Aí, o casal combinou o programa, levantou do banco e se foi.
E Pedro não chegava.
Olhei pro outro lado da praça e tinha um sebo.
Andei até lá e logo na primeira fileira de livros velhos tinha uma pobre edição d’O Ateneu, de Raul Pompéia:
- Quanto é?- perguntei pro rapaz que atendia.
- É um real- comprei.
O livro ficou um tempo largado na casa, porque, logo depois, comecei a estudar pra prova da UFF.
E, coincidentemente, numa das apostilas em que estudei, sobre a história da leitura no Brasil, havia a informação de que Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas, o mais célebre autor de livros didáticos do período imperial, tinha sido a inspiração de Raul Pompéia para o personagem Aristarco, diretor do Ateneu.
E quis, e, agora, comecei a ler.
Apesar da dificuldade com o vocabulário e ritmo ofuscantes( e acho que é por conta disso que o livro é apenas citado no segundo grau, porque com o vocabulário e ritmo que usamos hoje em dia, não se consegue fluir na estória) estou adorando, silencioso leit@r!
Veja um trecho:
“O tédio é a grande enfermidade da escola, o tédio corruptor que tanto se pode gerar da monotonia do trabalho como da ociosidade. Tínhamos em torno da vida o ajardinamento em floresta do parque e a toalha esmeraldina do campo e o diorama acidentado das montanhas da Tijuca, ostentosas em curvatura torácica e frente felpudas de colosso; espetáculo de exceção, por momentos, que não modificavam a secura branca dos dias, enquadrados em pacote nos limites do pátio central, quente, insuportável de luz, ao fundo daquelas altíssimas paredes do Ateneu, claras de caiação, do tédio, claras, cada vez mais claras.”
No romance, o Ateneu situa-se no Rio Comprido, mas estou vendo da internet que o Colégio do Barão de Macaúbas pode ter sido na praia de Botafogo ou em Laranjeiras: o Colégio Abílio.
É isso aí.
terça-feira, março 09, 2010
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