quarta-feira, novembro 24, 2010

Valeu, Nina, pela alegria do comentário!
Que consiga uma árvore linda pra você. Eu ainda tenho que ir no mato, ver se acho uma legal pra mim!...rs.
E pegando de volta o fio da meada que vinha pensando aqui comigo mesmo, consequentemente, para meus leit@res também, tinha pensado antes nas palavras, com que levamos adiante a vida, como uma espécie de ovo primordial de onde saímos, um sopro divino que nos deu vida e manipulado como um bem e tudo, mas aí achei um pensamento muito interessante, na internet, do Vilém Flusser, pegando a coisa por um outro ângulo:


."A língua é o inimigo visceral da fé, e tudo o que por ela for tocado ficará imune à intervenção do divino. Toda palavra é uma espada flamejante do diabo, e a língua como um todo é um único protesto contra as limitações do intelecto, um grito de articulação contra o inefável, um brado de guerra contra a divindade, uma expressão da inveja do intelecto humano dirigida contra Deus.

E, comentando com minha professora, ontem, ela jogou mais luz pra mim. Ela disse:
- Entendo... como o fogo que Prometeu roubou dos deuses.


E mais Flusser:

”Somos indivíduos, somos intelectos individuais, porque consistimos de palavras (expressões da inveja diabólica contra Deus) consolidadas pela gramática (expressão da avareza diabólica que tenta preservar a realidade por ele criada). A mente humana, essa suprema ilusão de realidade, é a obra mais perfeita do diabo, e é neste sentido que a nossa insistência avarenta na manutenção da nossa individualidade é o triunfo supremo do diabo. O nosso empenho em prol da língua (que é o empenho em prol do nosso intelecto), e nosso empenho em prol da propagação do enriquecimento da língua (que é o empenho em prol da imortalidade do nosso intelecto), é o ponto culminante da carreira gloriosa do diabo. A superação da língua, que seria o abandono do intelecto, implica a perda da nossa individualidade, e, do ponto de vista oposto ao diabo, a salvação da nossa alma"- Vilém Flusser, A História do Diabo, São Paulo, Annablume, 2006, pp.149-150.

Daí, que se pensarmos que a língua seja um oceano profundo em que estejamos mergulhados e que nada fazemos senão participar de seu fluxo ou que sejamos apenas onde se fundamente o seu fluxo, assim, como numa corrida coletiva em que passamos o bastão adiante, deste modo, sem pensar em nossa individualidade, mas no coletivo, estaríamos devolvendo a posse do fogo aos deuses. Né, não?...rs.

Um comentário:

Nina Blue disse...

Obrigada meu querido...
E falando de língua, antes dela vem o pensar... Nosso pensamento tem segredos e alcances, que nem sempre a língua pode proferir!
No fim da historia, sempre somos nossos próprios Deuses. É pegar, ou largar.
Beijos!