Tive um natal muito lindo, no apezinho, passeando pela
internet, ouvindo música baixinho aqui dentro, bebericando, refletindo as
coisas na cabeça, os ecos de festas de Natal das famílias do vale da Martins
Torres.
Num momento coloquei o disco novíssimo do Marcos Sacramento
pra ouvir, o Autorretrato, presente de final de ano. É uma coisa incrível, um
mistério da altura em que estamos, depois de ter passado tanto tempo, que
eu colocasse o disco dele dentro do computador pra ouvir. Comecei a fazer música
com ele. Ele ia na cabeça de porco pra gente fazer. Tínhamos tentado, por idéia
dele, que os encontros de fazer música, fossem em sua casa, dele, mas não deu
certo. Aí, ele ia pra Cabeça e minha mãezinha cuidava da gente, enquanto
cuidava de tudo.
Foi se criando um método de fazer as músicas: na maioria dos
casos as letras eram dele. Em menor quantidade, fazíamos letra juntos ou
melodia juntos. E no Poema Maldito, coloquei uma das músicas dessa fase: “O
Camponês”. Ele deixou a letra lá em casa, no sumidouro dos anos 80, e, no outro
dia, quando voltou, mostrei a melodia pronta. Nessa música, para o “Poema...”, Felipe
Escovedo colocou um baixo lindo, junto ao meu violão. Custei a entender o
sentido de seu baixo, impliquei com ele. Aí, o Felipe Castro me deu um toque,
foi mexendo nas alturas, é um baixo todo estudado, todo cuidadoso, cheio de
pensamento, boníssimo leit@r. Daí, eu custei a entender, eu sei que sou lento...
Voltando ao Autorretrato, o Sacramento tinha entrado numa de
fazer música interpretando os caras da tradição da música carioca, e lançou um
monte de discos assim. Mas, aí, tudo foi chegando nessa altura em que estamos e
ele, que tinha aprendido a tocar violão e que tinha começado a fazer música e
letra, tudo, sem que tivesse tempo de chegar nas parcerias comigo, decidiu
lançar o Autorretrato em que assume essa sua produção “euísta”.
E, aí, eu coloquei pra ouvir.
Pra mim, do meu ponto de vista, além de cantor, o Sacramento
é dos grandes compositores da tradição da MPB, então, é um orgulho pra mim que
a gente tenha essa história que vai saindo das alturas e que vai dando sentidos
muito mais próximos da gente, que vão se esparramando pelo chão, que vão
subindo pelas paredes do apezinho, enquanto eu estou na noite de Natal de 2014,
ouvindo o Autorretrato, que depois de ter se esparramado pelo chão e subido as
paredes vai florescendo na minha cabeça, aqui, sozinho no AP, dentro do vale, e
tal.
Disco de gente grande!
Disco de gente grande!
Além disso, já consegui sobrescritar boa parte dos envelopes
de Poemas Malditos para que eu enviasse pros colaboradores do crowndfunding. É
que o aplicativo que baixamos da internet para a impressão das etiquetas não
funcionou, aí, tem de ser tudo na mão, o que é demorado. Assim que eu mandar o
seu, te aviso por e-mail ou in Box, no facebook.
Como curto nomear, em agradecimento, Felipe fotografou o
encarte do “Poema...”.
Vejam:
E mais fora disso, a alegria de ver o Theo com o Cinema
Orly, no colo:
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