Outro dia, entreguei minha monografia pra professora. No início, tinha pensado em fazer uma monografia a respeito do caráter fálico, masculino das palavras, porque elas, apesar de, na aparência, serem como é uma nebulosa mole, são um astro único, um sol, e penetram a gente duras e cortantes.
Mas à medida que me deixei devanear a esse respeito, o rumo do pensamento foi se modificando de tal modo que não consegui manter-me em nenhuma de suas qualidades específicas e minha monografia, embora tenha se mantido firmemente em torno a elas, e embora seja feita apenas das palavras mesmas, (aparentemente, uma nebulosa mole, mas, na verdade, dura e cortante, como um sol) não ficou masculina o suficiente.
Ficou esparsa e leve, como a capina de uma de minhas amigas, quando me ajudava no quintal, Rachel, uma nebulosa mole.
Quer dizer, silencioso leit@r, se me perguntam sobre o que é minha monografia, fico, de imediato, sem saber o que dizer.
Fico igual àquele dia em que Dona Vanda, quando fiz vestibular para Letras - português-literatura brasileira – perguntou:
- O que é literatura, Luís?
Daí, que minha monografia, ficou uma reflexão, quase generalizada a respeito das palavras, com base nos autores que escolhi para ler e que me deram impulso: Vilém Flusser e Wittgenstein.
E não acho que tenha ficado dura e cortante.
Que coisa!
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