quarta-feira, novembro 01, 2017

Deve fazer um ano, talvez, que tenho jogado os meus vidros de remédios vazios - o biovir, o atazanavir, o ritonavir - no chão da sala, num canto, ao lado da mesa. Comecei a colecioná-los ali e, essa noite, meio entre sonhar e pensar, na madrugada, estive supondo que, se minha casa é uma representação da caixa de meu cérebro, e vice-versa, qual seria o efeito de eu jogar todos esses vidros fora, no lixo, e não deixá-los mais ali, pra que eu os veja empilhados, crescendo o monte. E, aí, se minha casa fosse uma lagoa, um rio, se meu cérebro fosse uma floresta, um deserto, então, esse monte crescendo de vidros de atazanavir, biovir e ritonavir, seria esconderijo de bichos e peixes.
No bojo de pensar assim, me veio também a lembrança de que uma amiga de mamãe, disse uma vez, que não fazia determinadas coisas para que não dissessem que era louca. Com a força dos meus 20 anos, lhe disse para que fizesse as coisas e lhe diria, outra vez, na força dos 50.

É isso.

Nenhum comentário: