quarta-feira, março 31, 2010

No dia do meu aniversário, tive minha primeira aula com uma das professoras que me foram mal avisadas. Me disseram “olha, essa professora é daquele tipo que usa o cabelinho assim, assim, é do tipo que fala sozinha, que dá fora nos alunos” e tal. Avisado, quando a professora entrou na sala, fechei minha cara.
E, aí, quando ela começou a falar e o raciocínio era cristalino e eu comecei a fluir nas ondas do seu pensamento, eu adorei. Eu, na verdade, gostei de todas as professoras do curso.
Mas aí, continuando, estávamos todos os alunos silenciados, pendurados no discurso da professora, que, realmente, usa o cabelinho assim, assim, quando comecei a ouvir umas vozezinhas indistinguíveis dentro de minha cabeça. Aí, eu olhei pra os outros alunos e ninguém falava, estavam todos pendurados, absortos no que a professora dizia. Fiquei nervoso, gelei, “puta merda, justamente agora que tou curtindo outra vez a escola, estou tendo um surto psicótico? Que merda!”
E as vozezinhas silenciaram-se, mas aí, eu já não conseguia mais me pendurar no discurso voador da professora, tinha caído em terra. Eu tava muito frustrado que a escola tivesse me provocado aquela maluquice e pensei “ fica na sua, Luís, não vá se desesperar, vá em frente, seja o que deus quiser”...e, aí, as vozezinhas indistinguíveis voltaram a me gelar.
Olhei para o resto da turma: silêncio total, somente a professora jogava fora as palavras como vento alto no céu. Que merda!
Aí, silencioso leit@r, reparei na parede da sala. Era uma parede dessas de fórmica sobre finos compensados e as vozezinhas nada mais eram que a turma do outro lado, que estava conversando.
Que alívio!
Eu não fiquei maluco!
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

terça-feira, março 23, 2010

segunda-feira, março 22, 2010


Ontem, eu e Pedro fizemos uma gravação de uma de minhas músicas em sua casa.
E conseguimos tirar um som bem melhor do que o som que conseguimos tirar das outras vezes em que tentamos gravar em seu computer.
Amanhã e depois, terei médico, portanto, vou acordar na madrugada.
E, na quinta, madrugarei outra vez, porque iremos, eu e Ruth, até São Paulo!
No Cobaia, escritúdio do Baiano, eu, ele, Sacramento e Pedro demos um cheque-mate nessa fase do “Cinema Íris”: está mixado!
Agora, será conseguir masterizar e as outras etapas até que o bichano esteja, finalmente, transformado num produto de mercado.
Como Ruth costuma me dizer:
- Temos o não, Luís, vamos atrás do sim...

sexta-feira, março 19, 2010

O Campus da UFF foi construído num aterro a meio caminho entre a praia de Gragoatá e a Estação das Barcas. E fica no que, agora, estão chamando de Caminho Niemayer.
Antigamente, lá era um matagal de moitas de capim colonial, onde ficavam os pescadores de mexilhão e entre as quais iam muitos homens a fim de sexo.
Com a construção do Campus e com o Caminho Niemayer, o matagal se extinguiu e a população de rua, os bandidozinhos que usavam o aterro como lugar de camuflagem, ficam expostos numa praça que construíram logo imediatamente à Praça Araribóia.
E os estudantes classe média passam ali meio às pressas, com medo, embora eu imagine que nada aconteça.
Ante-ontem, a caminho de minha aula, estava chovendo muito, e o povo todo da rua, que mora na rua, se concentrou nos estreitos abrigos da praça. Muitos casais mais pobres usam a praça pra fazer o antigo arrocho, o meu bom leit@r sabe do que falo.
Aí, quando passei na chuva, um casal encostado ao muro que separa a praça do mar, estava de um jeito que me chamou a atenção, porque estavam endurecidos, assim, num beijo de boca endurecido, que chamou minha atenção.
Passei por ele e olhei pra trás e vi o motivo da dureza: o cara contorcia-se inteiro para conseguir manter uma das mãos dentro do jeans apertadíssimo da garota e batia uma siririca nela, que estava toda dura, tesa de prazer...que coisa!
Aí, um pouco mais na frente, um trio de adolescentes, duas meninas e um menino, que não eram meninos de rua, mas que também não me pareciam estudantes, fumavam um baseado.
E mais na frente um pouco, o povo que mora ali, deitado sob cobertores muito sujos, sob uma marquise, batendo papo, animados, com a chuva e a proximidade que ela, a chuva, trouxe.
Normalmente, nos dias secos, não está concentrada tanta gente.
E nós que temos que atravessar a praça, com a praça mais livre, não precisamos passar tão perto de quem esteja parado rente ao muro ou sob a marquise.
Conclusão: esse trecho da cidade ficou mais bonito, parece que a cidade ficou mais rica, mas a pobreza, sem ter onde se esconder, ficou mais exposta.
Eu disse pro Pedro:
- Engraçado...a cidade ficou mais rica, mas parece que tem mais gente pobre! Sei lá...
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

quinta-feira, março 18, 2010

Coloquei feijão para cozinhar pra comer no almoço.
Depois arroz, ovo frito e uma salada de cenoura.
E farinha...
Que delícia!

quarta-feira, março 17, 2010



No sábado, eu e Pedro fomos tirar umas fotos do Cinema Íris.
Era de noite e a rua muito escura.
Na esquina um carro de polícia, policiais armados e um homem sem camisa virado para uma parede, imóvel.
Aí, em frente ao cinema, a máquina não funcionou e fomos embora.
Atravessamos uma parte da Rua da Carioca, totalmente, sem luz e, em frente ao Mosteiro de São Bento, Pedro experimentou a máquina, que voltou a funcionar.
Voltamos pela escuridão.
Pedro fotografou.
E, amanhã, eu, Baiano, Pedro e Sacramento, faremos uma audição final do bichano para, finalmente, darmos um cheque-mate!

terça-feira, março 16, 2010

Comecei minhas aulas, ontem.
Eu gosto muito do clima de escola.
A professora falou com todos os esses de plural, usou os pronomes relativos cujo, cuja, os quais, as quais, usou palavras como metalinguagem, epilinguística, homem de neandertal, tudo com a normalidade que a gente não vê comumente nas falas das pessoas nos pontos de ônibus, nas quitandas ou nas padarias.
Estou com preguiça de fazer comida. Vou comer um PF na rua.
Fui.

sábado, março 13, 2010

Carta para o amigo de infância:

Chapeuzinho vermelho disse:
- Não me enrole, não me enrede, não me coma!- ao que a voz do caçador entrando na palhoça gritou, arma em punho:
- Sai do enredo, Lobo Mau! Saí do enredo Lobo Mau!- e o lobo, então, respondeu com sua voz troante:
- Não saio desse enredo por nada. Não preciso sair. Cada um de nós tem a sua maneira. Eu, por exemplo, tenho as minhas intempéries, tenho as minhas esquisitices- e, aí, o lobo troou mais ainda a sua voz:
- E vou comer todos dessa palhoça! Yaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
E devorou tudo sorrindo...

quinta-feira, março 11, 2010

Ontem, Pedro me telefonava da rua, quando andando em sua direção vinha o Baiano.
- Ta vindo o Baiano, peraí- Pedro falou.
- Com quem você está falando?- ouvi o Baiano perguntar.
- É o Luís. Quer falar com ele? – e Baiano pegou o telefone.
- Parabéns, Luís! Seu disco ficou pronto! Vamos marcar um dia da semana que vem pra gente ouvir junto, fazer os últimos retoques, que são moles e dar os trabalhos por encerrados.
É isso, bom leit@r.
Agora, é o resto...
Que coisa!

quarta-feira, março 10, 2010

Então, depois de ter estudado para a prova e já inscrito nas disciplinas, estou às voltas com o Ateneu. Como disse, não é um livro em que fluímos de primeira. Terei a vida inteira para entrar, se quiser, conscientemente, pra dentro de seus muros.
Sei que entro, ainda na primeira leitura, mas entro à distância, passo por sobre o pátio ensolarado e cheio de garotos de todos os tipos, ricos, imperiais, fortes, machos, femininos, grandes, magros, feios, gordos, gostosos...passo como os papagaios deveriam passar, selvagens, àquela época, gritando à distância, no céu.
Faço zumbidos às orelhas do Sergio, feito um inseto tonto, mas suas perspectivas interiores me escapam um pouco, ta se ligando bom leit@r?
O rapazinho é um aristocrata, no Rio do século XIX.
Dou-me o desconto...

terça-feira, março 09, 2010

Aí, o casal combinou o programa, levantou do banco e se foi.
E Pedro não chegava.
Olhei pro outro lado da praça e tinha um sebo.
Andei até lá e logo na primeira fileira de livros velhos tinha uma pobre edição d’O Ateneu, de Raul Pompéia:
- Quanto é?- perguntei pro rapaz que atendia.
- É um real- comprei.
O livro ficou um tempo largado na casa, porque, logo depois, comecei a estudar pra prova da UFF.
E, coincidentemente, numa das apostilas em que estudei, sobre a história da leitura no Brasil, havia a informação de que Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, o mais célebre autor de livros didáticos do período imperial, tinha sido a inspiração de Raul Pompéia para o personagem Aristarco, diretor do Ateneu.
E quis, e, agora, comecei a ler.
Apesar da dificuldade com o vocabulário e ritmo ofuscantes( e acho que é por conta disso que o livro é apenas citado no segundo grau, porque com o vocabulário e ritmo que usamos hoje em dia, não se consegue fluir na estória) estou adorando, silencioso leit@r!
Veja um trecho:
“O tédio é a grande enfermidade da escola, o tédio corruptor que tanto se pode gerar da monotonia do trabalho como da ociosidade. Tínhamos em torno da vida o ajardinamento em floresta do parque e a toalha esmeraldina do campo e o diorama acidentado das montanhas da Tijuca, ostentosas em curvatura torácica e frente felpudas de colosso; espetáculo de exceção, por momentos, que não modificavam a secura branca dos dias, enquadrados em pacote nos limites do pátio central, quente, insuportável de luz, ao fundo daquelas altíssimas paredes do Ateneu, claras de caiação, do tédio, claras, cada vez mais claras.”
No romance, o Ateneu situa-se no Rio Comprido, mas estou vendo da internet que o Colégio do Barão de Macaúbas pode ter sido na praia de Botafogo ou em Laranjeiras: o Colégio Abílio.
É isso aí.

segunda-feira, março 08, 2010

Faz um tempo, eu tinha marcado um encontro com Pedro, no centro da cidade.
A gente foi junto pra lá, mas cada qual iria fazer uma coisa e combinamos de nos reencontrar na Praça do Rink, antes de voltar pra casa.
Terminei primeiro de fazer o que tinha pra fazer e, já na Praça do Rink, Pedro não chegava.
Era por volta do horário de almoço.
E uma piranha jovem e bonita sentou-se a meu lado.
Eu sei reconhecer uma piranha e, aquela, em especial, talvez, porque fosse muito jovem, ainda não tinha completada e carranca de piranha e, como um transexual feminino que não guardasse vestígios de macho, não fosse por ter acendido um cigarro, ela sentou-se, absolutamente, camuflada a meu lado.
O meu bom leit@r deve, agora, ter-se, imediatamente, perguntado: e daí que ela acendeu um cigarro, Luís?
Eu não sei, mas o cigarro foi determinante para meu esclarecimento...
E veio entrando na praça um cara de, mais ou menos, a mesma idade que eu e que, perspicaz, sacou qual era a minha, qual era a da moça a meu lado, e dando meia volta, sentou-se, justamente, entre eu e ela.
Puxou assunto.
Fiquei ouvindo o assunto dos dois e a moça, alimentando o interesse do homem, me fez pensar: eu não levaria esse cara pra cama, ele é muito chato...
E o Pedro não chegava.
E esse post tem de acabar, porque não gosto de posts longos. Amanhã continuo...

sábado, março 06, 2010

Estivemos, ontem, no Bar do Turco!
Ficamos falando alto e gargalhando, porque, quando chegamos, peguntei ao turco se tinha uma bebida que não fosse gelada e ele colocou na mesa um vinho delicioso, chileno.
Ficamos naquele papo-cabeça, cujo desfecho foi quando nos intrigamos com uma vagina, que a Simone trouxe pra mesa e que não tinha ficado claro, porque ela tinha vindo parar no assunto. E, isso é digno de nota, apareceu em forma de vagina, não de buceta, silencioso leit@r.
Era uma vagina pequena, sem pêlos, como a vagina de uma criança.
E, aí, o Ciro começou a se interessar também, porque a Simone falou que não se tratava de criança, era uma vagina adulta, mesmo pequena e pelada.
A Simone ficou explicando, mas, no meio do barulho das idéias e no meio do barulho que vinha das outras mesas do bar, também não era muito claro e a gente não conseguia atinar muito no sentido.
Aí, a Simone disse:
- E se fosse um pênis adulto, pequeno e sem pêlos?- e terminou:
- Vamos embora?

sexta-feira, março 05, 2010

Fui dormir tenso essa noite, porque o pessoal de trás, sem noção, outra vez, ficou bebendo cerveja e dando gargalhada até mais tarde. Às vezes, eles perdem a noção de que moramos num apertado de casas e ficam fazendo barulho na hora de dormir.
E eu sou chatérrimo, bom leit@r! E adoro um sono tranqüilo!
O pessoal de baixo, não reclama, faz uma política de tolerância. Mas, pra mim, o sapo é terrível de se engolir.
E fui lá e chamei a atenção deles para o fato de morarmos muito próximo e já ser bem tarde. Só que eu não sei fazer isso, tranquilamente. Fico muito nervoso com a falta de noção, e, aí, voltei pra cama tenso, me sentindo um cara chato.
Se fosse um dia especial, uma comemoração, algo para o que não se pode ter controle e, aí, incomodar o sono do vizinho, tudo bem. Mas o pessoal de trás gosta de beber cerveja. E gosta de encher a casa de gente pra beber junto. E se ninguém reclamar e virar rotina? No vale, até os botecos fecham cedo. Vai fazer boteco ao lado de minha cama? E a noção, cadê a noção?

quinta-feira, março 04, 2010

Frio ainda, em Nikity!
Outro dia, estive com A no Mercado São José, no centro da cidade, para comer um peixe. Quando sentamos reparamos na mesa ao lado uns gringos acompanhados de umas negras muito bonitas. E a A se lembrou de uma estória em que uma senhora estrangeira esteve, pela primeira vez, com uma mulher negra.
E, aí, A se levantou de sua cadeira e encenou a estória, de modo que eu cheguei a ver a reação da senhora e o modo como a negra ficou, assim, um bichinho que tivesse sob domínio de uma garotinha...a senhora gostou tanto de ver uma negra pela primeira vez que foi como se ela quisesse prendê-la, como uma garotinha quer um bichinho, ta se ligando, silencioso leit@r?
Aí, eu disse:
- Eu me lembro da primeira vez que eu vi um japonês!- e, aí, a A sentou-se de volta à mesa e, como quem me amasse muito, colocou a mão escorando o queixo, abriu a expressão pra mim, como quem fosse assistir à cena e eu, apenas, disse:
- Foi no movimento da rua, na calçada. Ele vinha e eu ia. Eu tinha uns dez anos e ele devia parear idade comigo. Eu fiquei muito entusiasmado...

quarta-feira, março 03, 2010

Frio.
Ontem, pela manhã, fiz a prova que queria fazer.
Mas, aí, fiquei chateado, por que não consegui passar a limpo, no tempo determinado, as respostas para a folha que estava valendo.
Eu tou destreinado, silencioso leit@r. E a escola é cheia de regras.
Demorei a pegar a resposta no tranco, mas depois que consegui dominar a rédea, ela cavalgou feito uma doida pelo rascunho.
Além do quê, todo mundo sabe que tenho a caligrafia sequelada, meu controle motor não é 100%, aí, escrevo um pouco mais devagar. E não deu tempo...
De qualquer forma, amanhã cedo, vou na entrevista, quem sabe?
Tudo é um pouco loco...
Claro que eu fiquei um tanto nervoso, antes que eu conseguisse dominar, encontrar a direção do cavalo da resposta, aí, eu reparei que ela corria sobre a folha pautada num ritmo de onda, assim, desritmada, voando acima das linhas. Estou um pouco loco, pensei.
Quando consegui chegar em casa pra almoçar já era de tarde. Fiquei sem fome...
À noitinha, fui fazer um curso com Suely Mesquita, porque quero aprender a cantar sem tocar o violão. E, outra vez, porque a minha voz é toda torta e, sem tocar o violão, a sensação é de que ela se entorta muito mais, feito uma onda desritmada sem tocar o violão, que é uma linha de chão pra mim, eu sou tímido, e, aí, não dominei a rédea e, como é um curso, orientado por Suely, nas próximas aulas tentaremos melhorar...
Aí, falei com Sacramento pelo telefone e fui dormir.
E adivinhe com quem sonhei?

segunda-feira, março 01, 2010

Acordei sentindo frio.
Aí, peguei um cobertor que enxerguei em cima do que, literariamente, acho que seja um criado-mudo. Mas é uma mesinha com uma gaveta.
E dormi ainda a última onda de sono da manhã.
Sonhei algo que não lembro. Só me lembrei, quando acordei e esqueci.
Levantei e fiz meu café.
Acendi um incenso.
Tomei os remédios.
Caguei.
Dias assim, friorentos, me trazem lembranças da vez em que estive na Áustria.
Que lugar bonito e sinistro, com aquele povo que fala aquela língua esquisita.
Cruz credo, lá de fora, hoje, não vem o grito dos passarinhos.
Vem o barulho das goteiras.
Chove em Nikity.