O Vertin
lançou hoje a Maluca dele, a coisa mais emocionante pra mim, muito emocionante
mesmo, uma versão antiga e nova, original e última, quer dizer, uma coisa
linda!
Sinto muito
prazer em postar, orgulho e gratidão!
Por flor
tenho loucura:
O Vertin
lançou hoje a Maluca dele, a coisa mais emocionante pra mim, muito emocionante
mesmo, uma versão antiga e nova, original e última, quer dizer, uma coisa
linda!
Sinto muito
prazer em postar, orgulho e gratidão!
Por flor
tenho loucura:
Muito
contente com as duas novas Malucas que chegaram nesse mês. Uma veio de
Arcoverde, PE e a outra de BH, em Minas, Vertin e Amandona, respectivamente.
Tenho amor
pelas duas, diferente de quando ouvi com Cassia Eller. Por que dessa vez, o
orgulho do bastão estar n’outra geração de artistas.
A Amandona
canta sem drama, no arranjo da Luiza Brina. E Vertin, pra sua Maluca, fez um
vídeo adivinhatório, uma coisa linda e emocionante. A banheira dramática de
onde tudo partiu.
E eu, ainda,
estive pensando:
E se eu com
meus cabelos de bicho do mato, à escovinha, me levantasse no meio da palestra e
fosse em direção ao palestrante, sem dizer nada e contornando todo o meu ser
tacasse um beliscão na pele macia de seu braço. A dor interior do palestrante e
minha contorção interior, não seriam reais, sem falar?
E se o
palestrante também sem falar, se levantasse a minha frente, com seus cabelos
escovados, de madame, e me acertasse um soco na boca do estômago me fazendo
dobrar frente à plateia, sem falar, isso não seria realidade?
Sem falar na
moça linda sentada à minha direita que recebe um beijo em silêncio na boca do
namorado. Não iria ser real?
E se alguém
chegasse em silêncio atirando?
Não era
real? Fala aí, bom leitor!
Realiza!
Tou feliz
demais.
Ainda serei
um homem que faça a barba todos os dias, mas ainda não cheguei nele e faço
somente quando começa a incomodar, às vezes, cinco dias, às vezes, um pouco
mais. E toda vez que faço ela no tanque da área, fica uma poça de água no chão,
perto dos meus pés.
Achava que era
a água que pingava de meu cotovelo, quando eu lavava a lâmina dos pelos, e com
o braço dobrado para levar o barbeador no rosto, a cada lambida dele na minha
cara, aí, eu pensava que nessa hora, a água da gilete lavada, rolava pela mão e
braço e do cotovelo pingava no chão fazendo a poça.
Mas achava
estranho que pingasse tanta água.
Aí o Pedro
me avisou:
- Tem um
buraco no cano do tanque, luís!
Pronto! Matou
a charada.
Essa casa
azul, que era amarela e tinha uma varanda de fora a fora, com um terraço, no
seu alto, fica em Cachoeiro de Itapemirim, no bairro do Coronel Borges, e nela,
como ela era, estão minhas lembranças mais antigas, as primeiras de quando
estou vivo, quando eu estava com três anos, em 1965.
Ali atrás do
murinho branco, passava um córrego, que está seco, hoje. Tenho muita lembrança
dela, do entorno, com o córrego, e o bairro. E vou dizer uma coisa que nunca
digo: naquela época, ali, era muito melhor mesmo, melhor demais, muito para
caramba, a cidade não sabe passar o tempo... he he!
Era a casa
da Tia Nhanhá, com quem morávamos, eu e mamãe.
O Bar
Drakkar, um bar escuro de rock vivo, fica do outro lado da rua do morro que eu
morava em Cachoeiro, quando vim embora pra Niterói. E é onde iremos tocar na
sexta-feira que vem, eu, Felipe e Chaia.
O Flyer para
chamar vocês pra irem nos ver, tombou a foto que a Ana Rovati fez há anos
atrás. Eu, que sou chegado aos simbolismos das coisas, vi um grande sentido em
me ver tombado assim.
Também a
seta vermelha para ambos os lados.
Vamos lá!
Vamos todos!
Eu sei que
ninguém precisa saber das coisas da gente, mas curti demais ir construindo minha
“Camisa de Apresentação” que ficou como eu esperava, ladrilhada de brilhantes.
Ela ainda estará bastante para as apresentações, mas comecei outra, que tenho
usado nos últimos shows.
Mamãe me
deixou dois breves e comecei a primeira camisa com um deles, que costurei no
peito, bem na direção do coração, que o bojo de meu violão deixa livre. O outro
breve começou a segunda “Camisa de
Apresentação”, que para o show dessa sexta, costurei um chapéu de cangaceiro que
Ruth me trouxe de Sergipe e que coloquei no braço, a modo de uma patente:
Eram trilha
sonora do nosso romance, as batidas daquela música de suspense que sustentava
os malabaristas no trapézio e que nos filmes pornôs usavam para o momento da
foda. Somente o meu namorado via o filme, mergulhado que eu estava na
profundidade infinita entre as suas pernas. Normalmente, nos momentos da foda,
a câmera focava de um ângulo por baixo do casal, por entre suas pernas, de
forma que pudéssemos ver um pau com seus bagos pendurados a penetrar numa boceta
da qual só víamos a superfície de pentelhos, geralmente, loiros. Normalmente, a
mulher estava de quatro e o homem ajoelhado, na direção de sua bunda comia a
sua boceta por baixo. Também eram comuns as cenas em que a mulher deitava de
costas, com a barriga para cima e pernas erguidas, esticadas ou dobradas, com
os joelhos sobre os ombros dos homens. O homem então mergulhava o seu pau, num
vai-e-vem ritmado na boceta da mulher para que, no fim, quando gozassem,
moverem-se fora do ritmo e convulsos trepidarem. Se a mulher mantivesse as
pernas esticadas e o homem continuasse a penetrá-la naquele vai-e-vem
continuado e empurrasse as pernas dela para baixo, na direção do seu rosto,
dobrando-a sobre a cama, dando-nos a sensação de que ele insistia em recolocar
sempre o seu pau que parecia espirrar de dentro dela, como um carnegão
espremido do olho de um furúnculo, vê-lo recolocar para sempre seu pau inteiro,
fazia com que minha alma se elevasse e estonteasse no alto, extasiada.
(Cinema Orly, pg 94 – 1ª ed.)
O “Cartas
para o Edil” publicamos com a É Selo de Língua, onde também foi publicado o “Diário
da Piscina”. Esses livros são, assim, remansos, onde o fluxo não é acelerado, onde
ele volta, circula, devagar e fundo, como arabescos, como folhas ou cabelos, um
ornato, uma moldura, se liga, acho que ficou bem dizer assim, porque tem outro
fluxo de que ele é a parte de fora, vamos dizer uma casca protetora, digamos
ainda, onde se entra no rio, ali, na prainha dele, muito gostosa, deliciosa,
onde ficam carrapatos na areia quente.
Quando Edil
levou os envelopes com as cartas que lhe mandei entre os anos 80 e 2000 e leu –
ele tinha os envelopes em leque nas mãos, como cartas de um baralho e ía num
amigo e outro que escolhia uma delas pra que ele lesse - entre as músicas que
apresentávamos eu e Vitor Wutzki, na casa do Marcio. Fiquei com muita vergonha,
as achei bobonas, também era o modo como eu estava à vontade com Edil e estavam
todos olhando, quer dizer, fiquei num Carnaval do Geraldo, do luiz tatit.
Claro que
depois disso e dos livros todos que escrevo sozinho aqui, não tem como não tentar
exercitar o meu à vontade social, porque os meus narradores são todos sem
vergonhas, as vergonhas dos meus narradores é toda descabaçada, arregaçada,
selvagem.
É isso.
Transcrição –
Abri a
janela e a cortina do meu quarto veio uma rajada de vento
O sol ficou
na cama
A música do
vizinho entrou, música de amor
Música de
amor é bom que dá prazer na dor
Um amor
perdido ganha doçura
Ou fica
agressivo como rock
Tem a mesma
possibilidade de prazer e de melancolia
O mesmo lado
e o outro lado
Como se
fosse um planeta sem habitante
Um outro
planeta do sistema solar sem habitantes
Vazio,
perdido puro
Daí concluís
que tudo é amor
Deus é amor
E eu sou
amor também
O destino e
a vida
Achei aqui,
dos anos 80, como se tivesse encontrado uma lista de mercado:
“O rapaz do
açougue
O da padaria
O que
entrega cartas
O rapaz do
bar
O da
mecânica
O da
mercearia
O rapaz da
quitanda
O de pernas
grossas
O de peitos
largos
O de cara
lisa
O de mãos
grandes
O de mãos
pequenas
O rapaz da
esquina
O que tem
namorada
O rapaz
burro, o inteligente
O rapaz
tímido, o nojento
O rapaz de
cordão, o de pulseira
O que é negro,
o que é branco”
A Balada da Paloma é um poema de Rafael Julião que está no
livro Sereias do Hospício (2022).
Ele mandou ela pra mim no in box, dizendo que se parecia com
o modo que eu fazia letra. Como sou um artista perdoado por Deus, por não saber
o que faço, não parece.
E adorei muito colocar música, que é um funk, às vezes baião,
na Casa de Luzia, com os conterrâneos abou mourad, cassiano jesus e danilo
ferraz, ficou essa música que podem ouvir no registro da Elizama:
(clica no curtiu, plis, inscreva no canal, compartilha,
comenta, plis, me faz sucesso, pode tudo)
Curto demais
ir construindo a “Camisa de Apresentação” pras músicas. Comecei construir
depois de participar num show do Bruno Cosentino, no Café Pequeno, em 2016. A
impressão era de que, no fim, estaria vestido com a roupa e a arma de Jorge... ficou!
Um cangaceiro... ficou! Um religioso de ladainha no Santo Daime ou de folia de
reis... ficou! E continua, mas decidi construir outra na mesma ideia. Também mamãe
me deixou um segundo breve e, como na primeira “Camisa de Apresentação”, hoje
costurei o breve na segunda. No dia 5 de julho, na Casa de Luzia, será a
segunda vez em que a visto. Além de minha banda capixaba (felipe abou, cassiano
jesus e danilo ferraz), aceitaram meu convite para cantar uma parceria, Marcos
Sacramento e Bruno Cosentino.
Essa
postagem é convite, se agenda?!
Eu tinha
onze anos e mamãe era balconista no bar do Telmo, onde vendia a Floresta, no
Guandu, que eu pensava ser o centro da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, mas
era Guandu.
Dessa vez,
quando estivemos com a Dinastia Zé para o Festival Velho Bandido, ganhamos essa
que a Kely trouxe de Burarama, saborosa e forte:
Tou curtindo
muito fazer As Vizinhas de Trás – Dinha. Na verdade, curto fazer todas as que
já fiz, porque, se não, não as tinha feito. É amor. Sei que não sou um
retratista, mas o sentimento da Vizinha, que me aparece quando ela está
terminada, me enche de satisfação. Porque todas quando aparecem, vem com um
sentimento delas próprias e por trás, estão pensando. Olha aí, a Dinha olha de
frente, mesmo quando, não!
Nos anos 90,
ACM escreveu no jornal de um show que fiz no Lugar Comum: chance para ver o que
há de melhor na nova MPB. Nem sei mais onde foi a Nova MPB. Não tem. A Mathilda
Kovak tinha dado o nome de Retropicalismo, para o que seria a Nova MPB, aqui no
Rio de Janeiro e também o que seria a Nova MPB também em São Paulo. Também não
tem.
E a matéria
no jornal seguia dizendo de minha esporadicidade em apresentar as músicas e
tudo. O caso é que o tudo continua valendo, a exceção da Nova MPB, que não tem.
Por isso,
agende-se, plis . Se você está em NY ou SP ou Muriqui, se agende. Seremos eu,
na voz e violão, e Felipe Abou Mourad, na bateria. Também convidei, e aceitaram
cantar uma parceria comigo, o Marcos Sacramento e o Bruno Cosentino.
Tudo é show
e também é amor!
Avenca e
samambaia do mato que trouxe da área cimentada da Vizinha do Térreo.
Tornaram-se de minha estimação, além de Dona Linda Evangelista. Sempre tive
coisas vivas-bichinhos de estimação, mas não como as coisas de estimação que
tenho agora. Porque eu não via como eram ternos e frágeis. Acho que nem os via,
tinha apenas.
Outra coisa:
gosto demais de Ponto Máximo com Ju Martins!
Mamãe me adora é uma música que fiz nos anos 90 e Mamãe me adora é um livro lançado em 2013, pelo selo Edições da Madrugada, da editora Vermelho Marinho. A música está no meu disco Antigo e pode ser acessada nas plataformas de música. O livro, estava esgotado, mas agora voltou a ser distribuído. Quem quiser, também tenho:
Eu tinha
oito anos, quando em frente à igreja do seminário de Jerônimo Monteiro,
sentávamos, eu e mamãe, num banco daqueles de cimento e curvos, iguais aos que
havia na rua principal de Marapé, com um caderninho, onde eu anotava os
versinhos que ela sabia de cor, tipo, batatinha, quando neace... e vi agora,
numa folha de papel solta, que anotei, agora, depois do ano dois mil, nove ditados
de que ela se lembrou:
Ditados de
mamãe:
Seja que
santo for – ora pro nobis
Não faço
cortesia com chapéu dos outros
Coração dos
outros é terra que ninguém viaja
Amigo igual
ao que vc tem, o diabo caga às dúzias e não arde o rabo
Não sou
merda de pouco bicho, sou de muito bicho
De hora em
hora, Deus melhora
Quem rouba
uma agulha, rouba um cavalo
Pra
encontrar com o diabo, não precisa madrugar
Tudo que é
de Deus, vem devagar
O Claudinho,
na sexta-feira lançou seu novo clipe, A Cigana (https://www.youtube.com/watch?v=vxO9z_Ohk0w)
e muitos amigos dele foram tocar pra celebrar também seu aniversário. Eu iria
tocar três músicas: uma do Felipe Abou chamada Provar, também a Balada da
Paloma, com Rafael Julião e Hiroshima:
Hiroshima
Letra:
Alexandre Magno
Música: Guto
Meneguin e luís capucho
Hiroshima em
toda parte!
Wuhan em
toda parte!
Hiroshima
por toda parte!
Wuhan por
toda parte!
Para onde
formos vamos levar o que fizemos
Para onde
for vamos levar o que fizemos
Filhos de
Eichmann, bebês atômicos.
Hiroshima em
toda parte!
Wuhan em
toda parte!
Este é o som
do mundo desmoronando!
Este é o som
do mundo desmoronando!
Na vigésima
quinta hora, o último tic-tac
Do Relógio
do Juízo Final, do Relógio do Juízo Final.
Mas, não
importa, vamos subir as montanhas!
Mas, não
importa, vamos subir as montanhas!
Certamente
um hospital, com certeza um laboratório
A Terra o
que fizemos dela, uma bolinha amassada de papel
Para os
vivos e os mortos, não há mais mundo que os suporte
Não há mais
teto que nos proteja da própria queda do céu.
Mas, não
importa, deve haver céu por toda parte!
Mas, não
importa, deve haver céu por toda parte!
Devemos te
contar desta sorte!
Devemos te
contar desta sorte!
Não importa,
deve haver céu por toda parte!
Não importa,
deve haver céu por toda parte!
Venha ver
você o que nos sobra,
Venha ver
você o que nos sobra,
Já que não
importa, deve haver céu por toda parte!
Já que não
importa, deve haver céu por toda parte!
Temos de
sobra o que nos resta!
Temos de
sobra o que nos resta!
Deve haver
céu por toda parte!
Deve haver
céu por toda parte!
(Preciado-Anders-Kaváfis-Zapatistas-Arendt-Kopenawa/Albert-Coccia-Quinto
Andar).
Acabei
tocando outras músicas minhas e ganhei uma dançarina, que apareceu mais ou
menos no meio de Hiroshima:
Tenho 62
anos. Não tenho muita memória, por isso, não olho muito para trás. Também estou
para sempre recuperando o meu equilíbrio e recuperando a minha coordenação. Sou
artista, mas não estou engajado em qualquer circuito para construção de uma carreira de compositor, escritor, cantor, pintor ou arte qualquer que me
valha. Os meus livros e músicas e As Vizinhas de Trás vão se amontoando dentro
dos círculos, dos remansos de rio, da minha casa.
Vou me
fotografar agora, pra isso se constituir em algo:
Como todos
sabem, comecei nadar no ano 2000, ano em que registrei meus progressos de
coordenação motora, no Diário da Piscina (É selo de língua/2017). Desde então
venho progredindo ainda, antes de maneira notável, agora, mais sutis os
avanços. E sempre reparo que não tenho explosão, apesar de fazer o mais certo
que posso, sou um nadador lento.
Muito feliz
de estar entre os 10 no hanking do mês!
As músicas têm algum registro que a gente considera o definitivo. E tem uma coisa, elas vão se modificando e sem deixar de sê-las, daí, que o registro que a gente considera ser ela, pode ainda estar para vir. Ontem, estive tocando a música que fizemos eu, Alexandre e Guto. Nós temos chamado ela de Hiroshima.No show da Filipe conheci o David. Chegamos no assunto da Maluca, quando ele disse que a Cassia Eller tinha definido a música. Fui ousado: - Não, o registro definitivo é o meu!
Vi uma vez
que há pessoas de pele mais lisa, mais sedosa, e pensei que isso é porque têm
os poros menores. Elas têm os poros menores e mais perto uns dos outros. Eu
posso ver na minha mão, quando olho, que seus poros são maiores e mais
espalhados. Isso está em toda a minha pele. Mas funciona igual, não suo mais
por isso.
Fui.
A Filipe
postou essa foto da esquerda, ontem, entre as fotos que tirou no camarim do
show de sábado, no Rio. E quero repostar aqui com uma outra foto que tenho com
o Ney Matogrosso. Essas duas fotos se ligam, primeiro, por causa da música. Mas
aí outros sentidos vão se fractalizando disso, por exemplo, a Cinema Íris, por
exemplo, a minha alegria, por exemplo, a política, exemplo, a dança, exemplo, a
pose, exemplo, a foto, exemplo, os dois, exemplo, exemplo...
Nesse início de ano fiz duas visitas ao sul do Espírito
Santo, de onde sou. Nasci em Cachoeiro de Itapemirim e, aos sete anos, quando
precisei entrar na escola, minha mãe tirou minha certidão de nascimento, na
cidade de Alegre, onde me alfabetizei, no Professor Lellis. Meu primo Adão, se
lembra de quando nasci e me contou os detalhes do episódio, tipo, a cor do
carro que me e levou a mim e mamãe do hospital para casa, que era um carro
amarelo, esqueci o nome do carro, vou perguntar-lhe. E, quando nasci, fomos pra casa dele, no
alto do Sumidouro.
Zélia, mulher do Adão, faz pinturas lindas:
Quando eu era pré-adolescente, comprava nas bancas umas
novelas eróticas que faziam parte de uma coleção que tinha o nome de coleções
médicas, algo assim. Não encontrei na internet, para relembrar. Dessa vez, meu
primo me disse que uma de nossas brincadeiras de pequeno, nos anos 60 ainda,
tinha sido inspirada por um unicórnio desenhado numa embalagem de biscoito Alcobaça.
Também não encontrei...
Eu e Felipe, com a Dinastia Zé – Mario, Lemão e Jesus –
cantando e tocando Provar, música dele. E abrindo o Festival Velho Bandido, em
Cachoeiro de Itapemirim.
É a segunda edição do Festival e a Dinastia Zé foi chamada
para abrir, por ter sido a vencedora da primeira edição com a música Os Raios.
E Felipe me chamou.
Tudo som e amor.
Eu disse, uma vez, que me tornei artista, porque me
alfabetizei. Tem uma plantinha rasteira, com folhas como lacraias, e que vivem
nos pastos, que tem o nome de dormideira. Também lembro de um caderno: eu
estava me alfabetizando e tinha aquele caderno. Ele tinha letras grossas
desenhadas na capa, azuis, com um fundo branco. E não tinha nada escrito nas
suas folhas.
Os meus livros e as minhas músicas e minh’As Vizinhas de
Trás me lembram aquele caderno e me lembraram que eu não tinha me alfabetizado
ainda, quer dizer, não sabia escrever.
Lua Singela
começa meu primeiro disco, de 2003, com esse mesmo nome. Depois, no disco La
Vida es Libre, canciones de luís capucho (Porangareté/2023), Lucia Santalices
fez uma versão lindíssima, suingada, que vai levando a gente sempre mais pro
alto, sem asas, porque a gente vai se juntando no éter, no vazio, na escuridão
do céu organizado, vai ficando uma coisa só, claro e escuro, com os relevos bem
marcados, subindo pro alto.
Honestamente,
me aflige estar noutros momentos que não sejam os momentos de fazer música e
livro, porque não acho que vá fazê-los, não sou o artista que sabe fazer e que,
por isso, tem certeza de sua fertilidade. Noutro momento diferente de estar
fazendo, sou estéril, não sei se vou fazer. Também, já estive pensando na
desimportância disso. Do que adianta me afligir?
A editora carambaia, abriu, com a segunda
edição do Cinema Orly, uma coleção de clássicos eróticos, chamada Sete Chaves.
Também abre a coleção o livro Rosa Mística, de marosa di giorgio. Eu fiquei
agradecido demais que a editora mandou um livro pra o Tive Martinez, tradutor
do Cinema Orly para o espanhol, com o selo editorial la abaporu.
Também feliz demais como Tive apresenta o livro pra os
brasileiros:
Sempre que mexo n’alguma coisa na casa, no meu ciscar delas
que nunca é uma, se eu fosse um frango, se eu fosse uma galinha no quintal, não
haveria de nos meus movimentos ter nada que abalasse o funcionamento do quintal.
Ele continuaria recebendo o sol, os dias e as noites, e na manhã seguinte, eu
estaria de novo ciscando, no passar comum e rotineiro dele. E pronto.
Só, que em casa, à medida que vou desencavando as coisas na
estante, nas caixinhas e gavetas, outras vão aparecendo e vão aos montes se
acumulando em torno à minha busca, de modo que eu passaria o dia todo em função
de ordenar tudo outra vez, as coisas que reapareceram num novo conjunto e, aí,
ficaria para sempre rearranjando tudo, porque seus novos arranjos são sempre
sugestivos de outros arranjos e outros e outros.
Uma galinha sem ciscar não é uma galinha e o quintal é o
mesmo, com ou sem ela. Por exemplo, Dona Linda está sempre, fica no entorno das
coisas, se mexo, porque pode ser que apareçam baratinhas.
É isso.