Meus livros, desde o Cinema Orly
ao Diário da Piscina, são sobre mim mesmo. Mas eu vejo que ficam falseados pelo
que têm de literatura e porque - como outro dia vi, ao olhar o Mamãe Me Adora
que estava na minha frente e li - não sou mais eu quem está ali, nem na forma
de escrever, nem na ilusão, nem na realidade da vida, nada. É apenas um livro o
Mamãe me Adora. E os meus outros livros também são apenas eles. E tudo o que
contam são a partir deles, não voltam pra mim, não dependem de mim, que posso
desaparecer como o garoto assassinado a facadas, hoje, em MG, pelo motorista do
ônibus em que o menino deu um balão.
O Diário da Piscina conta a
estória de minha recuperação das sequelas motoras deixadas por um coma de
neurotoxoplasmose, decorrentes de minha soropositividade por HIV. Mas pode não
ter nada a ver comigo. Um romano antigo poderia saber como funciona uma piscina
daqui, no início do século XXI. E um cara de um futuro distante também poderia
ver o seu funcionamento. Tudo muito frio e natural, sem drama na forma de
mostrar. Pode haver drama, mas nada a ver comigo. Tou fora.
A editora É disponibilizou o livro pra quem quer. Quem quer o livro
de papel, eu e ela também temos.
Vejam:
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