Faz um tempinho que Bob morreu. E
outro dia conversando com minha Vizinha de Baixo, ela me contou de outros
cachorros que morreram na mesma época em que ele, inclusive o Bethoven, da
Vizinha do Lado. Foram quatro ou cinco cães, ao mesmo tempo. E ela contou isso,
como um modo de conformar-se à partida de Bob. Como se as mortes dos cães aqui
na Martins Torres, delimitassem o final de uma era. E que isso fizesse parte
das nossas modificações, que vamos nos tornando cada vez mais outras pessoas e
tal.
Eu também acredito assim, no
final das eras, como se existissem vários tempos e vários mundos e vários eus,
com cães e sem eles. Eu estou escrevendo isto aqui, mas querendo dizer outra
coisa, estou cavando, cavucando aqui com as palavras, quem sabe eu chegasse nos
lugares que o Manuel Gomes chegava, onde por exemplo, ele nos levou com a letra
da La Nave Vá e onde o Felipe fez uma coisa linda, segundo ele, depois de ouvir
Velvet Underground.
A gente decidiu colocar essa
música do Manuel pra abrir o disco. E, depois, viu que ela, junto da foto da
capa, decide um modo de ouvir as dez músicas seguintes, num esqueleto possível
do Poema Maldito. São muitas as vezes em que eu estou na janela do apezinho,
sentindo como é preciso ter força e coragem pra tudo isso:
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