Depois de selecionado para o Festival de Cinema de
Tiradentes, do Prêmio Espacial do Júri no In-Edit ( festival de docs sobre
música), agora, é a vez do Festival Internacional de Cinema LGBT, no Rio.
O Peixe Abissal, filme do Rafael Saar comigo, é um mar tremendo.
Visto de perto avistamos, com ele, uma onda que começa e depois vem outra onda
e mais outra e outra e vai assim, muitas ondas que olhamos, que são olhadas uma
de cada vez e que deixam de ser olhadas, uma de cada vez, e elas não terminam,
não terminam, e o filme vai sempre recomeçando a contar a estória, uma onda de
cada vez, bonita.
Então, o Rafael deixa de olhar para uma e começa a olhar
para outra à vista e outra que segue, e depois segue outra e depois outra. Elas
terminam rápidas, na medida em que Rafael deixa de olhar e recomeça olhando pra
outra. Então, estão sempre começando outra vez, a estória está sempre começando
de novo, bonita.
Esse conjunto de ondas que começam e deixam de ser olhadas
para logo ver outra e outra e outra onda, é que forma a narrativa do filme. No
fundo disso está o peixe abissal. No fundo estão O Cinema Orly, o Rato, o Mamãe
de adora e o Diário da Piscina, minhas músicas tremendo, o mar tremendo, com
todos os sentidos dele, incluindo onde os rios vão dar. Esse conjunto tremendo é que forma a estória, bonita.
E tem um áudio no filme que é uma chave pra isso que eu disse
acima:
“A água doce é linear, ela vai ganhando direção, tá sempre ganhando um caminho, serpenteando acima e abaixo, atrás e na frente, como quem conta um caso. A água salgada, não. Ela está em eterna suspensão e ela se move dentro dela mesma, como que não tivesse liberdade, como não fossem caminhos. Os casos da água salgada são casos com ela mesma, assim, casos íntimos, casos de eternidade.”
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