segunda-feira, dezembro 31, 2018

Clea - kali C./luís capucho

Gosto de fazer músicas com letras minhas, mas demoro um
pouco mais pra isso, por ficar muito crítico com elas. Por isso, os meus
parceiros costumam ser mais letristas que melodistas. Eu, particularmente, acho
que o dono da canção é mesmo os que fazem a melodia, porque mesmo que as letras
sejam o que leve a canção pra dentro de uma pessoa, é a melodia que tira ela de
estado de apenas poema. Ou que tira ela de seu estado de apenas letra. Porque
um letrista pode ser um poeta, mas, não, um compositor.
Então, eu faço isso com as letras-poemas de meus parceiros e
as canções são minhas. A única pessoa que coloca melodia em letra minha é a
Kali C
ompositora.
Ante-ontem, estivemos tocando com ela, que mostrou pra gente a Clea musicada.

                                   
Clea
(Kali C./luís capucho)

Clea me disse que o mundo é de Deus
Que a luz elétrica é divina
Que os meus gestos não são meus
Nem o de suas meninas
Que tudo é alheio a nossa vontade
E quando fazemos amor é por nessecidade
Ela me disse que o mundo é mal e isso ela não explicou
Muito bem
A gente iria continuar e a vida iria ficar pra trás
Nós tínhamos que comemorar o início do verão
Muito bem
Tudo sem controle.

Eu, Marcela e Marcia a acompanhamos no violão. Simon e Pedro
e Ana ficaram curtindo.


Vejam:

quinta-feira, dezembro 27, 2018

fonemas

Eu tinha pedido a meus parceiros
da época que me dessem letras muito simples, que eu conseguisse traduzir com
minha voz monocórdia e com os meus poucos acordes. Eu tinha acabado de fazer a
Inferno(luís capucho/Marcos Sacramento), minha primeira música nessa segunda
versão de mim mesmo, onde nem estou mais.
E estava muito satisfeito, eu
estava muito satisfeito mesmo, porque tinha voltado a conseguir compor.
Fiz a segunda música, quando
Sacramento me deu a Fonemas.
E, no mês passado, eu, Felipe e
Lucas, apresentamos ela no Palco Lapa 145. Eu curti demais sair do banquinho e
violão, na guitarra que o Lucas levou. Mas depois da terceira música, quando
uma corda dela arrebentou e voltei a me sentar para continuar as outras músicas
no violão, vi que tem uma coisa muito legal também de mostrar as músicas nele,
que é de onde as músicas originalmente saem.


Vejam:

Eu fiz a Parado Aqui, quando morava em Papucaia. Tinha só o primeiro verso da letra, que era uma coisa que eu tinha tirado de uma música do Roberto Carlos, não me lembro qual nem porque, e fui construindo bem devagarinho o corpo dela, até ao fim, quando, enfim, ela some dentro de nada. Quando não existe mais. Parado Aqui.
Ontem, subi ela no Cifras Club:

sábado, dezembro 22, 2018


A gente ganhou o Tótem, quando estava mostrando as músicas à epoca do lançamento do Poema Maldito. Foi quando, de verdade, comecei a ficar mais envolvido com esse negócio que é mostrá-las. Usar a palavra negócio, agora, é no mesmo sentido que eu lhe dava, quando era um menino de seis anos e, aí, meu tédio ficava fazendo com que eu pedisse a mamãe, minha salvadora, um negócio. Então, ela entrava na dispensa de Dona Odaleia e saía de lá com um doce, uma guloseima, um negócio qualquer que me levasse mais pra dentro do meu prazer de garotinho, com esse meu mesmo olhar de hoje.
Quando o Alan me deu o Tótem para a apresentação das músicas, me avisou que era um falo e, aí, fui compondo todos os outros sentidos dele, porque a cada movimeto meu, a posição que ele toma é outra, mas sempre a importância de ser um marco, de ser um ponto de orientação, de chegada ou partida, um farol, por isso, tem pulsação, tem luz.
Esse lance de orientação para chegar e para partir que tem no Tótem, também sinto na minha Camisa de Fazer Shows, que começou a ser construída na mesma época e onda. Quer dizer, o Tótem também é em construção, como eu e como ela. E no De Casa em Casa que fizemos na casa do Marcio - isso em 2017 - a Débora, que trabalha com papel Marchê, ficou de me dar um colar rosa e azul, de marchê, que era pra os shows, e que ela me disse ter a ver com A Masculinidade (kali C/luís capucho), que tocamos, eu e Vitor Wutski, lá, no dia.
Ontem, de surpresa, chegou pelo correio, como presente de Natal!
Alegria absoluta um negócio desses! Obrigado, Débora!
Pedi Pedro que fotografasse.
Vejam:


terça-feira, dezembro 18, 2018

Pedro fez essa foto nossa, ante-ontem, durante a apresentação do Ave Nada, a junção das músicas com textos registrados no Diário da Piscina. Nela aparecemos eu, Felipe Mourad e Paulo Barbeto. Foi nossa terceira apresentação, que a cada vez vai ganhando mais asa, mais fôlego, mais corpo e mais espaço de voar dentro do seu universo para sempre mais expandido pela direção do Diêgo. Pelo olhar da Isabella. E por tudo o mais que alimenta o seu motor de coisa abstrata e concreta, real e ilusória, barroca e natural.

quinta-feira, dezembro 13, 2018

a masculinidade - Ave Nada

A gente não enxerga os processos e, quando eles dão, de surpresa, as caras, fica parecendo que eles saíram do nada. E quando é algo coletivo, fica mais parecido ainda com aparição. Porque tem a força de todo mundo e a gente junto é sempre ainda coisa mais desconhecida que a gente sozinho. O Ave Nada, em que acrescentamos música e teatro à leitura do Diário da Piscina (ed. É/2017) é meio assim.
Ou é inteiro assim, silencioso e distinto leitor.
Eu tou compartilhando aqui o Ave Nada que fizemos na casa da Claudia. Mas você sabe que o de domingo irá ser diferente, considerando que o processo é outro, tudo é outro, o lugar e a coisa.
Gostaríamos que todos viessem.
Será comunismo-comunidade, socialismo-socialidade, anarquismo-anarquiedade, sexismo-sexualidade, feminismo-feminilidade, homossexualismo-homossexualidade, transsexualismo-transsexualidade, heterossexualismo-heterossexualidade.
E tudo.
Vejam:

sábado, dezembro 01, 2018

Eu tou angustiado. E chateado demais. É assombrosa essa corja que foi colocada na presidência e o efeito cascata disso. Eu e Pedro, enquanto andávamos na rua, ouvimos gritar pra gente, num carro que passou:
- Olha o Bolsonaro!
A gente sabe que isso é apenas a superfície de ações bem mais, mas muito mais mesmo, covardes, perigosas, violentas, burras, dentro da estrutura pública do governo, mais fundas dentro do funcionamento da vida da gente, na rua e dentro de casa, todas resumidas no desrespeito pelas coisas que já são.
Eu tava olhando as pessoas passando na rua, outro dia. E tava vendo como que todo mundo é tão louco, como todo mundo é tão especial e interessante. E primeiro eu não entendi, não entendo, como essas pessoas assim tão brasileiras e diversas votaram nessa política que se anunciou tão escrota.
Segundo, eu tava vendo, olhando pras pessoas na rua, que elas não tinham controle, que é incontrolável pra onde os sonhos devam ir, tipo, eu não sei pra onde os sonhos vão, e não há como controlar isso, eles devaneiam na cabeça da gente, o coração batendo atrás e vocês votaram nisso, caralho, que angústia!
Ou a minha percepção é muito equivocada e sou um cara demais delirante e a verdade é que tudo é passível de ordem, de disciplina, disciplina, disciplina.