Um xará meu disse que viver que é o grande perigo.
Luís Capucho não tem tempo pra temer: explodiu com tudo. Quando falar é fazer, o que é signo e o que é sentido se mistura num caldo grosso, uma sopa densa...e densa é a linguagem. Vida-obra de Capucho, poucos fazem como ele, sempre na beirinha. Por vezes foi ele próprio quem caiu. Imoral, amoral, um homem de moral não fica no chão. Reconhece a queda, as cicatrizes, até desanima...mas levanta, sacode a poeira!
Quem escreveu esse “Poema Maldito” foi um amigo dele, espanhol, pra lá depois desse tanto mar. Mas os passos quem deu à praia foi Luís. Não é a vida desse homem que é excepcional. É a vida que é excepcional. Doce mistério. Tolice é vivê-la sem aventura.
Obrigado, Luís, por mais essa música tão fantástica e corajosa. Mais essa aventura do cotidiano. Do ir logo ali, do dar papo e se espantar. Obrigado por nos compartilhar esse olhar um pouco Indiana Jones. E obrigado, Pedro, por esse vídeo, tão caseiro, tão íntimo. Filmando seu namorado assim, você jogou sobre Luis uma luz crua, mas bonita, que ajuda a revelar a própria crueza da canção. Humano, demasiado humano.
Capucho é de Cachoeiro de Itapemirim, como Roberto Carlos e Sérgio Sampaio. E foi a Suely Mesquita quem disse que ele é algo do rei...como uma face oculta. Bem, pra mim ele também é rei. Um rei sem grandes poderes, mas igualmente sem pudores. Sem coroa, sem roupa. Um rei nu. Nu para revelarmo-nos. E bendito seja!
João Luis
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