quinta-feira, setembro 11, 2014



Há uma semana para acabar a campanha de crowndfunding para prensar o Poema Maldito e com a meta atingida, decidimos, eu e Rafael, fazer um clipe de uma das músicas do disco.

( o bom leit@r que quiser sob adiantamento garantir o seu CD ou quiser participar de uma outra forma, veja aqui os modos: http://variavel5.com.br/projetos/poemamaldito/).

Novamente é o branco e me lembro daquela artista plástica, de que falei aqui outro dia, maravilhada, em deslumbre apático diante dos brancos do pintor espanhol Goya.

 Maravilha, então, leit@r, sem apatia ou deslumbre, vamos aos brancos.

O primeiro deles será escolher a música:

Roteiro:



1- La Nave Va – Luís Capucho/Manoel Gomes



2- Poema Maldito – Luís Capucho/Tive



3- Generosidade – Luís Capucho



4- Os Gatinhos de Pedro – Luís Capucho



5- Mais Uma Canção do Sábado – Luís Capucho/Alexandre Magno Jardim



Pimenta



6- Soneto – Luís Capucho/Marcelo Diniz



7- O Camponês – Luís Capucho/Marcos Sacramento



8- Formigueiro – Luís Capucho



9- Meu Bem – Luís Capucho



10- Velha – Luís Capucho



11- Cavalos – Luís Capucho



Vejam as letras:



Letras do Poema Maldito



1-    La nave va – luís capucho/Manoel Gomes



La nave va

E eu olho a nave pela janela

Voando e eu parado olhando a nave voando

Nave bela, sofisticada

E que me leva a outros mundos

Eu parado na janela

A janela parada comigo

Janela, objeto comum, vulgar

Que não me leva a lugar nenhum

Mas é por causa dela que eu viajo na nave

É ela que me leva

É ela que é bela

Eu aprendi a amá-la através dos anos

La nave va...







2-    Poema Maldito – luís capucho/Tive



To na praia

Com um sujeito aleijado

Que busca intimidade comigo

Ele tem os braços atrofiados e isso faz

Com que ele se pareça um louva-deus sagrado

Estamos conversando

Ele me diz que vive só

E que prefere assim

Porque gosta de se deitar no sofá

A ver filme pornô

Eu disse:

- Sou luís capucho e escrevi o Cinema Orly e tenho namorado.

Em todo caso ele me chama pra beber e ver filme pornô na sua sala.

Então, se aproxima e trata de sentar-se do meu lado

Mas não sei como aconteceu, ele caiu no chão

Com movimentos estranhos que não entendo

Fico um tempo reparar que não vai se levantar sozinho

E vou embora dali

E o abandono em sua agonia de inseto moribundo.





3-    Generosidade – luís capucho



Sua generosidade

Confunde-se com rudeza

Por exemplo, os enormes pedaços de abóbora

Que você cortou para o refogado

Sim, estão deliciosos

E os muitos beijinhos que você mandou pelo telefone

Fazem parecer que você está

Sem noção de tamanho, sem noção de tempo, noção de medida

Ficou inconveniente

Ficou burro

Por isso sua generosidade

Confunde-se com rudeza

Quanto a mim, eu sou louco por você

Eu te adoro

Incomensurável, desmesurada, descabida

Espalhada na grandeza da vida.





4-    Os gatinhos de Pedro – luís capucho



Coisas incríveis são verdades

A transubstanciação do Simon

Não posso falar

Meus vizinhos de trás

A puta que pariu

Os gatinhos de Pedro

As estrelas,

Justamente a árvore da calçada

Os hieróglifos

A cadeira que o Valfredo me deu

Lari lará

A transcêndência da matéria

A substância da ilusão



Embora nada tenha parado

O sol brilhou outra vez

Embora nada tenha parado estou em suspenso

Travado pra algumas direções

Preciso abrir frentes

Independente de mim o bairro, a cidade

Segue o fluxo de sempre

Me adapto, vou fluindo

Quero dizer, não quero fluir

Preciso ir mais alto

Fico suspenso

Corro atrás

As coisas são complicadas demais

Sonhei que era louco

Os vizinhos de trás

Fui.





5- Mais uma canção do sábado - luís capucho/Alexandre M. Jardim Pimenta



Mais uma canção do sábado, eu acordei todo babado,

Tarado de saudade de você

A manhã é cinza e chuvosa, úmida tímida íntima, silenciosa

Silêncio que só a chuva sabe fazer nas coisas

Que só o tempo sabe embelezar as flores

Que só o tempo sabe cuidar das dores

Agora, que não há mais mamãe pra me esconder



Olho ao meu redor na sala

Olho pelas janelas

Pra todas essas coisas belas

Que não sabem como nem onde se esconder

Assim, tão frágeis, tão corajosas, tão nuas

Como crianças perdidas que não sabem onde se esconder



Vagando pelas ruas e avenidas

Você não pode mais se esconder de mim, você está em todo lugar



Os móveis que me observam

As facas na pia que me fitam tão gélidas

Os livros que me olham tão palermas

 As plantas tão ermas e água parada tão perigosa

A mnhão tõa silenciosa lá fora

Tão tranquila de viver



Mas a verdade é uma criança brincando, fico sem saber onde me esconder

De tanta saudade de você

E como parte de parte alguma

Olho por toda parte esperando por você

Que não veio com a chuva



Vagando pelas ruas e avenidas

Você não pode mais se esconder de mim, você está em todo lugar.





6 – Soneto – luís capucho/Marcelo Diniz





O que move é movido, de acidente

Em acidente, a bola de bilhar

Dispara, no universo, a pervagar

No encalço de outra bola contingente;



Desejo e desejado, a inconsequente

Incoerância que faz de todo amar

Um afogar a sede neste mar

Voraz de quem a mesma sede sente;



Desejo e desejado, a inconsequente

Incoerância que faz de todo amar

Um afogar a sede neste mar

Voraz de quem a mesma sede sente;



Desassossego, nada em si é só:

Decerto o travo doce no perfume

É cúmplice do espinho e anela o nó



Que faça a flor nascer do negro estrume;

O que move é movido, o dominó

De amores é odomínio do ciúme.





7- O Camponês – luís capucho/Marcos Sacramento



A lua cobre o campo,

Onde o camponês canta o seu amor

Eu sou o camponês solitário como a flor

A luz da lua não me basta

Eu sou o camponês

Que canta o bad trip

Que sobrevôa a coroa das matas

Ninguém sobe aos céus

Sem voar nos olhos

Que o meu canto é triste dentro da solidão das matas

Eu, o camponês, que romantiza no ar

Que finaliza a lua melada martiriza o meu caminho

Ninguém sobe aos céus sem o meu carinho

Pobre dos andarilhos sem rumo

Completamente apaixonados pelo mundo

Eu, o camponês,

Que olha, dorme e não sabe de nada.





8- Formigueiro – luís capucho



Como todos sabem

Palavras existem não somente

Para iluminar as coisas

Mas também

Pra dar movimeto na cabeça

Pra dar passagem no pensamento

Que desce ou sobe

Que vai a torto e a direito

Caminha, nada, pula, pulsa, cintila, brilha

Enovela-se e sai

Pois saiba que sem nome o tempo não existe

As horas não voam, nem se arrastam

Por isso, porque tenho nome, é que, no fundo, eu não sou como uma árvore seca por dentro

Por isso é que eu não sou um troço morto, parado, preso

E, ao contrário, tenho como pássaros dentro

No fundo, eu sou arejado e quase não termino

Para o formigueiro de palavras, assim, arder em mim e me alegrar

No fundo, para me trazer espírito e pra me dar sentido

Lá lá lá lá lá lá lá lá

Lá lá lá lá lá lá lá lá

Lá lá lá lá lá lá lá lá...





9- Meu Bem – luís capucho



Eu explorador do tempo da minha cabeça

Aventureiro do tempo da minha cabeça

Nos sobressaltos do tempo do meu coração

E fantasia.

Inventei você pra mim, meu bem

Daquilo que você é inventei você pra mim

Céu, estrada, ponte, prédio, sem você

Vento, nuvem, janela, casa, sem você

Mais ficção que um livro

Mais invenção que um barco

Mais criação que flores



Inventei você pra mim,meu bem

Das sombras que você é

Eu fiz você pra mim

O meu lado mais iluminado.





10- Velha – luís capucho



É tão bonita uma velha
A pele de cama usada
É tão gostosa, tão frágil
A mão de roupa ensaboada
E o sorriso de legumes

Tão confortável essa velha
Toda nobreza, toda velha
No vestidinho de chita com florezinhas
No sapatinho de plástico apertadinho

É tão bonita uma velha
Que tem as unhas pintadas
Que tem a alma tão boa
E o carinho perfumado
De perfume baratinho

É tão bonita uma velha
Por ela viver sonhando
Por ela viver sorrindo
Por ela viver partindo.





11- Cavalos – luís capucho





Você me lembra cavalos

Me lembra flores

E tem alguma coisa da luz dos diamantes

Alguma coisa

Sua gema folhuda

Seu facho escancarado

Seu volume de rosas

Deitado na minha poltrona

Nem mesa nem cadeira

Nada me seduz na vida

Nada me conduz no mundo

Só sua imagem de cavalos

Me lembra flores

E tem alguma coisa da luz dos diamantes

Alguma coisa.















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