Há uma semana para acabar a campanha de crowndfunding
para prensar o Poema Maldito e com a meta atingida, decidimos, eu e Rafael, fazer
um clipe de uma das músicas do disco.
( o bom leit@r que quiser sob adiantamento garantir o seu
CD ou quiser participar de uma outra forma, veja aqui os modos: http://variavel5.com.br/projetos/poemamaldito/).
Novamente é o branco e me lembro daquela artista plástica,
de que falei aqui outro dia, maravilhada, em deslumbre apático diante dos
brancos do pintor espanhol Goya.
Maravilha, então,
leit@r, sem apatia ou deslumbre, vamos aos brancos.
O primeiro deles será escolher a música:
Roteiro:
1- La Nave Va
– Luís Capucho/Manoel Gomes
2- Poema Maldito – Luís Capucho/Tive
3- Generosidade – Luís Capucho
4- Os Gatinhos de Pedro – Luís Capucho
5- Mais Uma Canção do Sábado – Luís Capucho/Alexandre Magno Jardim
Pimenta
6- Soneto – Luís Capucho/Marcelo Diniz
7- O Camponês – Luís Capucho/Marcos Sacramento
8- Formigueiro – Luís Capucho
9- Meu Bem – Luís Capucho
10- Velha – Luís Capucho
11- Cavalos – Luís Capucho
Vejam as letras:
Letras do Poema Maldito
1-
La nave va – luís capucho/Manoel Gomes
La
nave va
E
eu olho a nave pela janela
Voando
e eu parado olhando a nave voando
Nave
bela, sofisticada
E
que me leva a outros mundos
Eu
parado na janela
A
janela parada comigo
Janela,
objeto comum, vulgar
Que
não me leva a lugar nenhum
Mas
é por causa dela que eu viajo na nave
É
ela que me leva
É
ela que é bela
Eu
aprendi a amá-la através dos anos
La
nave va...
2-
Poema Maldito – luís capucho/Tive
To
na praia
Com
um sujeito aleijado
Que
busca intimidade comigo
Ele
tem os braços atrofiados e isso faz
Com
que ele se pareça um louva-deus sagrado
Estamos
conversando
Ele
me diz que vive só
E
que prefere assim
Porque
gosta de se deitar no sofá
A
ver filme pornô
Eu
disse:
-
Sou luís capucho e escrevi o Cinema Orly e tenho namorado.
Em
todo caso ele me chama pra beber e ver filme pornô na sua sala.
Então,
se aproxima e trata de sentar-se do meu lado
Mas
não sei como aconteceu, ele caiu no chão
Com
movimentos estranhos que não entendo
Fico
um tempo reparar que não vai se levantar sozinho
E
vou embora dali
E
o abandono em sua agonia de inseto moribundo.
3-
Generosidade – luís capucho
Sua
generosidade
Confunde-se
com rudeza
Por
exemplo, os enormes pedaços de abóbora
Que
você cortou para o refogado
Sim,
estão deliciosos
E
os muitos beijinhos que você mandou pelo telefone
Fazem
parecer que você está
Sem
noção de tamanho, sem noção de tempo, noção de medida
Ficou
inconveniente
Ficou
burro
Por
isso sua generosidade
Confunde-se
com rudeza
Quanto
a mim, eu sou louco por você
Eu
te adoro
Incomensurável,
desmesurada, descabida
Espalhada
na grandeza da vida.
4-
Os gatinhos de Pedro – luís capucho
Coisas
incríveis são verdades
A
transubstanciação do Simon
Não
posso falar
Meus
vizinhos de trás
A
puta que pariu
Os
gatinhos de Pedro
As
estrelas,
Justamente
a árvore da calçada
Os
hieróglifos
A
cadeira que o Valfredo me deu
Lari
lará
A
transcêndência da matéria
A
substância da ilusão
Embora
nada tenha parado
O
sol brilhou outra vez
Embora
nada tenha parado estou em suspenso
Travado
pra algumas direções
Preciso
abrir frentes
Independente
de mim o bairro, a cidade
Segue
o fluxo de sempre
Me
adapto, vou fluindo
Quero
dizer, não quero fluir
Preciso
ir mais alto
Fico
suspenso
Corro
atrás
As
coisas são complicadas demais
Sonhei
que era louco
Os
vizinhos de trás
Fui.
5- Mais uma canção do
sábado - luís capucho/Alexandre M. Jardim Pimenta
Mais uma canção do
sábado, eu acordei todo babado,
Tarado de saudade de você
A manhã é cinza e
chuvosa, úmida tímida íntima, silenciosa
Silêncio que só a chuva
sabe fazer nas coisas
Que só o tempo sabe
embelezar as flores
Que só o tempo sabe
cuidar das dores
Agora, que não há mais
mamãe pra me esconder
Olho ao meu redor na sala
Olho pelas janelas
Pra todas essas coisas
belas
Que não sabem como nem
onde se esconder
Assim, tão frágeis, tão
corajosas, tão nuas
Como crianças perdidas
que não sabem onde se esconder
Vagando pelas ruas e
avenidas
Você não pode mais se
esconder de mim, você está em todo lugar
Os móveis que me observam
As facas na pia que me
fitam tão gélidas
Os livros que me olham
tão palermas
As plantas tão ermas e água parada tão
perigosa
A mnhão tõa silenciosa lá
fora
Tão tranquila de viver
Mas a verdade é uma
criança brincando, fico sem saber onde me esconder
De tanta saudade de você
E como parte de parte
alguma
Olho por toda parte
esperando por você
Que não veio com a chuva
Vagando pelas ruas e
avenidas
Você não pode mais se
esconder de mim, você está em todo lugar.
6 – Soneto – luís
capucho/Marcelo Diniz
O que move é movido, de
acidente
Em acidente, a bola de
bilhar
Dispara, no universo, a
pervagar
No encalço de outra bola
contingente;
Desejo e desejado, a
inconsequente
Incoerância que faz de
todo amar
Um afogar a sede neste
mar
Voraz de quem a mesma
sede sente;
Desejo e desejado, a
inconsequente
Incoerância que faz de
todo amar
Um afogar a sede neste
mar
Voraz de quem a mesma
sede sente;
Desassossego, nada em si
é só:
Decerto o travo doce no
perfume
É cúmplice do espinho e
anela o nó
Que faça a flor nascer do
negro estrume;
O que move é movido, o
dominó
De amores é odomínio do
ciúme.
7- O Camponês – luís
capucho/Marcos Sacramento
A lua cobre o campo,
Onde o camponês canta o
seu amor
Eu sou o camponês
solitário como a flor
A luz da lua não me basta
Eu sou o camponês
Que canta o bad trip
Que sobrevôa a coroa das
matas
Ninguém sobe aos céus
Sem voar nos olhos
Que o meu canto é triste
dentro da solidão das matas
Eu, o camponês, que
romantiza no ar
Que finaliza a lua melada
martiriza o meu caminho
Ninguém sobe aos céus sem
o meu carinho
Pobre dos andarilhos sem
rumo
Completamente apaixonados
pelo mundo
Eu, o camponês,
Que olha, dorme e não
sabe de nada.
8- Formigueiro – luís
capucho
Como todos sabem
Palavras existem não
somente
Para iluminar as coisas
Mas também
Pra dar movimeto na
cabeça
Pra dar passagem no
pensamento
Que desce ou sobe
Que vai a torto e a
direito
Caminha, nada, pula,
pulsa, cintila, brilha
Enovela-se e sai
Pois saiba que sem nome o
tempo não existe
As horas não voam, nem se
arrastam
Por isso, porque tenho
nome, é que, no fundo, eu não sou como uma árvore seca por dentro
Por isso é que eu não sou
um troço morto, parado, preso
E, ao contrário, tenho
como pássaros dentro
No fundo, eu sou arejado
e quase não termino
Para o formigueiro de
palavras, assim, arder em mim e me alegrar
No fundo, para me trazer
espírito e pra me dar sentido
Lá lá lá lá lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá lá lá
lá...
9- Meu Bem – luís capucho
Eu explorador do tempo da
minha cabeça
Aventureiro do tempo da
minha cabeça
Nos sobressaltos do tempo
do meu coração
E fantasia.
Inventei você pra mim,
meu bem
Daquilo que você é
inventei você pra mim
Céu, estrada, ponte,
prédio, sem você
Vento, nuvem, janela,
casa, sem você
Mais ficção que um livro
Mais invenção que um
barco
Mais criação que flores
Inventei você pra mim,meu
bem
Das sombras que você é
Eu fiz você pra mim
O meu lado mais
iluminado.
10-
Velha – luís capucho
É
tão bonita uma velha
A pele de cama usada
É tão gostosa, tão frágil
A mão de roupa ensaboada
E o sorriso de legumes
Tão confortável essa velha
Toda nobreza, toda velha
No vestidinho de chita com florezinhas
No sapatinho de plástico apertadinho
É tão bonita uma velha
Que tem as unhas pintadas
Que tem a alma tão boa
E o carinho perfumado
De perfume baratinho
É tão bonita uma velha
Por ela viver sonhando
Por ela viver sorrindo
Por ela viver partindo.
A pele de cama usada
É tão gostosa, tão frágil
A mão de roupa ensaboada
E o sorriso de legumes
Tão confortável essa velha
Toda nobreza, toda velha
No vestidinho de chita com florezinhas
No sapatinho de plástico apertadinho
É tão bonita uma velha
Que tem as unhas pintadas
Que tem a alma tão boa
E o carinho perfumado
De perfume baratinho
É tão bonita uma velha
Por ela viver sonhando
Por ela viver sorrindo
Por ela viver partindo.
11-
Cavalos – luís capucho
Você me lembra cavalos
Me lembra flores
E tem alguma coisa da luz
dos diamantes
Alguma coisa
Sua gema folhuda
Seu facho escancarado
Seu volume de rosas
Deitado na minha poltrona
Nem mesa nem cadeira
Nada me seduz na vida
Nada me conduz no mundo
Só sua imagem de cavalos
Me lembra flores
E tem alguma coisa da luz
dos diamantes
Alguma coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário