Eu presto muita atenção nas
coisas que estão próximas a mim. E se estou abstraído num livro, na internet,
encontro informações esmiuçadas de pessoas e coisas e o que ta fora, ta fora,
próximo ou longe. Posso também esmiuçar a mim mesmo e, nisso, todo dia eu vou
tentando me organizar aqui, no apezinho, amiúde. Mas também muita ignorância,
uma coisa, assim, ao mesmo tempo, obssessiva e sem saber.
Então, isso que ouço dizer, de a
sociedade brasileira ser hospitaleira e alegre, eu sempre acho violenta,
ameaçadora. Eu sei que aqui no apezinho está construído pra mim um ambiente
protetor, a que os amigos vêm aumentar e dar calor. Mas o caso é o que é,
sempre viver na ameaça.
Há uma loja, em Icaraí, de roupas
para os empregados, assim, uniformes:
roupas de camareiras, de babás,
de jardineiros, porteiros, tudo que é trabalho. É uma coisa violenta, ali, com
a vitrine enorme dando pra rua. Porque não são roupas para noivos, roupas para senhoras
de andar na rua, roupas de crianças, de juventude érótica e livre. Não são
roupas, que lembrem a liberdade da vida e que se tenha o desejo de comprar.
São roupas meio que na
escravidão.
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