A gente se desdobra em dois, quando canta e quando escreve.
Porque a gente, ao mesmo tempo canta e ouve, e ao mesmo tempo, escreve e lê. A
gente fica dentro e a gente vê de fora. Como quem se olha no espelho,
narcisista.
Isso é uma coisa que eu penso muitas vezes em parar de
fazer.
E também muitas vezes eu penso que não irei mais ter o
espelho pra olhar, que ele vai sumir. Porque daqui a um tempo tudo vai ter a
configuração diferente, como a configuração de agora já é outra e já não é
espelho do que eu era anos atrás. E o Diário da Piscina já não espelha minhas
aulas de natação, hoje.
Eu disse pra o Carlos, um jornalista de BH, que eu tinha
escrito um livro perene, quer dizer, um livro que será para sempre espelho.
Eu disse assim:
“Este é um livro que eu apresento como se tivesse sido todo
escrito agora. Há uma tristeza no início dele porque a história, afinal, fala
sobre recuperação. Porém, ao mesmo tempo que em que abordo isso, o título
também traz uma alegria que vem da própria possibilidade de a cada dia você
perceber que está melhorando. Então, eu não acho que esse seja um livro que
olha para trás. Lendo as descrições da cidade, das pessoas e do modo como o
personagem se relaciona com elas na piscina, eu noto que a narrativa trata do
presente. Pode soar algo pretensioso, mas eu produzi uma história que é
perene”, comenta Capucho.
A entrevista toda do Carlos está aqui:
É como amor...
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