O “Cartas
para o Edil” publicamos com a É Selo de Língua, onde também foi publicado o “Diário
da Piscina”. Esses livros são, assim, remansos, onde o fluxo não é acelerado, onde
ele volta, circula, devagar e fundo, como arabescos, como folhas ou cabelos, um
ornato, uma moldura, se liga, acho que ficou bem dizer assim, porque tem outro
fluxo de que ele é a parte de fora, vamos dizer uma casca protetora, digamos
ainda, onde se entra no rio, ali, na prainha dele, muito gostosa, deliciosa,
onde ficam carrapatos na areia quente.
Quando Edil
levou os envelopes com as cartas que lhe mandei entre os anos 80 e 2000 e leu –
ele tinha os envelopes em leque nas mãos, como cartas de um baralho e ía num
amigo e outro que escolhia uma delas pra que ele lesse - entre as músicas que
apresentávamos eu e Vitor Wutzki, na casa do Marcio. Fiquei com muita vergonha,
as achei bobonas, também era o modo como eu estava à vontade com Edil e estavam
todos olhando, quer dizer, fiquei num Carnaval do Geraldo, do luiz tatit.
Claro que
depois disso e dos livros todos que escrevo sozinho aqui, não tem como não tentar
exercitar o meu à vontade social, porque os meus narradores são todos sem
vergonhas, as vergonhas dos meus narradores é toda descabaçada, arregaçada,
selvagem.
É isso.