quinta-feira, setembro 01, 2011

Para que uma música, de verdade, esteja viva é necessário que outra pessoa além de mim, seja atraída por ela. Essa é a condição necessária para que eu sinta sua vida independente. Por isso sempre dou um jeito de alguém ficar sabendo de sua primeira existência e, aí, eu ter noção de que ela vai pegar, se vai viver, como quem planta uma muda de planta.

Então, silencioso leit@r, tem muita música que faço que não vive, que morre logo nos primeiros dias de nascida. É sempre uma surpresa pra mim, saber se alguma delas vai viver ou não, porque não depende muito de mim, como compositor. Às vezes, eu acho linda, mas se ninguém mais achar, não vai viver. E, quando ela vive, eu gosto mais dela, porque isso é sinal de sua força, de sua beleza, de seu bem. E eu gosto de coisas fortes, belas e boas.

Outro dia eu estava reclamando que é necessário que as coisas tenham diálogo para que existam. E que eu não tenho escolha, que preciso dialogar para existir, quer dizer, silencioso leit@r, não posso me fechar num quarto e ficar curtindo minha solidão. A não ser que eu queira ser dado como louco ou morto e tal.

Aí, a Sônia disse um troço que, na hora, achei que ela falava de outra coisa, mas que fez o maior sentido.

Ela disse:

- Mas, luís, a gente pode dialogar com outra época, não precisa ser com só agora, não tem que ser agora. Às vezes, a coisa atualiza depois...

Esse post ta ficando muito longo e não gosto disso, mas vou continuar pra que eu escreva o raciocínio todo...

Então, essa música “Lavadeira”, que coloquei no post de ontem, estava morta. Estava morta por esse motivo: eu pensava que ela não tinha exercido sua atração sobre ninguém, que não tinha força e vida e tudo.Que não conversou com ninguém e morreu, que nasceu e logo morreu.

Mas, aí, outro dia, conversando com o Rodrigo Garcia, um dos músicos que ajudou a Cássia Eller a tirar a “Maluca” de uma fitinha cassete, ele me perguntou:

- Luís, e aquela música do engraxate, você tem ela aí? – e eu saí procurando e não achei.

- Não tenho, Rodrigo. Perdeu – e insisti na busca, porque é horrível perder alguma coisa. E numa busca mais filtrada vi que seu nome era Lavadeira.

Outro dia Rodrigo tocou no violão pra que eu visse e me lembrei de como tocá-la. Está cheia de ferrugem, como ficam os ferros velhos, mas se fico tocando por um tempo ela desoxida e volta a brilhar.

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Um comentário:

kAliC disse...

Desoxida, desoxida!!!

beijos,
kAliC