Quando a gente vai em SP e anda
na rua é que a gente vê que a viagem que uma pessoa pode fazer, vai pra
qualquer lugar, que não tem uma direção certa, porque tem pra todo lado e
gosto. Eu, às vezes, fico aqui no apezinho me sentindo um cara bem deslocado, sem
direção e tudo e, aí, quando saio na rua e olho na fisionomia das pessoas
passando, eu fico vendo que é todo mundo como eu, que neguinho vai perdido, vai
ensimesmado, vai devaneando no mistério, vai cavucando a sua própria estória e
parece que tudo sempre foi mesmo indizível.
Em qualquer lugar e tempo, tudo é
indizível, porque eu me lembro de mamãe, numa estrada na roça, parar pra
conversar com quem vinha da direção contrária e, aí, a respota do comprimento
inicial, da pergunta de como a pessoa ía passando, era a lógica, da lógica, da
lógica. Ao invés de a gente ouvir uma explicação, a gente ouvia um “eu vou indo’
e, aí, parava para um pouco de conversa fora e ía embora.
Também, depois que mamãe morreu e
que fiquei sem ver televisão, isso que se repara nas ruas de SP, de as direções
serem livres, ficou livre pra mim também, acho que fiquei mais sem direção, não
tem nem mais novela. Sinto que fiquei por minha conta e tenho a ilusão de que
se fosse em SP, que eu teria achado minha turma e perdido a liberdade que
ficou.
Fora isso, a Julia e o Gustavo
fizeram a versão de Hecatombe, da Patti Smith e a “É selo de língua – editora
É” publicou.
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