segunda-feira, dezembro 27, 2010

De todo jeito, mesmo que não possamos ir na direção do passado, a não ser no sentido arqueológico, de mão única, a escrita arejou o tecido da conversação humana, tornou-o menos espesso. Tornou possível um primeiro diálogo à distância. Com ela, os cruzamentos de comunicação, sobre a face do planeta, soltaram-se mais, alargaram-se os seus entrelaces e à onda sonora do vozerio humano, curta, instável, efêmera, superficial, veio juntar-se a estabilidade da língua escrita.
Autores teóricos há que se perguntam ser diálogo o que se estabelece entre o leitor e o texto. Se eu leio, num exemplo, os livros do falecido José de Alencar, dialogo?
“ Será a leitura esse ato solitário, que afasta o mundo e do mundo? Só o leitor e o texto? O isolamento, o mundo ausente, espaço/tempo de incontaminada intersubjetividade?
Não. Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros; entre os dois: enunciação; diálogo?”
Magda Soares

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