Eu tou muito feliz, porque o apezinho, a cozinha, o fogão,
está de gás novo, forte, espirrando da boca da trempe quase como esguicho de
baleiazinha. Fiquei muito feliz com isso, porque uma casa tem de ter cozinha
funcionando bem. Tanto que, quando mamãe tentou ter uma casa pela primeira vez,
eu era um menininho que só conseguia pensar em panelas, eu imaginava na bateria
as panelas de aluminio penduradas, muito brilhantes e era tudo, a casa inteira,
a cozinha.
Esse lance do gás novo veio, um pouco, compensar a minha
angústia de estar nesse estado zoneado que é o Rio de Janeiro. Eu me lembro que
quando vim embora pra cá, morava em Magalhães Bastos e mamãe me colocou pra
estudar num conjunto residencial do BNH chamado Fumacê. Era uma escola do
Estado, dentro de uma comunidade na zona norte da cidade, então, você pode
imaginar o que era, nada.
E como me formei professor e por conta da neurotoxoplasmose
me aposentaram, tenho vivido a angústia de não saber quando vou receber meu
salário ainda do mês de março ou abril. Zoneou tanto que nem sei mais o mês que
devo receber e quando.
Também não é apenas isso. Faz um tempo, eu disse aqui no
Blog Azul sobre ter conseguido através do Grupo Pela Vidda-Niterói que fosse
ampliado o número de passagens de meu Rio Card Social, pra que eu pudesse manter
minhas terapias e manter minhas melhoras motoras e vocais. Então, a Dra
Patrícia Diez Rios, depois de apresentada toda a documentação, os laudos todos,
conseguiu, através de uma liminar, que fosse ampliado o meu RioCard para 60 passagens
mensais.
Então, depois de toda a demora da zoneação, em janeiro desse
ano estive no posto do Setrans em Copacabana para pegar o meu cartão de
gratuidade, onde fui informado de que ele valeria até 2019.
Agora fui notificado que meu cartão tem validade somente até
agosto. Fico pensando: sem entrar com processo judicial requerendo o direito,
todos os meus cartões anteriores tiveram validade por dois anos. Por que agora
tem apenas de seis meses?
Angústia.
Vou fazer um café!