sexta-feira, junho 06, 2014

Texto muito lindo sobre As Vizinhas de Trás:

 “Estou querendo escrever o que sinto por As Vizinhas de Trás do Luís Capucho. Tenho 13, como o número da minha casa. Eu falo pelos dedos aqui. Até já reclamaram da minha verborragia confessional. Mas venho aqui falar sobre elas e os dedinhos travam como quando estão diante do alicate mortífero das manicures. A questão é que elas me dizem muito, mas falam é para meu inconsciente. Sabem silêncio eloquente? É assim que elas são. Suas vozes, assim como certas frequências de som que não ouvimos, só estão disponíveis para o inconsciente. E não é que o danado cismou em ter sintoma histérico de mutismo? Então, por enquanto, o que digo é o seguinte: olhem para as moças. Sintam a combinação do espanto de não ouvi-las e de ao mesmo tempo ouvi-las demais. Não desistam, pois o inconsciente às vezes entrega o jogo. E mesmo quando é doloroso é bonito. A complicação que somos dói muitas vezes, mas é bela, faz a beleza não pronta de fábrica ser criada. Beleza não criada geneticamente é uma coisa que me encanta. Olhem para as carinhas e escutem o tal do "the sound of silence". Quando isto se tornar vibração sonora ou, melhor dizendo, vibração de linguagem já decifrada, a experiência vai ser incrível.”                                                                                                                                                Mônica Ribeiro.



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