na minha Camisa de Apresentação foi o breve que mamãe me deixou. Depois, à medida dos shows, fui acrescentando as outras coisas. E num dia que o Alan esteve aqui, colocou uns babados de linhas douradas, uns babados dourados, no breve. Depois, o breve ganhou uma escama caída da roupa de sereia do ídolo Ney Matogrosso. Depois, umas bolinhas, bolinhas em tons vermelhos e um tanto translúcidos, que foram de Dona Lidia. E, assim, ele vai indo.
Eu apresentei umas músicas no final de semana que passou no Salão da Paula, com ela e Eduardo tocando comigo. Depois, coloquei a camisa no cabide e pendurei na janela do Salão. Uma hora, uma moça veio elogiar e eu corri pra explicar. Comecei a explicação pelo breve, mas na segunda frase, era tanta coisa, que não me veio nada à cabeça. Desisti e fiquei quieto. Ela saiu. Aí, veio outra moça, acariciou o babado e disse, é uma sereia! Então, fez todo sentido que eu tivevesse parado de falar para a primeira moça, porque essa era a explicação que eu ainda não tinha. Se a moça que veio falar primeiro não tivesse ido embora, era o que eu falaria. É uma sereia!
Fora isso, a cabaninha que eu e Pedro fizemos para a foto de capa do Crocodilo:


terça-feira, dezembro 10, 2019


O Intervenção Urbana é um programa de internet pr’aqueles que são interessados em música. É um orgulho pra mim participar como compositor, com as minhas músicas, e é um orgulho estar no meio do repertório de artistas que é do gosto do Shiraga, porque a gente acaba se interessando por todo mundo que ele toca. Também, eu sei, que ouvir um artista pela primeira vez, um artista, uma música que não conhecemos, pode acontecer de a gente não apreender de vez e, aí, fica aquela coisa de você ficar olhando de fora, meio sem jeito e tal, sem saber se vai pra dentro, se não vai. Mas o programa do Shiraga é de primeira. Logo no início das músicas você já quer entrar e ficar.
Entra aí:

segunda-feira, dezembro 09, 2019

Virgínia e Eu

A “Virginia e Eu” é no clima do Virgínia Berlim [uma
experiência] do Luiz Biajoni, para a comemoração de seus dez anos de
publicação. E eu fiquei feliz demais, porque o Pedro resolveu voltar a fazer
seus clipes de minhas músicas. E mais feliz, porque a Romilda Martins Soares
topou entrar na viagem dele. E achei tão bonito o clima que ficou, a encenação
dela, os retratos dela no celular do Pedro, uma maravilha!
O Bruno Cosentino diz assim dessa última faixa do Crocodilo:

“Na faixa Virgínia e Eu, produzida por Pedro Carneiro
(também última a entrar na coletânea), Luís constrói uma melodia circular por
adições de versos. De modo intuitivo, pequenos trechos de uma longa frase são
acrescidos de outros, que ora são repetidos por inteiro, ora não, o que cria
uma sensação de devaneio envolta pela fumaça que aqui se torna palpável,
revelando, ao fim, como que se descortinando por detrás da vista enevoada, dois
personagens, e a pergunta: “o que aconteceu entre Virginia e eu?”



Pedro Carneiro é Vovô Bebê.
Um Cinema Orly para Copacabana:

domingo, dezembro 08, 2019




Por Mauro Ferreira
Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos

Luís Capucho, voz dos marginais, expõe sombras da noite no álbum 'Crocodilo'

Artista já prepara outro disco autoral com músicas inéditas, 'Homens machucados', para 2020.

06/12/2019 12h59 Atualizado há um dia



Maria Isabel Oliveira / Divulgação


A voz rouca de Luís Capucho – produto da incoordenação motora deste artista que desde 1996 convive com sequelas de doença provocada pela infecção do vírus da Aids – sempre ecoou o lamento triste e solitário dos que vivem à margem.
Álbum autoral de músicas inéditas que Capucho lança nesta sexta-feira, 6 de dezembro, Crocodilo reverbera a densa poética existencial deste cantor, compositor, escritor, artista plástico e poeta que versa sobre o amor e o sexo praticados no submundo, nas sombras do lado escuro e gauche da vida noturna.
Artista de origem capixaba radicado em Niterói (RJ) desde....


https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2019/12/06/luis-capucho-voz-dos-marginais-expoe-sombras-da-noite-no-album-crocodilo.ghtml











sábado, dezembro 07, 2019


Como vocês podem ver, estou exultante por conta de meu disco novo Crocodilo, enfim, estar disponível na internet pra os amigos ouvirem. É uma coisa assim. Na verdade é um disco coletivo, cheio de artistas dando estofo pras músicas. É cheio de detalhes, que terei o prazer de ficar contando, amiúde, pelos dias e tudo.
A última faixa do disco, produzida por e no Vovô Bebê, se chama Virgínia e eu. É uma música que tem o ambiente de um livro que li do Luiz Biajoni, o Virgínia Berlim. Mas eu tinha me esquecido como eu fazia pra tocá-la. Então, eu amo demais o Vitor Wutzki, porque ele me ensinou como eu fazia. Além de melhorar a música pra mim, coisa que os artistas fazem.
Quem é de violão, Vitor é professor.
Vejam:

sexta-feira, novembro 29, 2019

O Rogério Skylab tinha feito um elogio à Eu Quero Ser Sua Mãe, música do Cinema Ìris e, na minha cabeça, foi por isso que a Jôsy veio no meu in box e elogiou o disco ou a música e ficamos conversando, é muito legal poder conversar com quem gosta da gente, e ficamos amigos de internet e depois, o Douglas, que era seu namorado na época entrou na conversa e ficamos todos amigos virtuais. É uma coisa delicada, cheia de dedos e também de perder a mão, a gente resolver contar assim a estória de uma música, porque tem muita emoção dentro, vocês sabem. Mas o fato é que um dia o Douglas, que era namorado da Jôsy, me disse que era aniversário de namoro com a Jôsy e que tinha feito um poema pra ela, se eu musicaria.
Eu disse que, sim.
O disco Crocodilo é um disco que tem cada uma de suas faixas produzida por um artista da música especial e diferente entre a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de São Paulo. Então, cada música tem uma estória particular que se mistura com a estória de sua produção, e cada música tem uma longa estória. O Bruno Cosentino é quem tinha dado a ideia de distribuir as músicas pelos artistas do Rio e SP e foi ele quem ficou de produzir o poema do Douglas pra Jôsy, Acalanto do Amor. A música foi das músicas do disco, a última a ficar pronta. O osso dela é o meu voz e violão, que o Pedro Fonte cercou com uma bateria osso e que definiu todo o restante dela. Eu adorei demais a bateria dele, porque ela cercou com o máximo de amplitude, enlargueceu total a estrada por onde passou a melodia, circulou a melodia toda numa circunferência grande, essas coisas que a gente não sabe dizer, e que ficou depois com os vocais-maravilha e outros intrumentos andantes do Vovô Bebê dentro!
Além disso, escolhi essa música pra fazer um video e fomos à praia semana passada, eu e Rafael Saar, porque a praia serve de pretexto pra muita coisa, inclusive para fazer um video do Acalanto do Amor. Fizemos uma primeira parte e a outra vai ser aqui no apezinho, com Will.

quinta-feira, novembro 28, 2019


Faz um tempo estivemos aqui no facebook fazendo campanha para a derrubada do veto presidencial à lei Renato da Matta, que é uma lei que desobriga aos HIVs aposentados de novas perícias, já que é sabido dos efeitos colaterais dos antirretrovirais e da qualidade de doença degenerativa, que é a AIDS. Os amigos arrasaram na ajuda, enviando e-mails para o congresso pedindo a derrubada do veto. Ajudaram muito. O veto foi derrubado e a lei ta valendo.
Só que a lei não retroage e quem teve a sua aposentadoria cassada está às voltas com a justiça pra fazer a lei valer, fazer com que a lei seja pra todos. Isso é de uma incompreensão grande, criar uma lei que não abrange a todos que teoricamente são abrangidos por ela. A página Sobreviventes da AIDS - https://www.facebook.com/SobreviventesdaAIDS/ - é que mantém a denúncia do descalabro, porque tudo isso é como um tiro na cabeça de uma população já frágil. Não podemos deixar isso quieto!

quarta-feira, novembro 27, 2019


Então, continuando sobre os muitos dedos, há também o seu contrário, que é perder a mão. Então, eu fico sempre na sombra disso, no leque que se abre entre esses opostos, que são lugares onde estou, mas onde em algum sentido não quero estar e noutro sentido, sim.
Então, eu estava aqui olhando a vida e nas vezes em que fico aqui – nós até estávamos falando disso, eu e Pedro – chega um momento em que a gente quer sair de tudo, não quer ir, quer parar. Isso é uma coisa que acontece com todos, de querer sair, se sumir e tal. Mas isso não é uma coisa triste, não, porque é normal, ne. Então, eu fico aqui embalado pela internet, pelo devaneio, mas sei que existe a possibilidade de sumir também, quer dizer, de não ir em nenhuma direção, de escapulir, de transcender o movimento das coisas, o tempo dos enredos e tal. É uma coisa que tenho comigo e que a melhor tradução disso foi a Iracema quem falou um dia, em SP, ela disse: Não sou abrigada!
O papo é que tou seduzido na idéia de lançar o meu disco novo, um disco virtual, o Crocodilo, eu tou na boca disso. Então fico no leque entre o cheio de dedos e o perder a mão. Ao mesmo tempo que com um “não sou obrigada!” aureolando a coisa, o Crocodilo de boca aberta, cheia de dentes e tudo.
Nisso, no meio e durante essas coisas, eu e Pedro fizemos uma foto:


terça-feira, novembro 26, 2019


Esse lance de fazer um disco, um livro, fazer um quadro, é coisa de gente cheia de dedos, porque essas coisas são muito ricas e muito juntas, muito ligadas dentro da gente, então, eu fico no esforço de voltar pra mim, de voltar pra os dedos de minha mão que, depois, vão aparecendo outros e fico cheio outra vez. Quer dizer, eu sempre acho que não farei mais música, que não farei mais livro. As Vizinhas de Trás, não, porque elas são sempre a repetição delas mesmas, mas as músicas e os livros, que acho que não aparecerão mais, acabam aparecendo de novo e estou na boca de abrir a boca do Crocodilo, sua boca cheia de dentes, as mãos cheia de dedos e, depois, volto de novo a ficar desdentado, e volto a ter dentes e dedos. Assim, rico outra vez!

quinta-feira, novembro 21, 2019

Ontem, à noite, estive olhando pra minha sala, pras caixinhas de som que eram do João - irmão do Pedro - e que temos usado nas apresentações das músicas. Eu estava olhando pra elas e esse negócio de ter uma casa em ordem, é uma questão pra mim, esse lance de ter um lugar que é fora de mim, mas não é, porque tenho sido um cara que fica muito em casa e tal. Quer dizer, eu me movimento muito aqui dentro, no apezinho, ao mesmo tempo que o apezinho é motivo de meus pensamentos se moverem, o meu âmago se mover, meus sentimentos se moverem também.
Por exemplo, minha Vizinha de Baixo deu-me de presente uma cortina azul de plástico. É o presente mais lindo que ganhei nos últimos tempos, talvez, no tempo de toda a minha vida. Parece exagero, mas não é, não. Então, eu pensei em ter todo o resto do apezinho em função dessa minha cortina de plástico azul, uma coisa parecida como o modo com que fui completando minha Camisa de Apresentação, quer dizer, tudo em função de um breve que mamãe me deixou e que é o seu centro.
Daí, que se eu quiser que o meu apezinho seja um complemento de minha cortina azul de plástico, tenho que conseguir outro lugar pra ter guardadas as caixinhas de amplificacão, ta ligado? As caixinhas de amplificação que são um dos presentes mais lindos também que ganhei do João:


quarta-feira, novembro 20, 2019


Durante as vezes em que andamos apresentando as músicas pelas casas dos amigos e a que demos o nome “De Casa em Casa”, o Edil, quando iríamos apresentar as músicas no Marcio, disse que tinha uma surpresa. Eu disse a ele que nos surpreendesse na abertura das músicas e a surpresa foi a leitura de cartas que lhe mandara nos anos 80, 90. Suas leituras, que eram muito teatrais, fez, depois, parte de alguns outros De Casa em Casa, no Eduardo, no Bruno, por exemplo. Depois, seis dessas cartas foram publicadas no meio do ano, na Revista Amarelo, numa edição cujo tema era “arquivo”.
Quando estivemos em Vitória para o show no Centro Flutuante e para a conversa no Thelema CT, surgiu uma conversa de publicar essas cartas, que são um registro mais perto do meu corpo, daquilo que auto-ficcionei em meus livros Cinema Orly, Rato, Mamãe me adora... daí, que tou digitando as cartas e entrando nesse mundo que hoje é ficção pura, porque só existe ali naquelas cartas, saindo daquelas letras.
Fora isso, tenho estado às voltas com os preparativos para lançar, tornar público, um disco que preparamos. É um disco com uma história muito do bem, um disco coletivo, em que participa uma cambada de outros artistas da música da cidade do Rio de Janeiro e da cidade de São Paulo. Como os outros discos que tenho, esse é um presente. Me desejem sorte, plis. Chama-se Crocodilo! Quero conseguir ainda esse mês que ele fique na internet pro povo ouvir.  Queria a ajuda de vocês pra que o máximo de pessoas saibam que ele existe. O Felipe Castro, que fez o Poema Maldito comigo, está preparando a capa.Tou ansioso aqui, nos últimos preparativos, alinhavando tudo, não quero perder nada e ninguém!

sexta-feira, novembro 08, 2019

fala pra ele que eu mandei um abraço - língua bifurcada

O Língua Bifurcada (Tulio e Felipe) uma dupla pós-punk,
pós-pornô, queer, pós-maldito que tocou no Centro Flutuante – Vitória, comigo.
Estou nomeando-os dessas palavras modernas e ainda os nomearia de outras palavras
e tudo. Mas sem palvras também é bom.
Vejam no sentido:
https://www.youtube.com/watch?v=AhNL1pcJO4I&feature=youtu.be

quinta-feira, novembro 07, 2019

Fonemas

Eu tinha pedido a meus parceiros que me dessem letras muito
simples, pra que eu pudesse traduzir num acorde só, que eu tinha conseguido
reaprender no violão. Pedi letras que não tivessem emoção nem pensamento com
curvas ou altura, pra que eu pudesse traduzir na minha voz reta, causada pela
incoordenação motora de minha língua, sequela de um coma por neurotoxoplasmose,
por HIV.
Aí, quando eu consegui fazer dois acordes, Marcos Sacramento
me deu a Fonemas.


Vejam:

quarta-feira, novembro 06, 2019

A música do sábado

A Música do Sábado (Kali C Conchinha/luís capucho) foi de onde brotou a Mais uma Canção do Sábado ( luís capucho/Alexandre Magno), a primeira do Cinema Íris(2012) e a segunda do Poema Maldito(2014). Esse é o último registro dela, no celular do Pedro, em nossa apresentação de Finados no Centro Flutuante, Vitória – ES.

terça-feira, novembro 05, 2019

As duas apresentações que fizemos em Vitória no fim de semana – sexta, no Thelema ct e sábado, no Centro Flutuante, tiveram um grande sentido pra gente e Vitória, além desse nome lindo é uma cidade com uns recantos que são uma maravilha, quer dizer, Vitória não deve em nada às cidades de sonho, uma coisa que tenho comigo, alucinação e amor.
Agradecido demais ao Thelema CT e ao Centro Flutuante - Felipe Abou Mourad, Tulio (Língua Bifurcada), David Rocha, Ruth-Léa Souza Rangel e Fabricio Fernandez pelo papo sempre cada um na sua e juntos!

quarta-feira, outubro 30, 2019

A gente ta se preparando para ir à Vitória – ES para falar dos livros, no Thelema CT dia 1º de novembro e mostrar as músicas no Centro Flutuante no dia 2. O Fabricio Fernandez já tinha conversado comigo sobre os livros, na Biblioteca do SESC GLORIA, numa outra vez em que estivemos na cidade. Foi uma conversa muito legal, acho que antes ou depois de eu apresentar as músicas. Eu fico muito feliz de ir nas cidades grandes, nas capitais, apresentar a minha música e meus livros. Por que eu sou da roça e essas cidades - Vitória, Rio, SP, BH - estão relacionadas no meu fundo com a riqueza. Eu sei que esse papo parece uma bobagem, mas não é tiração de onda. Eu, de verdade, tenho esse olhar em que as cidades grandes brilham cheias de glória.
Fora isso, além dos outros amigos, vou rever Vitor Wutzki e Felipe Abou Mourad no Centro Flutuante das músicas, do tótem, do circo armado delas, do peito, da mão, do pé.
Rumenick Ococha, vc vai?

sábado, outubro 19, 2019

É uma alegria pra mim ter reconhecida a força e importância social dos livros que fiz até agora. Isso é uma coisa que me surpeende e que, em alguma medida, me atemoriza, porque mesmo que a literatura faça de minha vida um livro aberto ou a música, eu mesmo, que habito nesse corpo onde estou, não sou seguro assim, fixo assim, amarrado assim, como um livro ou música é fixo e pode ser decorado, duramente decorado. Eu sou a parte macia da coisa, mole, derretida... he he he!
https://sesc-sc.com.br/site/cultura/os-escritores-luis-capucho-es-e-celso-borges-ma-aportam-em-sc-pelo-projeto-arte-da-palavra-sesc

quarta-feira, outubro 16, 2019


Eu morei um tempo, quando era um menino, numa cidade que tinha o nome de Marapé, uma cidade pertinho de Cachoeiro do Itapemirim e que, hoje, tem o nome de Atílio Viváqua, um antigo político parente da Luz Del Fuego.
Marapé ficou pra mim como um lugar mítico meu, porque Marapé não está mais onde está Atílio Viváqua e uma vez, Marapé esteve em Paquetá, quando estivemos lá, eu e Pedro. Já encontrei Marapé também na minha rua, que, às vezes, Marapé vem e a amendoeira que tem em frente ao apezinho, se cobre, envolve-se de Marapé e fica castanheira, porque em Marapé as amendoeiras são castanheiras. Mas lá, em Atílio Viváqua, não existe mais Marapé. Da vez em que estive lá, não tinha. Só na frente de nossos apezinhos e em Paquetá, é que ainda existe um pouco. Mas Marapé mesmo, o muito de Marapé, não sei mais onde está. Talvez, tenha ido parar em Belém. Quando estive lá, para o Arte da Palavra, esse projeto do Sesc que me levará semana que vem a Santa Catarina, vi Marapé, que estava lá, um sonho, uma cidade que vai voando, flutuante, uma nuvem.
Havia cobras verdes no cafezal e, ontem, tirei essa foto.
Chama-se cobra cipó:


segunda-feira, outubro 14, 2019


A gente foi ver a exposição do ai wei wei e no caminho, tirei fotos. Também tirei algumas da exposição. É uma coisa que eu já tinha reparado, quando tiro foto d’As Vizinhas de Trás, a impressão é a de que são mais belas nas fotos. Outro dia fiquei feliz, porque minha última As Vizinhas de Trás – Girafa, ficou mais bonita ao vivo.
Então, eu tenho reparado que a coisa que eu fotografei, recortada na foto, como que fica completa e melhor de ver, recortada, centrada ali, na moldura que a margem fotográfica faz. Isso aconteceu com a Praça XV também, o recorte da foto deixou a gente ver melhor do que vimos ao vivo, ela inteira mostrada pra gente, a gente acabou não vendo direito.
Acontece também quando nos fotografam e podemos nos ver, como quando olhamos no espelho. Não que fiquemos mais bonitos que ao vivo, embora, talvez, fiquemos. Mas recortados na foto, podemos nos ver melhor do que olharmo-nos num espelho. De qualquer modo, achei As Vizinhas de Trás – Girafa, melhor, ao vivo:

sexta-feira, outubro 11, 2019

A coisa mais linda a janela do apezinho.
O Edil comentou com um mapa do céu e perguntei o que quer dizer. Porque é meio como sentir o mar e não ver as coisas que estão dentro dele. Então, embora a gente esteja dentro do céu, embora a gente respire o céu e seja um seu habitante, a gente não sabe, como não consegue viver dentro da água.
Vamos ver se o Edil responde:

quinta-feira, outubro 03, 2019


A gente, eu e Celso Borges, vai fazer nossa última apresentação de nossos livros no projeto do SESC, Arte da Palavra. Fazemos parte do Circuito de Autores e já passamos por cidades da Bahia, Pará e Mato Grosso do Sul. Agora, serão três cidades de Santa Catarina: Joinvile, Canoinhas e Jaraguá do Sul. O Celso tem apresentado seu livro “ O Futuro tem o coração antigo” e eu o “Diário da Piscina”.
Tem sido um aprendizado grande pra mim, isso de apresentar o livro acompanhado de minha pessoa. Porque um livro não supõe a presença de seu autor e, especialmente, um diário é um tipo de escrita às escondidas e, por isso, já está suposto o desajeito – pra mim é uma alegria - da publicação dele e, depois, ainda vou junto, encarando a coisa, como diria o Rafael.
Então, tem a alegria de a gente ter sido reconhecido por uma empresa que também é o Estado, como escritores donos do que dizer no processo histórico em que estamos inseridos e tal. E a outra alegria de ser tão bem recebidos por todos, desde o pessoal inteiro dos Sescs, às escolas, tudo. Na confusão em que fico, não sei, talvez outra palavra que não confusão fosse melhor, mas na confusão em que fico, não me lembro se foi numa escola da Bahia ou do Pará, a diretora, em agradecimento ao meu depoimento de autor, veio com uma caixa de sabonetes roxos pra mim! Foi entre os presentes que ganhei nos últimos tempos, a coisa mais linda!
Vejam:


segunda-feira, setembro 30, 2019


Então, entonce, vosmicê, você, eu, tudo, meu corpo tentando posição pra sempre sem fim, meu corpo eterna abstração sentado diante da tela quadrada e pequena, como se chama isso, ecran, como se chama, tubo, se chama, aqui, chama, visor, espelho.
Meu wi-fy chama-se auréola, como são auréolas as palavras, como todas as coisas delicadas são um halo, são um falo, e bulem, sutilmente e muito no fundo dentro de mim quanta aurora amarela e verde. Se são cobras os meus cabelos, é preciso que homens acreditem e acreditando não tenham medo, porque sem o medo dos homens, meus cabelos podem existir e ser minhas serpentes. Com o medo deles, não posso existir tótem. Nessa semana irei ao Saara, quero comprar minhas cobras.
Bom dia!

sábado, setembro 28, 2019

Tou fazendo ess “As Vizinhas de Trás – Girafa”.
Girafa é uma música que fiz sobre o fato de eu e mamãe ficarmos, os dois, vendo TV em nossa sala. Então a música salta dessa estória que tenho com mamãe e entra noutra, que é a estória do disco Crocodilo, que estou perto de lançar na rede.
O disco Crocodilo é um disco-lado b das músicas que escolhemos para um outro disco chamado Homens Machucados. Todas essas estórias desdobram-se em outras novas estórias, mais simples ou mais enoveladas, mais finas ou volumosas, mais fáceis ou não. Mas fiquemos ou voltemos à estória de As Vizinhas de Trás – Girafa.
Ela será entregue à Claudia Castelo Branco, que foi quem produziu a música Girafa, do disco Crocodilo, desdobrado do disco Homens Machucados, em breve lançados, enredados no éter da internet.
Às Vizinhas que faltam fundo, darei fundos rosa e verde. A última delas, que não aparece na foto, tem cabelos vermelhos. E Claudia foi quem produziu essa faixa, Girafa, do disco, Crocodilo, onde colocou um piano inacreditável, vocês ouvirão, logo.

quarta-feira, setembro 25, 2019

A Vida é livre (luís capucho)

Nós tínhamos feito um show no loki bicho em São Paulo, sem
P.A. Então, surgiu de eu oferecer aos amigos tocar nas suas salas. Chamei Vitor
Wutzki, se poderia estar comigo, porque tendo outro instrumento que não eu
mesmo com meu violão, isso daria mais corpo nas músicas e, em consequência,
mais prumo na gente para apresentá-las.

Isso de me sentir mais aprumado, começou mesmo, depois que
fiz o Poema Maldito com o Felipe Castro e depois de ele ter topado apresentar
as músicas do disco comigo.

Então, tomar prumo ou tomar rumo, tem a ver pra mim com
ficar com mais volume e, por isso, vibrar maior, ter mais pujança, uma coisa
assim plena, cheia, inchada, soberba, que é também chegar junto, quer dizer,
isso só começa a funcionar comigo, se não estou sozinho. Daí, que gosto de
apresentar as músicas com mais pessoas além de mim mesmo.

Também, esse lance de mostrar as músicas foi se desdobrando,
crescendo e diminuindo, aumentando e baixando, subindo e descendo, de modo que
os De Casa em Casa tiveram vários formatos, eu e vitor, eu e felipe abou, eu e
paulo barbeto, um e outro e todos ao mesmo tempo incluindo o lucas.

A verdade é que o pulsar das coisas, mesmo que tenha virado
purpurina e, principalmente, por isso, não pára a vibração cada vez mais sutil,
pra sempre mais, mesmo que jogada pra baixo do tapete, na escuridão, no
esquecimento.

Foi tudo muito lindo. Tocamos na claudia, marcio, eraldo, liza,
paulo, leo, marcela, gabriel, eduardo, suzana, vini, alguns bares e centro
culturais autônomos, na casa do alexandre, do bruno, da kailane, SP, BH e
Vitória.



Eu tou falando isso, porque achei bonito esse registro de A
Vida é Livre, que fizemos no nosso primeiro De Casa em Casa, em janeiro do ano
passado, na casa do meu amigo, Ciro, em Nova Friburgo, registrado no celular do
Pedro:

sábado, setembro 21, 2019

Serpente (bruno cosentino/luís capucho)

A minha estória com os discos e livros é um tanto surpreendente. Eu só lancei o meu primeiro disco, depois que me verti num homem sequelado. Minhas sequelas motoras decidiram o diapasão em que eu seria ouvido, lido, exposto. Eu tava falando com o Maurício do medo que eu tenho com os livros, de minha exposição, que é um medo com a música também e, aí, ele foi à medida que o assunto ía indo, me mostrando o lugar da pessoa que lê ou da pessoa que escuta e mostrando que a exposição, o medo, tá aí, como ele disse, no livro, na música e não em mim e tal.
É um lance confuso, porque ta em mim também.
Esse é um assunto, na verdade, pra falar de um disco que eu e Bruno Cosentino estamos maturando fazer. A gente já começou a fazer as músicas. E dizem que hoje, com a modernidade da tecnologia é facílimo fazer disco, mas não é bem isso. Então, de meu primeiro disco pra o segundo se passou dez anos. E, agora, tou com dois discos engatilhados o Crocodilo e o Homens Machucados. Vão sair, espero!
Mais esse que tou fazendo as músicas com o Bruno.
Eu tava aqui em casa, um pouco longe da luz. Aí, gravei a Serpente. E coloquei no youtube.
Vejam:

terça-feira, setembro 17, 2019

Parado Aqui - Ave Nada

O Ave Nada é um alongamento do que o Prática de Montação
começou na peça Cabeça de Porco, o resultado de meus livros e músicas juntado a
elas, eles. Isso é uma coisa que me honra muito, poder dialogar de igual pra
igual com essa geração depois/antes/depois da minha, uma maravilha, uma
anarquia, uma perdição?


Pra quem não viu, um trecho, no celular de Pedro, no final
de semana que passou:


Um Diário da Piscina para Jacarepaguá - Rio.

domingo, setembro 15, 2019


O Eduardo tirou essa foto do Ave Nada, ontem, na Casa Vini, do Paulo pelado diante do altar que ajuda a fazer o ambiente onde estão colocados os registros do Diário da Piscina, na leitura Prática de des – Montação:


sábado, setembro 14, 2019

Hoje armamos nossa tenda Ave Nada.
Venham!


 AVE NADA
(vitor wutzki/luís capucho)


Com três anos de idade
Eu desapareci
No terreno vizinho
No final da curva, o Sol
Passageiro ou motorista

Voo dentro
do seu voo
Voo fora
da asa

14 de Agosto
eu não olho pra dentro de ninguém
A gravidade é muito longe
O dia me afoga
Uma piscina não
Faz isso

Peixe voa
Ave nada
O céu reflete
na água

Talvez agora alguém na rodoviária
Espere Werther, Monga
Espere Don Juan
Espere alguém perdido
e com as mesmas intenções que eu

Peixe voa
Peixe voa
Peixe voa



quinta-feira, setembro 12, 2019

Quatro horas da manhã e tinha esse lua do outro lado do apezinho.
Nesse horário de agora, ela sobe à minha direita, à frente da cidade. Falar assim das posições da lua e das minhas, da cidade, me causa grande confusão, no apezinho, já que não houve nenhuma decisão sobre pra qual lado devo me voltar para considerá-las.
Então, às quatro da manhã, ela descia do outro lado. Nesse momento ela desponta e sobe no céu sobre o apezinho.
Vejam:


quarta-feira, setembro 11, 2019

O que me junta ao Prática de Montação é que tanto eu como ele, dramatizamos coisas pelas quais passamos. Isso de reviver a vida nas coisas que fazemos é uma libertação, porque é a vida pela segunda vez, baseada nela mesma, agora, filtrada ali no livro, na música, na cena, ali, suspensa, no Ave Nada, nas minúcias que o Paulo vai contando sobre aulas de natação, sobre o que é nadar. O Ave Nada é muito mais que a junção de minha música com o Diário da Piscina. Porque construir esse mundo, formar isso com o Paulo, faz com que os textos do livro e das músicas fiquem outro. Assim, talvez, agora, alguém na rodoviária espere Werther, Monga, espere Don Juan. Espere alguém perdido, com as mesmas intenções que eu... peixe voa.

domingo, setembro 08, 2019


Sábado que vem, apresentaremos um Ave Nada bem cruzinho, na Casa Navi, em Vila Isabel e depois é o níver dele. O Pedro nos auxilia na produção e vai haver também outras atrações, estão todos convidados. Vejam plis, no evento: https://www.facebook.com/events/380641526187903/
O Ave Nada é uma segunda tentativa de juntar meus rocks. A primeira vez, foi quando entremeei a narrativa do Cinema Orly das letras de minhas músicas. O Ave Nada é o reverso disso, estamos colocando a escrita do Diário da Piscina, nas músicas. Então, o Paulo encena o Claudio, narrador do Diário da Piscina, enquanto entremeio sua encenação com a Inferno, a Parado Aqui, a A Masculinidade, a A Vida é livre...
Venham, plis.

sexta-feira, setembro 06, 2019

A primeira vez em que vi minha rua, eu devia ter 10 anos de idade. Cheguei em sua boca, olhei e pensei, ela não tem fim. Quarenta anos depois, moro no fim de minha rua e ela tem fim.
Vejam:

quinta-feira, setembro 05, 2019

Maluca | Luis Capucho

Porque hoje está um dia triste de chuva aqui em Nikity, faz
sentido que eu blogue, agora a minha música Maluca. È um registro de fevereiro
desse ano, quando estivemos na Casa Torta, em Campinas, SP. Nós havíamos
combinado um show na capital, no Cemitério de Automóveis e esticamos até Campinas,
onde dividimos o show com a Gabriel Edé e o Gustavo Galo.


Quem fez o registro foi Fabio Shiraga, do Limeira Colorida.
Éramos eu, Vitor Wutzki, Felipe Abou e Lucas Parente.

sábado, agosto 31, 2019

quinta-feira, agosto 29, 2019

Essa foto Pedro tirou no dia em que apresentamos as músicas, eu e Felipe Abou, no kit do Paulo Barbeto. A foto centrada n’As Vizinhas de Trás, não é pra mim exatamente a lembrança que ficou. Porque o modo como eu vinha me relacionando com as músicas e o modo como elas, por elas mesmas, junto aos livros e Vizinhas, estavam para ser executadas, foi o que resultou naquele encontro com os meninos e meninas do Paulo, quer dizer, a Prática de Montação.
E sabe aquilo de o baseado ser apertado acabada a apresentação, tipo, a noite começa depois? Então, foi assim.

terça-feira, agosto 27, 2019

Realmente, me sinto bem feliz por estar enturmado com outros artistas e nessa sexta que vem estaremos enturmadíssimos. Primeiro vou participar do show do Bruno Cosentino, que foi, depois de eu ter começado a apresentar mais as minhas músicas, responsável pela aparição de minha Camisa de Apresentação. Isso vai ser em Botafogo. Depois, vou me juntar ao Lucas Parente, no baixo, e Vovô Bebê, na guitarra, na Lapa, para abrir o show de Lucia Santalices. Também chamei ao Paulo Barbeto pra falar um trecho do Diário da Piscina, na Inferno.
Ôh Glória!




segunda-feira, agosto 26, 2019

Eu fico feliz demais e cheio de entusiasmo quando outros artistas da música me elogiam gostando das minhas. Isso é uma coisa antiga e não é que eu fique mostrando-as só entre nós, amigos compositores. É que acho que sou mais tímido e somente depois do Poema Maldito é que comecei com os shows com alguma constância.
É uma coisa difícil, requer um investimento subjetivo, sair mostrando elas. Requer também um investimento de grana e isso eu não fiz, e não há nada nem ninguém que tenha aparecido para empreender isso, digo, com dinheiro. Eu tou falando assim, porque gerar essa vibração interior para mostrá-las, tem muito a ver com esse coletivo de outras pessoas artistas que aparecem pra mim e que me ajudam, sem saber, pra que eu forme em mim, como dizer, a chama de mostrá-las?
Então, é um fluxo de coisas que vão se achando e se formando e eu fico abismado, sim, porque há artistas pra quem isso não é uma questão, que pra mim, vai se formando pra sempre. Então, cheguei a um lugar e esse, ao mesmo tempo que se forma e se auto-ocupa, vai se deixando em outro e é esse o movimento. Ontem, eu e Pedro, fizemos esta foto:


Luís MMXIX

sexta-feira, agosto 23, 2019

Um dia frio assim e vou poder não sair de casa e tomar um banho quente. Hoje 23 de agosto de 2019 faz 23 anos de meu coma que modificou radicalmente a direção da minha vida, porque fiquei com a sequela motora, hoje, amainada. Fora isso, eu e Sacramento, num show que os amigos fizeram no teatro Carlos Gomes, pra pagar a conta do hospital:

quinta-feira, agosto 22, 2019


Depois das desaposentadorias e tudo o mais acontecendo a gente continua a vida torturada aqui atento aos absurdos, de tal forma que a chuva caindo em torno ao apezinho agora não vai inundar o vale, não vai afogar os vizinhos de baixo, os de trás, os bichos todos no entorno, os passarinhos nas gaiolas do vizinho de trás do de trás?


quarta-feira, agosto 21, 2019

Eu tou curtindo demais que meus livros e músicas tenham chegado ao lugar onde estão, quer dizer, talvez, agora, seja só mesmo deixá-los vibrar por eles mesmos, enquanto estou a me preparar pra dar um jeito na casa. Entre isso e sair para mover algo na rua Miguel de Frias. Entre isso e preparar o meu almoço. Entre isso e os próximos livros e músicas.

Sobre o lugar onde estão, quero dizer que ficaram sem moverem-se para trás, ganharam posição no halo das coisas vivas, foram pro alto, pro céu, entre as órbitas de outros corpos etéreos, como fazem as coisas mortas.

É isso aí!

segunda-feira, agosto 19, 2019


Eu, no violão, e Eduardo, na guitarra, olhando para Paulo Barbeto dramatizando a leitura do Diário da Piscina, no Salão da Glória e Paula, sob o olhar da última. Para ontem, minha Camisa de Apresentação ganhou de Elizângela duas medalhinhas: uma Nossa Senhora da Penha e a outra, Nossa Senhora das Graças.

domingo, agosto 18, 2019

A gente apresentou, ontem, as músicas com trechos do Diário da Piscina – o Ave Nada – eu e Paulo Barbeto, no Salão da Paula. O Ave Nada ficou muito mais lindo com a percusão dela e a guitarra do Eduardo. Pedro é produtor a-efetivo. Hoje vai haver outra vez. Estão todos convidados!



quinta-feira, agosto 15, 2019

O mundo inteiro sabe que o Pedro com a Carina estiveram com a Paula no Atelier de Indumentária e que isso ficou uma coisa meio fora, meio dentro, exatamente assim, meio a meio, tipo, são dois pra lá, dois pra cá, sentindo frio em minh’alma e tudo. E sabe também que eu e Paulo, no fim de semana passado abrimos essa frente Ave Nada, nuns amigos dele na Urca e que junto a tudo é o aprendizado da vida, brincos iguais ao colar e a ponta de um torturante band-aid no calcanhar.
O caso é que vamos levar um pedaço do Ave Nada para a Jam Session do bazar-brechó, em Botafogo, nesse fim de semana. E, dessa vez, o Ave Nada ganha a guitarra do Eduardo e a percussão da Paula. Tudo em meio às roupas no varal, que no fim são o motivo de tudo, roupas, roupas, roupas...
Estão todos convidados!
Vejam:

terça-feira, agosto 13, 2019


Há muita coisa acontecendo em torno ao apezinho.
Daqui ouço o trânsito escasso da rua e ouço os passarinhos e cachorros.
Galinha é passarinho?
Também as ouvi, um pouco antes de acordar, quer dizer, de sair da cama.
Estas coisas todas acontecendo ao redor dele, do apezinho, rumam pra onde, pra que acontecimento, pra que clímax, só pra o paroxismo da morte?
Tenho dito muito, já reparei em mim dizendo sempre que não sei das coisas que faço, não sei porque vivo, porque não me sinto pertencer ao fluxo continuado das coisas vivas, das coisas revivas, das coisas todas acontecendo ao redor daqui, dessas paredes.
Isso não é uma decisão que eu tenha tomado. Porque a morte não é uma escolha que eu tenha feito.
Fora isso, apenas arrumando o caminho do padre passar...