sexta-feira, janeiro 25, 2019


Meus livros, desde o Cinema Orly ao Diário da Piscina, são sobre mim mesmo. Mas eu vejo que ficam falseados pelo que têm de literatura e porque - como outro dia vi, ao olhar o Mamãe Me Adora que estava na minha frente e li - não sou mais eu quem está ali, nem na forma de escrever, nem na ilusão, nem na realidade da vida, nada. É apenas um livro o Mamãe me Adora. E os meus outros livros também são apenas eles. E tudo o que contam são a partir deles, não voltam pra mim, não dependem de mim, que posso desaparecer como o garoto assassinado a facadas, hoje, em MG, pelo motorista do ônibus em que o menino deu um balão.
O Diário da Piscina conta a estória de minha recuperação das sequelas motoras deixadas por um coma de neurotoxoplasmose, decorrentes de minha soropositividade por HIV. Mas pode não ter nada a ver comigo. Um romano antigo poderia saber como funciona uma piscina daqui, no início do século XXI. E um cara de um futuro distante também poderia ver o seu funcionamento. Tudo muito frio e natural, sem drama na forma de mostrar. Pode haver drama, mas nada a ver comigo. Tou fora.
A editora É disponibilizou o livro pra quem quer. Quem quer o livro de papel, eu e ela também temos.
Vejam:

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