domingo, setembro 02, 2007

Os barulhos do domingo cercam minha casa de sentidos.
Não presto atenção a nenhum desses sentidos e não vou com eles. Fico paralizado aqui diante do computer e escrevo em meu blog azul.
Acho que essa música que vem de algum vizinho é do filme Titanic, mas não estou certo. Os pardais gritam. Gosto do domingo. Não deu praia, hoje.
Hoje falei com Mathilda e com Regina, minha amiga que vive em Londres e que teve um bar, dos escuros, em Papucaia. Fazia poesias. Numa das intermináveis quantidades de noites que estive em seu bar, inspirei-lhe essa:


Faces

Essas faces desbotadas e macias como as noites - Mornas noites.
Noites desesperantes...Infinitas noites...
Faces mansas, faces imponentes, outras tímidas e inexpressivas.
Faces e noites confundidas num embuste misterioso.
Esse embuste eremítico com sabor de nada.
E outras faces e outras noites lançadas ao precipício.
Noites sombrias, noites muito frias. Noites quentes e pegajosas.
Tão nuas e desfolhadas são essas noites e essas faces!
- Odeio essas noites imperturbáveis! Odeio essas faces -
- Amo essas faces e me perco nessas noites -
E espero o amanhecer me reinventar e traduzir uma face minha e que seja única...Uma face com uma cara e expressão.
Descobrindo o medo, o sexo, o asco, o prazer - Desamparados!
Expressões adulteradas na cara dessas faces descoradas e inúmeras!
Faces devoradas pelo meu contemplar e em toda a parte.

Um comentário:

Círia disse...

Que beleza de poema, Luís. Bjs
Círia