Do apezinho onde moro, avisto para os lados da entrada do
nosso vale e avisto o encontro dos morros, onde ele termina. Onde acaba o vale
é que nascem o sol, as estrelas, a lua. E onde é sua boca e avisto as montanhas
do Rio, é onde tudo se põe.
Tenho ficado aqui dentro, olhando pra esse movimento do céu,
sentindo a alegria dos vôo dos passarinhos na minha janela e tudo.
Eu mesmo, sem que eu entenda, sou um sumidouro dessas coisas
que eu vivo.
Tudo se fode em mim, junto comigo, como, mais ou menos se diz nessa faixa de
minha participação no disco Desterro e Carnaval, canção do Rogério Skylab:
sábado, fevereiro 20, 2016
Hoje tem esta festa-show, em prol da distribuição do filme Yorimatã, de Rafael Saar, nos cinemas. É um filme sobre as compositoras Lulhi e Lucina, tudo muito raro e bonito, um lance assim dos anjos. Eu quero ir com o Simon!
sexta-feira, fevereiro 19, 2016
Linda homenagem feita pelo artista Maurício Kiffer: "meu coração é uma máquina de escrever".
quinta-feira, fevereiro 18, 2016
Sobre o nosso vale, onde moramos, é rota dos aviões que vêm
e vão de algum lugar com pouso no Rio de Janeiro. Outro dia, quando Pedro ía
para Campinas, avistou nossa casa, lá de cima, de sua janela e fotografou pra
eu ver. Mas não é comum que atravessem o nosso vale, esses vôos de São Paulo.
Enfiado aqui dentro do apezinho, dentro do vale, não consigo ter muita noção de
norte e sul, se liga, leit@r. Mas penso que esse aviões que passam por aqui,
vêm e vão para o oeste, para o centro do
país. A gente ta encravado aqui e não sabe de nada, só fazemos supor. Na foto,
minha janela dá para todo o lado esquerdo do vale. A do Pedro para o direito,
mais arborizado.
O temporal nos pegou a caminho do Cine Jóia, ontem, pra
definitivamente batizar esse nosso segundo ano de Poema Maldito, ao vivo. E
ficamos muito felizes de ver a galerinha que conseguiu furar a chuva pra estar
com a gente no escurinho do cinema. O Rafael Saar é quem deu a direção de tudo
e me surpreendeu na abertura do show com minha música Rapazes, numa gravação de
1987, que o Ciro registrou numa cassete, no seu apezinho de Copacabana. Aquilo
me emocionou de uma maneira muito feliz...
Depois, o show foi fluindo e eu já sei que só é possível
saber como foi pra mim e, que tudo o mais que eu tenha pensado que pudesse ter
sido, é apenas viagem, leit@r, se liga.
segunda-feira, fevereiro 15, 2016
A querida Marcela Biasi me disse que tava dando uma volta de
domingo pelo bairro – ela mora em Pinheiros, em SP – e quando entrou numa
loja-bar deu de cara com uma de minh’As Vizinhas de Trás. Disse que foi falar
com a Dona do estabelecimento e, aí, ela pensa em algo como uma exposição de
Vizinhas lá, leit@r! Eu acho que ess’As Vizinhas de Trás são presente do Walter
Bello para sua amiga. Me animei com a exposição. Vou pintar...rs.
Obs: Marcela explicou:
“Tava eu e a maria passeando, por uma rua pequena e bem
bonitinha, quando reparamos um estabelecimento novo do bairro, a Maria
comentou, nossa! la dentro! não é um quadro do Luís?! Foi quando entrei feliz e
confirmei! Seus quadros são Inconfundíveis! Perguntei como tinha conseguido um
quadro seu e ela me contou que tem um amigão que mora em Nova york, que não me
recordo o nome que ama o seu trabalho, comprou seu quadro e não teve dúvidas em
presenteá-la, porque a proposta do bar era a interação com os vizinhos do
bairro, por isso as vizinhas estão lá... E é o lugar que esse seu fã poderá
sempre visitar o quadro...
E tirou foto:
domingo, fevereiro 14, 2016
O João é um amigo lindo que fiz.
Ele é de Belo Horizonte, que é uma cidade encantada pra mim,
porque ouço falar dela desde que eu era muito pequeno, em Cachoeiro. Eram as
patroas quem falavam muito à vontade nas cozinhas, mulheres loiras, cheias de
laquê, esmaltes, de tubinho, essas coisas dos anos 60, quando eu era criança.
Então, tem esse encantamento que o nome de BH ajudou. Era o nome que eu via, se
liga.
E foi o João quem nos apresentou a atriz Teuda Bara, que fez
mamãe tão linda, no filme Peixe, ainda em edição, de Rafael Saar. Também com a
internet fiz mais amigos de BH e é tudo encantado, leit@r. Um mundo de
fantasia, o que eu vivo. Que coloquei no Diário da Piscina, meu livro novo, no
forno da É selo-editora.
Ele me mandou essa foto de 2 ou 3 anos atrás, da gente junto
em Ouro Preto, onde ele lê a meu pedido o Diário da Piscina, antes que eu o dê
por acabado.
O que detonou minha música “Os gatinhos de Pedro”, para mim,
foram meus vizinhos de trás. Eu tinha criado um clima ruim com eles, porque eu
não gosto de barulhos que não sejam meus, dentro de minha casa, o leit@r sabe
que tem gente assim, quer dizer, eu sou esse tipo, e tenho um super cuidado
para que os meus barulhos não entrem pela casa de ninguém. Aí, de repente, eles
foram embora e eu tava feliz. Só que os vizinhos novos que vieram não eram
muito diferentes, acho que minha casa, aqui na nossa comunidade-condomínio, era
muito colada na casinha de trás, se liga.
Então, eu tava achando inacreditável que, os vizinhos barulhentos
tendo ido embora, tudo iria continuar na mesma e tal. Por isso, é que começo a
música com “coisas incríveis são verdades”. Então, no início, antes de vir pra
o apezinho, eu, sem ter o que fazer, sentava-me na cozinha e chorava, porque eu
não conseguia entender o motivo de eu estar sendo obrigado a viver aquilo. E fui
me distraindo fazendo “Os gatinhos de Pedro” e, aí, enumerei além dos vizinhos
de trás, como coisas incríveis, quase que somente maravilhas, tipo, os
hieróglifos, os gatinhos, as estrelas, a puta que pariu e tudo.
A vida da gente é cheia de coisa mágica, boa e ruim, quer
dizer, a gente ta preso na mágica, todo mundo sabe, sem se dar conta. E me
lembro de uma coluna de jornal que era muito famosa, não sei se ainda existe,
que falava dessas coisas.
E como os gatinhos são de Pedro, eu vou contar outra coisa
incrível dele – ele me deixou contar – e que é a pura verdade. É que ele iria
ter uma festa de sua formatura e sua mãe, com o padrasto, viriam de São Paulo
pra comemorar o acontecimento junto. Aí, ele alugou um carro, a gente se enfiou
dentro e foi pra festa. Foi tudo muito emocionante, os estudantes, as famílias,
as músicas, os hinos, tudo. Só que na hora de voltar e já era bem tarde, quando
fomos pra onde o carro tava estacionado, ele, e todos os outros da área, tinha
sido rebocado. A gente veio na madrugada embora, tendo que baldear por três
conduções até que conseguíssemos chegar em casa.
No dia seguinte, tudo bem, foi um azar ter o carro rebocado
numa festa, um imprevisto pra todos os que deixaram o carro na grama. E Pedro
saiu com a mãe e o padrasto pra buscar o carro no Rio e mostrar os pontos
pitorescos da cidade e tal. Quando estavam em Botafogo, numa esquina, um ônibus
pegou o carro alugado, leit@r, amassou um pedaço, teve uma confusão com a
locadora, um lance que se resolveu e , no dia seguinte, ele ainda foi mostrar
mais da cidade pra mãe e o padrasto. No meio da tarde ele me telefonou
chorando:
- Luís, o que está acontecendo? E entrecortado no meio do
choro, consegui entender que ele tinha parado com a mãe pra almoçar e quando
foi ligar o carro pra sair, a chave quebrou na ignição! Ô louco!
Depois de ter construído o livro Cinema Orly e a música
Cinema Íris, é especial pra gente reapresentar o Poema Maldito no Cine Jóia, um
cinema pequeno e colorido no sub-solo da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. É
como se a gente tivesse repetindo um lugar, uma posição. Eu tenho dito sobre as
modificações das músicas, que elas estão vivas, que os lugares mudam de lugar,
de posição e tudo. Então, a gente fica repetindo esse show, e o silencioso
leit@r sabe, que dentro dele, a gente ta construindo um lugar também. Eu, ontem
mesmo, costurei um fiapo da blusa da Moça que faz Streap-tease no Cinema Íris –
Mery Ellen Alentejo – num arranjo em torno ao breve que mamãe me deu, com a
escama do corpo de Tritão – Ney Matogrosso – no meio.
Então, a construção dessa camisa heráldica, de fazer os
shows Poema Maldito, é esse lugar que vamos construindo, um lugar que vai se
modificando, trocando de lugar e tudo. Também o Tótem-Poema Maldito, presente
do artista Allan Lanzé, é isso. Ele marca uma posição pra gente, de onde partir
com as músicas do repertório e prolonga nele a Camisa de Shows e tal, quero
dizer, pra esse show, coloquei umas florezinhas no seu arame.
Ontem, no ensaio, conversamos sobre as modificações das
músicas. Eu fiquei triste, porque a sensação é de que perdemos constante e
inevitavelmente uma coisa de que gostamos.
Aí, o Felipe concluiu:
- É assim que acontece, luís!
Daí, vai ser grande o prazer da gente ter você nesse nosso
lugar, ocupando o Cine Joía de Poema Maldito. O show é na segunda e tem a
produção de Pedro Paz, projeções de Rafael Saar e o Felipe Castro na guitarra.
A origem de minha camisa-tótem de fazer show, foi nesse show
do Bruno Cosentino – vejam minha camisa amarrotada. Ele me recebeu cheio de
amor, leit@r, foi muito lindo isso, de olhar agora. E também foi quando demos
partida para as apresentações do Poema Maldito. O show do Bruno foi dia 21 de
janeiro e no dia 30 apresentamos o 1º Poema Maldito, ao vivo, no Festival de
música autoral BULHA. Vejam, no celular do Pedro:
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
Acabado o carnaval, recomeçamos os trabalhos.
O Ciro me presenteou com uma fita cassete que gravei em sua
casa no ano de 1987. Encontramos músicas que eu tinha perdido. Parcerias com
Edil Carvalho, Marcos Sacramento, músicas que fiz sozinho, tudo.
Fora isso levaremos o Poema Maldito, ao vivo, para o Cine
Jóia, na segunda-feira, com Felipe Castro e Rafael Saar:
sábado, fevereiro 06, 2016
Me inscrevi no Dia da Música 2016, para a apresentação do Poema Maldito no festival e o site, como forma de divulgação e concurso, pede curtidas dos leit@res, pra que o show aconteça. Bora lá curtir e fazer o show? Obrigado, pessoal! É aqui: http://www.diadamusica.com.br/luiscapucho
O que mais próximo me lembra o fato de eu ter violões é,
quando pequeno, eu tinha os meus peões, aqueles losangos redondos com uma ponta
de prego, que eu enrolava num cordão e lançava no chão pra ele girar.
Tenho três violões: o com que fiz o show do disco Antigo, em
1995, e que empenou, não me serve mais, embora fique aqui em casa, encostado.
Um outro violão grande e bonito que eu quase não toco e que foi presente dos
amigos, que, muito antigamente, num acampamento, quebraram o violão que eu
tinha e, aí, fizeram uma vaquinha pra me presentear com esse outro. E tenho
esse terceiro violão com que faço os shows Poema Maldito.
Esse violão com que faço os shows de agora, é um violão
honrosamente escolhido pra mim pela Lucinha Turnbull, que foi comigo comprá-lo numa
loja em Ipanema. Tudo chique!
E quem tem violão sabe que coisas estranhas acontecem, tipo,
tem dias que o som do violão é um troço entediante, que não pega o coração da
gente, é um troço frio, chato, mas a gente ta ali, tocando. Também, por
exemplo, no início, cismei que o mizinho tava ruim e fiquei um tempão com a
cisma. Depois sumiu. Depois o violão começou a zoar e tinha cupim, mas até hoje
não pude confirmar, porque nos dias de shows, os cupins ficam quietos e o
violão não zôa. E, ontem, o mizinho tava estranho de novo, leit@r. Um estranho
diferente, não era cisma. Alguma coisa tocava a mais nele, sei lá... tudo bem.
O Poema Maldito é dos discos que fizemos, aquele em que estoumelhor situado, talvez, porque ele carregue pelo rabo os outros três discos e na sua grinalda tenha também os livros. Quando com o maravilhoso maestro Paulo Baiano, fizemos o Lua Singela e o Cinema Íris e quando, com o não menos maravilhoso Rafael Saar,lançamos o Antigo para download, apenas, é possível que minha situação fosse, de algum modo, a mesma de agora. Mas sei lá, leit@r, sempre me lembro daquele ditado que mamãe gostava de dizer. Ela gostava de dizer que “O Diabo só caga em monte grande”.
E tenho sentido que, com o Poema Maldito – e isso não é me gabar, leit@r - meu monte começa a marcar uma posição, mesmo que no texto do Felipe para divulgação de nosso próximo show - o show do Cine Jóia, do dia 15 desse mês – ele tenha nos posicionado num Buraco e mesmo que mamãe, no ditadoque gostava de dizer, falasse em Diabo, que todo mundo sabe é um anjo tido como maldito, quer dizer, mesmo que, ainda no texto do Felipe, o buraco seja mais embaixo, como ele, sobre nosso próximo show, fala, é um buraco de iluminação. Vejam: “E perceba: o fim do carnaval nos convida para o desmascaramento dos sentidos. O desbunde final. Iluminemos o escuro.” E esse texto continuaria em muito mais coisas, por exemplo, nas estrelas artesianas, no Diário da Piscina, no Peixe, no Crocodilo, noHomens Machucados e tudo o mais que tenho a dizer, mas que vou dizendo pelos dias do meu Blog Azul.
Tem rolado umas músicas americanas antigas, todos os dias,
na rua de trás, e que entram por meu apezinho melando tudo, leit@r. Meu coração
fica mole, mole e pá!
Também, a gente tem conseguido cavar uns shows por aí, e vamos
repetir o Poema Maldito no Cine Jóia, no dia 15, quando o carnaval já estiver
acabado.
O Felipe fez um texto pra divulgação, que assino embaixo.