sábado, dezembro 30, 2023

 Já faz um tempo que Niterói divulga ter qualidade de vida incomum nas outras cidades do Rio, acho que no Brasil e, de verdade, o postinho de saúde da minha rua tem funcionado pra mim. E vi outro dia que o STF colocou pra funcionar uma série de novas normas para o cuidado dos municípios com a população de rua.

Então, a qualidade de vida em Niterói tem endereço e os moradores das ruas, não têm tido orientação nenhuma a não ser o entorno de restaurantes e mercados, de modo que pra andar, você tem de estar armado de trocados, porque a prefeitura tem, há muito, deixado as pessoas tipo zumbis em torno a esses lugares e à gente também.

Depois de ter passado pelas pessoas pedindo, quando eu estava esperando o 30 pra vir embora, na 5 de Julho, apareceu-me um rapaz segurando um pão enorme, metade exposto no papel de embrulho, e tinha umas crostas de carne e queijo, e o rapaz disse que ele tinha de dividir aquele pão com mais cinco pessoas e precisava de mais – essas situações tensas, me fazem esquecer – não sei se ele queria comprar refrigerante, não lembro se queria outro pão. Eu disse que não tinha dinheiro e, aí, ele começou a insistir cheio de marra de vítima, ficou agressivo, cresceu pra cima de mim – ele era maior que eu, mais macho, mais vítima – e foi me encurralando entre o poste e a árvore e disse que poderia ser pix. Eu disse que não tinha, mas ele não acreditou e foi me encurralando eu fui ficando com medo e raiva, disse que ele não estava acreditando em mim e que não fazia sentido ele não acreditar. Eu não sou uma mulher e ele não queria sexo comigo, mas Não é Não, pow. Eu, no fim, teria de sopapar o escroto.

A situação foi ficando de um jeito, no ponto do 30, que, ou eu ganhava mais altura e peso e ficava mais macho pra esterilizar a marra dele ou ele iria me socar a cara, por eu não ter como salvar a ceia que ele precisava fazer com as outras cinco pessoas.

Aí, eu torcia para o 30 aparecer e não apareceu, a sorte foi que veio o caminhão recolhendo lixo e uma enxurrada de garis juntos. Parou um gari, depois outro, pra saber o que estava acontecendo. O rapaz do pão enorme recheado começou a criar caso com o gari, disse que eles não tinham nada de ficar escutando nossa conversa. Para ele, nós estávamos tendo uma conversa... he he... ele tinha realmente crescido na sua marra. Parou um transeunte também. Um gari disse: eu tou trabalhando.

Aproveitei e fui embora, pegar o 30 no ponto seguinte.




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