Fiz uma
parceria póstuma com Cazuza, chama-se Aula. Foi o Rafael Julião, estudioso de
letras de música, quem me mandou ela. Disse que estava sem melodia e que se
parecia comigo. Não se parece, não sou poeta, mas fiz. E estamos colocando-a no
nosso disco juntos, “A questão é”, eu e Bruno Cosentino.
Eu passei um
tempo com a letra, fazendo de coração a música, e meu coração não viu mal
nenhum nela. É um menino contando como um homem mais velho, supostamente, seu
pai, lhe ensinava sobre a natureza e de como era a natureza da mulher para aquele
homem que lhe dava a lição.
É o modo
como todos sabemos – desde quando? –
era a visão dos homens sobre as mulheres. As
estrofes começam sempre com um eloquente “Era assim...”, quase como um “Era uma
vez...”, quer dizer, não é mais, era.
As pessoas
podem modificar a visão que elas têm das mulheres, mas elas não podem modificar
o modo como essa visão era, então, porque estão criando questão com o poema, com
se contar uma lembrança?
Pelo amor!
Era assim
O homem que
me ensinava a natureza
Eu ia em
suas costas menino
Sentia o
suor quente em suas costas
E uma
alegria sem sentido
Depois veia
a mata grossa
Onde a morte
brincava de perigo
Éramos nós
dois e uma trilha no mato
E a tal
floresta que não era Me ensinou o nome dos pássaros
E o
impossível do vôo
Depois veio
a praia sem segredos
E um poema
que veio na hora
Era assim: O
homem me ensinava a natureza
Da mulher e
do que ela espera:
Um homem que
a proteja E pague seu amor
Um homem que
a maltrate
E viva do
seu amor
Um homem
simplesmente Que lhe inche a barriga
E que a
mulher é o demônio Disfarçado de anjo
E que é
preciso tomar muito cuidado
Porque são
belas dissimuladas
Falou dos
homens com são ingênuos
Com suas
brincadeiras de guerra
De como são
a massa crua
E a mulher a
folheada
Era assim: O homem me ensinava a natureza
E eu ia em
suas costas menino
Nenhum comentário:
Postar um comentário