sábado, junho 23, 2007

Tínhamos entre 23 e 25 anos quando fizemos Terça-feira. Eu me lembro de ter decidido pelos acordes iniciais e que levei um tempo para decidir a melodia dos dois monossílabos com que começa a letra: Nós não. Depois que decidi por isso, como disse uma vez Nana Caymmi, o resto veio na urina.
Marcos Sacramento tinha me deixado com a letra e foi embora. Noutras vezes, ele ficava e fazia a melodia comigo, mas daquela vez foi embora e fiquei sozinho com a bichana. Algumas letras que ele me deixou (usar esse verbo assim como usei, no tempo passado, pode parecer que o Sacramento já morreu, que merda, mas ele ta vivíssimo, fazendo sucesso no samba, gênero musical que abraçou e canta como ninguém) então, às vezes, quando me deixava sozinho com uma letra, ao ler a bichana, antes de pegar o violão, enquanto da leitura ainda, me vinha à cabeça a idéia de uma melodia para algum verso. Essa melodia que imaginava, poderia me vir para o último verso da letra e com o violão, ia compondo todo o resto da melodia, assim, de trás pra frente, se ligou?
Nunca tinha por onde começar a melodia para uma letra. O verso que me inspirava a melodia poderia estar em qualquer posição, se liga, mas Terça-feira comecei logo do início, bom leit@r.
De vez em quando, ao visitar Suely Mesquita deixava gravadas, em fita cassete, essas músicas. E quando minha amiga Regina, de Papucaia, foi embora para Londres, em 95, transformou minha fitinha cassete em CD e mandou de volta para mim.Eu já não tinha mais aquela voz juvenil. O coma havia passado mais de 300 anos de sua crosta de tempo sobre ela. E ela começou a arder debaixo do seu peso.
Agora, Pedro trouxe imagem de sua vizinha dos fundos, de sua casa, a Célia. Quando estive em Santa Rita, conheci Célia e sua casa. Foi tão emocionante, porque é como as casas em que já vivi.
Pedro colocou o MP3 de Terça-feira, juvenil e antigo, na casa da Célia, ficou lindo. Veja:

Moral da história: Quem casa quer casa, quer casa.

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