terça-feira, fevereiro 27, 2024

Cinema Orly, de Luís Capucho, nova edição no Brasil

A editora carambaia, abriu, com a segunda edição do Cinema Orly, uma coleção de clássicos eróticos, chamada Sete Chaves. Também abre a coleção o livro Rosa Mística, de marosa di giorgio. Eu fiquei agradecido demais que a editora mandou um livro pra o Tive Martinez, tradutor do Cinema Orly para o espanhol, com o selo editorial la abaporu.

Também feliz demais como Tive apresenta o livro pra os brasileiros:



sexta-feira, fevereiro 02, 2024

 

Sempre que mexo n’alguma coisa na casa, no meu ciscar delas que nunca é uma, se eu fosse um frango, se eu fosse uma galinha no quintal, não haveria de nos meus movimentos ter nada que abalasse o funcionamento do quintal. Ele continuaria recebendo o sol, os dias e as noites, e na manhã seguinte, eu estaria de novo ciscando, no passar comum e rotineiro dele. E pronto.

Só, que em casa, à medida que vou desencavando as coisas na estante, nas caixinhas e gavetas, outras vão aparecendo e vão aos montes se acumulando em torno à minha busca, de modo que eu passaria o dia todo em função de ordenar tudo outra vez, as coisas que reapareceram num novo conjunto e, aí, ficaria para sempre rearranjando tudo, porque seus novos arranjos são sempre sugestivos de outros arranjos e outros e outros.

Uma galinha sem ciscar não é uma galinha e o quintal é o mesmo, com ou sem ela. Por exemplo, Dona Linda está sempre, fica no entorno das coisas, se mexo, porque pode ser que apareçam baratinhas.

É isso.


 

segunda-feira, janeiro 15, 2024

Cinema Íris - cifra

Pendurado, presa no tempo feito roupa no varal, a Cinema Íris é irmã-hit da Cinema Orly. Cria play list de cifras, cria de toca, no violão, de Sta Rosa em casa. Repetir para comentar, inscrito no canal, popular e hit, cria, recebem novidades:

domingo, janeiro 14, 2024

..."Nos anos 2000, Capucho conseguiria retomar sua carreira musical e lançaria uma série de discos, o mais recente é uma coletânea chamada “La Vida Es Libre – Canciones de Luís Capucho, Vol.1” (2023), com uma série de releituras feitas por nomes como Nehedar, Arthur Nogueira, Luiza Brina e Gustavo Galo. Uma parte dos escritos de Capucho inspirou a narrativa do excepcional filme poético-biográfico “Peixe Abissal”, de Rafael Saar, que conferimos por aqui na 15ª edição do festival In-Edit."...

https://screamyell.com.br/site/2024/01/13/literatura-cinema-orly-reconta-as-andancas-de-luis-capucho-pelos-corredores-de-um-cinema-pornografico-carioca/ 

sábado, janeiro 13, 2024

O Cartas para o Edil, publicado pela É selo de Língua, por onde também publicamos o Diário da Piscina, é o meu quinto livro e nele tem escritos de muito antes, de quando eu já imaginava mesmo fazer livros, mas que eu não tinha esse caminho.

Agora, o primeiro deles, Cinema Orly, foi reeditado muito belamente - emoldurado numa coleção de clássicos eróticos pela Carambaia, uma coleção que chama Sete Chaves, com curadoria da Eliane Robert de Moraes - e penso que esse caminho até aqui, sem que tivesse ainda pavimento, começa a ser no Cartas para o Edil.

Eu acho bonito ser um autor não profissional, que quis lançar um livro que não foi escrito pra ser livro, mas que é um. São cartas, mas livro. E pedi ao Edil que me autorizasse publicar, porque o exponho como destinatário. Ele me disse que ser exposto dessa maneira, tudo bem! Então, com seu assentimento, está exposto...

Voltando ao assunto do escritor não profissional, que é tido como artista underground, como artista maldito, obscuro, de novo, sem pavimento, tenho pensado que esses adjetivos todos e outros da mesma floresta, tipo quando dizem que sou selvagem, é na verdade, um desejo social para que eu fique sem chão, quer dizer, não estou fazendo queixa nenhuma, se liga, porque assim, sem chão, sou um artista voador, um passarinho do Seu Mário, não tenho que precisar mesmo um chão.

Eu e a É Selo de Língua temos o Cartas para o Edil. Quem se interessar, entra em contato com a gente, plis!

- Aêêêh, quem vai querer?!!

 


 

sábado, janeiro 06, 2024

O meu maracujá-pimenta, que tem uma história e nem mesmo meu é, está subindo pro telhado do prédio. Com a vassoura tentei empurrá-lo pra minha área e a ponta dele quebrou.

E eu, que me distraio com as relações de uma coisa com as outras, vi que as histórias que a gente vai consertar, se quebram e quebrou o maracujá com suas histórias fortes demais no corpo inteiro dele, subindo pro telhado e eu tentando trazê-lo pra minha área.

Vejam:


 

sábado, dezembro 30, 2023

 Já faz um tempo que Niterói divulga ter qualidade de vida incomum nas outras cidades do Rio, acho que no Brasil e, de verdade, o postinho de saúde da minha rua tem funcionado pra mim. E vi outro dia que o STF colocou pra funcionar uma série de novas normas para o cuidado dos municípios com a população de rua.

Então, a qualidade de vida em Niterói tem endereço e os moradores das ruas, não têm tido orientação nenhuma a não ser o entorno de restaurantes e mercados, de modo que pra andar, você tem de estar armado de trocados, porque a prefeitura tem, há muito, deixado as pessoas tipo zumbis em torno a esses lugares e à gente também.

Depois de ter passado pelas pessoas pedindo, quando eu estava esperando o 30 pra vir embora, na 5 de Julho, apareceu-me um rapaz segurando um pão enorme, metade exposto no papel de embrulho, e tinha umas crostas de carne e queijo, e o rapaz disse que ele tinha de dividir aquele pão com mais cinco pessoas e precisava de mais – essas situações tensas, me fazem esquecer – não sei se ele queria comprar refrigerante, não lembro se queria outro pão. Eu disse que não tinha dinheiro e, aí, ele começou a insistir cheio de marra de vítima, ficou agressivo, cresceu pra cima de mim – ele era maior que eu, mais macho, mais vítima – e foi me encurralando entre o poste e a árvore e disse que poderia ser pix. Eu disse que não tinha, mas ele não acreditou e foi me encurralando eu fui ficando com medo e raiva, disse que ele não estava acreditando em mim e que não fazia sentido ele não acreditar. Eu não sou uma mulher e ele não queria sexo comigo, mas Não é Não, pow. Eu, no fim, teria de sopapar o escroto.

A situação foi ficando de um jeito, no ponto do 30, que, ou eu ganhava mais altura e peso e ficava mais macho pra esterilizar a marra dele ou ele iria me socar a cara, por eu não ter como salvar a ceia que ele precisava fazer com as outras cinco pessoas.

Aí, eu torcia para o 30 aparecer e não apareceu, a sorte foi que veio o caminhão recolhendo lixo e uma enxurrada de garis juntos. Parou um gari, depois outro, pra saber o que estava acontecendo. O rapaz do pão enorme recheado começou a criar caso com o gari, disse que eles não tinham nada de ficar escutando nossa conversa. Para ele, nós estávamos tendo uma conversa... he he... ele tinha realmente crescido na sua marra. Parou um transeunte também. Um gari disse: eu tou trabalhando.

Aproveitei e fui embora, pegar o 30 no ponto seguinte.




domingo, dezembro 24, 2023

Balada da Paloma - cifra

Continuo montando, no meu canal do youtube, uma playlist de cifras das minhas músicas para o que quiserem tocá-las. Ontem, acrescentei umas cinco à lista.

É um trabalho que gosto de fazer, e, às vezes, ontem, troquei um verso de música, me perdi num tempo, um compasso, mas deixei assim mesmo como fiz, porque o de que eu gostaria é que vissem os acordes. Nem a batida eu filmei, só os acordes mesmo.

Vou mostrar uma:

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terça-feira, dezembro 19, 2023

 

Às vezes, aparecia, juntos, aqui na minha cozinha, um monte de mosquitos bem miudinhos, que se fossem passarinhos seria uma alvorada, um bando, uma enxurrada? Seria uma alcatéia se fosse de lobos, com cor de ferrugem escura, porque eles são avermelhados.

Se aglomeravam n’algum resto de coisa para comer que eu deixasse, uma fruta que eu esquecesse, uma panela suja...

Então, uma outra coisa: não me dei bem com a tampa da nova lata de lixo e a joguei fora. Daí, por isso, com a lata do lixo aberta, com os restos expostos, pensei que a lufada deles fosse voltar, fiquei preocupado. Não gosto deles e nem de baratas.

Eis que entre a lata de lixo aberta e a pedra de minha pia, que fez uma teia, veio morar uma aranha. Não me dei conta no início, mas ela, como uma fadinha com sua vara, é que fez desaparecer a manada deles. 

Amor.

Veja:



quarta-feira, dezembro 13, 2023

Nesse final de 2023, por conta de meu trabalho de música, fui apresentado a outros dois artistas desconhecidos pra mim e dos quais fiquei muito feliz por conhecer. Me apresentaram, porque viram, por alguma via, semelhanças entre mim e o uruguaio Gustavo Pena e também entre mim e o britânico Nick Drake.

Modesta ou, verdadeiramente, não senti que estivesse à altura, mas adorei demais ouvir. E vi que têm alguma coisa da nossa MPB, talvez, daí, tivessem feito a relação. Ou, nada disso.

Eles são incríveis:



 

segunda-feira, novembro 27, 2023

AULA (luis capucho/Cazuza)

Fiz uma parceria póstuma com Cazuza, chama-se Aula. Foi o Rafael Julião, estudioso de letras de música, quem me mandou ela. Disse que estava sem melodia e que se parecia comigo. Não se parece, não sou poeta, mas fiz. E estamos colocando-a no nosso disco juntos, “A questão é”, eu e Bruno Cosentino.

Eu passei um tempo com a letra, fazendo de coração a música, e meu coração não viu mal nenhum nela. É um menino contando como um homem mais velho, supostamente, seu pai, lhe ensinava sobre a natureza e de como era a natureza da mulher para aquele homem que lhe dava a lição.

É o modo como todos sabemos – desde quando? –

 era a visão dos homens sobre as mulheres. As estrofes começam sempre com um eloquente “Era assim...”, quase como um “Era uma vez...”, quer dizer, não é mais, era.

As pessoas podem modificar a visão que elas têm das mulheres, mas elas não podem modificar o modo como essa visão era, então, porque estão criando questão com o poema, com se contar uma lembrança?

Pelo amor!

Era assim

O homem que me ensinava a natureza

Eu ia em suas costas menino

Sentia o suor quente em suas costas

E uma alegria sem sentido

Depois veia a mata grossa

Onde a morte brincava de perigo

Éramos nós dois e uma trilha no mato

E a tal floresta que não era Me ensinou o nome dos pássaros

E o impossível do vôo

Depois veio a praia sem segredos

E um poema que veio na hora

Era assim: O homem me ensinava a natureza

Da mulher e do que ela espera:

Um homem que a proteja E pague seu amor

Um homem que a maltrate

E viva do seu amor

Um homem simplesmente Que lhe inche a barriga

E que a mulher é o demônio Disfarçado de anjo

E que é preciso tomar muito cuidado

Porque são belas dissimuladas

Falou dos homens com são ingênuos

Com suas brincadeiras de guerra

De como são a massa crua

E a mulher a folheada

 Era assim: O homem me ensinava a natureza

E eu ia em suas costas menino