Deve fazer um ano, talvez, que
tenho jogado os meus vidros de remédios vazios - o biovir, o atazanavir, o
ritonavir - no chão da sala, num canto, ao lado da mesa. Comecei a
colecioná-los ali e, essa noite, meio entre sonhar e pensar, na madrugada,
estive supondo que, se minha casa é uma representação da caixa de meu cérebro,
e vice-versa, qual seria o efeito de eu jogar todos esses vidros fora, no lixo,
e não deixá-los mais ali, pra que eu os veja empilhados, crescendo o monte. E,
aí, se minha casa fosse uma lagoa, um rio, se meu cérebro fosse uma floresta,
um deserto, então, esse monte crescendo de vidros de atazanavir, biovir e
ritonavir, seria esconderijo de bichos e peixes.
No bojo de pensar assim, me veio
também a lembrança de que uma amiga de mamãe, disse uma vez, que não fazia
determinadas coisas para que não dissessem que era louca. Com a força dos meus
20 anos, lhe disse para que fizesse as coisas e lhe diria, outra vez, na força
dos 50.
É isso.
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