O Cassiano
Jesus é do Dinastia Zé, banda do ES com que toquei uma vez no Festival Velho Bandido,
em Cachoeiro do Itapemirim e que, depois, num desdobramento dela, outra vez, na
Lapa, aqui no Rio de Janeiro.
Moramos a
quantos mil quilômetros de distância? ... então, faz quantos meses, lhe pedi
que pusesse um som na Formigueiro e me mandei tocando, voz e violão, sentado
aqui na sala. Se poderia colocar um som nela e me mandar de volta.
Durante esse
tempo ele mandou versões de desenhos melódicos, versões com instrumentos diferentes
e não é que estivessem ruins, mas ou ele ou eu, tínhamos algum porém, até
quando me falou que estava com uma viola caipira.
E ficou essa
versão.
Ele disse:
“Esse foi um
processo longo e eu acho que ele se deu em cada detalhe, desde as conversas e
entendimentos que a gente vai sacando daí, de muita escuta do bruto e das
inúmeras versões dela que tem, de muita internalização: e ouvir, e ouvir, e ouvir,
e depois de muito ouvir tentar achar no teclado uma base que foi internalizada.
Depois disso transferi pra guitarra e já começou uma outra base mais simples,
disso já fiz outras coisas e imaginei um samba; nisso eu passei pelo processo
da caixinha de fósforo e enxuguei tudo, na minha cabeça existia ali um samba
bem marginal mas que ficou inacabado quando o Luís falou da ideia que tem de
suas músicas serem bem de viola caipira... A viola caipira é um instrumento que
eu nunca toquei, peguei pra estudar um pouquinho o instrumento e tratei de
procurar referências, tratei de ouvir Almir Sater, e lá pelas tantas após muito
tempo consegui parar pra compôr uma linha pra acompanhar o Luís: fui tateando
bem no escuro, estudando o que podia fazer e achando muito difícil porque além
de não dominar bem a linguagem do instrumento também não conseguia achar algo
que encaixasse, eu comecei ela na parte que muda da primeira pra segunda
estrofe baseado no que havia feito no teclado nessa hora, daí fui achando
caminhos mais palpáveis de coisas que já vim mais ou menos construindo na
guitarra incrementando com algumas coisas mais peculiares da viola e intuindo
bastante tanto em relação ao que já havia internalizado anteriormente quanto ao
que foi surgindo ali com um instrumento inédito. Ficou isso aí.”
Formigueiro
( luís
capucho)
Como
todos sabem palavras existem não somente
Para
iluminar as coisas, mas também
Pra dar
movimento na cabeça, pra dar passagem no pensamento
Que desce
ou sobe,
que vai a
torto e a direito
Caminha,
nada, pula, pulsa, cintila, brilha, enovela-se e sai
Pois
saiba que sem nome o tempo não existe,
as horas
não voam nem se arrastam
Por isso,
porque tenho nome é que no fundo eu não sou como uma árvore seca por
Dentro
Por isso
é que eu não sou um troço morto, parado, preso
E ao
contrário tenho como pássaros dentro
No fundo
eu sou arejado e quase não termino
Para o
formigueiro de palavras assim arder em mim e me alegrar
No fundo
para me trazer espírito, pra me dar sentido
La la la
la la la la la la la la la la
La la la
la la la la la la la la la la
La la la
la la la la la la la la la la
La la la
la la la la la la la la la la
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