Eu ouço muito dizer que gravar um disco hoje em dia é uma
coisa facílima, doméstica e tudo. Não sou um artista fértil, dos que compõe
dia-a-dia e no fim tem uma porrada de músicas pra mostrar. Eu até, quando me
levanto pela manhã, apareço com umas coisas na cabeça, que se eu pegasse no
violão para tirar, se desenvolveriam em boas músicas, talvez. Mas deixo
perderem-se esses motores de músicas que me aparecem e entro na minha rotina
sem experimentá-los, sem deixar que eles evoluam até ficarem inteiros, se liga.
Mas a verdade é que mesmo assim, com esse meu modo baiano, tenho muita música
inédita que vai se engavetando aqui e não registro.
Tenho usado esse tempo pra mostrar, ao vivo. E isso é uma
coisa que comecei a fazer mais, depois do último disco, que foi um deslo-u-cado
voz e violão. Também tenho curtido demais mostrar as músicas com uma formação
maior, que entram Vitor, Felipe e Lucas, o que nos deixam, assim, meio
roqueiros bregas, não sei.
Do meu Lua Singela para o Cinema Íris, acho que se passaram
dez anos. E do Poema Maldito pra cá, já são quatro. Então, o tempo vai fazendo
uma pressão e tem uma hora que um quantum saltará no pano e mesmo sendo eu o
autor ou o personagem, como diz o Eduardo, eu mesmo me surpreenderei com a sua aparição.
Eu tou dizendo isso, porque hoje me encontrarei com Vovô
Bebê, pra ver uns registros de músicas minhas que estamos fazendo (devagar) no seu
estúdio. Maravilha Pura!