sexta-feira, novembro 30, 2012


Já faz um tempo, a sala tem amanhecido repleta de asas de cupim. É hora de chamar Dorinha de novo. Fico sempre adiando. Gostaria de eu mesmo organizar tudo. Gostaria de ter evitado que os cupins tivessem entrado na casa. É muito difícil compreender e ter controle sobre as coisas. A casa de trás ainda está vazia, os novos vizinhos ainda não vieram. Com o calor, não se pode viver na casa fechada. Não se pode evitar os dias de chuva. Poderia evitar a vinda de Dorinha, se eu mesmo pegasse na lida. Isso faria com que eu soubesse onde está cada coisa e eu faria tudo do melhor jeito, porque sou eu quem sou o dono da casa. Não fico atrás dela dizendo: faça isso, faça aquilo, coloque isso aqui assim e isso ali daquele jeito. Ela faz o que ela quer, silencioso leit@r. Limpa tudo do jeito e estilo dela, paraibano. E, depois, eu tenho de descer na casa de baixo para perguntar onde foi que ela colocou a caixa de fósforos, por exemplo. Tenho saudades de mamãe, muita saudade. Talvez, mamãe soubesse fazer a correição dos cupins. Mas o meu silencioso leit@r, urbano, não domina esse vocabulário que era de mamãe da roça. Não vou encher meu bom leit@r de loucura. Vou tomar banho.

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