Texto muito lindo sobre As Vizinhas de Trás:
“Estou querendo
escrever o que sinto por As Vizinhas de Trás do Luís Capucho. Tenho 13, como o
número da minha casa. Eu falo pelos dedos aqui. Até já reclamaram da minha
verborragia confessional. Mas venho aqui falar sobre elas e os dedinhos travam como quando estão diante do alicate mortífero das
manicures.
A questão é que elas me dizem muito, mas falam é
para meu inconsciente. Sabem silêncio eloquente? É assim que elas são. Suas
vozes, assim como certas frequências de som que não ouvimos, só estão disponíveis
para o inconsciente. E não é que o danado cismou em ter sintoma histérico de
mutismo?
Então, por enquanto, o que digo é o seguinte: olhem
para as moças. Sintam a combinação do espanto de não ouvi-las e de ao mesmo
tempo ouvi-las demais.
Não desistam, pois o inconsciente às vezes entrega
o jogo. E mesmo quando é doloroso é bonito. A complicação que somos dói muitas
vezes, mas é bela, faz a beleza não pronta de fábrica ser criada. Beleza não
criada geneticamente é uma coisa que me encanta.
Olhem para as carinhas e escutem o tal do "the
sound of silence". Quando isto se tornar vibração sonora ou, melhor
dizendo, vibração de linguagem já decifrada, a experiência vai ser incrível.”
Mônica
Ribeiro.
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