sexta-feira, maio 17, 2019

balada da paloma - luís capucho

O Rafael Julião me disse que
estava para lançar um livro com seus poemas e que dedicava um deles pra mim.
Ele também disse que a estória era de sua mãe, dele, mas que ele fazia essa
relação. E, aí, me mandou o poema-letra:

Balada da Paloma

A Luis Capucho

Paloma passa correndo
ali ela tá solta no meio do barco
e pede ao cara de branco
não a prenda 
Paloma passa pelo pátio os
bancos, as famílias e os pombos
passa a garota de pulso
enfaixado e o velho agachado
e a pessoa nua de peito
mole pede calma,
os braços no alto Guernica e
passarela, cemitério carnaval
Paloma quer cantar

Deixa cantar a sereia do
hospício
Deixa cantar as as sereias do
hospício
Deixa eu cantar as sereias do
hospício
Deixa eu cantar com a sereia
do hospício

Paloma passa fazendo cena ela
stá "lock"
E minha mãe me leva a
desfilar no corredor Que nunca se acaba
Paloma passa por mim e
continua em minha mãe
passa o enfermeiro amassado,
e o faxineiro ali parado, 
e a menina alta que reclama
do gordo molhado na janela
Incêndio na plateia, solidão
e vendaval
Mamãe quer seguir...

Deixa seguir a sereia do
hospício
Deixa seguir as sereias do
hospício
Deixa eu seguir as sereias do
hospício
Deixa eu seguir a sereia

Paloma passa lambendo o chão
ela está rindo na frente dos parentes e faz que não tá loca ela só quer
causar 
Paloma passa pela beira do
mundo e das palavras
beira o frei acanhado e o
rehab advogado do rapaz robô que alguém dopou e ela viu a criança acordada
dentro da mulher sem banho
Inocência e bacanal Paloma
quer dançar...

Deixa dançar a sereia do
hospício
Deixa dançar as as sereias do
hospício
Deixa eu dançar com as
sereias do hospício
Deixa eu dançar com a sereia
do hospício









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