quinta-feira, agosto 18, 2022

A primeira vez que eu vi um japonês-luis capucho

Eu vi um menino japonês pela primeira vez na vida eu era também um menino, tinha, talvez, já 11 anos. E ainda morava no Espírito santo, em Cachoeiro. As calçadas na rua principal da cidade são bem espremidas e ele veio vindo muito perto e foi algo inexplicável que tentei traduzir como coisa comestível, só um canibal poderia se aproximar de meu gosto por vê-lo.

Não tem nada de delícia sexual nisso e o sabor por vê-lo, claro, nem foi de comê-lo, como sentia apetite por doces, na época.

Era mais uma maravilha que eu tentei dizer como comida:


 A Primeira vez que eu vi um Japonês

(luís capucho)

A primeira vez que eu vi um japonês senti um alvoroço por dentro e pensei

Deve ser o alvoroço de quem pela primeira viu um pudim

O alvoroço de quando ele apareceu, de quando brotou na face da terra e foi visto por alguém

também de quando surgiram os manjares, as tortas, os quindins

eu pensei

devem querer imitar morangos, pitangas, mangas

Porque tudo é tão misterioso e louco

 

A primeira vez que eu vi um japonês senti um alvoroço como o das panelas sobre o fogão na hora do almoço

Um alvoroço assim de jardim de casa, de quinta, de jardim, de hortaliças, de legumes

Também o de quando um peixe sai rabanando dentro do rio e depois plana dentro dele feito uma folha

Que também é algo assim como se tivesse aparecido o primeiro tomate na vida

Um susto, uma maravilha vermelha, uma alegria

Eu pensei

Devem querer imitar barrigas, cabeças, peitos

Porque tudo é tão misterioso e louco

 

 

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