Eu me sinto feliz, a despeito de tudo mais, tenho me sentido
estranhamente feliz. Teve um dia no mês passado que eu estava tão feliz por
nada desde a manhã, uma alegria completa e cheia, e nem cabia fazer um post,
nem cabia outra coisa qualquer. Era só aquela alegria sem motivo, aquela
admiração dela, mas porque é que eu estou assim. De qualquer modo, em hoje
tendo post, a alegria não é pior, só que não é tão cheia.
Quer dizer, eu gosto de tudo na vida, desde dormir de um
sono só, até dormir de sono picado. Por exemplo, outro dia estava vendo os
galos quando começam a cantar, acho que falei aqui, não me lembro ao certo. Mas
vi que eles respondiam a um galo que cantava mais grave, mais choco, mais
triste, mais agourento, e aí, antes que caísse uma tempestade na madrugada,
esse canto de galo mais agourado e rouco foi o último que se ouviu. Depois só o
barulho da chuva.
Também numa outra madrugada eu vi, quando os bem-te-vis
começaram a gritar no céu, eu vi que as galinhas respondiam, com o seu canto
mais baixo, mais embaixo, mais curto, mais fosco e rude, entretanto, igual e em
resposta ao que os bentevis voavam mais acima, livres e rápidos no ar.
E a impressão é a de que esse entusiasmo meu, ta rolando com
mais pessoas. Eu até estava falando pra o Pedro sobre as matérias das festas
gays, de aglomeração nos cercadinhos dos clubes, de aglomeração sem máscaras
nas festas da praia, a juventude masculina e forte, gay, sem máscara,
festejando a epidemia. Eu disse pra o Pedro que eu estava adorando, porque
parecia uma resposta à epidemia da AIDS, onde a gente foi tão estigmatizado e,
agora, vai todo mundo pra rave na praia, como se todos precisassem, gritando
junto em belford roxo, em piabetá e em Manguinhos: Chuuuuuuuuuuupa!