Quando o Alan Lanzé nos deu o Tótem de presente, durante as
apresentações do disco Poema Maldito, eu gostei demais da ideia dele, junto a
ideia que eu tinha começado a ter sobre a minha camisa de fazer shows. Acho que
ele e ela, juntos, começaram a se formar em objetos, assim, como que sem volta
e que me punham sempre a questão de por que é que eu fico chamando a questão
pra mim e tudo. Por que é que eu fico fazendo essas músicas, escrevendo esses
livros, as Minhas “As Vizinhas de Trás” ao infinito, chamando a atenção pra
mim.
Porque eu poderia ir morar na roça e, sei lá, eu poderia
estar embevecido de televisão, como naquela letra que Suely Mesquita fez pra
mim, aquela letra da “Aristocracia” - https://www.youtube.com/watch?v=DrWLRb3JfYM
- , em que eu poderia estar apenas pensando em dinheiro e sexo, e só isso.
Mas o Tótem que o Alan me deu, me chamou a atenção, porque
ele é bonito e porque eu vi que ele é masculino por excelência, que é uma coisa
que os leitores que têm acompanhado os meus trabalhos artísticos, sabem que é
um vazio pra mim, por exemplo, o meu Cinema Orly é um livro totêmico e, aí, o
Tótem é o contrário do que é para mim, em construção, minha camisa de fazer
shows, se liga...
Daí, é importante que eu o tenha como cenário de minhas
músicas e que ele ajude, assim, como um adendo, como um prolongamento das
coisas para onde são sugeridas as coisas que tenho pensado para minha camisa e,
desse modo, um é o antípoda do outro, mas tudo junto, decantando as forças, as
energias que fluem nas músicas, quando estamos tocando elas, nos shows...
Porque, se entendi direito, o vazio que vou completando na
minha camisa, e o vazio que vou completando para sempre na repetição de minhas
“As Vizinhas de Trás”, é o mesmo vazio que a presença do Tótem nas apresentações
completa.
Daí, que a ficha vai para sempre caindo para a visão que o
Alan teve ao nos presentear com ele, que vai ganhando ou se misturando a outros
sentidos e tudo. E estou dizendo isso, numa tentativa de introduzir uma outra
possibilidade de Tótem, que vi numa postagem da Renata Pimentel sob o título de
Tótem sem Tabu. Um Tótem de pessoas, que é como eu imagino a centrifugação de
forças, de energia dentro dele, em minhas apresentações. E que tenho
processado, que tenho completado e que vou renovando e virando em outra coisa,
tipo, se auto-destruindo ao mesmo tempo que alimentando o fogo, a fantasia e
tudo.
Então, fui dizer pra Renata no in box o quanto o seu Tótem
sem Tabu, tinha me colocado no status do “se sentindo reflexivo”, como se diria
no facebook. Porque a sugestão é a de que o Tótem sem dentro centrifugando a
presença da força feminina é que cria o Tabu. Então, a Renata me pedindo
desculpas pela rapidez e esperando me ajudar, mandou:
“São meus alunos e orientandos e amores. Pra nós é um sentido
que brinca desde com o livro de Freud (Totem e Tabu, o que é sagrado, o totem
nos grupamentos humanos mais tribais até e os tabus que são os interditos.). No
nosso caso o sagrado é este laço construído com afeto e confiança e independe
de laços familiares de clã sanguíneo
E de gênero e qq outro
Por isso sem tabu
Feliz de ter sinais teus! Espero que a explicação aligeirada
aqui tenha funcionado
Beijoooossss”
Tótem sem Tabu
Tótem sem Tabu
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