terça-feira, julho 30, 2024

O “Cartas para o Edil” publicamos com a É Selo de Língua, onde também foi publicado o “Diário da Piscina”. Esses livros são, assim, remansos, onde o fluxo não é acelerado, onde ele volta, circula, devagar e fundo, como arabescos, como folhas ou cabelos, um ornato, uma moldura, se liga, acho que ficou bem dizer assim, porque tem outro fluxo de que ele é a parte de fora, vamos dizer uma casca protetora, digamos ainda, onde se entra no rio, ali, na prainha dele, muito gostosa, deliciosa, onde ficam carrapatos na areia quente.

Quando Edil levou os envelopes com as cartas que lhe mandei entre os anos 80 e 2000 e leu – ele tinha os envelopes em leque nas mãos, como cartas de um baralho e ía num amigo e outro que escolhia uma delas pra que ele lesse - entre as músicas que apresentávamos eu e Vitor Wutzki, na casa do Marcio. Fiquei com muita vergonha, as achei bobonas, também era o modo como eu estava à vontade com Edil e estavam todos olhando, quer dizer, fiquei num Carnaval do Geraldo, do luiz tatit.

Claro que depois disso e dos livros todos que escrevo sozinho aqui, não tem como não tentar exercitar o meu à vontade social, porque os meus narradores são todos sem vergonhas, as vergonhas dos meus narradores é toda descabaçada, arregaçada, selvagem.

É isso.


 

Nenhum comentário: