segunda-feira, junho 04, 2007

Tenho um livro de Jean genet na minha estante.
É um livro velho, vagabundo, comprado em banca de jornal, folhas amarelas e tal.
Pedro adorou e começou a ler.
Perguntei o que estava acontecendo no livro.
Pedro disse “ah, minha memória” e pegou o livro pra encontrar a história....começou a ler em voz alta pra eu ouvir.
Jean Genet falava sobre o roubo. Que no ato de roubar existe tanto acontecimento, a intensidade do ato é tão grande que o ladrão acha que está a fazer seu último roubo. Mas não porque ele, o ladrão, tenha desistido e não pensa mais em cometer o crime. Não é por isso.
É que roubar é tanto, é tão muito, entenda, silencioso leit@r, que o ladrão vai para o outro lado, se liga, o roubo o faz ultrapassar os limites que a vida naturalmente tem e ele diz isso em outras palavras, mas é o que ele disse, que roubar é maior que a vida e tal.
Então, a experiência do roubo torna-se por isso, uma experiência divina, um lance religioso, mais que humano, se liga outra vez...
E eu, sem ter esse alcance que o Jean Genet teve, sem ser um herói que roubasse o fogo dos deuses, também, modestamente, sinto, quando faço minhas músicas, que fiz a última e q ue a fonte acabou. E, assim, não irei mais conseguir outra.
Fico pensando nos artistas que somem, que não conseguem mais criar, muito comum, entre compositores, e minha impressão de fonte seca se confirma, ta se ligando, bom leit@r?
Que coisa!
Então, voltando ao ladrão Jean Genet, seu grande roubo foi escrever...

Um comentário:

Fábio Shiraga disse...

Este tipo de ladrão a gente gosta e aceita. É uma troca, como aquele que rouba dos ricos e dá aos pobres. Mas o roubo pelo roubo é ridículo. Eu não vou dizer um viva ao roubo, mas um viva aos poetas!

Luís, o link acima não cai na página certa. Edita aí, bitcho: http://www.youtube.com/watch?v=FrcdfBz2GXg

Abração prá você e para o Pedro.