sexta-feira, dezembro 31, 2010

As palavras têm uma importância central na religião cristã, porque, além de, no início, fundir-se a Deus, como diz o apóstolo João em seu evangelho, é através dela-Deus que todas as coisas foram feitas. Além disso, é através delas que a religião se propaga. A palavra é como um sêmen divino que fertiliza a mente dos novos fiéis com a boa nova, como diz a parábola do semeador, no Evangelho segundo São Mateus:

18 Escutai vós, pois, a parábola do semeador.
19 Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado ao pé do caminho
20 Porém o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria.
21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende.
22 E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas, sufocam a palavra, e fica infrutífera.
23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Eis duas visões distintas, uma divina, outra humana, mas que no fundo, dizem a mesma coisa, silencioso leit@r:


No Santo Evangelho segundo São João:

O verbo se fez Carne

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens.


N’A História do Diabo, de Vilém Flusser:

Pg 160

1.7. Língua

A vontade tende. Pressiona. Quer explodir. É sedenta. Quer espalhar-se. Está em tensão. Procura sair de si mesma. Quer projetar-se. Procura poder. Quer realizar-se. Exprime-se e expressa-se. Articula-se. A vontade torna-se língua. A vontade tornada língua cria mundo e mente.


segunda-feira, dezembro 27, 2010

De todo jeito, mesmo que não possamos ir na direção do passado, a não ser no sentido arqueológico, de mão única, a escrita arejou o tecido da conversação humana, tornou-o menos espesso. Tornou possível um primeiro diálogo à distância. Com ela, os cruzamentos de comunicação, sobre a face do planeta, soltaram-se mais, alargaram-se os seus entrelaces e à onda sonora do vozerio humano, curta, instável, efêmera, superficial, veio juntar-se a estabilidade da língua escrita.
Autores teóricos há que se perguntam ser diálogo o que se estabelece entre o leitor e o texto. Se eu leio, num exemplo, os livros do falecido José de Alencar, dialogo?
“ Será a leitura esse ato solitário, que afasta o mundo e do mundo? Só o leitor e o texto? O isolamento, o mundo ausente, espaço/tempo de incontaminada intersubjetividade?
Não. Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros; entre os dois: enunciação; diálogo?”
Magda Soares

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Quanto às peculiaridades da língua escrita, com sua invenção, houve na história das tecnologias, a primeira vez em que o homem dilatou o tempo de recepção das mensagens.
Podia-se escrever e descansar.
Podia-se escrever “vai” e somente quanto tempo depois um receptor vir a sofrer sua influência.
Antes das tecnologias de gravação de áudio, no século XX, apenas através da escrita era possível a troca de mensagens fora do tempo real.
Mas, quando, acaso, houver tecnologia para trocar mensagens não somente daqui para um tempo simultâneo ou daqui para o tempo futuro, se, acaso, acontecesse a loucura ou o sonho de as mensagens, indo na direção inversa, puderem chegar também ao passado, para aqueles que naquele tempo estiverem ainda vivos e que, antes que morressem, pudessem recebê-las, sei lá, e as idéias pudessem se cruzar indistintamente e a teia de palavras, de idéias, a comunicação com mais fios, mais espessa, com mais cobertura, então, não haveria mais determinação.
Seríamos, assim, mais completos. Teríamos escolhas, seríamos livres.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Com a invenção da escrita, estabeleceu-se para os homens um modo paralelo de trocar informações, um modo paralelo de uso da linguagem, como um espelho da oralidade, mas com características muito próprias.
Com relação a ela e posicionados no mesmo ponto em que ontem estivemos, nada ouviríamos do vozerio humano, não nos chegaria nenhum Ommmmm donde pudéssemos recortar o “vai”. A palavra escrita para que seja decifrada precisa luz. Ela não soa. Tem vibração luminosa.
Entretanto, para Wittgenstein, ouviríamos, internamente, algo como a sonoridade de um “vai” dito por boca humana:
“Não chegarei a dizer, por exemplo: a palavra impressa ‘nada’ lembra-me sempre o som de ‘nada’ – Mas as palavras, quando lidas, como que deslizam para dentro de nós. Sim, não posso olhar uma palavra impressa da língua portuguesa, sem um processo peculiar de audição interna do som dessa palavra”.
E isso lembra a minha idéia de que as palavras são instrumentos de penetração. As palavras, como queria Willian Burroughs através de Laurie Anderson são vírus. São parasitas hospedeiros e se baixamos nossa guarda, nossa resistência, somos determinados por elas, exatamente, como, ontem, ao recortar de dentro da onda do vozerio, num segundo da língua portuguesa, a superfície da palavra “vai”. Fui.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Filosofia

Imagine que você estivesse num ponto de observação, por exemplo, no sol e que pudesse assistir numa abertura de 360 graus ao orbitar da terra pelo espaço sideral e que no tempo completo do percurso dela no vazio celeste pudesse ouvir ininterruptamente todos os sons produzidos aqui e, por isso, sua visão fosse acompanhada de um zumbido, um sopro de som, um Ommmmmmmm...
E imagine que desse Ommmmmmm você pudesse recortar apenas os sons humanos e depois recortar apenas os sons de comunicação oral e, mesmo assim, do burburinho de palavras ditas em alemão, em japonês, em inglês, português, enfim, todas as línguas existentes no mundo, sobre a face da terra, você continuasse a ouvir, das vozes humanas, o Ommmmmmmm, como uma imensa onda sonora que se propagasse até você, fundindo-se a sua cabeça.
Imagine que ouvindo apenas esse recorte de sons humanos de comunicação oral, houvesse um minuto de silêncio sobre a terra e, consequentemente, um minuto sem que a onda se propagasse para a direção do cosmos e sem que chegasse até você.
E imagine que esse burburinho em uníssono de vozes, essa onda incompreensível de vozes que chegavam até você e que fizeram silêncio de um minuto, era apenas de palavras ditas em língua portuguesa. Você ouvia apenas Angola, Moçambique, Portugal, Brasil...
Faça, recordando, um recorte de um segundo da onda.
É ainda um zumbido incompreensível de falantes de língua portuguesa, um Ommmmmm.

Adentrando o segundo de recorte de onda, o vozerio é incompreensível, mas afundando-se nele e chegando muito, muito perto, quer dizer, recortando mais ainda o recorte em que você entrou dentro, você pôde distinguir um:
- Vai.
Afinal, isso que você identificou como a palavra “vai” dentro do recorte de vozerio tem uma superfície que pode ser traduzida nas letras “vai” que escrevo aqui no Blog Azul e, possivelmente, não tenha profundidade alguma, porque é apenas um comando, com um determinado senso de direção, qualquer um. É como aquela frase do Pedro, em festa:
- Pega o drink e vai!
Fui.


terça-feira, dezembro 21, 2010

Estou curtindo Wittgenstein.
É uma forma de conduzir o pensamento como quem estivesse trabalhando numa construção, tijolo por tijolo e somente no fim, deve-se ter a satisfação de ver a casa inteira. Por vezes, nos satisfazemos com a feitura de uma janela completa. Noutras, nos abstraímos do trabalho e nem nos damos conta de nada.
Estou fazendo uma primeira leitura, porque sou um cara que, nas leituras, precisa dar demãos, fazer acabamentos, não formo na primeira vez, ta se ligando, bom leit@r?
Bem, tem autores que nem formo nenhuma vez, abandono o trabalho he he he!
Wittgenstein me faz sentir, por vezes, como Alice.
Um exemplo:
“Alguém me diz: ‘Mostre um jogo às crianças!’ Ensino-as a jogar dados a dinheiro, e o outro me diz: ‘Não tive em mente um jogo como esse’. Deveria ele ter tido uma vaga idéia da exclusão do jogo de dados, no momento em que me dera a ordem?”

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Sempre, antes de sair de minha cama, que a partir desses últimos dias mais quentes, tenho armada na sala, fico sabendo do que está rolando na vizinhança, pelos barulhos que atravessam a casa fechada. Fico um tempo, ainda na cama, curtindo o entender o que se passa em volta até que meus pensamentos espreguiçando-se feito uma porrada de filhotinhos no ninho de minha cabeça, tomem o rumo do dia. Então, envolvido nas minhas questões, no fazer o café, no ir ao banheiro, no tomar os remédios, já não sei o que se passa. Fico envolvido com os filhotinhos...
E, aí, preciso reunir todos eles que se assanham no ninho, para que o dia tenha uma direção. Se não os conseguir reunir, bate uma paralisia, porque cada um quer ir pra um lugar e não consigo me decidir.
Vou ler a revista que Ruth guardou pra mim e fazer minha comida...
Fui.

sábado, dezembro 18, 2010

Acordei com um grito de socorro na vizinhança, no portão, talvez.
Ainda sonolento e sem confiar muito no que ouvi, afinei meus ouvidos e o grito se repetiu. Agora, pareceu um animal, ou alguém que chamasse por um animal e, nisso, abriu-se um imenso quintal cheio de bichos, galinhas, porcos, cachorros, por fora de minha casa ainda fechada na manhã.
E comecei a me mexer, pensando que teria de sair para atender quem pedia socorro.
Aí, o grito foi se aproximando de casa, adentrou o portão, pelo corredor afora. E sob minha janela, era alguém chamando por meu vizinho de baixo, o que prende os passarinhos nas gaiolas.
E tirei mais uma madornazinha...
Ehhhhhhhhhhhhhhhh!

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Silêncio em meu condomínio.
Mesmo que os dias se tenham tornado mais frescos, continuo dormindo na sala. Sou ótimo de dormir, quando vejo, já acordei...
Aí, dobro as coisas, enfio a cama embaixo do sofá e parto pro dia.
Agora, os menininhos vieram para o corredor e fazem alguma combinação, mas não ouço bem, porque não abri a casa.
O de sempre: café, incenso, lavar louça, fazer comida...
Estou na mira do pensamento de Wittgeinstein. Ontem, encontrei o Michael no facebook e mandei:
- Oi, Michael, tudo bom aí? Consegue entender meu português?
- Espero que sim – ele mandou de volta.
- Pensei em Viena hoje, porque fui indicado para um escritor que nasceu aí. Chama-se Wihgenstein...
- Não é o Wittgenstein? – ele mandou.
- É isso mesmo. É que esses nomes...- e, aí, o Michael caiu e minha mensagem não chegou lá. Fiquei com uma sensação estranha. Achei que eu devia ter acertado o nome de primeira, porque aí, ele não teria caído.
Não tem problema: Simone vai me emprestar o livro.
Fui.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Dia fresco, sem sol!
Final de ano, no que Pedro tem chamado de meu condomínio, às vezes, de minha comunidade, minha vizinha de baixo fica felicíssima por receber os netos, que entraram de férias. A cada final de ano, eles ficam um dedinho maiores, mas o quicar de bola no corredor é o mesmo.
E a gritaria.
Logo que vim morar aqui, há muitos anos, as crianças da vizinhança eram, em sua maioria, meninas. E não eram tão barulhentas.
Mas, agora, as poucas meninas brincam do que sugere a maioria de meninos: bola!
Que merda!

terça-feira, dezembro 14, 2010

Tinha pensado nessa manhã em não fazer nada do que é meu costume fazer, mas, depois, pensando melhor, decidi tomar o rumo de sempre. É mais seguro e construtivo, porque, afinal, as coisas que tenho por rotina resultaram de um fluxo de pensamentos ou necessidades que tenho tido através dos anos e que acabou por se sedimentar, por exemplo, em, assim que saio da cama, fazer o meu delicioso pote de café.
Depois, venho aqui no blog e escrevo alguma coisa.
É esse o rumo...
Hein?

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Eu já tinha falado aqui no blog do bafão do Rio, mas o bom leit@r imagine que aquilo era só o prenúncio, porque o bafão mesmo começou nessa noite e tive que dormir na sala com a janela aberta e, no fundo dos pensamentos, sempre o receio de algum invasor que escalasse a parede de fora e, depois que eu pegasse no sono, me interrompesse a tranqüilidade.
Na madrugada, quando acordei para beber água, estava mais fresco e fechei a janela.
Acho que nessa hora é que, no vão entre os pequenos prédios que se podem ver esticando o pescoço para fora da casa, tinha uma lua cor de laranja, uma meia lua nunca vista. O céu em seu torno tinha um pálido, não era escuro, era como um entardecer.

Um pouco acima, tinha uma estrela enorme...
Quer dizer, bom leit@r, por causa desses deslumbres de verão é que gosto tanto dele.

Que bichice!

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Estou atrasado com o dia. Levantei tarde.
Coloquei um pouco de arroz no fogo.
Fomos assistir ao “É com esse que eu vou”, musical de que o Sacramento faz parte, no Teatro João Caetano. E é lindo!
De um tempo em que a música feita no Rio de Janeiro era a música que o brasileiro ouvia. É a história contada pela música.
Particularmente, fez um grande sentido para mim e me emocionei.
Pedro também deu seus próprios sentidos ao musical.
O meu generoso leit@r sabe, cada um vê com seu olho e coração.
E nós nem somos genuinamente cariocas!

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Fico feliz que a Maluca te toca, Mercia.
Deixe seu e-mail pra eu te avisar sobre show.
Na segunda-feira estive na entrega do 9º Prêmio Arco-Íris dos Direitos Humanos e foi bastante emocionante. Ganhei esse prêmio em 2005, embora não tenha tido nenhuma intenção de fazer política com o meu livro, o “Cinema Orly”, e o prêmio tenha uma conotação política e tudo. Tinha até políticos que nesse ano foram premiados e reparei no modo como se diferenciam, são articulados, falam bem para caramba e convencem a gente e tudo. Mas o emocionante foi a presença das famílias de homossexuais mortos por homofóbicos. Tinha uma família de São Gonçalo e a mãe falou emocionada sobre o filho assassinado e o pessoal não se conteve e se levantou e aplaudiu...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Meu pensamento não consegue agarrar um fio de meada que o conduza ou que, ao menos, o inicie na condução de um roteiro organizado por entre o caos de idéias, o caldo de idéias que chegam até minha cabeça.
Preciso fazer um percurso delas, mais ou menos, como é o roteiro do 30.
Um percurso seguro, conhecido, consciente, objetivado e tudo.
Mas, por enquanto, estou borboleteando pelo jardim da minha cabeça sem caminho certo, uma coisa assim.
Paro aqui, paro ali, volto sem direção, ainda cego, vislumbrando uma luz ali, outra aqui, sem me prender ou sem costurar qualquer idéia num raciocínio mais longo, que é do que preciso para um trabalho escolar.
Outro dia, vi na televisão, um escultor que andava por uma pequena cidade italiana, à beira do mediterrâneo, procurando idéias.
Vou ver se acho um fio delas em que queira me agarrar no percurso do 30.
Fui.

terça-feira, dezembro 07, 2010

O meu “Cinema Íris” ficou pronto, está masterizado, mas, estranho, não consigo ouvir...
Outro dia, achei que ouviria, mas, aí, não ouvi.
Também não ouço o “Lua Singela” e nem leio meus livros, o “Cinema Orly” e o “Rato”. O “Mamãe Me Adora”, porque não foi ainda publicado, leio alguma vez para fazer ajustes, e, depois, porque ele é muito mais ficção que os outros, então, faz mais sentido os ajustes, porque é um outro tipo de elaboração, se liga...
Já o “Cinema Orly”, visceral por excelência, se eu ficasse ajustando muito, quando da publicação, perderia a emoção do registro, ta se ligando, generoso leit@r?
Voltando à música, depois que masterizou, já era, já foi, já é.
Agora, é botar no mundo e foda-se!
Mas, aí, o disco veio se agarrando pelo caminho e tenho que conseguir desagarrar o bichano pra ele se fuder sozinho, quer dizer, filho é pra botar no mundo, não é?

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Bem, não me sentei ao lado da mulher grande, nem Pedro.
Fiquei olhando pro jeitão absolutamente inocente dela, enquanto me lembrava de ter contado pra uma colega de ginásio, justamente, sobre quando eu, no ônibus, ocasionalmente, me sentava ao lado de um daqueles homens que se sentam de pernas abertas e que cagam e andam pra quem esteja ao lado. No verão, então, é horrível, porque fica aquele corpo te esquentando mais ainda e te espremendo no que sobra da poltrona.
Aí, minha colega disse:
- Eu não gosto que tirem isso, assim, do meu espaço – e mostrou uma pontinha do dedo indicador com o polegar marcando a quantidade de dedo que ela não deixaria tirar. E, olhei para ela desconfiadíssimo, porque não podia imaginar como é que ela iria conseguir que não roubassem espaço dela, no ônibus.
Falei:
- Mas como você faz?
Aí, quando passou por Charitas, vagou uma poltrona inteira, onde nos sentamos os dois, eu e Pedro.
Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

domingo, dezembro 05, 2010

Então, ontem, quando fomos passear em Jurujuba, o ônibus cheio, ao passar por São Francisco, vagou um lugar ao lado de uma mulher, dessa vez, de verdade, grande. Pedro me apontou o lugar. Eu disse:
- Quer sentar?
- É pra você – ele disse.
Mas o meu bom leit@r poderá imaginar, depois dos meus dois últimos posts, o que aconteceu...

sábado, dezembro 04, 2010

A impressão que eu tinha da moça de ontem, sentado a seu lado, me fazia ficar lembrando de quando eu era um garotinho, dos bairros onde morei, me fez pequeno, e o jeito como ela falava, enturmada, com o trocador e com o outro passageiro que chegou de surpresa no ônibus, o seu vocabulário e timbre de voz (o meu bom leit@r imagine que o vocabulário de uma pessoa está para o seu timbre de voz, assim como o rio está para a sua correnteza), a sua proximidade a meu lado na poltrona, meio inclinada pra trás, a falar com o trocador, tudo isso, fez com que sua presença fosse um troço agressivo, forte e enorme. Some-se a isso o fato de sua inclinação na poltrona ajudar, um pouco mais, para minha diminuição, doido pra saltar e pegar o meu familiar 30.
Mas a moça a meu lado saltou três pontos antes do meu, na entrada da Ponta da Areia, e quando a vi pela janela, dobrando a esquina, era tão frágil e miúda, e o vento chamou a atenção para o vestido que pareceu esfrangalhado e mostrou o shortinho e tudo.
Foi horrível...

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Quando me sentei no 49, ontem, senti que meu corpo tinha ficado desajeitado na poltrona, como se ela tivesse sido feita pra alguém bem maior que eu. Tenho essa mesma sensação, quando é época de comprar roupa nova, então, não compro. E o mesmo nos aparelhos de fazer ginástica.
E não tive alternativa se não ficar ali tentando um encaixe possível e louco pra que o ônibus chegasse logo no lugar de saltar e eu pudesse pegar o 30. E tinha uma mulher a meu lado que reencontrara, depois de tempos sem ver, o trocador.
Ela disse:
- Os filhos dela estão presos, viraram bandidos, você não soube?
- Então o Neguinho ta preso?! – o trocador disse e ficaram conversando.
E, aí, por uma coincidência daquelas, entrou outro cara que os dois não viam há muito tempo. E ficaram falando da coincidência do encontro e das mudanças e, por fim, da burocracia de ter que provar a residência, uma coisa complicada e eu desencaixado na poltrona e o ônibus não chegava.
Que merda!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Estou de férias de minhas aulas de especialização.
E, depois, não precisarei mais ir à aula, porque só preciso entregar uma monografia de final de curso, o que farei em casa, com apoio nos livros. Eu curti para caramba freqüentar as aulas e ser um aluno bem diferente do aluno que fui à época da graduação, quando era tímido demais e não abria a boca.
Ir às aulas, já esse senhor que sou, me deixou mais seguro e participativo.
Bem, não sou, exatamente um cara eloqüente, mas comparado ao rapaz que fui...
E entendi que participar dá um ganho muito grande pro entendimento, a gente processa melhor a informação que recebeu, fica mais por dentro dela e se torna seu objeto. Não ficamos apenas como expectador...
É isso.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Dentro do bafão, quando acordei, tomei um banho, fiz meu café e todas as outras coisas que tenho pra fazer, hoje, fiz. Há coisas que tenho pra fazer há anos e, camadas de outras coisas vão se sobrepondo a elas. Mas, numa hora, descasco a cebola e faço.
É como um frescor no bafão.
Tenho anotado as coisas pra fazer.
Vou almoçar.