Depois de a Fernanda ter avisado que Diário da Piscina estava na lista dos melhores de 2017 para a revista de livros, a 451, e que o Tive Martínez teve ele na sua lista pessoal dos melhores de 2017, o Diário da Piscina entrou em mais uma lista dos melhores lidos neste ano. Sentindo-se muito orgulhoso: Com Rocha JúliaJoão SantosRafael SaarPaulo BarbetoPedro PazDiêgo Deleon
Em um ano há tempo para ler muita coisa, não é mesmo? Pelo menos para aqueles que fazem da leitura um hábito constante, é difícil passar muitos meses sem livros. …
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terça-feira, dezembro 26, 2017
Faz um tempinho que Bob morreu. E
outro dia conversando com minha Vizinha de Baixo, ela me contou de outros
cachorros que morreram na mesma época em que ele, inclusive o Bethoven, da
Vizinha do Lado. Foram quatro ou cinco cães, ao mesmo tempo. E ela contou isso,
como um modo de conformar-se à partida de Bob. Como se as mortes dos cães aqui
na Martins Torres, delimitassem o final de uma era. E que isso fizesse parte
das nossas modificações, que vamos nos tornando cada vez mais outras pessoas e
tal.
Eu também acredito assim, no
final das eras, como se existissem vários tempos e vários mundos e vários eus,
com cães e sem eles. Eu estou escrevendo isto aqui, mas querendo dizer outra
coisa, estou cavando, cavucando aqui com as palavras, quem sabe eu chegasse nos
lugares que o Manuel Gomes chegava, onde por exemplo, ele nos levou com a letra
da La Nave Vá e onde o Felipe fez uma coisa linda, segundo ele, depois de ouvir
Velvet Underground.
A gente decidiu colocar essa
música do Manuel pra abrir o disco. E, depois, viu que ela, junto da foto da
capa, decide um modo de ouvir as dez músicas seguintes, num esqueleto possível
do Poema Maldito. São muitas as vezes em que eu estou na janela do apezinho,
sentindo como é preciso ter força e coragem pra tudo isso:
A Vida Nua é uma música que fiz já há muitos anos. Eu ainda
me lembro de ela surgir, embaixo de uma árvore, no quintal de uma casinha em
Mury, onde eu tinha ido passar o final de semana com meu amigo Ciro.
Foi o Ciro quem me mostrou o filme de que fala a música – e
que me faz lembrar que a Angela, quando divulgou o lançamento do Diário da
Piscina, em BH, tinha falado, assim, por alto, de eu ter sido uma espécie de
pioneiro do que aquele meninos do Disco Punisher (https://discopunisher.wordpress.com/2017/08/20/o-publico-nao-e-mais-pego-de-surpresa-pela-mpbicha-luis-capucho/)
disseram, a MPBicha.
A vida Nua foi incluída na trilha do filme Lampião das
Esquinas, sobre um jornal pioneiro no Brasil das questões LGBTs. E eu não me
dava conta dessa onda que vinha se formando, de todas as ondas que estavam
vindo e que se formavam, pra dar nesse mar revolto de agora.
No início do ano, vamos tocar nalguns lugares - tou
aproveitando que o Vitor vai estar aqui no Rio e pedi a ele que apresentasse as
músicas comigo. Mas não tocaremos a Vida Nua, que não sei mais... he he he.
Vejam:
quarta-feira, dezembro 20, 2017
Começou o tempo de dormir na
sala, porque meu quarto dá direto para o sol da tarde. Então, deixo a porta da
área aberta e pela janela da sala corre uma brisa atravessando o apezinho e,
por enquanto, nem preciso de ventilador. De madrugada, uso um lençol. Desde
pequeno, durmo com um shorte e sem camisa. Tinha vergonha que mamãe me visse
pelado. Mas, agora, tenho dormido nu.
Isso é uma coisa que desde
pequeno é especial pra mim. Ficar pelado me excita e tou me desfazendo disso.
Tem uns caras que quando ficam pelados, o pau ainda é grande. Li uma vez, numa
revista de internet, sobre isso. Dizia que todos os paus são grandes, quando
excitados, mas que alguns são maiores, quando murchos.
Não acreditei.
segunda-feira, dezembro 18, 2017
Neste final de semana, Pedro ajudou a atualizar o site.
Colocamos a medalha nas páginas dos livros, o prêmio do
Cinema Orly e as matérias que faltavam colocar, sobre as apresentações de músicas
nos lançamentos do Diário da Piscina.
Também colocamos a surpreendente notícia
de o Diário da Piscina estar entre os melhores lançamentos da literatura
brasileira de 2017, na 451, revista especializada em livros.
Depois, ainda queremos colocar a medalha e o prêmio nas
respectivas páginas do facebook.
Tem acontecido uma coisa louca de
uns tempos pra cá. Na verdade tudo tem me parecido muito louco e eu fico
tentando achar um jeito mínimo de entender o que tem sido uma loucura pra mim,
pra apaziguar um pouco o meu coração. Por exemplo, eu nunca achava, antigamente,
fizesse o que eu fizesse, que eu iria perder meu tempo. Eu achava as conversas jogadas
fora, uma coisa meio sem importância pra mim e não participava delas, mas não
achava que participar delas fosse jogar tempo fora, no lixo, porque era algo
que podia ser curtido por quem participasse e tudo.
E, ontem, à noite, fui dormir
pensando na notícia que a Fernanda me deu, de que o nosso Diário da Piscina
estava na lista dos melhores de 2017 da Literatura Brasileira, na revista feita
para livros, a 451. Mas como assim, como é que foi parar lá, fiquei pensando. E
satisfeito demais, porque tudo o que um livro precisa é de divulgação, é de
circulação no meio das pessoas, e o Diário tem uma mínima distribuição na
cidade de SP, feita pela É selo de língua, e aqui no Rio e em outras capitais,
nenhuma. A gente fez poucos. Eu queria fazer 1000, mas a júlia, mais atenta,
disse que fizéssemos menos.
Era só pra dizer que a alegria é uma
coisa fácil de entender.
Como o silencioso leitor
sabe, eu já disse, tenho feito algumas das transcrições do programa Escuta, do
núcleo canção da Letras da UFRJ. Agora to transcrevendo o Escuta da Mari
Romano, do seu disco Romance Modelo. E dentre as explicações muito interessantes
que ela deu, para as perguntas muito interessantes que Rafael Julião fez,
fiquei parado nesse trecho que transcrevo aqui, sobre a faixa Um Ar.
“Rafel Julião:
Ne, e, é, isso é uma viagem minha, mas eu acabo entrando
nessas viagens. O quanto essa palavra errata tem a ver com a coisa da... você
desde que começou a entrevista você falou algumas vezes de transformação. E me
parece que a relação da errata com a canção, é a possibilidade da música de
transformar vivências ou de... não sei. São... eu queria que você comentasse
essa relação de música com errata.
Mari Romano:
Tá.
Rafel Julião:
Que
eu gosto, acho tão bonita... errata.
Mari Romano:
Legal. (riso)
Eu
gosto dessa palavra também.
Mas,
é... de qualquer maneira essa música foi uma viagem, tipo, viagem de doidão
mesmo, que eu fiquei pensando, gente, isso aqui que ta saindo é um ar, que tava
aqui dentro e que saiu. E ele se transformou, mas, tipo, assim, a gente fica
pensando no que dizer e tentando controlar, mas na verdade, nada foi dito até
você de fato falar ou de fato fazer. Então, tipo, tudo é editável até o último
segundo. Por isso que eu falo que, tudo que eu digo parece ser de última hora e
que esse ar passa... escala um tubo e passa pela casinha e vira tudo música,
sinais, palavras e tal.
É meio
tirando um pouco a opressão daquela coisa da linguagem. Dizendo, ó, ce tem aí.
É tipo, na verdade, também é só um sopro, é efêmero, ta no tempo, enfim. É
meio, foi mais uma viagem...”
E
achei esse vídeo dela cantando a Um Ar com o charmoso Pedro Pastoriz:
quinta-feira, dezembro 07, 2017
É um mundo escuro esse em que se
entra pra escrever. A gente vai clareando o caminho à medida que as frases vêm
aparecendo, mas o resto tá no escuro, que é justo onde a gente vai e quer
entrar. Daí, que eu mantenho o blog por quinze anos sem ter o que dizer, apenas
por que gosto de ficar nesse lugar limite entre a escuridão e a claridade,
nessa estação, onde uma vem e a outra vai e onde o que eu sinto se filtra um
pouco e, aí, me sinto um pouco melhor, aqui, no apezinho, meio de eremita se
socializando um pouco.
Agora, apenas mais um parágrafo
para a clareira se alargar:
Mês que vem será 2018 e
oficialmente me deram como alfabetizado em 1969. Não consigo ter a lembrança
toda, mas a impressão é a de que no fim de 69, fui chamado ao gabinete para um
teste: ler o ato de contrição, assinar meu nome? Não sei, a memória comeu essa
parte. Não sei mesmo se foi nessa parte da estória, quando fui chamado ao
gabinete. Estou num limite em que as frases vêm mais escuras do que luminosas,
em que elas estão na sombra, quase não se vê o que elas dizem. Uma clareira na
sombra escura, dentro do breu enorme.
No final de janeiro o Vitor vai vir com Flora e, aí, tou
vendo lugar em que a gente possa apresentar as músicas. Já reservei uma data
pra gente apresentá-las aqui no apezinho e passar o chapéu, no fim. Aí, cada um
traz a sua droga – refrigerante, cerveja, cachaça - e a gente prepara uns
acepipes. Desde já, estão todos convidados. Também já reservamos uma data em
Nova Friburgo, na casa de meu velho amigo Ciro, para isso. E estamos procurando
lugares domésticos ou não, para a oportunidade. Os amigos que virem esse post e
tiverem ideia, é só falar com a gente. E vamos para 2018!
A gente, de novo, passou o domingo atualizando o site.
Ficaram coisas ainda por fazer, mas ele ta ficando mais completo. Dessa vez, a
gente ficou colocando a Medalha José Cândido de Carvalho nas páginas dos
livros, porque foram eles que a mereceram.
O resultado disso ficou muito simples e bonito, mas até
chegar nele foram horas de tentativas e erros.
Quando a gente vai em SP e anda
na rua é que a gente vê que a viagem que uma pessoa pode fazer, vai pra
qualquer lugar, que não tem uma direção certa, porque tem pra todo lado e
gosto. Eu, às vezes, fico aqui no apezinho me sentindo um cara bem deslocado, sem
direção e tudo e, aí, quando saio na rua e olho na fisionomia das pessoas
passando, eu fico vendo que é todo mundo como eu, que neguinho vai perdido, vai
ensimesmado, vai devaneando no mistério, vai cavucando a sua própria estória e
parece que tudo sempre foi mesmo indizível.
Em qualquer lugar e tempo, tudo é
indizível, porque eu me lembro de mamãe, numa estrada na roça, parar pra
conversar com quem vinha da direção contrária e, aí, a respota do comprimento
inicial, da pergunta de como a pessoa ía passando, era a lógica, da lógica, da
lógica. Ao invés de a gente ouvir uma explicação, a gente ouvia um “eu vou indo’
e, aí, parava para um pouco de conversa fora e ía embora.
Também, depois que mamãe morreu e
que fiquei sem ver televisão, isso que se repara nas ruas de SP, de as direções
serem livres, ficou livre pra mim também, acho que fiquei mais sem direção, não
tem nem mais novela. Sinto que fiquei por minha conta e tenho a ilusão de que
se fosse em SP, que eu teria achado minha turma e perdido a liberdade que
ficou.
Fora isso, a Julia e o Gustavo
fizeram a versão de Hecatombe, da Patti Smith e a “É selo de língua – editora
É” publicou.