sexta-feira, setembro 30, 2011

Terça-feira (Luís Capucho e Marcos Sacramento)

Embora tenha feito algum treino já há tempo, não estou satisfeito com o que consegui na execução de “Humilhante”. Das músicas que tenho feito voltar é a que menos me satisfaz. Comecei a pegar uma outra: “Terça-feira”, parceria antiga com Marcos Sacramento, da época em que ele e eu fazíamos música na casa da Rua São Pedro, à sombra de mamãe.

Espero que ela, depois de um tempo de treino, não me dê a sensação de “Humilhante”, porque exige velocidade na mão.

Em junho de 2007, Pedro ainda morava em Santa Rita do Passa Quatro, SP, colocamos “Terça-feira” no youtube, numa gravação minha antiga, voz e violão, sobre fotos de sua vizinha Célia.

Terça-feira
(luis capucho/marcos sacramento)

Nós não vamos fugir

sair correndo dela
nem vamos temer
quando ela berrar
e se espatifar em gotas duras
no chão do nosso quintal
nas folhas do nosso pomar
nas roupas velhas do varal
nós vamos ficar parados
olhando pela varanda
seus pingos de terça-feira
seu cheiro de céu, um véu caindo
no chão derramado do quintal
lavando as frutas do pomar e indo embora
lavando sumindo no ar e indo embora
lavando, lavando...

quarta-feira, setembro 28, 2011

Luciana Pestano, a Tigra, que fotografou o show do Solar de Botafogo, em junho desse ano, só agora mandou as fotos que fez. Adorei essa que postei aqui pra o meu bom leit@r olhar, hoje. Achei que o peso do paletó contraposto à suspensão do banco criaram uma tensão na minha flutuação, no ambiente da foto, e mesmo com isso, sei lá, ela é tranquila.

Veja:

terça-feira, setembro 27, 2011

Mais um dia de médico.

Já não sou mais atendido pela médica sem noção que me fazia esperar por sua consulta em torno de 9 horas como se isso fosse natural, que coisa!

Na Fiocruz, as maritacas gritando na paineira.

Parei embaixo da árvore para olhar.

Elas se confundiam com os gomos de paina ainda verdes.

Na volta, de ônibus, os adolescentes mudos encontraram um trocador que conhecia as libras.

Então, o menino adolescente estava dizendo em libras que o motorista era lindo e que ele queria beijá-lo.

O trocador traduziu o que disse o menino e eles ficaram de sacanagem.

Ninguém, nem o motorista nem o trocador, pensou que o menino estivesse dizendo a verdade. Ninguém mais pensou isso.

E acho que o menino estava de brincadeira, porque ria muito com o trocador, continuando a falar na língua de sinais. Depois, o menino ficou falando em sinais com o motorista, que respondia inventando sinais. O trocador parou de traduzir e parei de olhar.

Fiquei nervoso com não entender nada do que diziam.

Num momento em que olhei, o motorista estava de língua pra fora e com a mão na frente indicando uma língua maior que a sua. Acho que dizia que o menino estava falando demais.

Eles riam muito.

Fui.

domingo, setembro 25, 2011

Mais Marapé:
Em frente à casa de Dona Pequenina ficava a arena, onde os homens se reuniam nos finais de semana para o jogo de malha. E um pouco mais à esquerda, embaixo, ficava a Estação de trem, de onde se avistava a casa do Felipe com o monte de floresta atrás.

Dona Pequenina era já uma senhora e me lembro melhor da Paulina, sua criada negra, que trabalhara com ela desde muito, muito tempo e que, por isso, as duas, Dona Pequenina e Paulina, andavam pela casa frágeis de velhice, mas ambas como Donas. Paulina tinha assimilado o jeito de Dona Pequenina e o contrário também era verdade.
Mamãe era amiga delas e fazia visitas com certa intimidade. Nessas visitas eu podia ir até o quintal e colher jaboticabas. Casa de Dona Pequenina

sábado, setembro 24, 2011

Olhar as fotos de Marapé pra mim foi esclarecedor demais, porque as fotos não têm correspondência com minhas lembranças, as fotos foram pra um lado e as lembranças pro outro, então, ficou um vão no meio. É difícil explicar, é uma abstração. É como se Marapé, confrontadas as fotos com as lembranças, tivesse entrado num vão, num estreito de sonho e de morte, porque a minha Marapé está morta, com a toda a vida que possuía. E as fotos coloridas na internet com a casa da Maria Caiado, a casa do Felipe, o monte da floresta atrás, o rio que está lá sem poder ser visto, o rio cego, cheio de remansos, essas fotos sinalizam pra um mundo que é cego, porque o mundo visível é só o mundo daqui pra frente. Porque o que está feito, está feito ha ha ha!

sexta-feira, setembro 23, 2011

Estive olhando na internet fotos
de casas situadas na cidade de Marapé, onde vivi um pouco de tempo de minha infância. Hoje, a cidade tem o nome de Atílio Viváqua. Mas na internet, só mereceram legendas as casas das pessoas mais ricas. Então sobre as fotos está escrito: casa de fulano, casarão de sicrano e tal. Porque na roça todo mundo se conhece pelo nome, se liga, bom leit@r.

As casas que conheci bem, tipo a casa da Mulata, da Mãe Preta, ou a do Seu Lindim, nem foto mereceram.

Acho que vou fazer uma viagem pra ter as minhas fotos...rs.

Fui.

Casa de Maria Caiado

quinta-feira, setembro 22, 2011

Em 1999, quando escrevi o Cinema Orly, achei que fosse morrer. Estava tão envolvido com manuscrever o livro, era tão vital pra mim, que quis deixar registradas algumas de minhas letras de músicas que se realcionassem ao tema do manuscrito, queria deixar essa notícia, pra quem por acaso chegasse a vê-lo. O meu silencioso leit@r sabe, mesmo na iminência da morte é bom que a gente ainda tenha preservada um pouco de nossa vaidade. E, aí, recheei a narrativa com letras de música.

Passado um tempo, reuni com os amigos os registros que tinha das músicas, que na casa de um e de outro, deixei gravadas em fita cassete. Mas, aí, a música “Cavalos”, cuja letra eu havia colocado no livro, ninguém tinha. A Suely Mesquita tinha, mas como a fita estava acabando, eu tinha gravado só até a metade e eu queria ela toda, inteira.

O “Cavalos” estava inteiro preservado na minha cabeça, mas eu não conseguia mais tocar no violão, nem conseguia fazer a melodia como eu queria, porque não alcançava todas as notas da melodia como era a música.

Moral da história: ontem, consegui executar “Cavalos” tal qual era há mais de dez anos atrás, claro, que envelhecida com a sequelar capa de ferrugem vocal que a torna, assim, para mim, uma jóia recém-recuperada.

Ta gravada aqui, no meu computer.

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Eis a letra:

cavalos

(Luís Capucho)

A A #11 F#m b6 D

você me lembra cavalos

me lembra flores

e tem alguma coisa da luz dos diamantes

alguma coisa

sua gema folhuda

seu facho escancarado

seu volume de rosas

deitado na minha poltrona

nem mesa nem cadeira

nada me seduz na vida

nada me conduz no mundo

só sua imagem de cavalos

me lembra flores

e tem alguma coisa da luz dos diamantes

alguma coisa

quarta-feira, setembro 21, 2011

Comecei com o livro que Valéria me deu: Auto-de-Fé, de Elias Canetti.

São personagens estranhíssimos, acho que alemães, mas, ao mesmo tempo em que estranhos, fizeram pensar que as pessoas sejam iguais em toda parte do planeta, quer dizer, silencioso leit@r, ...estranhas.

Ontem, minha televisão não funcionou outra vez. Fiquei ouvindo rádio.

Pedro não entende que eu possa querer ficar sem televisão por um tempo.

Eu disse:

- É uma experiência... – e ele ficou quieto.

terça-feira, setembro 20, 2011

Agora, sim.

O mundo por aqui está outra vez correndo bem, a mais de 20 graus C°.

E aquela cigarra equivocada do anoitecer do domingo poderá voltar sem dúvida e firme.

Silêncio na minha comunidade só interrompido pelo passar de automóveis na rua e por pardeis que ficam zoando em torno à casa.

Beleza!

segunda-feira, setembro 19, 2011

Friozinho indo embora.

Ontem, churrasquinho no Pedro.

Teve uma hora no entardecer que uma cigarra começou a gritar e logo parou. Sacramento ficou remedando o equívoco da bichana, quando viu que não era época, porque não foi uma noite de verão.

Em casa, liguei o rádio que tocava tangos.

Fui dormir...

domingo, setembro 18, 2011

Copio do Facebook as palavras do Antônio Carlos Miguel:
"Da caminhada matinal até o Arpoador, ensolarado, enquanto na mente as melodias de 'Bebe chuva' me fizeram tirar o iTreco do shuffle e botar pra rodar de novo o segundo disco de Glauco Lourenço. O show de lançamento, ontem à noite, na Sala Baden Powell, confirmou com sobras o que ele (e seu quarteto) fez no estúdio. Hoje tem segunda dose, às 20h, e recomendo."

sábado, setembro 17, 2011

Ouvindo “O Camponês” que gravei no computer pra registro meu.

Recebi e-mail de Sacramento dizendo que fez show delicioso em São Luiz do Paraitinga, ontem, e que vai cantar nossa mais recente parceria “X Tudo”no show que fará no Solar de Botafogo, em 11 de outubro. Uhuuu...rs.

Hoje vai ter lançamento do disco novo de Glauco Lourenço "Bebe Chuva", na Sala Baden Powell. Vamos, eu e Pedro.

Suely escreveu que suas composições estão incluídas num curso oferecido na University of Massachusetts Dartmouth: O Discurso Amoroso na Música Popular Brasileira. Escreveu:

“...Os compositores escolhidos? Chico Buarque de Hollanda, Gilberto Gil, Rita Lee, Caetano Veloso e... eu!
estou muito feliz e grata por isso.
beijos
Suely”

sexta-feira, setembro 16, 2011

Acabo de ouvir Dona Cleonice Berardineli falando no Sesi, do centro do Rio.

Quando soube que ela iria falar, peguei o ônibus e fui.

Falou sobre José Regio e Mario de Sá Carneiro, dois poetas portugueses do início do século XX.

Foi muito prazeroso pra mim ouvi-la.

É uma mulher muito elegante e fala limpinho, como um córrego dentro da mata.

Mas a gente tava afundado no centro do Rio, onde os edifícios enormes escondem o céu. E tinha um lance amável no jeito dela, muito gostoso.

Eu adorei.

Mudando o assunto, restaurei outra de minhas velhas músicas.

Dessa vez, uma parceria com Marcos Sacramento, “O Camponês”.

Minha restauração, por conta de minhas sequelas vocais, deixa tudo como que envolto por uma crostra de ferrugem, digamos assim, e dessa maneira é delicioso trazer de volta essas músicas.

Veja:

O Camponês

(luís Capucho/ Marcos Sacramento)

A lua cobre o campo onde o camponês canta o seu amor

Eu sou o camponês solitário como a flor

A luz de lua não me basta

Eu sou o camponês que canta o bad trip

Que sobrevoa a coroa das matas

Ninguém sobe aos céus sem voar nos olhos

Que o meu canto é triste dentro da solidão das matas

Eu o camponês que romantiza no ar

Que finaliza a lua melada martiriza meu caminho

Ninguém sobe aos céus sem o meu carinho

Pobre dos andarilhos sem rumo

Completamente apaixonados pelo mundo

Eu o camponês que olha, dorme e não sabe de nada.

quinta-feira, setembro 15, 2011

O livro do Jack London, de ontem, é muito lindo. Fiquei apaixonado por Buck, um cão que é sequestrado para trabalhar nas minas de ouro no Canadá. Isso no século XIX. Escolhi um trecho de que gostei muito para mostrar ao silencioso leit@r. É o momento em que Buck disputa um coelho com outro dos cachorros que trabalham com ele, o Spitz:

“Há um êxtase que marca o apogeu da vida; além desse ponto, a vida não pode mais avançar. E é esse o paradoxo da vida, esse êxtase que chega quando se está mais vivo do que nunca, e chega como um completo esquecimento de que se está vivo. Esse êxtase, esse esquecimento da existência, chega ao artista, quando incapaz de se expressar diante de uma página que arde como fogo; chega ao soldado, enlouquecido pela guerra, num campo arrasado, recusando a mercê do inimigo; e chegava a Buck, conduzindo a matilha, repetindo o antigo uivo dos lobos, dando tudo de si atrás do alimento vivo que fugia com toda rapidez a sua frente, em meio ao luar.”

Hoje, é isso.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Popularlibros.com - BOOK - Versión completa

Chuva!

Ainda sobre o tema das viagens, ontem, comecei a ler Jack London, “O Chamado da Floresta”, mas cansado, fui dormir.

Hoje está um bom lugar pra ler um livro.

terça-feira, setembro 13, 2011

No meio dos legumes do mercadinho em frente, vi umas abobrinhas tão pequenininhas que comprei. Deixei pra fazer à tarde, quando voltasse da rua.

Depois de toda minha preparação na cozinha, quando comecei a cortá-las pra cozinhar, elas pareciam uns bichinhos, uns filhotinhos de bicho, e fiquei com dó. Nunca tinha tido dó de vegetais antes, bom leit@r. Na verdade, sou bastante cruel com os que são comestíveis. Adoro ver as sementes de alho sendo imprensadas naquele troço de espremer o alho e tê-las esfrangalhadas caídas na panela pra o tempero da comida e tal. Mas aquelas abobrinhas...que dó. Até na hora de comer eram mais doces, tenras, infantis.

Que coisa!

segunda-feira, setembro 12, 2011

Dia escuro e, na casa de trás, as mulheres reunidas tagarelam.

No mercadinho da frente, onde fui comprar feijão pra por no fogo, papo de homem, futebol.

Estou feliz com a questão em torno da “Cinema Íris”, no final de semana.

Porque não sou autor apenas da “Cinema Íris”. Então, pode ser que haja nos leit@res de jornal, interesse em ouvir minhas outras músicas ou ler meus livros.

Sinceramente, não tive outra intenção com a música, que extravasar a comoção que foi pra mim assistir ao streap-tease do Cinema Íris. Eu achei tão bonito a moça que faz streap-tease e disse pra os amigos tão imbuído, que um deles chegou a entrar um dia no cinema para assitir, mas aí, não conseguiu ficar.

Ele disse:

- Não tenho o seu olhar, Luís!

Então, silencioso leit@r, o que eu quis, na música, foi reproduzir o clima do streap-tease dela, que me emocionou. E penso que Ney Matogrosso tenha gostado da música, porque entreviu nela a beleza que vi no cinema.

Também fiquei muito feliz por saber que Sacramento curtiu e gravará o “Cérebro Independente”.

Estive com ele no final de semana, que me disse gravar também, em seu próximo disco, nossa última parceria, a “X tudo”, que eu postei a letra aqui pra o bom leit@r ver, um dia.

sábado, setembro 10, 2011

O IDIOTA FELIZ!: enquanto homens masturbam-se no cinema

O IDIOTA FELIZ!: enquanto homens masturbam-se no cinema: faz alguns anos, alguém levou o meu “Cinema Orly” emprestado. E o livro nunca mais retornou à minha estante. Tal sumiço era até previsível. ...

Betty Orsini do jornal O Globo fez uma matéria em que lança gás à Cinema Ìris e à entrevista de Ney Motogrosso a Cadão Volpato na televisão de São Paulo.

Veja aqui, silencioso leit@r:

http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/09/09/ney-matogrosso-teme-gravar-musica-com-palavra-masturbacao-os-brasileiros-estao-muito-caretas-925321958.asp


sexta-feira, setembro 09, 2011

Os shows de Marcos Sacramento que sempre assitimos, eu e Pedro, me inspiraram fazer uma música. Então, agora, que sou um cara domésticamente equipado, gravei, converti em mp3, criei coragem, e mandei pra ele por e-mail... bate sempre uma dúvida, mostrar música.

Ele adorou. É meio na onda daquela cultura que diz “quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé.” Mas meu samba, além de ser, assim, de branco, não radicaliza tanto. Nada de dizer que o outro não seja um bom sujeito, porque o bom leit@r sabe, ninguém é perfeito. E nada de falar em doença também. Eu mesmo já quis sambar e não consigo.

E não me maldigam por isso.

Não é por falta de tentativas.

E muitas.

Vejam:

Cérebro Independente

(luís capucho)

Sorte a minha que nasci

E que um dia vou morrer

E olha fiz um samba pra você, samba

Um samba pra você, samba com a gente

Um samba pra você, samba contente

Um samba pra você, sinceramente, sinceramente

Que não gosta de samba

Porque samba deixa o corpo livre

Samba é música de libertação

Samba junta o corpo no cérebro demais

E seu cérebro é independente, seu cérebro é independente

Cérebro independente, independente, independente

E não gosta de samba

Porque samba deixa o corpo livre

Samba é música de libertação

Samba junta o corpo no cérebro demais

E seu cérebro é independente, seu cérebro é independente

Cérebro independente, independente, independente.

Fui.

quinta-feira, setembro 08, 2011

Estive lendo no livro do Silvio Figueiredo, “ Viagens e Viajantes”, da editora AnnaBlume um lance que me deixou muito curioso, sobre o que seja um Yahoo. São humanóides aparecidos n’As Viagens de Gulliver, do escritor irlandês Jonathan Swift. Eis a descrição:

“Tinham a cabeça e o peito cobertos de pelos grossos, crespos em alguns e lisos em outros. Eram barbados como cabras e apresentavam uma longa fileira de pelos nas costas e na parte anterior das pernas e dos pés. O resto do corpo era pelado, permitindo que eu lhes visse a pele de cor castanha- amarelada. Não tinham calda nem pelos no traseiro, com exceção do ânus que conforme presumi, a natureza havia guarnecido de pelos para oferecer maior proteção.”

Swift, Jonathan. As Viagens de Gulliver. Trad. Terezinha Monteiro Dedischt. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1996.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Ontem, no sol da tarde, quando eu vinha chegando da rua, a senhora que fica esmolando na cinco de Julho com seus cabelos brancos, frizados, presos na cabeça atrás, estava, como sempre, no chão da calçada com os pensamentos muito longe, absorta, mas, ontem, recostava-se sobre suas trouxas como uma Vênus Deitada, quase erótica, bom leit@r, quase espiritual. Estava como se fosse eterna. Não fiz nada.

Passei no 30.

Fui.

terça-feira, setembro 06, 2011

Antigamente, registrava minhas músicas em gravador de fita cassete e, quando ele sumiu, não gravei mais nada em casa. Só agora, é que destravei e baixei um programa bem simplesinho da web pra registrar as coisas que faço e não esquecê-las ou perdê-las.

Passei a manhã inteira entre baixar e entender o programa, baixar e entender o conversor de mp3 e gravar uma música.

Pow, como é complicado, mas já era tempo...

Fui...

segunda-feira, setembro 05, 2011

Segundão de sol lindo e manhã ainda fria.

Não vejo a hora de chegar o calor, tou legal de frio...

Depois da entrevista do Ney Matogrosso ao jornalista Cadão Volpato no Metrópolis da TV Cultura deixando a dúvida se vai cantar ou não a minha Cinema Íris, estou torcendo pra que sua dúvida se dissipe e ele coloque pra frente a idéia de gravá-la.

Muito da beleza da música está no fato de ela ser explícita, exatamente como ela é na sua origem, assim como é a moça que faz o striap-tease no Cinema, linda, absolutamente, alheia e indiferente, deixa tudo pra trás e como diria o Pedro em festa, “pega o drink e vai”. Eu adoro!

Muito no íntimo, acho que ele vai cantar, sim. Por que o Cabeto me mostrou a Rolling Stones de fevereiro desse ano, onde ele diz, respondendo a uma pergunta da Bruna Veloso:

- ...Tem uma música do Luís Capucho com uma temática muito forte que pretendo cantar, que vai ser um teste pra isso. Quero ver até onde as pessoas estão acostumadas, se elas reagirão. Vamos ver se o público está evoluído mesmo, ou se está só dormente – quer dizer, meu bom e silencioso leit@r, o Ney Matogrosso é um cara doce, mas é ousado.

Fui.

sexta-feira, setembro 02, 2011

Sobre o Mamãe me Adora, quando há mais ou menos três anos tive a idéia de escrevê-lo, achei o tema da viagem à Aparecida do Norte, um tema muito pretensioso pra mim, por envolver, oficialmente, o centro espiritual do país e o meu bom leit@r sabe, meus livros são muito no umbigo e tema tão abundante faria com que eu acabasse não abarcando todos os fluxos de narrativa que ele mereceria e tal. Mas, aí, depois do livro pronto, todo ele feito no umbigo, curti muito minha falta de pretensão e achei que escrevi uma boa estória, fina e enxuta, minha e de todo mundo...

Então, depois dele pronto, quando pensei apenas no tema da viagem, sem Aparecida, achei mais pretensioso ainda, mas essa pretensão, felizmente, me ficou absolutamente alheia, por o livro já estar feito. É que as viagens são tema dos grandes escritores e dos grandes livros, um tema milenar, dentro da nossa tradição literária ocidental. Um tema cheio de aventura e poesia que se a gente tiver que pensar muito, a gente não encara. E eu não encarei, fui no fluxo... e ficou cheio de fantasia e delírio, cheio de verdade e de ficção , mistério e revelação, como são mesmo os relatos dos viajantes...deve sair esse ano pelo selo Edições da Meia-noite. Fui.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Para que uma música, de verdade, esteja viva é necessário que outra pessoa além de mim, seja atraída por ela. Essa é a condição necessária para que eu sinta sua vida independente. Por isso sempre dou um jeito de alguém ficar sabendo de sua primeira existência e, aí, eu ter noção de que ela vai pegar, se vai viver, como quem planta uma muda de planta.

Então, silencioso leit@r, tem muita música que faço que não vive, que morre logo nos primeiros dias de nascida. É sempre uma surpresa pra mim, saber se alguma delas vai viver ou não, porque não depende muito de mim, como compositor. Às vezes, eu acho linda, mas se ninguém mais achar, não vai viver. E, quando ela vive, eu gosto mais dela, porque isso é sinal de sua força, de sua beleza, de seu bem. E eu gosto de coisas fortes, belas e boas.

Outro dia eu estava reclamando que é necessário que as coisas tenham diálogo para que existam. E que eu não tenho escolha, que preciso dialogar para existir, quer dizer, silencioso leit@r, não posso me fechar num quarto e ficar curtindo minha solidão. A não ser que eu queira ser dado como louco ou morto e tal.

Aí, a Sônia disse um troço que, na hora, achei que ela falava de outra coisa, mas que fez o maior sentido.

Ela disse:

- Mas, luís, a gente pode dialogar com outra época, não precisa ser com só agora, não tem que ser agora. Às vezes, a coisa atualiza depois...

Esse post ta ficando muito longo e não gosto disso, mas vou continuar pra que eu escreva o raciocínio todo...

Então, essa música “Lavadeira”, que coloquei no post de ontem, estava morta. Estava morta por esse motivo: eu pensava que ela não tinha exercido sua atração sobre ninguém, que não tinha força e vida e tudo.Que não conversou com ninguém e morreu, que nasceu e logo morreu.

Mas, aí, outro dia, conversando com o Rodrigo Garcia, um dos músicos que ajudou a Cássia Eller a tirar a “Maluca” de uma fitinha cassete, ele me perguntou:

- Luís, e aquela música do engraxate, você tem ela aí? – e eu saí procurando e não achei.

- Não tenho, Rodrigo. Perdeu – e insisti na busca, porque é horrível perder alguma coisa. E numa busca mais filtrada vi que seu nome era Lavadeira.

Outro dia Rodrigo tocou no violão pra que eu visse e me lembrei de como tocá-la. Está cheia de ferrugem, como ficam os ferros velhos, mas se fico tocando por um tempo ela desoxida e volta a brilhar.

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!